Lula gritou: 'O rei está nu!' e agora EUA e UE pedem cessar-fogo em Gaza

Todos conhecemos a história criada pelo escritor dinamarquês Hans Christian Andersen sobre um rei muito vaidoso, que contratou um alfaiate que lhe prometeu a roupa mais linda do mundo, "mas que só poderia ser apreciada por pessoas inteligentes".

O rei deu ao alfaiate tudo o que lhe pediu: uma fortuna para comprar linhas de ouro, tecidos os mais finos.  Mas nada da roupa ficar pronta.

Um dia, o rei foi ao ateliê do alfaiate espertalhão e o encontrou fazendo gestos no ar, como se marcasse e cortasse panos imaginários. O rei não via nada, mas lembrou-se do que o alfaiate lhe dissera, que sua roupa seria vista apenas por "pessoas inteligentes", e para não fazer papel de burro mostrou-se empolgado.

Pronto o "traje", o rei saiu pelas ruas, cercado por seus acólitos, todos maravilhados com a "roupa nova" do rei, até que uma criança gritou

— O rei está nu!!

Mais ou menos foi o que aconteceu com a declaração de Lula na África, quando denunciou que a ação de Israel contra os palestinos é similar à de Hitler contra os judeus, que todos estamos vendo, mas a mídia ocidental teima em dizer que é apenas "direito de defesa de Israel", como os acólitos elogiavam a "roupa nova" do rei:

Lula: "É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem que ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe um nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus".

Lula denunciou o crime de Israel como o menino que gritou a nudez do rei.

A mídia ocidental, entre elas a mais acocorada de todas  a nossa  caiu em cima de Lula, criticando sua declaração cristalina.

No entanto, em seguida, como que subitamente cientes da nudez do rei (o genocídio em Gaza), a União Europeia, pela quase totalidade de seus membros (de fora apenas a Hungria) pede a interrupção do morticínio:

Vinte e seis dos 27 países da União Europeia pedem "uma pausa humanitária imediata que leve a um cessar-fogo sustentável" em Gaza, disse o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, a repórteres nesta segunda-feira.

Borrell acrescentou que os 26 países concordaram em "exigir uma pausa humanitária imediata que leve a um cessar-fogo sustentável, à libertação incondicional dos reféns e à prestação de assistência humanitária". [Agência Brasil]

Até os Estados Unidos pedem por um cessar-fogo pela primeira vez:

Na tentativa de esvaziar uma proposta da Argélia, que prega cessar-fogo imediato e deve ser votada hoje no Conselho de Segurança das Nações Unidas, os EUA apresentaram seu próprio texto, pela primeira vez falando em "cessar-fogo".

Segundo a Reuters, a proposta "sublinha o seu [dos EUA] apoio a um cessar-fogo temporário em Gaza o mais rapidamente possível, com base na fórmula da libertação de todos os reféns, e apela ao fim de todas as barreiras à prestação de assistência humanitária em grande escala".

O texto também condena a decisão de Israel de fazer uma incursão terrestre em Rafah, para onde centenas de milhares de palestinos de Gaza fugiram e hoje vivem em tendas.

 
A declaração de Lula acordou o mundo para o genocídio em Gaza e pôs a nu a desculpa de Israel de que está apenas exercendo seu direito de defesa, quando destrói hospitais, escolas, mesquitas, igrejas, ambulâncias, assassina jornalistas, mata quase 30 mil civis, 70% deles mulheres e crianças, sob pretexto de que existem "malvados terroristas" do Hamas escondidos nos hospitais, escolas, mesquitas, igrejas, ambulâncias, ou atrás dos jornalistas, no meio de quase 30 mil civis, debaixo da saia das mulheres e em meio aos brinquedos das crianças.

— O rei está nu!! — disse Lula. E o mundo viu.

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