Suplicy defende ida de Lula ao Congresso

Suplicy finge-se de mortoO senador Eduardo Suplicy coloca o governo, e o próprio presidente Lula, numa saia justa quando defende que Lula vá ao Congresso para falar sobre as denúncias contra o Partido e o governo.

Com aquele jeito de “falso bobo” que aparenta, Suplicy devolve na mesma moeda a puxada de tapete que o partido ameaça lhe dar em São Paulo, lançando-o numa disputa a uma vaga na Câmara para apoiar Orestes Quércia (logo quem...) ao Senado.

Suplicy lidera com folga todas as pesquisas para o Senado e gostaria de tentar a reeleição. Mas o PT parece que prefere vê-lo puxando votos para a legenda na Câmara. Daí, ele devolve, fingindo-se de desentendido, “falso bobo”, ao defender a ida de Lula ao Congresso, pois sabe que isso é tudo o que Lula não quer.

Com seu jeitão todo particular de fazer política, Suplicy domina como poucos a arte de fazer-se de bobo ou fingir-se de morto. Como se pode ver na foto da postagem. Foi tirada um dia após o comandante do massacre do Carandiru ser posto em liberdade. Em protesto, pessoas deitaram-se no chão como se estivessem mortas. Suplicy era uma delas. Na foto (clique nela para ampliá-la), repare que enquanto os outros estão deitados, Suplicy é o único com a cabeça levantada olhando para a câmera, porque é um morto muito vivo.

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Entrevista de Silvio Pereira. PT: a favor e contra

Sílvio PereiraAs duas versões a seguir foram feitas a partir da entrevista do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira à repórter Soraya Aggege no jornal O Globo.

Versão 1 (contra o PT):

Ex-secretário do PT diz que Lula era o chefe e teme ser assassinado


O ex-secretário-geral do PT Silvio “Land Rover” Pereira deu uma entrevista ao jornal O Globo, onde afirma que o esquema da quadrilha envolvia mais de cem “Marcos Valério”, pretendia arrecadar mais de R$ 1 bilhão e era comandado pelo presidente Lula.
Após a entrevista, que pode ser a ponte que faltava para levar ao impeachment de Lula, Sílvio desesperou-se, pediu à repórter que não publicasse nada, porque senão seria morto. Talvez temendo que fosse aplicada a ele a mesma punição que vitimou os ex-prefeitos petistas Celso Daniel e Toninho de Campinas, mortos em crimes até hoje não esclarecidos, mas cujas famílias acusam o Partido dos Trabalhadores como sendo a fonte dos executores ou mandantes.
Sílvio confirmou que tentou denunciar todo o esquema corrupto à direção do PT:
- Eu liguei para o Berzoini e disse a ele que gostaria muito de ser ouvido para que minhas informações ajudassem nas investigações internas.
Mas, segundo ele, Berzoini, que é o atual presidente do PT, não quis ouvi-lo. E dá sua versão para o fato:
- Nunca quiseram saber. Mas deveriam. Ou talvez saibam.
Todo o esquema, segundo Sílvio, era comandado de cima.
- Quem mandava eram Lula, Genoíno, Mercadante e Dirceu. Eu não estava à altura desse time.
Esta é a primeira vez em que o ocupante de um alto cargo na direção do PT envolve o presidente Lula diretamente no esquema do mensalão. A CPI dos Bingos já disse que quer ouvir o ex-secretário do PT ainda nesta próxima semana, para que ele dê detalhes do envolvimento e da participação do presidente no esquema.
A diretoria da OAB, que estuda a possibilidade da entrada do pedido de impeachment de Lula, comemorou o depoimento. Uma reunião marcada para amanhã do Conselho Federal da OAB deverá aprovar uma iniciativa nesse sentido. E aí não restará ao Congresso Nacional alternativa, a não ser acatar o pedido e instaurar o processo.
No entanto, Silvio Pereira adverte que o esquema “continua no país”. Portanto, cabe à sociedade ficar alerta para barrar esse que foi o maior esquema de corrupção de todos os tempos.

Versão 2 (a favor do PT):

Sílvio Pereira: ‘Marcos Valério queria faturar R$ 1 bilhão’


O ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira confirmou, em entrevista publicada neste domingo pelo jornal O Globo, que Lula não tinha conhecimento do esquema montado por Marcos Valério e que ficou conhecido como “mensalão”. Segundo Sílvio, o PT é um partido sério:
- Os ministros do PT são sérios. Não me conformo de o PT pagar todo o pato. Se investigassem a fundo realmente, veriam isso. E o governo nada fez de errado.
Para Sílvio, o comandante de todo o esquema foi o publicitário Marcos Valério, que pretendia ganhar R$ 1 bilhão explorando as dificuldades financeiras por que passava o PT. Era um esquema antigo, que Marcos Valério aprendeu quando operava para o PSDB e que envolvia caixa dois de empresas, além de interesses de bancos e de lobistas de olho em licitações arranjadas.
O esquema não deu certo porque o governo do presidente Lula não permitiu que as exigências de Marcos Valério fossem atendidas. Segundo Sílvio, “não deu certo, [porque] o BC não acertou as coisas para ele [Marcos Valério]”.
As declarações vão ao encontro do documento firmado pelo Partido dos Trabalhadores, onde se afirma que o Partido foi seduzido por Marcos Valério para depois se transformar em seu refém:
- O PT virou refém de Marcos Valério, não tinha mais jeito. O Marcos Valério estabeleceu canais próprios com petistas e com não-petistas. Tem muita gente, muitos partidos (estão envolvidos). Só que tudo caiu na nossa conta.
Prova da seriedade do PT é que Sílvio teve que sair do partido ao admitir que recebera um Land Rover de presente de uma empresa, mesmo sem ter feito nada para isso.
- Eu errei. Errei e assumo. Por isso eu me desfiliei do PT. Como vou convencer alguém da verdade, de que eu aceitei o carro para não contrariar o César [Roberto Santos Oliveira, vice-presidente do conselho de administração da GDK]?
Ao final da entrevista, Sílvio disse que estava temeroso de que suas declarações pudessem lhe trazer problemas. Seu medo é que os empresários envolvidos com o esquema resolvam matá-lo, exatamente como fizeram com o ex-tesoureiro de Collor PC Farias:
- Eles vão me matar, você não entende. Não faça isso comigo. Tem muita gente importante envolvida nisso – implorou.

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As duas versões, deixo claro, são falsas, mas foram retiradas do mesmo material: a entrevista de Sílvio Pereira ao jornal O Globo. Estão aqui apenas como exemplo de que não existe o “fato puro”, mas apenas “o fato desde um ponto de vista”. Muitas vezes elaborado com o claro propósito de manipulação.

Por isso, meu arguto leitor, vá de preferência às fontes. Se não for possível, contextualize, pense com sua própria cabeça, antes que os outros pensem por você.

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Operação Sanguessuga

sanguessugaDêem uma olhada por aí é procurem novas informações sobre a “Operação Sanguessuga”, que foi desencadeada pela Polícia Federal, rendeu pulseiras em forma de algemas para dois ex-deputados, outras para vários assessores de deputados.

Uma nota diluída aqui, uma omissão ali. Mais nada. Curioso, porque na lista das pessoas citadas em telefonemas gravados (com autorização judicial) há vários deputados graúdos. Entre eles, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), o candidato do PSDB ao governo do Rio, Eduardo Paes, a deputada e juíza Denise Frossard, também candidata ao governo do Rio pelo PPS. No total estão envolvidos assessores de 64 deputados dos mais variados partidos. Nenhum do PT.

Não estou acusando os deputados, o senador e a deputada de nada. Até porque eles foram apenas citados nas gravações, e até o momento não há nada contra eles. Mas será que se fossem deputados do PT receberiam o mesmo tratamento silencioso da mídia? Onde estão os “indignados úteis” que não levantam suas vozes contra esse golpe que, pelo que foi descoberto até o momento, desviou mais de R$ 110 milhões dos cofres públicos?

(Não perca: Ainda hoje, "PT: a favor e contra", uma postagem para mostrar como a mídia manipula os fatos e fabrica as notícias)

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Discurso de Marco Aurélio de Mello

Marco Aurélio MelloO duro discurso do ministro Marco Aurélio de Mello ao assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral não livrou a cara de ninguém. Embora a mídia, como sempre, tenha dado maior destaque às “indiretas” do ministro contra o governo e os escândalos recentes, envolvendo Executivo e Legislativo, o discurso vai além disso. Sobrou também para o Judiciário, embora com a ressalva de que na maioria das vezes o problema não está nos membros deste Poder, mas nas leis criadas pelo Outro.

Mas, senhor ministro, o nepotismo no Judiciário que teve de ser combatido a marretas não foi culpa do Legislativo. Ministros do STF que mandam soltar bandidos porque ficam condoídos com papai e filhinho na mesma cela não são frutos do Legislativo. A aplicação da letra dura da Lei para condenar os pobres e livrar a cara dos poderosos não está na letra dura da Lei, mas nas interpretações, como esta aplicada agora a Pimenta Neves, que só pode ser preso após esgotarem-se todas as apelações possíveis, todos os truques de advogados. Sinceramente, ministro, se esta lei fosse aplicada ao coletivo de presos em penitenciárias e delegacias Brasil afora, quantos ficariam na cadeia? Então, por que para uns pode e para outros não?

De qualquer modo, vale a leitura do discurso do ministro (a íntegra do discurso está aqui) até para poder cobrá-lo futuramente, já que, ao final, Marco Aurélio de Mello afirma que na presidência do TSE os partidos e eleitores podem ter certeza de que encontrarão um homem disposto a fazer cumprir a lei.

Que ele não seja vitimado pelos famosos versos do poeta americano T. S. Eliot: "Entre a idéia/ E a realidade/ Entre o movimento/ E a ação/ Tomba a Sombra".

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Pimenta na filha dos outros é refresco

Pimenta NevesNum filme de Buñuel – se não me falha a memória “O Fantasma da Liberdade” – um franco-atirador do alto de um prédio mata várias pessoas. É julgado, condenado e, em seguida à leitura da sentença, levanta-se e sai para as ruas, livre, como se a sentença não fosse para ele.

Lembrei-me do filme, quando li agora que o mesmo aconteceu com o jornalista Pimenta Neves, que matou covardemente sua ex-namorada e também jornalista Sandra Gomide com dois tiros: um nas costas e outro próximo do ouvido, quando a vítima já estava caída e sem chances de defesa.

Pimenta foi condenado a mais de 19 anos de cadeia, mas saiu da sala de julgamento como o franco-atirador do filme de Buñuel, livre, leve e solto.

O juiz alegou que não podia contrariar uma decisão do STF, segundo a qual ninguém pode ser tratado como culpado sem que haja decisão transitada em julgado. O que, traduzido, quer dizer mais ou menos o seguinte: se você tem dinheiro para pagar bons advogados, esqueça que todos são iguais perante a lei. O seu dinheiro faz a diferença.

Minha solidariedade à família de Sandra.

(Aguardo pronunciamento do "comentarista-consultor informal" deste blog para assuntos jurídicos, o Tucano Rubicundo, que anda sumido)

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Folclore político

O vice-governador do Rio, Luiz Paulo Conde, é uma figuraça. Bonachão, meio desligado, parece, como indica o sobrenome, viver em outro tempo. Esta semana ele mandou mais uma de suas mancadas.

A coluna do Ancelmo, em O Globo, informou que na reabertura do Parque Aquático Júlio de Lamare, no Maracanã, Conde saiu-se com esta:

- “Estou feliz de encontrar aqui o ex-goleiro espanhol Zubizarreta”, disse.

Mas o Zubizarreta que estava lá era outro: o dirigente paraguaio Ramon Zubizarreta.

Esta não foi a maior mancada de Conde. Certa vez, durante a campanha, Conde chegou a Friburgo, cidade serrana aqui do Estado do Rio. No palanque, quando chegou sua vez de falar, caprichou para conquistar os eleitores da cidade. Falou das belezas de Friburgo, lamentou-se, afirmando que infelizmente há muito tempo não ia ali, e completou:

- “Mas hoje estou aqui para matar a saudade”.

Uma beleza, não? Só que a prefeita de Friburgo chama-se Saudade Braga...

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Crise na Bolívia: Posições de Brasil e Espanha

Imagem cedida por Cícero Caldas NetoEnquanto aqui no Brasil há uma grita por parte de vários colunistas contra o que consideram um comportamento “frouxo” do governo brasileiro diante da nacionalização dos hidrocarbonetos ocorrida na Bolívia, o comportamento do governo espanhol é em tudo semelhante ao nosso, na defesa da Repsol.

É verdade que lá a oposição também criticou o governo. Mas esse é o papel dos partidos de oposição, sempre buscar jabear (para usar uma expressão do boxe) para fustigar o partido adversário. Adaptando-se a frase de Carville, “isto é a política, estúpido”. O que não é natural é um coro de colunistas somar-se a embaixadores aposentados, que hoje defendem interesses de empresas e entidades de empresários, para atacar violentamente o governo, confundindo – não sem malícia - os interesses dessas empresas com os interesses do Brasil. No fundo, no fundo, eles não escondem que adorariam que nessas horas Bush fosse o presidente do Brasil “para dar uma lição nesses índios”...

Mas, tergiverso. Queria comentar é que o jornal espanhol Es Pais informou que o secretário de Estado para Assuntos Exteriores da Espanha, Bernardino Leon, esteve na Bolívia na quinta à noite para uma reunião com o presidente Evo Morales, na qual estiveram presentes o vice, Álvaro García Linera, e vários ministros. Leon, segundo El Pais, saiu da reunião firmemente convencido de que as negociações chegarão a bom termo na Bolívia.

- “O governo boliviano foi claro quando disse que à Bolívia interessa ter sócios” - declarou.

Os compromissos da Bolívia

O El Pais citou ainda declarações do vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, que explicitam a posição e os compromissos do governo boliviano. Nenhuma novidade nessas declarações. Todas já foram publicadas aqui no blog, no primeiro dia da crise, mas não custa repetir o que Linera disse – desta vez ao secretário de estado espanhol.

Linera reafirmou que a nacionalização é irreversível. E explicou que espera atrair novos investimentos para a Bolívia, com regras claras, baseadas em três pontos: regras estáveis e duradouras, segurança jurídica e um cenário de rentabilidade para investimentos estrangeiros.

Os contratos serão negociados separadamente com as empresas e em seguida serão submetidos, também separadamente, a uma ratificação do Congresso da Bolívia, de tal forma que adquiram força de lei e ofereçam garantias de Estado aos investidores.

O que não está em discussão é a aplicação da Lei dos Hidrocarbonetos, que estabelece que o governo boliviano é proprietário de 50% mais uma ação de todas as empresas. Não está descartada uma indenização. Tudo dependerá dos resultados das auditorias feitas por ambas as partes, governo e empresas.

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PT quer cassar candidatura de Alckmin

TSEO PT entrou nesta sexta-feira "com representação (RP 915) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para suspender o programa nacional em bloco, os programas estaduais em bloco e as inserções nacionais do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e declarar a inelegibilidade do pré-candidato do partido à presidência da República, Geraldo Alckmin" - informa o site do TSE.

O PT alega que o PSDB utiliza o "tempo integral de sua propaganda partidária no rádio e na televisão para, exclusivamente, divulgar seu candidato às eleições presidenciais, sr. Geraldo Alckmin".

Além da suspensão das próximas inserções e dos próximos programas estaduais e nacionais do PSDB o PT quer que "Geraldo Alckmin seja considerado inelegível, conforme o inciso XIV do artigo 22 da Lei de Inelegibilidade (Lei Complementar 64/90)".

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Alckmin derruba Serra, de novo

pesoO fiasco da candidatura Alckmin puxa para baixo a candidatura Serra. É o que mostra a última pesquisa Ibope, realizada apenas no estado de São Paulo.

Embora Serra continue disparado na frente, vencendo com folga a eleição para governador, ele caiu em todos os cenários e os pré-candidatos petistas subiram, na disputa pelo segundo turno. Tudo isso num intervalo de menos de um mês.

Na escolha espontânea, Serra caiu quatro pontos. Marta subiu dois e Mercadante ficou no mesmo lugar.

Já na disputa de um possível segundo turno, Serra caiu três pontos e os petistas subiram quatro cada.

Será mais um efeito do fator Geraldo "Chuchumbo" Alckmin? (O "Chuchumbo" é idéia do Josias de Souza, do blog do mesmo nome).

(Um dado curioso da pesquisa é o que indica que Paulo Maluf é o segundo mais preocupado com a segurança pública entre todos os candidatos. Será que as pessoas acham que o período que Maluf passou na cadeia foi por livre e espontânea vontade para aumentar a segurança pública do estado?...)

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Brasil e Petrobras

Reportagem de Pedro Dias Leite, na Folha (aqui, para assinantes) reproduz algumas declarações do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. O ministro classificou de "oportunistas" as críticas ao comportamento do governo brasileiro na crise com a Bolívia.

“São críticas oportunistas. No caso específico da Bolívia, o que está sendo discutido hoje decorre de decisões tomadas há 10, 12, 13, 18 anos, algumas vão até mais longe”.

"Então não é dizer que porque este governo dá prioridade à América do Sul que surgiu esse problema. Pelo contrário. Porque este governo dá prioridade à América do Sul, temos uma boa chance de resolver esse problema".

As declarações do ministro vão – em parte - ao encontro de um artigo de Gilberto Maringoni, da agência Carta Maior, do qual reproduzo um trecho a seguir:

“A reação da imprensa deveria ter ocorrido quando a Petrobrás assinou contratos de gás com a Bolívia”, aponta Fernando Siqueira. Segundo ele, “Por pressão de FHC, ela assumiu o gasoduto boliviano, quando ainda não existia aqui mercado para o gás. Durante cinco anos, a empresa importou 18 milhões de metros cúbicos do produto e pagou por 25 milhões, pois a atividade era antieconômica”.

Não era exatamente à Bolívia que os pagamentos eram feitos. Os destinatários eram as empresas Total (França), Repsol (Espanha), Amaco (EUA) e Enron (EUA). Elas exploravam, em 1998, reservas de 400 milhões de metros cúbicos e pressionaram o Brasil a mudar sua matriz energética hídrica, criando assim mercado para o gás. “A Petrobrás fez um contrato absurdo e ninguém reclamou porque ela era 90% estatal”, ressalta Siqueira. As possíveis perdas são, seguramente, menores do que as do contrato firmado no governo tucano, assegura. Na época, a empresa assumiu o risco cambial e uma série de outras incertezas. “O que acontece hoje? FHC vendeu cerca de 40% do capital em Wall Street e mais 19% foi para gente como Benjamin Steinbruch e Daniel Dantas. O Estado detém apenas 32% da empresa, embora tenha a maioria dos votos”, diz ele. Os acionistas privados agora pressionam o governo e a imprensa, resultando nessa grita toda.

Vale a pena ler o artigo na íntegra, pois nele há um histórico da nacionalização concluída agora, onde fica claro que Evo Morales apenas fez cumprir decisões tomadas há muito pelo povo boliviano, inclusive em um referendo.

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Brasil, Bolívia

BolíviaAlgumas pessoas me escreveram para alertar que o blog estava assumindo uma postura pró-Bolívia.

À moda Caetano Veloso, acho que elas estão certas. Ou não.

O que procurei fazer foi seguir a diretriz do blog, remar contra a maré e buscar nos jornais bolivianos aquilo que não encontrava nos brasileiros.

A verdade é que estamos viciados em determinados comentaristas. Podem perceber, em assuntos econômicos opinam uns; problemas da América Latina, outros; conflito EUA-Iraque, outros. Mas sempre os mesmos.

Não faço crítica aqui aos depoimentos. Provavelmente os mesmos são procurados por serem os mais capazes, não só de informar como de conseguir comunicar a informação.

O que busquei nessa crise Brasil-Bolívia foi procurar enxergá-la pelos olhos bolivianos. Fui aos jornais de lá e postei aqui o que eles informavam.

Agora, noves fora isso, devo confessar que sim, tenho um xodó especial pela Bolívia. O "culpado" disso é um filme que vi há muitos anos (tantos que nem quero recordar quantos), chamado Chuquiago, e que na minha memória guarda parentesco com "O Céu e o Inferno" de Kurosawa.

Desde esse filme, não tenho como negar, a Bolívia tem um lugar fixo no meu coração. Se merecido ou não, isso não se discute, pois o coração tem razões que a própria razão desconhece - frase que dizem é do francês Blaise Pascal, mas que para mim está mais presente na canção Aos pés da cruz, de Marina Pinto e José Gonçalves: “Aos pés da Santa Cruz/ Você se ajoelhou / E em nome de Jesus / etc... “

Portanto, dando razão a meus críticos, não aconselho ninguém a procurar se informar sobre a Bolívia, porque senão... daremos razão a eles.

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