EUA mantêm centro de treinamento de tortura com cobaias humanas em Guantánamo, denuncia The Guardian

Cobaias humanas dos EUA em Guantánamo

País que se avoca o direito de ditar as regras sobre o que é ou não democracia no mundo, os Estados Unidos mantêm uma escola de aperfeiçoamento em técnicas de tortura em Guantánamo, e utilizam prisioneiros como cobaias humanas, mostra reportagem do britânico The Guardian, um dos mais prestigiosos jornais do mundo.

A reportagem se baseia em um relatório distribuído pela defesa de um dos prisioneiros, Abu Zubaydah, há 21 anos sob custódia dos EUA sem acusações, torturado e humilhado sexualmente, sem perspectiva de libertação.

A notícia em si não é novidade. Em 2010, o WikiLeaks de Julian Assange liberou material que denunciava essas torturas, que comentei aqui em Há 10 anos, Assange e WikiLeaks divulgavam ao mundo crimes de guerra dos Estados Unidos e aliados. Esse é um dos motivos da perseguição os Estados Unidos a Assange.

Mas antes disso, há 16 anos (blog antigo tem dessas vantagens...), em 2007, publiquei aqui que o então presidente Bush (aquele das "armas químicas" que "justificaram" o massacre dos EUA no Iraque) vetou uma lei aprovada pelo Congresso dos EUA proibindo a tortura. Isso mesmo, você não entendeu errado: Bush proibiu a proibição da tortura.

“Limitar as técnicas de interrogatório da CIA impediria que os Estados Unidos conduzissem interrogatórios legais de terroristas importantes da al-Qaeda para obter informações necessárias para proteger americanos de ataques” - nota oficial do governo Bush.

Voltando ao Guardian. Abu Zubaydah entregou a seu advogado croquis das técnicas de tortura que foram utilizadas nele e em outros prisioneiros e as descreveu em detalhes. Seu advogado, o professor Mark Denbeaux, reuniu o material num relatório: American Torturers: FBI and CIA Abuses at Dark Sites and Guantánamo.

Abu Zubaydah criou uma série de 40 desenhos que narram a tortura que ele sofreu em vários locais obscuros da CIA entre 2002 e 2006 e na Baía de Guantánamo. Na ausência de uma contabilidade oficial completa do programa de tortura, que a CIA e o FBI trabalharam durante anos para manter em segredo, as imagens fornecem uma visão única e marcante de um período terrível da história dos Estados Unidos.

Os desenhos, que Zubaydah anotou com suas próprias palavras, retratam atos horríveis de violência, humilhação sexual e religiosa e terror psicológico prolongado cometido contra ele e outros detentos. Eles foram esboçados de memória em sua cela em Guantánamo e enviados a um de seus advogados, o professor Mark Denbeaux.

Juntamente com seus alunos do Centro de Política e Pesquisa da faculdade de direito da Seton Hall University, Denbeaux compilou as imagens e palavras de Zubaydah em um novo relatório. O The Guardian está publicando o relatório American Torturers: FBI and CIA Abuses at Dark Sites and Guantánamo, pela primeira vez, juntamente com um conjunto de esboços nunca antes vistos.

Você pode baixar o relatório na íntegra aqui, em inglês. São 40 desenhos e as técnicas criminosas de tortura em seres humanos realizadas pelo governo dos Estados Unidos.

Vamos ver o que a ONU e a "imprensa livre" do Ocidente têm a dizer sobre ele.

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