Se a mídia corporativa fosse democrática respeitaria o resultado das urnas

Nossa mídia corporativa, especialmente Rede Globo e jornais O Globo, Folha e Estadão, vive enchendo a boca com a palavra democracia, mas se fosse verdadeiramente democrática respeitaria a vontade da maioria expressa nas urnas e não faria um combate diuturno contra o governo do presidente Lula.

Ela até permite que Lula tire o lixo da sala (lixo que aliás foi em boa parte colocado por eles), mas depois querem que Lula 'volte pro seu lugar' e faça o dever de casa do mercado: juros na estratosfera, privatizações, o neoliberalismo selvagem.

Bolsonaro foi útil para ela ao liberar geral e afrouxar todas as regras do Estado, favorecendo o capitalismo mais predatório. 

Mas chegou uma hora em que o lixo começou a feder. Dezenas de milhões de pessoas com fome, insatisfação geral no país, era hora de deixar alguém fazer a limpeza, tirar o defunto presidente, que apodrece até fisicamente no poder, para, no dizer de Giuseppe Tomasi em O Leopardo, mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma.

Como o único que se apresentou com força suficiente para fazer o serviço foi Lula, aceitaram que o ex-operário, ex-líder sindical, ex-presidente, ex-preso político, condenado sem crime para não concorrer em 2018, fizesse o serviço e tirasse o lixo nauseabundo da sala para que o Brasil voltasse ao velho "normal".

Procuram sempre a metade vazia do copo para criticar o governo. Não hesitam em atacar Janja para atingir Lula.

Lula deve ser cobrado, sim, se não estiver se comportando de acordo com as propostas de campanha, repito, aprovadas nas urnas. E não criticado por dizer a verdade, por exemplo, sobre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, colocado lá pela dupla Guedes-Bolsonaro como uma bomba para explodir o governo Lula.

De janeiro de 2021 a janeiro de 2023, os juros subiram inacreditáveis 587,50%, de 2% para 13,75%, os maiores do mundo. 

O Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz declarou em seminário:

“A taxa de juros de vocês é de fato chocante. Os números que vocês estão falando, de 13,7%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia.”

O presidente da FIESP Josué Gomes também critica a gestão de Campos Neto:

"Há um reconhecimento nas mesas de empréstimo dos grandes bancos de que 13,75%, como dizem no jargão do mercado, faz com que o BC esteja atrás da curva. Já era para estar cortando mais rapidamente.”

A empresária Luíza Trajano, do Magazine Luíza (Magalu) também:

"O comércio está preocupado com a falta de vendas e sabe que os juros altos são o primeiro fator para atrapalhar isso."

Um economista laureado com o Nobel, o presidente da Federação das Indústrias e uma das principais empresárias do comércio, todos identificam os juros altos como impeditivos para o crescimento do país.

Apenas o mercado e seu alto-falante, a mídia comercial (que hoje sobrevive mais do ganho de seus sócios no mercado financeiro e usam seus veículos como lobby), elogiam a taxa.

Respeitem as urnas, senhores editores.

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