Moro, Yousseff, Tacla Duran, juíza substituta de Moro na Lava Jato. Lula. Junte as peças

O quebra-cabeças está montado sobre a mesa. O estranho caso de uma suposta intenção do PCC para matar Moro por proibir visitas íntimas quando era ministro, há quatro anos. Uma ordem para a PF do Paraná agir no instante em que o juiz determina prisão do doleiro amigo de Moro Alberto Youssef e o depoimento do advogado Tacla Duran, que denunciou corrupção da força-taref da Lava Jato, via advogado Carlos Zucolotto, sócio do escritório da mulher de Moro, Rosângela, e padrinho de casamento do casal. Mandado para ação da PF emitido pela juíza Gabriela Hardt, substituta de Moro na Lava Jato e autora da sentença condenando Lula pelo sítio de Atibaia, com trechos copiados da sentença de Moro no caso do triplex. PF do Paraná (ou alguém acha que só porque Lula assumiu os federais que o chamavam de Nine e odeiam o PT, a ponto de um deles fazer tiro ao alvo com imagem de Dilma, viraram casaca?). Junte as peças.

O advogado Luis Antônio Albiero abriu o quebra-cabeças:

1. 28 de fevereiro: o CNJ decide afastar Marcelo Bretas, juiz federal, um dos expoentes da Operação Lava Jato, no Rio de Janeiro;

2. 2 de março: em entrevista a Reinaldo Azevedo, o presidente Lula anuncia que pode nomear o advogado Cristiano Zanin para a primeira vaga no Supremo. Zanin se destacou em desmontar, no âmbito dos processos judiciais, apontando razões jurídicas, o lawfare que caracterizou a cada vez mais desmoralizada Operação Lava Jato comandada por Sérgio Moro;

3. 17 de março: o juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, revoga a ordem de prisão contra o advogado hispano-brasileiro Tacla Duran, que há anos vem denunciando ter sido chantageado por um emissário de Moro, sócio da "conja" em escritório de advocacia no Paraná, a quem teria dado em pagamento 5 milhões de reais em adiantamento a um certo "DD" para livrar-se da prisão;

4. 20 de março: o mesmo juiz Eduardo Appio emite ordem de prisão contra Alberto Yousseff, o doleiro que figura na origem da Lava Jato e muito tem a contar sobre segredos da desmoralizada Operação;

5. Os membros da Orcrim da Lava Jato entram em inescondível pânico e começam, pelas redes sociais (Moro e Dallagnol à frente, ambos agora contando com o peso político de serem senador e deputado federal), um forte movimento de ataques ao juiz Appio;

5. 20 de março: com rapidez inédita para um caso da Lava Jato, um desembargador do TRF-4 revoga a prisão do doleiro, antes que ele diga qualquer coisa sobre os segredos da Operação;

4. 20 de março: o juiz Appio, apontando outras razões,  expede novo mandado de prisão contra Yousseff;

5. 20 de março: com agilidade de um gato, o mesmo desembargador concede um segundo habeas-corpus ao doleiro;

6. 21 de março: enquanto Alberto Yousseff deixa a prisão, Appio intima Tacla Duran para depor sobre fatos no âmbito da Lava Jato.  Novo tremor de terra na areia movediça em que se afundam os expoentes da Operação;

7. 21 de março: Lula concede entrevista ao Brasil 247 e, descontraído, conta que, quando esteve preso em Curitiba, dizia a procuradores da República que o visitavam que tudo só estaria bem quando "eu f***r o Moro";

8. 21 de março: meia hora depois da fala de Lula, a juíza Gabriela Hardt, substituta da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, que se notabilizou ao interrogar o então ex-presidente e o advertir, de modo arrogante, de que "se continuar nesse tom vamos ter problema", assina os mandados de prisão e de buscas e apreensões contra integrantes do PCC, acusados de montar plano contra autoridades de São Paulo e diversos outros estados, incluindo Sérgio Moro, hoje senador pelo Paraná, sua esposa Rosângela, deputada federal, e filhos, em vingança por uma portaria que ele assinou em 2019, quando era Ministro da Justiça de BolsoNero, em que proibiu visitas íntimas a presos em penitenciárias federais;

9. 21 de março: três horas depois, Sérgio Moro já concede entrevista à imprensa e, ao invés de agradecer ao governo federal por ter desbaratado a quadrilha - operação da qual ele tinha conhecimento desde o início, em janeiro de 2023 - e ter salvado a si e seus familiares, opta por tirar proveito político e ataca Lula por suposta indução a populares a agirem contra sua segurança e vida, associando a fala "quando eu f***r o Moro" ao plano do PCC;

Uma operação iniciada há dois meses, já sob o governo Lula, com Flávio Dino ministro da Justiça, que envolvia complexa logística por exigir ações em vários estados e a atuação de vários agentes policiais.

Uma vingança com três anos de atraso contra alguém que já não detém praticamente poder algum - ou seja, pura vingança.

Uma Operação, a Lava Jato, em franco processo de desmoralização no plano histórico, caminhando para ter investigados e punidos seus principais expoentes, em especial os que abandonaram as carreiras jurídicas vitalícias e altamente remuneradas para se aventurarem no ambiente incerto da Política.

Ex-integrantes de carreiras jurídicas federais necessitando de uma "fakeada" que os promova no cenário político.

Esses são os ingredientes. [247]


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