À medida que se aproxima o momento de sua prisão, Bolsonaro radicaliza para tentar incendiar o país
Bolsonaro lança mais um desafio à Justiça brasileira com a convocação de um ato público na praia de Copacabana, no Rio, no feriado de 21 de abril, Dia de Tiradentes.
Outra vez o rabo quer balançar o cachorro e inverter a ordem da Justiça: Bolsonaro é o investigado por crimes, no entanto, segundo declarou, sua manifestação tem o intuito de divulgar que seu processo é "a maior fake news da história do Brasil".
Com isso, busca transformar o ministro Alexandre de Moraes, relator de seus casos, de acusador em acusado por perseguição política, já que o golpe não se consumou e a minuta golpista não foi posta em prática.
Não foi, não porque Bolsonaro não o desejasse, mas porque ele não conseguiu o apoio que buscava nas Forças Armadas, que recuaram quando houve a decisão dos Estados Unidos de não apoiarem um possível golpe no Brasil.
Quem afirma que Bolsonaro queria o golpe são seu ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid e os comandantes do Exército e da Aeronáutica na época.
Sem contar o vídeo da reunião com seus ministros, em que ele mesmo falava abertamente que precisavam fazer algo porque Lula iria vencer as eleições.
Bolsonaro quer aproveitar o feriado, dia em que Copacabana fica lotada
de gente, não apenas na areia e no mar, mas passeando por suas calçadas e
pela rua na margem da praia (que fica interditada ao trânsito para uso
dos pedestres), para dizer que todos estão ali por ele, para apoiá-lo,
num desagravo ao que ele considera uma perseguição.
Como já fez algo semelhante na Avenida Paulista, em São Paulo, em 25 de fevereiro, impunemente, quer repetir a dose e agora de modo mais ousado. Em São Paulo, houve apelo para que manifestantes não levassem bandeiras ou faixas com ofensas ao STF, seus ministros e à Justiça. Agora, nem isso.
Como se aproxima o dia de sua prisão pelos inúmeros crimes de que é acusado, com fartas provas, Bolsonaro sobe o tom, na linha do pastor Malafaia, que já disse que se for preso vai mandar soltar um vídeo que diz ter que "abalaria a República".
A Justiça vai permitir?
Imagina se a moda pega. Antes de se entregar, como o fez no Natal passado, o miliciano Zinho, chefe das milícias na Zona Oeste do Rio, convocaria uma manifestação na região para denunciar que estava sendo perseguido pela Justiça... Ou Fernandinho Beira-Mar uma na favela que lhe deu o nome...
O que Bolsonaro quer é insuflar seus seguidores contra a Justiça e as leis do país, aproveitando-se da indecisão dos poderes, que deveriam mandá-lo para a cadeia em prisão preventiva para não prejudicar o processo.
Ou então mantê-lo em prisão domiciliar até o final do processo, com tornozeleira para não tentar fugir, como já ensaiou com a ida à embaixada da Hungria.