Freixo denuncia inacreditável chantagem de Cláudio Castro que humilha os professores do Rio

O estado do Rio de Janeiro é o penúltimo colocado na avaliação do ensino entre os 27 estados do Brasil. Vigésimo sexto entre 27. Foi a isso que o governador Cláudio Castro, à frente do governo num segundo mandato, levou a educação do estado. 

Até aí, pelo que se vê do desprezo dele pela educação, nada demais. O problema é o que fazer com o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), principal indicador da qualidade da educação no Brasil, que visa identificar melhorias e guiar políticas públicas educacionais. E é nele que o Rio está em penúltimo lugar.

O que fazer? Como fazer? Melhorar a educação? Isso nunca esteve nos planos do governador Cláudio Castro. A solução Castro encontrou numa inacreditável chantagem com os professores. 

Como paga mal a eles o governador resolveu comprá-los com um bônus de R$ 3.000 a todos os professores de escolas que aprovarem mais de 95% dos alunos. É uma chantagem clara com o intuito de levar os professores a fraudarem as notas e aprovarem a maioria dos alunos em troca de mais R$ 3.000 na conta. E com isso fraudarem também o IDEB.

É isso o que o deputado federal, atualmente presidente da Embratur, Marcelo Freixo, denuncia em seu Instagram.

Freixo, que também é professor de História, foi derrotado pelo esquema milionário de fraudes nas eleições de 2022 para governador do Rio. 

Castro quase teve sua eleição anulada, salvo em cima da hora numa incrível reviravolta no TRE, onde saiu vitorioso num 4 a 3, após um pedido de vistas. O caso agora está no TSE, onde ele certamente será derrotado e sua eleição anulada.

 

A denúncia de Marcelo Freixo contra Cláudio Castro:

 

Olá, gente. Vocês sabem que eu sou professor, sou professor de História, fiquei 20 anos em sala de aula. E eu quero aqui com vocês comentar a medida do governo Cláudio Castro, da Secretaria de Educação do governo do Rio de Janeiro, sobre uma chantagem cometida sobre os professores.

Simplesmente, no mês de novembro, a Resolução 6391 diz o seguinte, que se o professor aprovar, se a escola aprovar mais de 95% dos alunos, esse professor ganha um bônus, ganha um dinheiro, 3 mil reais. O que isso significa? Significa que você pega no final do ano um professor e diz o seguinte, olha, quer ganhar mais um pouco? Um professor que já não tem o seu salário adequado, um professor que trabalha em condições que são, muitas vezes, precárias, um professor que não é valorizado, você chega nesse final do ano, você fala o seguinte, olha, eu vou te dar 3 mil reais se você aprovar a maioria dos alunos. Ora, não interessa se o aluno aprendeu, se ele não aprendeu.

E por que o Cláudio Castro e o seu governo estão fazendo isso com os professores e com as escolas e com os alunos? Simples, existe uma coisa chamada IDEB, que é um índice que mede o desenvolvimento do ensino. Simplesmente, o Rio de Janeiro é o penúltimo colocado, o penúltimo colocado das 27 unidades da federação. É uma grande vergonha.

No lugar de pegar esse dado, que o Rio de Janeiro tem uma péssima qualidade de educação pública, e falar, não, eu vou tratar a educação com respeito. Eu vou investir no professor, eu vou pagar um salário decente, eu vou dar condições de trabalho, tempo de planejamento, eu vou climatizar a sala de aula, eu vou investir nas bibliotecas, eu vou investir na escola, eu vou investir no saber, no direito que o aluno tem de ter saber, de aprender. Não.

Ele cria uma grande maquiagem, não, vamos aprovar 95% que eu vou estimular o professor a fazer isso, que eu vou pagar ao professor. Então é uma maquiagem da educação com uma chantagem do professor. É uma vergonha e é um desrespeito à educação.

É um desrespeito aos educadores. Eu falo isso como professor, eu vim 20 anos em sala de aula, eu poucas vezes vi coisa tão desrespeitosa com a educação como fez o governador Claudio Castro nesse final de ano. Eu quero dizer que tratar bem o professor, respeitar a educação, é um medidor do caráter do governo e do governador.

E nesse sentido o Rio de Janeiro está reprovado.



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Boulos mostra realidade dos gastos do governo Lula e surpreende com valores trilionários

A Ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais do Governo Lula deputada Gleisi Hoffmann publicou em seu perfil no Instagram trecho de uma entrevista em que o Ministro da Secretaria Geral do Governo Guilherme Boulos vai direto ao ponto e desmente com números oficiais as fake news da extrema-direita de que o governo do presidente Lula estaria quebrando o Brasil com os programas sociais que são marcas de seu governo.

A mídia corporativa tem grande responsabilidade nessa desinformação, porque vocaliza os interesses do mercado financeiro e fica o tempo todo cobrando responsabilidade fiscal, ajuste nas contas do governo, sem revelar que ela mesma tem centenas de milhões de reais em isenções fiscais. O sistema Globo, por exemplo, que vive pedindo ajuste fiscal sobre os pobres, obteve mais de R$ 177 milhões em isenções de impostos sobre suas empresas somente nos oito primeiros meses de 2024.

O quadro a seguir mostra as isenções da mídia naquele período.

 


Os números reais dos gastos do governo Lula


Boulos divulgou os números reais e fez uma comparação entre os investimentos do governo do presidente Lula nos programas sociais e os gastos do governo com os que querem abocanhar sempre mais fatias do orçamento.

A seguir, a transcrição de sua fala com o vídeo no Instagram:

"O papel aqui é meio papel de pão, mas o dado é confiável, vocês podem confiar e confirmar depois. O pessoal fala do Bolsa Família, mas ninguém fala do Bolsa Banqueiro. Pessoal, orçamento do Ministério da Saúde, SUS, R$ 234 bilhões.

Orçamento da Educação, MEC, R$ 175 bilhões. Bolsa Família, que todo mundo diz que é o problema, ah, gastando muito com Bolsa Família, R$ 158 bilhões. Minha Casa Minha Vida, para dar casa, R$ 136 bilhões.

BPC Loas, é o idoso que não conseguiu aposentar, a pessoa que tem um filho autista, tem um filho com deficiência, R$ 112 bilhões. Somando tudo isso, Saúde, Educação, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e BPC, R$ 815 bilhões por ano. Sabe quanto o Brasil paga por ano de juros de dívida pública para os bancos? R$ 998 bilhões.

Mais do que tudo o que a gente gasta em Saúde, Educação, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e BPC. E isso é só os juros, tá? Sonegação fiscal de grandes empresas no Brasil, que os caras mandam para o paraíso fiscal. Desvia R$ 627 bilhões.

E isenção fiscal, que vem um setor e fala o seguinte, pô, eu preciso de um estímulo para produzir mais e não sei o que, aí faz um lobby no Congresso, aprova um privilégio fiscal para ele não ter que pagar imposto. Aí R$ 560 bilhões. Se você somar só esses três, dá R$ 2,2 trilhões.

Dá quase três vezes mais tudo o que o Brasil gasta com Saúde, Educação, Moradia, BPC e Bolsa Família."

 


 

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No aniversário de Dilma Rousseff, conheça o real motivo de seu impeachment, na íntegra

Hoje, 14 de dezembro, é aniversário da ex-presidente Dilma Rousseff, primeira mulher eleita e reeleita presidente do Brasil, atualmente presidenta mundial do Banco do BRICS. Dilma sofreu um golpe de Estado "dentro a legalidade", travestido de pedido de impeachment.

O verdadeiro motivo do impeachment da presidenta Dilma Rousseff não foram as pedaladas fiscais alegadas pelos que defendem a legalidade do golpe do impeachment, nem foi a negativa da Presidente Dilma Rousseff em atender o pedido de socorro do presidente da Câmara Eduardo Cunha, que, contrariado, teria dado o pontapé inicial no processo colocando-o em votação.

As tais pedaladas fiscais são um artifício contábil e haviam sido dadas por outros presidentes sem gerarem pedidos de impeachment. O desagrado de Eduardo Cunha com a negativa da presidenta Dilma não seria suficiente para conseguir o apoio da maioria Câmara e posteriormente do Senado para o golpe do impeachment. 

O verdadeiro motivo é outro, e está a seguir na íntegra no discurso emblemático sobre a divisão dos royalties do petróleo em 9 de setembro de 2013, na cerimônia em que Dilma sancionou a Lei nº 12.858/2013.

Principais Pontos do Discurso e da Lei

  • Divisão dos Recursos: A lei estabeleceu que 75% dos royalties do petróleo seriam destinados à educação e 25% à saúde.
  • Fundo Social do Pré-sal: Além dos royalties, ficou definido que 50% de todos os rendimentos do Fundo Social do pré-sal seriam aplicados exclusivamente nessas duas áreas.
  • Verba Adicional: Dilma enfatizou que esses recursos deveriam ser aplicados em acréscimo aos mínimos obrigatórios já previstos pela Constituição Federal, e não para substituir gastos já existentes.
  • Independência Nacional: Em seu discurso, ela associou a sanção (ocorrida na Semana da Independência) à soberania do país: "Tenho certeza que com educação de qualidade todos os brasileiros serão mais independentes, livres e felizes".

O Brasil soberano do pré-sal com recursos bilionários para a Educação e a Saúde dos brasileiros foi o alvo do golpe bem sucedido, quando o golpista Michel Temer que assumiu a presidência do Brasil realizou leilões que abriram as áreas do pré-sal para a exploração por empresas privadas e multinacionais, retirando a liderança obrigatória da Petrobras dos processos.

 

A íntegra do discurso da presidenta Dilma Rousseff, retirado da Biblioteca Presidência:


Se preferir, você pode ouvir o áudio integral da própria Dilma aqui.

 

Palácio do Planalto, 09 de setembro de 2013

 

Queria cumprimentar a todos os presentes.

Cumprimentar o vice-presidente da República, Michel Temer.

O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Henrique Eduardo Alves.

Cumprimentar as senhoras e os senhores ministros de Estado presentes nessa cerimônia, cumprimentando o ministro da Educação, Aloizio Mercadante e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Cumprimentar os vice-governadores Joaquim Washington Luiz de Oliveira, do Maranhão, e Flávio Arns, do Paraná.

Cumprimentar os senhores senadores José Pimentel, líder do governo... Me desculpe, Zé Pimentel, escreveram seu nome errado, mas tudo bem. Senadores José Pimentel, líder do governo no Congresso Nacional; Eduardo Suplicy e Wellington Dias.

Cumprimentar os deputados federais aqui presentes. Pedir ao Arlindo a licença para cumprimentar primeiro o André Figueiredo relator do projeto na Câmara dos Deputados. Cumprimentar o Arlindo Chinaglia, líder do governo na Câmara dos Deputados. Em nome dele cumprimento todos os deputados aqui presentes.

Queria cumprimentar a presidente da União Nacional dos Estudantes, a Virgínia, por meio de quem cumprimento os estudantes aqui presentes. E aí eu incluo a UBES também, a UNE e a UBES.

Cumprimentar o Jesualdo Pereira Farias, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – Andifes.

Cumprimentar o José Fernandes de Lima, presidente do Conselho Nacional de Educação.

Cumprimentar Maria do Socorro de Souza, presidente do Conselho Nacional de Saúde.

Cumprimentar as senhoras e os senhores reitores de universidades federais.

Secretários estaduais e municipais de Educação e de Saúde.

Cumprimentar as senhoras e os senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.

O artigo 205 da nossa Constituição contém duas regras muito claras. A primeira diz que a educação é um direito de todos; a segunda, que a educação é um dever do Estado.

Nós – e aqui o “nós” significa governo, Congresso, sociedade, organizações estudantis. Acrescentamos, nos últimos anos, uma terceira regra: a educação das crianças e dos jovens é um compromisso com toda a nossa nação. Compromisso que temos cumprido com alocação de recursos crescentes no orçamento da educação e que se expressa também em investimentos, e na ampliação do acesso à educação, no esforço à elevação da qualidade nos seus vários níveis, da creche à pós-graduação. Fizemos muito pela educação, mas é importante que se diga, ainda falta muito que fazer, e nós devemos fazer muito mais.

Por isso, é fundamental essa decisão que uniu as forças do nosso país, as forças políticas, as forças sociais, as forças econômicas, e que atribuiu os recursos dos royalties do petróleo do Fundo Social, que será gerado com a exploração dos campos do pré-sal, para a educação e a saúde.

Nós estamos implementando dois pactos, o Pacto da Educação e o Pacto da Saúde, que assumimos como sendo pedras fundamentais desse processo no Brasil. Que processo? O processo em que, apesar do grande avanço que nós tivemos, nós sabemos que é fundamental, fundamental melhorar a qualidade do serviço, do serviço que nós prestamos nessas duas áreas em especial.

Eu queria levantar aqui uma questão que muitas vezes se passa ao largo dela. Ela foi dita em relação à educação, mas ela cabe também em relação à saúde. Numa discussão sobre o custo da educação para o Estado, um educador americano chamado Derek Bok fez uma afirmativa que eu acho que se encaixa perfeitamente nesse momento que nós estamos vivendo. A afirmação era a seguinte: “se você acha a educação cara, experimente a ignorância”. Essa frase, ela mostra claramente o preço que se paga por não se ter educação de qualidade, educação para todos, saúde de qualidade e saúde para todos. Ela vale também para a questão da saúde. É exatamente isso que nós estamos discutindo aqui de uma forma muito madura.

A educação é cara. Eu vou falar primeiro da educação. Ela é cara, é onerosa para os orçamentos públicos, mas não se pode economizar com ela, porque a sua ausência significa a vitória da ignorância, o que custa muito mais ao país, a sua população e a cada um de nós, especificamente.

É caro, mas nós sabemos que tem de ser feito, e essa consciência está expressa nessa cerimônia hoje, e foi o que nós todos fizemos ao propor que os royalties do petróleo e a metade dos recursos recebidos pelo fundo social do pré-sal fossem aplicados em educação.

Foi o que conseguimos com a aprovação dessa lei pelo Congresso Nacional, com mudanças que aperfeiçoaram a proposta e preservaram o espírito da lei. Ao Congresso, portanto, devemos reconhecimento pela sensibilidade social e pela visão estratégica que o Congresso demonstrou ao incluir a destinação de parcelas dos recursos também para o investimento na saúde.

Aproveito para fazer um agradecimento especial ao deputado André Figueiredo. Eu agradeço também ao nosso senador Eduardo Braga, mas eu queria fazer um agradecimento especial ao deputado André Figueiredo, aguerrido relator deste projeto.

A dedicação do André, os esforços do André para a construção do consenso em torno da matéria foram decisivos. Manifesto aqui, André, o reconhecimento do governo, a importante e histórica contribuição dada por você ao financiamento e a sustentabilidade da educação no Brasil.

Por outro lado, uma das inovações feitas pelo Congresso Nacional foi a destinação de 25% dos recursos dos royalties para o investimento na saúde. É indiscutível a relevância dessa decisão, e ela vai ao encontro de uma das maiores preocupações de nossa sociedade que é a oferta de serviços de saúde de qualidade para todos.

Meu governo tem feito um grande esforço para ampliar os investimentos em saúde. Nós vimos o orçamento federal crescendo ano a ano, mas nós não podemos esquecer que esse é um momento especial, porque aqui, hoje, nós mostramos a maturidade do país que sabe que para ter aumento de qualidade é preciso recurso. Por isso, no que se refere à saúde, nós estamos cumprindo a Emenda 29. E serão, esse ano, esse próximo ano, serão... Não, é 2013 mesmo: R$ 83 bilhões.

Mas eu acho que esses 25% são muito bem-vindos. Nós sabemos que sem recursos não há como se prestar serviço de qualidade. Por isso, eu quero dizer a vocês que eu acho esse primeiro passo dos 25% muito correto, como disse o ministro Padilha. E também espero que no orçamento das emendas se destine 50% delas à saúde no Brasil, porque isso significará melhorar a qualidade.

Nós estamos fazendo um grande esforço com o Mais Médicos. Vocês sabem que tem municípios neste país que um médico não mora nele, 701 municípios deste país médicos não residem nele. Nós temos de enfrentar a questão da qualidade do atendimento médico, com o quê? Com infraestrutura, mas também com médicos. Sabemos que este é o primeiro passo e isso é fundamental para dar substância para a atenção básica da Saúde no nosso país. Sem isso nós não teremos como privilegiar a saúde na nossa população. E é algo que o Brasil avançou. O Brasil avançou quando concebeu o SUS. O SUS é, de fato, uma das melhores propostas feitas na área da saúde, eu acho, em todo o mundo. Daí porque tenho de comemorar esses 25% destinados à saúde.

Queria dizer aos senhores que eu estou certa que com esses 25% nós damos um primeiro passo numa discussão que é fundamental que o país encare: que nós superamos com a destinação dos 75[%] para a educação, que é a destinação de que recursos para atender à saúde, tanto do plano federal, estadual, quanto municipal.

Minhas amigas e meus amigos aqui presentes, nós... e vou falar agora, fundamentalmente, de educação. Nós vamos usar esses recursos dos royalties do petróleo e os do Fundo Social para investir em educação, e aqui eu quero fazer uma observação. Na prestação de serviços, especificamente nessas duas áreas, saúde e educação, a valorização das pessoas é fundamental, e aqui eu estou falando da importância, para se melhorar a educação no Brasil, da valorização do professor da rede pública, com salários maiores, com capacitação profissional melhor e com boas condições de trabalho.

Por isso, ao levantar a questão dos recursos, eu acredito que muitas vezes isso foi classificado como custeio. Para mim, isso é investimento no país. Investir nos nossos professores significa melhorar e acumular algo que é, talvez, tão importante quanto investir em médicos, é investir em professores. Professores mais bem pagos com acesso à qualificação profissional, mais respeitados pelos alunos e pela sociedade, porque a sociedade também tem de melhorar a sua avaliação do professor porque você não atrairá professores qualificados se isso não ocorrer. Professores com estima elevada, com orgulho do trabalho que fazem, professores que valorizam, valorizam a alfabetização. Professores alfabetizadores a quem se reconhece um status especial na nossa sociedade é fundamental para a educação de qualidade.

Essa lei significa muita coisa. Ela nos ajudará a ampliar o acesso a creches e à educação infantil. Em parceria com os prefeitos, nós poderemos ir muito além das seis mil creches públicas que estamos espalhando pelo país. Poderemos também acelerar a implementação do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa. Nós não podemos conviver com índices de 35% de não alfabetização até os oito anos de idade. Esse é um requisito fundamental para que nenhuma criança brasileira fique pra trás em seu processo educativo. Graças a estes recursos que foram aprovados, nós vamos dar um salto na implementação do ensino em tempo integral, que também é caro. Hoje, nós temos ensino em tempo integral sendo introduzido paulatinamente em 50 mil escolas e vamos chegar a implantar em 60 mil escolas até o final de 2014, mas sabemos que é necessário recursos para melhorar a qualidade dos dois turnos. Sabemos que é necessário recursos para que a regra seja: nenhuma escola no Brasil, do ensino fundamental e médio, sem dois turnos, que é o que caracteriza as escolas pelo mundo afora, nos países desenvolvidos.

Outro fator fundamental é a requalificação do ensino médio em nosso país, inteiramente articulado ao ensino profissionalizante também, com laboratórios de qualidade, com acesso a técnicas pedagógicas inovadoras. Ampliação do acesso à universidade e à pós-graduação, assegurando a qualidade necessária para a produção científica para a geração de tecnologia e a incorporação de inovações.

Por isso, nós sabemos que professores valorizados, educação de qualidade desde a pré-escola e ensino integral são algumas das demandas e dos desafios que nós vamos ter de enfrentar para mudar o futuro das nossas crianças e dos nossos jovens.

Nós sabemos que vários desses fatores são necessários para que a gente ataque a desigualdade pela raiz. A gente sabe disso em relação a creche, a alfabetização na idade certa e a educação em tempo integral.

E eu queria constatar algo. A partir de hoje, os horizontes se abrem por conta dessa nova lei, porque uma lei tem esse poder, de abrir horizontes, abrir perspectivas. Nós sabemos que nós podemos, agora, oferecer o Pronatec de forma estável, sustentável, permanente e contínua, o que é necessário para que o Brasil tenha um diferencial nessa área, e que esse diferencial signifique melhores empregos, melhor qualificação, maior capacidade do país de se afirmar no mundo e de competir.

Eu tenho certeza que nós vamos, com esses novos recursos, continuar interiorizando as universidades, ampliando as escolas técnicas e os institutos. Nós chegamos, nesse momento, a um processo que se conjuga muito bem com a educação e os recursos do pré-sal, e esse processo é a necessidade de nós darmos um salto de qualidade na qualidade do ensino no Brasil, para podermos dar um salto, também, na qualidade de toda a atividade, da criação científica até a economia.

Nós sabemos que o brasileiro precisa estudar mais, e nós sabemos que os brasileiros têm demonstrado que querem estudar mais, sobretudo os nossos jovens. É por isso que eu considero que é uma questão de emancipação esse processo de destinação desses recursos do pré-sal e do petróleo – porque não são só os recursos do pré-sal, do pós-sal também estão destinados –, que vão permitir que a gente amplie a qualidade, aliás, amplie o acesso e melhore, de forma significativa a qualidade do ensino no Brasil.

E eu queria dizer uma coisa para vocês: é que o conhecimento que permitiu que nós destinássemos esses recursos para a educação, foi o próprio conhecimento, foi o que nós acumulamos de conhecimento, porque a descoberta das reservas do pré-sal, e também a do pós-sal, as antigas, elas têm a ver com o desenvolvimento autônomo da capacidade do Brasil de achar petróleo, de prospectar e explorar petróleo. Não é trivial, pelo contrário, diziam que não existia. Não havia tecnologia de explorar petróleo em zona marítima, nós construímos isso.

Então, é muito interessante que aquilo que foi produzido pelo conhecimento seja destinado para o conhecimento. É importante a gente lembrar que esse fato, o fato de nós termos criado as condições para descobrir o petróleo no pré-sal, nos impôs dois grandes desafios. O primeiro desafio, é que nós tínhamos de nos habilitar para explorar petróleo numa lâmina d’água muito profunda, e isso implicava em grandes desafios, tanto por conta da pressão quanto por conta da temperatura.

E ao mesmo tempo, além de nos capacitarmos para explorar, nós tínhamos de desenvolver uma indústria nacional de fornecedores de equipamentos e serviços, e também naval. Porque nós tínhamos que evitar, não é só a doença holandesa, mas o petróleo tem uma característica terrível,  que é a chamada maldição do petróleo.

É assim: país rico em petróleo, povo e nação pobre, que é a característica de muitos países. E nós não podíamos de nos dar ao luxo de não termos uma indústria para além do petróleo. Este é um país complexo, este é um país industrializado.

Por isso, uma indústria de fornecedores, uma indústria de serviços e uma indústria naval é condição para o desenvolvimento independente e autônomo desta riqueza, sem o que nós não a capturaremos. E aí, eu estou dizendo uma coisa que é a seguinte: não basta só o Fundo Social, e não bastam só os royalties. Além disso, o Brasil tem de gerar empregos na área do petróleo. Tem de gerar indústria na área do petróleo. Tem que ser capaz de prover serviço na área do petróleo.

Nós não somos uma economia primária de commodities. Nós somos um país com uma indústria muito relevante. Portanto, esse era o primeiro desafio. E o segundo é esse que nós estamos aqui hoje. É que também, essa riqueza é finita. E essa riqueza finita tem que ser transformada em algo perene, que deixe frutos que sejam carregados por cada um de nós, e isto só a educação consegue.

Nós vencemos muitos destes desafios já, e teremos de vencer outros tantos, mas é importante dizer, por exemplo, que nós demos um salto na indústria naval. Eu que vi estaleiro coberto de grama, onde não se produzia uma plataforma, porque se dizia que o Brasil era incapaz de produzir plataforma.

Eu quero dizer a vocês que talvez seja uma das melhores conquistas do Brasil ter voltado a ter condição de não só explorar petróleo em águas profundas, mas produzir plataformas, e agora um passo nós damos para além desse, produzir educação com os recursos finitos que saem lá do fundo do mar, reduzindo desigualdades, porque nós temos de ter certeza de uma coisa: com essa opção que nós fazemos pela educação de qualidade, nós vamos tornar irreversível o processo de redução das desigualdades em nosso país.

Só isso tem a condição de tornar inteiramente irreversível, e nós estamos falando dos próximos 30, 50 anos. Nós não estamos falando só de 2014. A boa notícia é que estamos falando de 2014, né, André? Estamos falando de 2014, mas a excelente notícia é que estamos falando também dos próximos 35 anos, no mínimo.

E aí eu queria dizer para vocês, é verdade que explorar petróleo traz um grande legado: acúmulo de reservas – nós vamos ter muitas reservas –, percentuais mais elevados de crescimento do PIB, principalmente se você tiver essa indústria de fornecedor e serviços. Mas, sobretudo, eu acho que vai trazer ... a grande transformação é o que vai ser... nós vamos ser capazes de fazer na área de educação.

Eu queria dizer para vocês que isso significa recursos no curto, no médio e no longo prazo. Isso significa que... é muito difícil falar nos números porque os números são muito... são cifras que a gente tem dificuldade de imaginar, porque se eu falar para vocês, aqui, que são 112 bilhões de dólares [reais] nos próximos dez anos só dos royalties, e se falar para vocês que, do Fundo Social, só o Campo de Libra, a gente calcula algo em torno de 368 bilhões de dólares [reais] nos próximos 35 anos para o pré-sal e outro tanto para a poupança, também... são números muito volumosos.

Mas eu acho que o que fica é isso, é tornar irreversível a superação da desigualdade em nosso país, nos termos que esse país que foi escravista ainda mantém, e vão transformar esses recursos... vão transformar o Brasil. E nós vamos assegurar, com esses recursos, um patamar de desenvolvimento bastante similar ao dos países desenvolvidos.

E eu queria dizer o seguinte: essa transformação está ocorrendo porque nós aqui presentes, nós todos, acreditamos neste país e no seu povo. Vai acontecer porque quando diziam que o Brasil não tinha tecnologia para lidar com o pré-sal, nós acreditamos que o país tinha tecnologia para lidar com o pré-sal. Quando afirmaram que o pré-sal era uma fantasia, ou um sonho para daqui a duas ou três décadas, nós dissemos que não, que tinha de ser agora. Estamos provando que o pré-sal é para agora. Já tem quatro campos em exploração, e o campo de Libra será agora licitado, em outubro. Libra e os campos de Franco e de Lula são os três campos em que foram descobertas as maiores reservas de petróleo no mundo nos últimos dez anos. É importante a gente ter essa dimensão. São três campos que têm as maiores reservas ocorridas no mundo nos últimos dez anos.

E eu queria dizer o seguinte: também nós optamos por um regime, que é o regime de partilha. Esse regime de partilha, ele é adequado quando se tem certeza da quantidade de reservas que você possui. E justamente quando se tem essa certeza é bom que você partilhe os frutos dessa riqueza, através dos recursos em óleo, em petróleo. Nós vamos ter esses recursos, ter essa proporção justamente por conta do regime de partilha.

E, sobretudo, eu queria dizer uma coisa: a lei que nós sancionamos hoje, ela tem um outro condão, ela tem o condão de aumentar e de reafirmar, nessa Semana da Independência, a independência também do nosso país. Por quê? Porque eu tenho certeza que com educação de qualidade todos os brasileiros serão mais independentes, livres e felizes, eu espero.

 

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13/12/1968: Nasciam AI-5 e Alexandre de Moraes, incrível coincidência que mudou a História

Em 13 de dezembro de 1968, o golpe civil-militar de 1964 entrava numa nova fase com um golpe dentro do golpe: a promulgação do AI-5, o Ato Institucional número 5, que tirou a máscara, escancarou de vez a ditadura no Brasil. 

Ironicamente, do ponto de vista de hoje, nascia nesse mesmo 13 de dezembro de 1968 o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator responsável pelo julgamento que pela primeira vez botou na cadeia comandantes das mais altas patentes das Forças Armadas,  entre eles Generais 4 estrelas e um Almirante.

Não foram poucas as consequências do famigerado AI-5. Os golpistas militares jogaram fora as máscaras, assumiram a ditadura, como pediu um dos ministros, Jarbas Passarinho, que na reunião que promulgou o Ato pediu que jogassem fora todos os escrúpulos. Censura, tortura, assassinatos, desaparecimentos, tudo isso nasceu ou se expandiu geometricamente ali com o AI 5. 
 
Hoje, sob a relatoria do homem que nasceu no mesmo dia do AI-5, o Brasil pode estar vivendo um novo ciclo, no sentido diametralmente oposto ao daquele fatídico 1968. Com a prisão de Jair Bolsonaro e de comandantes militares golpistas, pela primeira vez todos condenados e cumprindo suas penas, o Brasil pode estar dando a volta no círculo e começando um novo tempo em nossa história. 
 
Não se pode escamotear ou minimizar o papel do ministro Alexandre de Moraes no julgamento histórico. Foram muitos os problemas que ele teve que enfrentar, como por exemplo a fúria do gabinete de ódio nas redes sociais, os ataques incessantes do presidente Jair Bolsonaro direcionados a ele, a mídia, que em vários momentos chegou a compará-lo a um ditador por concentrar poderes que a coincidência do tempo lhe deram, com a acumulação do cargo de ministro relator no STF com o de presidente do TSE nas eleições de 2022. 
 
Outro ministro resistiria às terríveis pressões que o ministro Alexandre de Moraes sofreu todo esse tempo, que culminou com um ataque direto do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que penalizou o ministro com a lei Magnitsky, só ontem retirada?
 
Parabéns, ministro Alexandre de Moraes, por seu aniversário e pela condução firme do processo que culminou simbolicamente com o enterro do AI-5, na sentença condenatória de sua relatoria e aprovada pela turma.
 


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Mario Sérgio e as duas faces de Hugo Motta



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Aroeira e os ratinhos de casas vizinhas



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