DEMos mexem com fogo e saem queimados

As pesquisas apontam que o presidente Lula tem a aprovação de aproximadamente 80% dos brasileiros. O Nordeste é a região onde Lula tem o maior índice. Pernambuco é seu estado natal. E foi exatamente em Pernambuco que alguém do DEM teve a “ideia genial” de começar uma caravana atacando as obras do PAC como eleitoreiras. Quase entraram no pau.

É o que informa reportagem de O Globo hoje, na página 10. O grupo era composto pelo presidente nacional do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), pelo líder na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), e três ex-governadores de Pernambuco: Roberto Magalhães, Gustavo Krause (que também já foram prefeitos de Recife) e José Mendonça Filho.

Um dos moradores, o estivador Moacir Brito Batista, de 52 anos, reagiu:

- Aí é tudo enganador. Quem começou as obras do canal foram eles e nunca terminaram. Comeram o dinheiro e disseram que a obra estava feita - gritava.

Ex-prefeito e ex-governador, com várias intervenções no bairro, Magalhães tentou tirar satisfações, mas foi contido. Outros moradores fizeram o mesmo tipo de queixa. O motorista aposentado Manoel Fernandes disse que há cerca de 20 anos o bairro está abandonado e culpou o PFL (antigo nome do DEM) por ter iniciado o canal e tê-lo deixado inacabado.

É como a foto que postei aqui no início de 2006 (é, 2006, este blog amanhã faz quatro anos), que mostra o presidente numa praia do nordeste:

Lula na praia, sobre foto de Celso Junior/AE

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Diploma de jornalista não é garantia de Jornalismo

Não vou entrar aqui no mérito da exigência ou não de diploma de curso superior em Jornalismo para exercer a profissão de jornalista. Se for entrar nessa questão vou me desviar do assunto desta postagem, que é criticar a defesa que a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) faz da tal exigência.

Que eles defendam o diploma e o nicho de mercado para a profissão (e também para as faculdades catadoras de dinheiro espalhadas pelo país) é problema deles. Minha crítica é quanto ao contexto e aos argumentos utilizados.

Como a votação pelo STF se dará no dia 1° de abril, eles estão comparando o fim da exigência do diploma à implantação de uma ditadura no Brasil, semelhante ao golpe de 1964. Está no texto do folder [o destaque é da Fenaj]:

Em 1964, há 45 anos, na madrugada de 1° de abril, um golpe militar depôs o presidente João Goulart e instaurou a ditadura que castigou o Brasil durante 21 anos. A sociedade brasileira pode estar diante de um novo golpe.

Peralá. Quer dizer que se o STF disser que não é necessário diploma para exercer o jornalismo no Brasil (não vou nem citar aqui os países em que essa exigência não existe) vamos voltar ao período das trevas, da censura, do arbítrio, da violência, da tortura, do assassinato, da cassação de políticos, da falta de liberdade de expressão etc?... Não é forçar demais a barra?

Mas, prossegue o folder [o grifo agora é meu]:

Desta vez, direcionado contra o seu direito de receber informação qualificada, apurada por profissionais capacitados para exercer o Jornalismo, com formação teórica, técnica e ética.

Onde é que nós estamos (ou a Fenaj afirma que estamos) recebendo “informação qualificada, apurada por profissionais capacitados para exercer o Jornalismo, com formação teórica, técnica e ética”? Qual é o veículo em que isso está acontecendo?

Porque as grandes redes de TV, jornal, as revistas, a tal mídia corporativa, enfim, há muito que não produz (ou produz muito pouco) algo que se possa chamar de Jornalismo, com jota maiúsculo.

Não tenho nada contra a exigência ou não de diploma (embora a exigência me pareça apenas uma questão corporativista somada aos interesses dos donos de faculdades de Jornalismo), mas não é o diploma de jornalismo que faz um jornalista. Nem é a defesa desse diploma que qualifica uma associação de classe.

Onde estão os jornalistas quando os repórteres são obrigados a mentir, falsificar, manipular? Onde estão os jornalistas de uma Veja (provavelmente todos com diploma), por exemplo, que permitem que nossa maior revista semanal tenha se transformado no lixo informativo que é hoje?

Onde eles estão quando permitem que esta mesma Veja tenha em seus quadros um jornalista de esgoto, especialista em ofender colegas de profissão, sem que nada seja feito?

Ao sair da Rede Globo o jornalista Rodrigo Vianna (atualmente na Record) afirmou que entrevistas e reportagens em que estivesse envolvido o governador José Serra tinham que passar pelo crivo de Ali Kamel, o diretor-executivo de jornalismo da RGTV, gerando omissões, falsificações, manipulações. Numa hora dessas, de que serve o diploma, se os diplomados entubam e se calam, se os sindicatos sabem do problema e se omitem?

A Fenaj (imagino que os sindicatos do Brasil inteiro também estejam engajados nesta batalha pelo diploma) está perdendo uma grande oportunidade, ao atrelar a qualidade do jornalismo apenas à exigência do diploma. A internet, as rádios comunitárias, a mídia livre, já atropelou esse “jornalismo chapa sindical” há muito tempo.

Mas, eu pelo menos, esperava uma ampliação de horizontes, que essa exigência do diploma viesse acompanhada de um código de ética da profissão, que não permitiria aos alikamels da vez detonarem com o jornalismo plural e informativo – este sim, o verdadeiro jornalismo. Será pedir demais? Ou o negó$$io é só o diproma, e vice-versa?

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Reportagem de O Globo sobre Brizola é reporcagem

Já falei aqui sobre a “reportagem” em que a Globo volta a atacar Brizola. (Aliás, parêntesis: A partir de hoje, para não ter que ficar aspeando a palavra reportagem, quando for uma típica obra do PIG vou usar o neologismo reporcagem).

E é exatamente uma reporcagem essa de hoje de O Globo, que trata da arapongagem do SNI (Serviço Nacional de Inteligência – que é tão de inteligência quanto o PIG de reportagem) sobre o ex-governador Leonel Brizola.

Um exemplo: No terceiro parágrafo da reporcagem está escrito:

Em janeiro de 1985, informe do Cenimar acusou o governo Brizola de autorizar reajuste de 36% nas tarifas de ônibus em troca de Cr$ 500 milhões em propinas - o equivalente, em valores de hoje, a R$ 980 mil.

36%, aos olhos de hoje, é um aumento que parece absurdo. Mas araponga e repórter não se deram ao trabalho de verificar qual a inflação do ano anterior, 1984, que foi de... 223,8%.

Isso não é nada perto do que vem depois. No parágrafo seguinte (não cinco ou dez depois, mas no seguinte) à informação da suposta corrupção pelo “benefício” de dar um aumento de 36% sobre uma inflação de 223,8%, vem uma nova:

Em dezembro do mesmo ano, Brizola declarou guerra ao setor e encampou 16 empresas que controlavam 30% da frota do estado.

Quer dizer, o Brizola era uma besta completa. Estava levando grana das empresas de ônibus e aí resolveu estatizá-las. Jantou a galinha dos ovos de ouro.

É demais. Arapongagem, porcalismo (jornalismo do PIG) e reporcagem com apenas dois neurônios, Tico e Teco. O Teco pendura o paletó na cadeira, enquanto o Tico sai pra dar uns “tecos”.

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Globo volta a atacar Brizola

Nem depois de morto, as Organizações Globo deixam Leonel Brizola em paz. Neste domingo, o jornal O Globo vem com a seguinte manchete: “SNI: Brizola e César recebiam propina de empresa de ônibus”.

Quem não é assinante do jornal, pode ler parte da reportagem aqui: Relatórios do SNI acusam Brizola e Cesar Maia de receberem propina de empresas de ônibus.

É uma reportagem tão sem substância, um autêntico pastel de vento, que se desfaz no quarto parágrafo, onde está escrito:

Nenhuma das acusações foi provada nem originou investigação policial.

Entenderam? Eles pegam relatórios de arapongas do SNI, órgão àquela época ainda sobrevivente da ditadura, com acusações contra Brizola, publicam, e depois dizem que Nenhuma das acusações foi provada nem originou investigação policial.

Quando Brizola ainda estava vivo, ainda se compreenderia a existência da reportagem, que deveria ser mais uma encomenda de Roberto Marinho. Mas, agora, quando ambos morreram... Será que ele baixou no Ali Kamel ou no Rodolfo Fernandes (filho do jornalista Hélio Fernandes), atual Diretor de Redação e Editor responsável pelo Globo?

Roberto Marinho era inimigo de Brizola, capaz de topar qualquer acordo até com o capeta para não permitir que ele chegasse à presidência do Brasil, o que acabou conseguindo. Ou alguém tem alguma dúvida de que Brizola só não chegou lá por causa da Rede Globo, que fazia campanha diária contra o ex-governador do Rio e do Rio Grande do Sul?

A Globo tentou derrubar Brizola, com o golpe da Proconsult nas eleições de 1982. Mas a trama foi descoberta e Brizola eleito governador do Rio.

Nas eleições de 1989, ao perceber o risco de uma ida de Brizola para o segundo turno, a Globo apoiou Collor e poupou Lula, que só virou alvo de Roberto Marinho depois de derrotar Brizola por uma pequena margem no primeiro turno (Lula; 17,18%; Brizola, 16,51%).

Alguém tem alguma dúvida de quem venceria a disputa de 1989 entre Collor e Brizola? Alguém tem alguma dúvida do que aconteceria nos debates entre os dois?

Por isso, em homenagem ao velho Brizola, reproduzo aqui um dos momentos mais importantes da história da televisão brasileira: o direito de resposta que a Rede Globo teve que dar a Brizola, dentro do Jornal Nacional.

É como diz o comercial de um cartão de crédito: ver Cid Moreira, no Jornal Nacional, ler um texto de Brizola atacando Roberto Marinho e a Rede Globo não tem preço.



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A Guerra do Vietnam como você nunca viu. Documentário completo

Imagens Desconhecidas, a guerra do Vietnam

Há um tempo, postei uma das três parte desse documentário aqui no blog. Tempos depois foi retirado do ar. Ontem, uma comentarista perguntou por ele. Consegui encontrá-lo, agora na íntegra, nas três partes originais.

Durante a guerra do Vietnam, soldados americanos filmaram detalhes do conflito, de dentro do campo de batalha. Foram 20 mil bobinas de filmes. Imagens que ficaram guardadas e só foram liberadas 20 anos depois.

A partir desse material é que é feito o documentário, chamado Imagens Desconhecidas, a guerra do Vietnam. Dividido em três partes.

1. O segredo da guerra, que conta como se deu o paulatino envolvimento dos Estados Unidos na guerra.
2. O segredo das armas, que mostra a evolução e a crueldade das armas usadas no Vietnam pelas tropas americanas.
3. O segredo dos homens, que conta como foram os últimos dias dos soldados americanos na guerra.

São imagens de alto impacto. Que narram de forma crua e ao mesmo tempo dramática o que foram aqueles anos de luta. Como se desenhou aquela que foi a primeira grande derrota do exército dos EUA. Do ponto de vista dos soldados.

O documentário é da France 3 e está narrado em espanhol.

O segredo da guerra


Videos tu.tv

O segredo das armas


Videos tu.tv

O segredo dos homens


Videos tu.tv

Como ele já foi retirado do ar uma vez, se você não puder assisti-lo agora, ou tiver uma conexão baixa, é bom baixá-lo para o computador. Para isso, use a extensão DownloadHelper do Firefox. Foi o que fiz.

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Descobri o responsável pela crise mundial, segundo Lula

Seguindo as pistas publicadas no jornais, anunciadas nas estações de rádio e TV, nos portais da mídia corporativa, que indicam que o presidente Lula praticou racismo quando afirmou que a culpa da crise mundial é do “homem branco e de olhos azuis”, o Blog do Mello resolveu levar ainda mais ao pé da letra a explicação presidencial.

A partir do raciocínio "brilhante" desses comentários, radicalizei a fala de Lula e descobri que o presidente não estava generalizando, acusando o 1° mundo pela crise, nem sendo racista ao falar em homem branco de olhos azuis.

O filho de dona Lindu, tratado por nossos analistas cultíssimos como o Apedeuta, não seria capaz de utilizar figuras de linguagem. Estava na cara que Lula só poderia querer dizer (para esses cultíssimos analistas) o que efetivamente disse, que a culpa da crise é do banqueiro branco e de olhos azuis.

Seguindo essa "evidência", cheguei ao responsável pela crise mundial: Daniel Dantas. Ei-lo, em foto de Dida Sampaio, da Agência Estado.

Daniel Dantas

Agora, entenderam?

ATUALIZAÇÃO às 21h15: Pior é que por alguns comentários que estou recebendo percebo que não, não entenderam. Gente, ESTA É UMA POSTAGEM IRÔNICA. Leiam: Quem são os De Olhos Azuis: Blue Eyed, Jane Elliott

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4 anos - Por que não leio este blog - deputado Jair Bolsonaro

- Só leio quem defende a gloriosa Revolução de 1964. Roda o vídeo:

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4 anos - Por que não leio este blog - Caetano Veloso

- Porque sim. Ou não?

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4 anos - Por que não leio este blog - Clodovil

- Nem morta.

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Ciro diz que Serra vai triturar Aécio

O Blog do Mello concorda com a afirmação do deputado Ciro Gomes, publicada na Reuters, e não é de hoje que vem avisando que o objetivo de Serra é reduzir Aécio a pó.

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4 anos - Por que não leio este blog - Gilmar Mendes

- O senhor tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta.

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Clique aqui e veja o que o Blog do Mello já publicou sobre Gilmar Mendes, O Alienista.

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Quem são os De Olhos Azuis: Blue Eyed, Jane Elliott

Desde ontem, nos sites de nossa grande mídia, mais à noite nos telejornais e continua hoje nos jornalões o comentário sobre uma suposta gafe do presidente Lula ao colocar a culpa da crise que vivemos “na gente branca de olhos azuis”, diante do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, que, diga-se de passagem, não tem olhos azuis.

É de uma hipocrisia sem tamanho, pois todos sabemos muito bem do que Lula estava falando e o que estava dizendo com aquelas precisas palavras. A crise internacional foi criada pelos grandes centros, mas, especialmente, pelo mercado americano. Está sendo exportada para o mundo todo, graças à queda em parafuso da economia americana, e agora querem nos vender a idéia de que a crise é um pouco culpa de todos nós e que temos de fazer não apenas os mesmos esforços para sairmos dela, mas irmos além e darmos uma cota a mais de sacrifícios pelos “brancos e de olhos azuis”.

Isso me lembrou um documentário que assisti na TV, com a professora Jane Elliott, chamado “Olhos azuis”. Foi a repetição, muitos anos depois, da experiência que Elliott havia feito na escola que lecionava, em 1968, e que se transformou no longa "The Eye of the Storm".

A professora e socióloga Jane Elliott ganhou um Emmy pelo documentário de 1968 "The Eye of the Storm", em que aplicou um exercício de discriminação em uma sala de aula da terceira série, baseada na cor dos olhos das crianças.

Hoje aposentada, aplica workshops sobre racismo para adultos.

"Olhos Azuis" é a documentação de um desses workshops em que o exercício de discriminação pela cor dos olhos também foi aplicado.

O objetivo do exercício é colocar pessoas de olhos azuis na pele de uma pessoa negra por um dia.

Para isso, ela rotula essas pessoas, baseando-se apenas na cor dos olhos, com todos rótulos negativos usados contra mulheres, pessoas negras, homossexuais, pessoas com deficiências físicas e todas outras que sejam diferentes fisicamente.
Numa palestra com um auditório lotado, ela pergunta: "Se algum branco gostaria de receber o mesmo tratamento dados aos cidadãos negros em nossa sociedade, levante-se. (...) Ninguém se levantou. Isso deixa claro que vocês sabem o que está acontecendo. Vocês não querem isso para vocês. Quero saber por que, então, aceitam isso e permitem que aconteça com os outros." [texto do site Iluminattis]

A seguir, veja um pequeno trecho de um desses workshops, com legenda em português. Fica mais fácil – para os que ainda não entenderam – perceber o que o presidente quis dizer com olhos azuis.



Para quem entende bem inglês, há essa reportagem completa sobre o documentário da professora Elliott.



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4 anos - Por que não leio este blog - Paulo Maluf

- O que é que eu ganho com isso?

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Gilmar Bacamarte Mendes, O Alienista na presidência do STF

Eu já havia levantado aqui minha suspeita, mas assistindo à íntegra da sabatina do ministro Gilmar Mendes na Folha, não tenho mais dúvidas: ele é o Simão Bacamarte à frente do STF.

Assim como o personagem do divertidíssimo conto de Machado de Assis, O Alienista, o presidente do Supremo se acha imbuído de uma missão científica. Ambos se julgam porta-vozes da verdade e do conhecimento científico, diante do caos mental (Simão) e jurídico (Mendes).

No conto, Simão Bacamarte funda a Casa Verde e tranca ali todos os que considera loucos na cidade, para estudá-los. Encontra tantos, que percebe que há mais gente dentro da Casa Verde que fora. Inverte então os critérios e passa a trancafiar os que são sinceros, os modestos etc.

Estando os loucos divididos por classes, segundo a perfeição moral que em cada um deles excedia às outras, Simão Bacamarte cuidou em atacar de frente a qualidade predominante. Suponhamos um modesto. Ele aplicava a medicação que pudesse incutir‑lhe o sentimento oposto.

(...)No fim de cinco meses e meio estava vazia a Casa Verde; todos curados!

Foi aí que:

Simão Bacamarte achou em si os característicos do perfeito equilíbrio mental e moral; pareceu‑lhe que possuía a sagacidade, a paciência, a perseverança, a tolerância, a veracidade, o vigor moral, a lealdade, todas as qualidades enfim que podem formar um acabado mentecapto. (...) [Trancou-se então na Casa Verde], entregou‑se ao estudo e à cura de si mesmo.

O que a Casa Verde e Amarela reserva ao ministro Gilmar Bacamarte?

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Primeiro Sarney. Agora, Skaf. Serra não perdoa

Serra empunha uma arma

Não é que foi só um grupo de pessoas lançar a candidatura do sem-indústria presidente da Fiesp, Paulo Skaf, à presidência da República ao governo de São Paulo, que, em seguida, vem uma operação da PF e flagra o envolvimento da Fiesp e de seu presidente em possíveis crimes financeiros? Coincidência? Por que esses casos acontecem exatamente agora?

Primeiro foi o Sarney. O Senado presidido por Garibaldi Alves estava começando a perturbar o governo Lula. Sarney estava quietinho no seu canto, tratado pela nossa grande imprensa como uma sábia raposa, um velho lobo do mar aposentado, inofensivo como um fantasma de lençol, um político de pijama. Mas, eis que Sarney, desafeto do presidente eleito pela mídia, José Serra, é eleito presidente do Senado, e, pronto, desabam sobre sua cabeça séries intermináveis de acusações, que comentei aqui.

Agora acontece com Paulo Skaf. Cheguei a dar um conselho para a campanha dele, Sugestão para a campanha de Paulo Skaf à presidência, em tom irônico. Mas, Serra, não. Ele não quer saber de ironia. Serra não perdoa, mata. A operação da PF, chamada “Castelo de Areia”, acaba de transformar em pó a candidatura Skaf.

Simples coincidência?

E por falar em candidatura em pó e em coincidências, será também por pura coincidência que nos últimos tempos há intenso tráfico de informação dando conta do pó que vai pelos dutos nasais de um outro candidato, em disputa direta com Serra?

Será coincidência também que no último vazamento de documentos em segredo de justiça pela Veja, aqueles que teriam sido apreendidos com Protógenes, há descrições “em termos grosseiros de supostas relações amorosas da ministra”? Embora, neste caso, ache que a divulgação dessa suposta relação picante seria um tiro no pé. Uma vida sexual apimentada é tudo o que a candidatura de Dilma precisa para cair de vez na boca do povão.

Se repararam, exceto pelo tráfico de boatos, todas as outras ações que atingem, ou atingiriam, adversários de Serra vieram da PF. Será a mão do destino, em favor do presidente eleito pela mídia, ou aquela facção serrista da PF, que, desde a época do escândalo Lunus, faz de tudo para desobstruir o caminho do governador paulista?

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Sabatina da Folha: Perguntas que não foram feitas

É incrível nosso jornalismo sem espinha, ou de espinha ultraflexível (você escolhe), mas ontem, durante a sabatina com o presidente do STF, Gilmar Mendes, ninguém formulou ao ministro as duas perguntas que saltavam aos olhos e coloquei como basilares para a concessão do Prêmio Sapatadabrás. Inclusive porque ambas se referiam ao exercício do jornalismo:

  • Ministro Gilmar Mendes, o senhor solicitou ou sugeriu – diretamente ou através de assessores - a retirada do programa Comitê de Imprensa, que contou com a participação dos jornalistas Leandro Fortes e Jaílton de Carvalho, do site da TV Câmara?
    Se sim, não acha que isso é censura?
    Se não, a que atribui tal informação? O senhor teve algum contato com o presidente da Câmara na semana passada?
  • Ministro Gilmar, o senhor repreendeu o jornalista Altino Machado e lhe disse: “O senhor tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta”.
    O que quis dizer com isso? Por que ele deveria tomar cuidado? Que ameaça está contida em sua advertência?

Por que será? Você que me lê tem ideia?

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Associação de Juízes chama Gilmar Mendes de leviano

A Associação dos Juízes Federais do Brasil emitiu uma dura nota contra declarações do presidente do STF, Gilmar Mendes, na sabatina de ontem na Folha. Leia a íntegra, que retirei do blog do Fernando Rodrigues.

A Associação dos Juízes Federais do Brasil – AJUFE, entidade de âmbito nacional da magistratura federal, vem a público manifestar sua veemente discordância em relação à afirmação feita pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, que, ao participar de sabatina promovida pelo jornal “Folha de S. Paulo”, disse que, ao ser decretada, pela segunda vez, a prisão do banqueiro Daniel Dantas, houve uma tentativa de desmoralizar-se o Supremo Tribunal Federal e que (sic) “houve uma reunião de juízes que intimidaram os desembargadores a não conceder habeas corpus”.

Conquanto se reconheça ao ministro o direito de expressar livremente sua opinião, essas afirmações são desrespeitosas aos juízes de primeiro grau de São Paulo, aos desembargadores do Tribunal Regional Federal da Terceira Região e também a um ministro do Supremo Tribunal Federal.

Com efeito, é imperioso lembrar que, ao julgar o habeas corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal em favor do banqueiro Daniel Dantas, um dos membros dessa Corte, o ministro Marco Aurélio, negou a ordem, reconhecendo a existência de fundamento para a decretação da prisão. Não se pode dizer que, ao assim decidir, esse ministro, um dos mais antigos da Corte, o tenha feito para desmoralizá-la. Portanto, rejeita-se com veemência essa lamentável afirmação.

No que toca à afirmação de que juízes se reuniram e intimidaram desembargadores a não conceder habeas corpus, a afirmação não só é desrespeitosa, mas também ofensiva. Em primeiro lugar porque atribui a juízes um poder que não possuem, o de intimidar membros de tribunal. Em segundo lugar porque diminui a capacidade de discernimento dos membros do tribunal, que estariam sujeitos a (sic) “intimidação” por parte de juízes.

Não se sabe como o ministro teria tido conhecimento de qualquer reunião, mas sem dúvida alguma está ele novamente sendo veículo de maledicências. Não é esta a hora para tratar do tema da reunião, mas em nenhum momento, repita-se, em nenhum momento, qualquer juiz tentou intimidar qualquer desembargador. É leviano afirmar o contrário.

Se o ministro reconhece, como o fez ao ser sabatinado, que suas manifestações servem de orientação em razão de seu papel político e institucional de presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, deve reconhecer também que suas afirmações devem ser feitas com a máxima responsabilidade.

Brasília, 24 de março de 2009.
Fernando Cesar Baptista de Mattos
Presidente da AJUFE

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Gilmar Mendes é o plano B da direita brasileira

O que ficou claro, límpido e cristalino, como os seis copos de água que Gilmar Mendes bebeu durante a sabatina na Folha, é que o segundo habeas corpus a Dantas foi uma resposta ao novo pedido de prisão do banqueiro bandido (condenado, por enquanto, a dez anos de cadeia e a uma multa de R$ 14 milhões), que Mendes viu não como uma necessidade, diante da tentativa flagrante de suborno feita por emissários de Dantas, mas como uma afronta a sua autoridade. Como ele se acha não apenas presidente do STF mas o Senhor Judiciário, a afronta foi então ao Poder Judiciário, que ele julga personificar.
Fica claro também o motivo da aprovação da decisão do ministro pelos seus pares, por 9 a 1: eles foram convencidos por Mendes do risco de desmoralização do STF contido na segunda ordem de prisão de De Sanctis. Curioso é que essa aprovação agora é usada por Mendes como prova de que ele estava certo ao dar o segundo habeas corpus.
Muitos acham que Gilmar Mendes está a serviço de Dantas. Ontem, pelo menos para mim, ficou claro que é mais do que apenas isso. Ele está a serviço de um projeto muito mais ambicioso.
Como confirmou na entrevista, viaja pelos quatro cantos do país, numa agenda intensa de quem é candidato. O ministro levou até uma claque para a sabatina, o que ficou visível para qualquer um que já tenha participado da coordenação de uma campanha política.
O ministro estava brifado, com a ficha de cada um dos entrevistadores na ponta da língua. Inclusive a tiradinha de efeito contra a jornalista Mônica Bérgamo é típica de preparação para debate. Acuado pela jornalista, Gilmar disse: “Eu entendo a sua torcida, Mônica”. A claque aplaudiu e foi ao delírio.
Gilmar Mendes é o plano B da direita brasileira. Linha auxiliar da candidatura José Serra, na tentativa de desmoralização sistemática do governo Lula, mas que pode passar a opção preferencial, caso a candidatura Dilma decole. Não para uma disputa nas urnas, mas nas barras do STF, que ele preside.
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Mais uma vitória da blogosfera: Programa censurado por Mendes volta ao ar

Mais uma vez fica comprovada a força da blogosfera, que sempre é tratada em papo da boca pra fora por jornalistas empregados na chamada grande imprensa, como uma alternativa “menor" de informação.

Voltou ao ar o programa Comitê de Imprensa, que havia sido retirado, segundo o repórter Leandro Fortes, por pedido do ministro Gilmar Mendes, atendido pelo presidente da Câmara, Michel Temer.

Gilmar Mendes não gostou das críticas que Leandro Fortes reiterou no programa, e que o ministro não conseguiu rebater na sabatina da Folha hoje pela manhã. Mendes gaguejou, rodeou, tergiversou, mas não explicou as acusações contra o instituto de sua propriedade, IDP.

A vitória foi única e exclusivamente da blogosfera, porque somente nós cobramos, protestamos, reclamamos da censura. A imprensalona, seus jornalistas, a ABI, OAB, ninguém deu um pio ou tocou no assunto. Nem mesmo deputados protestaram contra a arbitrariedade cometida na Casa que deveria ser o centro de defesa da cidadania.

Não adianta agora quererem fingir que tudo não passou de um engano, o programa em verdade nunca havia sido retirado etc., para inventar desculpas, porque o assessor de imprensa do presidente da Câmara afirmou o seguinte ao Paulo Henrique Amorim, no dia 20 de março:

“O programa foi exibido seis vezes e saiu do ar por causa da grande de programação. É normal que isso aconteça. Sai um programa e entra outro. Não foi submissão do presidente a nenhuma ordem do presidente do Supremo”.

Se essa fosse a verdade, por que o programa voltou agora?

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Pessoas portadoras de deficiência. Inclusive de atenção

Conceição Oliveira é uma historiadora premiada com dois Jabutis. Além disso, é uma ativista dos direitos humanos, que divulga em seus blogs e no twitter (onde é ativíssima) as lutas e reivindicações de todos os que lutam por um mundo mais justo.

Mas estou escrevendo para recomendar a você a leitura de uma postagem no blog dela, onde fala do irmão cadeirante e do drama que vivencia toda pessoa portadora de deficiência (e a família), num país que não oferece quase nenhuma oportunidade, especialmente aos mais pobres.

É um depoimento que você não deve perder. Clique aqui e leia.

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Fotos de O Globo contradizem Gilmar Mendes

Na sabatina da Folha, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, afirmou que não sabia de alguma desobediência à súmula das algemas. E que se orgulha muito dela. Como, na mesma sabatina, ele disse que acorda cedo, lê e responde a e-mails, e lê jornais, fica uma pergunta: O ministro não lê O Globo?

Pois na página 11 da edição de hoje do jornalão dos Marinho (com quem Gilmar teria almoçado ontem) temos estas duas fotos a seguir, que mostram claramente que a súmula das algemas só está valendo para os de sempre, os ricos. Os pobres continuam tratados assim, algemados, cabeça para baixo, e até com a botina do milico sobre a cabeça, como na foto maior.

PMs do Rio algemam e pisam na cabeça de presos

As fotos são de André Teixeira e Domingos Peixoto

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Gilmar Mendes na sabatina da Folha. Daqui a pouco

Começa daqui a pouco, a partir das 10h.

A Folha sabatina hoje o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal. O evento será realizado das 10h às 12h no Teatro Folha (av. Higienópolis, 618, no shopping Pátio Higienópolis, 2º piso). As inscrições estão encerradas, mas a sabatina poderá ser acompanhada ao vivo pela TV UOL (www.uol.com.br) e pela TV Justiça.
Mendes será sabatinado por Renata Lo Prete, editora do Painel, e pelos colunistas Fernando Rodrigues, Mônica Bergamo e Eliane Cantanhêde.

Para saber como sintonizar a TV Justiça em sua cidade, clique aqui. A rádio Justiça também vai transmitir.

Se conseguir, vou postar alguma coisa no Twitter. Depois, aqui, comento. Vamos ver se alguém faz jus ao Prêmio Sapatadabrás.

Minha expectativa é de que o programa será enfadonho, aborrecido e arrogante, como o sabatinado. A menos que um jornalista, ou um dos espectadores, resolva enfrentar o homem que ameaça jornalistas.

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