Afinal, a ivermectina cura ou protege contra o coronavírus? Com a palavra a Ciência


Algumas pessoas escreveram ao Blog via WhatsApp sobre a ivermectina, que virou uma verdadeira febre no país, com prefeituras, como a de Itajaí (SC), adotando o medicamento para tratar da COVID-19.

Fiz uma pesquisa sobre o assunto e a divido com vocês. Do início:
O que é COVID-19
Os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, incluindo camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente, os coronavírus que infectam animais podem infectar pessoas, como exemplo do MERS-CoV e SARS-CoV. Recentemente, em dezembro de 2019, houve a transmissão de um novo coronavírus (SARS-CoV-2), o qual foi identificado em Wuhan na China e causou a COVID-19, sendo em seguida disseminada e transmitida pessoa a pessoa.
A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a maioria (cerca de 80%) dos pacientes com COVID-19 podem ser assintomáticos ou oligossintomáticos (poucos sintomas), e aproximadamente 20% dos casos detectados requer atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória, dos quais aproximadamente 5% podem necessitar de suporte ventilatório. [Ministério da Saúde]
A origem dessa confusão sobre a ivermectina foi a divulgação de um estudo feito numa Universidade da Austrália (Universidade de Monash). [UOL]

O estudo foi feito apenas in vitro, ou seja, no laboratório, não sendo testado em nenhum ser humano, porque simplesmente a dose necessária para provocar uma reação positiva da ivermectina sobre o vírus seria absurdamente alta.
"Não há nenhuma evidência científica de que funciona, zero, nada", reforça Alberto Chebabo, vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e diretor médico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
"O que teve foi esse teste in vitro que mostrou que a ivermectina pode ter uma atividade antiviral, mas a dose necessária para isso também mata as células do organismo. Então, precisaríamos de uma hiperdose, que seria tóxica para nós, para ela funcionar."
Seria como incendiar a casa para exterminar os cupins ou matar o cachorro para combater a raiva.

O Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) reprovou os dois vermífugos que vêm sendo apontados como possíveis tratamentos para a Covid-19: a ivermectina e a nitazoxanida (mais conhecida no Brasil pelo seu nome comercial, Annita).
A pesquisa contou com a participação de dez autores, incluindo colaboradores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e de outras duas unidades da USP: Instituto de Biociências (IB) e  Instituto de Física de São Carlos (IFSC).
A médica e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Margareth Dalcomo é direta:
A ivermectina é um vermífugo, usado há muitos anos para tratamento de vermes e piolhos. Existe na formulação humana e veterinária, é muito usada na veterinária para tratar vermes de gado. Foi um dos fármacos, entre muitos outros, que são sempre estudados em laboratório para verificar se podem servir para alguma coisa. Estudos in vitro (em laboratório) não têm nada a ver com in vivo (em seres vivos). A distância que existe entre um estudo feito no laboratório e no ser humano é muito grande. 
As doses de ivermectina que foram testadas em laboratório, que não mostraram ser viricida, isto é, não matam o vírus, mas poderiam reduzir a replicação viral, são dezenas, centenas de vezes mais altas do que aquelas que são tomadas comprando o remédio na farmácia. Portanto, é uma bobagem, não faz o menor sentido. [NSC]
Trazendo o assunto de volta para o nosso chão, que não somos cientistas, o que fica é que se alguém tomou ivermectina ou Anitta (não a cantora) ou cloroquina e se curou, não foi pelo efeito curativo da substância, mas pela evolução da própria doença diante das respostas naturais da defesa de seu organismo.

É como aquela gripe que temos anualmente, que às vezes dá dor de cabeça, às vezes derruba, tosse, febre. Depois geralmente passa. Todo mundo tem sua receita para curá-la: conhaque, cachaça com limão, alho, comprimidos. Mas foi seu organismo que o salvou. Comprimidos combatem os sintomas, não o vírus.

Lembram lá do inicio da postagem? 80% das pessoas nem sentirão com pegaram o vírus ou terão sintomas leves.

Todos os cientistas são unânimes em afirmar que ainda não há nenhum medicamento eficaz contra a COVID-19.

Agora, se mesmo assim você quer tomar ivermectina ou Annita, procure um médico, porque a Anvisa, diante dessa procura pelo produto resolveu que agora só com receita em duas vias, uma delas ficando retida na farmácia.A norma foi publicada no Diário Oficial desta quinta, 23.




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