Bolsonaro pede anistia para golpistas, mas 81% do povo quer punição, diz pesquisa

Em seu discurso na turnê de despedida a seus seguidores hoje na Avenida Paulista, o ex-presidente Bolsonaro pediu anistia a todos os golpistas do 8 de janeiro, os homens de frente, que foram insuflados pela organização criminosa, comandada, segundo provas da PF, pelo próprio Bolsonaro.

"O que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado. É buscar maneira de vivermos em paz, não continuarmos sobressaltados. É, por parte do parlamento brasileiro, uma anistia para os pobres coitados que estão presos em Brasília" — disse.

Alguém imagina Bolsonaro preocupado com a prisão de alguém que não seja ele mesmo ou, talvez, seus filhos? O homem que zombou de gente morrendo por falta de oxigênio em Brasília, que mandou os que choravam seus mortos pela Covid "deixarem de mimimi", estaria agora preocupado com os golpistas condenados, muitos a mais de 17 anos de prisão?

Claro que não. A preocupação é por uma anistia geral, que fica escondida ali na oração anterior, onde ele fala em "passar uma borracha no passado".

Bolsonaro quer que os brasileiros passem uma borracha no passado e esqueçam os mais de 700 mil mortos por Covid, por incentivo a aglomerações, por ridicularizar o uso de máscaras, pelo atraso na compra de vacinas, pela propagação do uso de cloroquina, sabidamente ineficaz contra o coronavírus. Entre outros incontáveis crimes de que é acusado: prevaricação, corrupção, roubo de joias.

Mas, será que o povo brasileiro quer isso?

A 160ª Pesquisa CNT de Opinião, divulgada em 23 de janeiro passado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), informa que não.

Para a grande maioria dos brasileiros (81%), os envolvidos nos atos golpistas do oito de janeiro de 2023 devem ser punidos. Somente 14,8% da população defende que todos os participantes se mantenham impunes. [Correio Braziliense]

É melhor o ex-presidente, como o povo diz, "Jair se acostumando", deixar de mimimi e tratar de preparar sua defesa, em vez de ficar calado, usando o direito que os criminosos têm de não produzirem provas contra si mesmos.

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