Mídia e Pacheco defendem desoneração, mas escondem seus interesses

A mídia corporativa em peso e o presidente do Senado Rodrigo Pacheco se pintaram para a guerra contra a decisão do ministro do STF Cristiano Zanin de pedir a suspensão de trechos da Lei 14.784, de 2023, que prorroga a desoneração da folha de pagamento de empresas e prefeituras até 2027.

O governo alega que a medida não levou em conta o impacto monetário e financeiro do benefício, que simplesmente tira cerca de R$ 9,4 bilhões da receita do governo, segundo o Ministério da Fazenda.

Como a desoneração já havia sido aprovada na Câmara e no Senado, foi vetada por Lula e teve o veto do presidente derrubado, a suspensão pelo STF deixa a desoneração em suspenso.

Por meio de nota, Rodrigo Pacheco disse que o governo federal “erra ao judicializar a política”. Para o presidente do Senado, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7633, que questiona a validade da desoneração, representa um “aparente terceiro turno de discussão sobre o tema”.

“O governo federal erra ao judicializar a política e impor suas próprias razões, num aparente terceiro turno de discussão sobre o tema da desoneração da folha de pagamento. Respeito a decisão monocrática do ministro Cristiano Zanin e buscarei apontar os argumentos do Congresso Nacional ao STF pela via do devido processo legal. Mas também cuidarei das providências políticas que façam ser respeitada a opção do Parlamento pela manutenção de empregos e sobrevivência de pequenos e médios municípios”, escreveu Pacheco. [Senado]

Há razões dos dois lados: o governo precisa dos impostos e as empresas defendem a desoneração alegando que geram empregos. 

Mas é curioso que Pacheco e mídia corporativa defendem o ajuste fiscal como meta sagrada, que deve ser cumprida pelo governo. Mas querem a desoneração que prejudica o ajuste.

É mais ou menos como acontece com a Câmara em relação às emendas parlamentares que podem explodir o teto de gastos. Emendas defendidas pelos mesmos deputados que querem que o governo respeite o teto... 

Ou é uma coisa ou outra. Nos dois casos.

Além disso, Pacheco e mídia deveriam explicitar ao público leitor e eleitor que a defesa da desoneração tanto por um como pela outra não é totalmente desinteressada.

Mídia e Pacheco têm interesses diretos na desoneração. A mídia, porque a área da Comunicação é uma das atendidas por ela. Pacheco, que é dono de empresas de ônibus, também. Transporte é outra área atendida.

Não é por nada. É só para que fique claro. Que seja dito com todas as letras que Pacheco e mídia defendem a desoneração e se beneficiam dela diretamente.

 



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Conselho de Medicina atropela lei e persegue médicos por aborto legal

Não se sabe se é efeito do bolsonarismo ou se o bolsonarismo trouxe à tona o pior da humanidade, que vivia escondida nas trevas.

Já durante a pandemia da COVID-19, para além do trabalho espetacular de médicos dedicados que foram à exaustão para salvar vidas, ficamos sabendo do comportamento omisso e vergonhoso de Conselho Federal de Medicina (CFM), subserviente a Bolsonaro e a tratamentos anticientíficos, como ivermectina e cloroquina, sabidamente ineficazes contra o coronavírus.

Agora, mesmo derrotado Bolsonaro, o bolsonarismo e o reacionarismo de extrema direita prosseguem nas instituições médicas, com a perseguição do Conselho de Medicina de São Paulo (CREMESP) a médicos que realizaram abortos legais em vítimas de estupro, na cidade de São Paulo.

Ao menos três profissionais podem ter seus registros cassados e serem impedidos, em definitivo, de exercer a medicina.

Além de atropelar a lei, o  CREMESP atropelou a própria profissão ao acessar os prontuários médicos sem autorização expressa das pacientes.

De acordo com pessoas familiarizadas com os processos administrativos, todos os casos estão sendo analisados pelo conselho a partir de prontuários acessados de forma supostamente ilegal, uma vez que o sigilo médico foi quebrado sem o consentimento das pacientes envolvidas.

Alguns desses documentos, inclusive, teriam sido encaminhados pelo próprio Cremesp à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, hoje comandada pelo bolsonarista Guilherme Derrite, e à Polícia Civil para eventuais apurações, havendo o temor de que sejam abertas investigações criminais contra as vítimas. Em um dos casos, o Cremesp questiona se houve, de fato, a prática de estupro contra uma delas. [Folha]

É preciso avisar ao bolsonarismo e aos bolsonaristas, inclusive o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que Bolsonaro foi derrotado, o tempo das trevas, do negacionismo científico ficou no passado e está em julgamento no presente, com muitos profissionais envolvidos podendo ser condenados, inclusive médicos do CFM.

Se a lei permite e a mulher deseja, o aborto é legal em condições expressas na lei e o médico que não o fizer pode responder por omissão de socorro.

O aviso cabe também ao prefeito Ricardo Nunes, que busca a reeleição. O Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, onde os procedimentos investigados foram realizados e que é referência no país, parou de oferecer o serviço no final do ano passado, a mando do prefeito. Alegadamente a interrupção seria provisória, mas até o momento não voltou.

As pessoas não podem governar a cidade ou o Conselho de Medicina de acordo com suas crenças pessoais, mas subordinadas à lei.

As eleições vêm aí e os eleitores têm a oportunidade de devolverem às trevas todos os seres que de lá escapuliram e ganharam proeminência no governo de terror de Bolsonaro. Aos outros, inclusive a direção do CREMESP, a lei.



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Artevillar e as opções na vida




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Lei aprovada por Bolsonaro liberou de alvará pousada do incêndio que matou 10

Um incêndio destruiu a Pousada Guaíba na sexta-feira, dia 26, em Porto Alegre, RS. O fogo começou por volta das duas da madrugada e só foi controlado às cinco.

A Pousada acolhia pessoas em vulnerabilidade, em convênio com a prefeitura. 10 morreram e  15 ficaram feridas, 6 em estado grave.

A Pousada não tinha alvará de funcionamento, graças a uma lei de 20 de setembro de 2019 assinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que retirou a exigência de alvará para o funcionamento de pensões. 

Após o incêndio, a Prefeitura de Porto Alegre anunciou que fará uma força-tarefa para verificar a situação de todos os 23 espaços na cidade onde há vagas para acolhimento a pessoas em vulnerabilidade.

Foi aberta também uma investigação interna na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social para apurar a prestação de serviço da Pousada Garoa, que desde 2020 fornece leitos ao município.

Os 23 espaços pertencem à mesma empresa responsável pela Pousada Garoa, onde houve o incêndio desta sexta. Oferecem, no total, 400 vagas para pessoas em situação de rua a partir de um contrato emergencial firmado em 2022 com a gestão municipal. [Folha]

As causas do incêndio ainda estão sendo apuradas, mas a Defesa Civil viu indícios de ação criminosa.

 

 A Lei assinada por Bolsonaro


A lei sancionada por Bolsonaro, conhecida como Lei da Liberdade Econômica, estabeleceu “normas de proteção à livre iniciativa e ao livre exercício de atividade econômica”.

Em Porto Alegre, a lei ganhou uma variação local, de autoria de  Ricardo Gomes (PL-RS), Felipe Camozzato (Novo) e Pablo Mendes Ribeiro (MDB.

“Não é o Estado, não é a mão pesada do governo que cria emprego e renda, são as pessoas, os indivíduos – todos e cada um dos indivíduos – quando atuam no fenômeno mais social que existe que é a economia livre, onde todos nós podemos atuar”, disse Ricardo Gomes.

Na época, o então vereador Felipe Camozzato (Novo) – hoje deputado estadual – disse que uma das “vantagens” da lei era “impedir que sejam exigidos documentos não previstos em lei”.

“Acreditamos que o Estado não deve representar um obstáculo para aqueles que empreendem e querem ser formalmente empreendedores. Em Porto Alegre, são 57 atividades (…) classificadas como de baixo potencial poluidor (…) que podem ser positivamente impactadas pela lei de liberdade econômica”, disse Camozzato na sessão de 2019. [Sul 21]

Dos 10 mortos, cinco ainda não foram reconhecidos e permanecem sem identificação.

Seis pessoas feridas durante o incêndio em uma pousada na avenida Farrapos, em Porto Alegre, na última sexta-feira, seguem internadas em hospitais da Capital.Na manhã desta segunda-feira, quatro sobreviventes estão no Hospital de Pronto Socorro (HPS). Um deles está em estado grave e os outros, três estáveis. Também há um internado no Hospital Santa Ana e outro no Cristo Redentor, ambos em situação estável. [Rádio Guaíba]

 



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Tentou lacrar de Tabata pra cima de Boulos e levou invertida histórica

O perfil no X Thales Souza Reis resolveu fazer uma postagem comparando a pré-candidata Tabata Amaral ao pré-candidato Guilherme Boulos:

Continuando na polêmica, Boulos está na política há mais tempo que a Tabata, qual seu grande feito? O que de concreto ele trouxe de melhora na vida das pessoas? Tem alguma coisa que seja um milésimo do que é o Projeto Pé-de-Meia, que cria poupanças para estudantes? — escreveu.

Levou uma invertida histórica do perfil Pensar a História:

Bom, o Boulos não votou a favor da reforma da previdência do Bolsonaro, ao contrário da Tabata Amaral. 

E ao contrário da pupila do Lemann, 

  • ele também não votou a favor da privatização dos Correios, 
  • nem da independência do Banco Central, 
  • nem do congelamento do salário dos professores até 2036. 

O Boulos é ligado a um dos maiores movimentos sociais urbanos do país - o MTST, que mobiliza dezenas de milhares de famílias e executa ações de grande importância, como a entrega de unidades habitacionais, distribuição de marmitas, organização de cozinhas solidárias, etc. 

Já a Tabata é vinculada ao homem mais rico do Brasil, suas fundações bilionárias megassuspeitas e seus movimentos de "renovação" da política que, na prática, são plataformas de lobby dos interesses corporativos. 

O Boulos luta pelo acesso à moradia. Já a Tabata votou a favor do marco legal das garantias de empréstimos, que autorizava tomar a casa de pessoas inadimplentes. 

O Boulos mobilizou o MTST em favor da libertação do Lula e até ocupou o imóvel no Guarujá. A Tabata apoiou com entusiasmo a prisão do Lula e até hoje segue atacando de forma venenosa o partido 

 A poupança do ensino médio é boa sim. Aquela história. Relógio parado, uma hora tinha que acertar.

Mais duas correções

  1. A deputada Tabata está no segundo mandato, logo é errado afirmar que "Boulos está na política há mais tempo que a Tabata", como fez Thales. Boulos está no primeiro, tem apenas um ano e quatro meses de mandato. 
  2. O projeto Pé-de-Meia, que está sendo apontado como sendo de Tabata, tem mais 17 (dezessete) autores, como pode ser conferido no Portal da Câmara dos Deputados




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Em 3 páginas na edição de domingo, Globo apresenta seu anti-Lula para 2026

Na edição deste domingo, o jornal O Globo, braço impresso do grupo Globo, publica mais um perfil na sua série denominada "Persona".

"Persona", segundo o próprio Globo, "é uma série de perfis mensais feitos por colunistas, editores e principais repórteres do Globo com as mais relevantes figuras da República". 

O nome diz muito sobre a série. Persona, na teoria junguiana, é a personalidade que a pessoa apresenta em público, que pode ser totalmente diferente de sua personalidade verdadeira. 

Seria esse o perfil que se busca numa entrevista para "traçar perfil", o verniz, a máscara, a persona? Não seria, por outro lado, mostrar o que se esconde por trás da "persona"?

No mundo corporativo também se usa a palavra"persona". Ela é aquele consumidor padrão, aquele que é o foco a quem deve ser direcionada a campanha. Cria-se uma "persona" para sintetizá-lo e enxergá-lo como uma pessoa. Por exemplo: Dona Maria, casada, 3 filhos, moradora em tal bairro, renda mensal X, etc.", e criam-se anúncios e projetos de vendas e até produtos direcionadas a essa "persona".

Mais uma vez, "persona" não é uma pessoa real. Ela é, no caso do mundo corporativo, idealizada; no caso do mundo político, forjada.

Pois é essa "Persona" que O Globo apresenta em três páginas e oito fotos escritas por Bela Megale: 

"Tarcísio de Freitas. Equilíbrio entre radicais e instituições mobiliza o governador preferido da direita para voo em 2026."

Já havíamos comentado aqui que a Globo tem pré-candidato para 2026: Tarcísio. O perfil em grande estilo no domingo, dia de maior comercialização de jornais, confirma o nome do pré-candidato da Globo e da mídia.

O perfil mostra a "persona" como grande negociadora, que convive em harmonia com opostos como Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes.

Fala de Tarcísio numa conversa descontraída com o ministro Alexandre na época do comício de Bolsonaro na Paulista em fevereiro, que ele teria tornado possível com habilidade:

Tarcísio deu sua palavra a Moraes, ao decano Gilmar Mendes e ao presidente do STF, Luís Roberto Barroso, de que tudo correria “sob controle” na Paulista. Teve que levar o recado para o outro lado de que, se houvesse ataques ao tribunal, os ministros não hesitariam e seriam obrigados a responder.

Na verdade, enxugando a "persona", Tarcísio serviu de mensageiro de Bolsonaro para tranquilizar o STF e tornar possível a manifestação.

Assim como cedeu ao bolsonarismo raiz na montagem de seu governo:

Para a secretaria de Segurança, escolheu um perfil ‘linha-dura’: o capitão da Polícia Militar e deputado federal Guilherme Derrite. Ex-comandante da Rota, atraiu milhões de seguidores nas redes sociais com falas controversas sobre mortes de bandidos nas operações policiais. Em uma delas, defendeu que “é vergonhoso” para um policial não ter ao menos “três ocorrências” por homicídio no currículo. Para a secretaria da Mulher colocou a vereadora Sonaira Fernandes, que já postou na internet mensagens classificando o feminismo como “a sucursal do inferno” ou “ideologia imunda que mata mais que guerras e doenças”.

Em relação aos assassinatos em série cometidos por policiais na Baixada Santista, Tarcísio declarou na época sobre a possibilidade de ser denunciado internacionalmente:

"Pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí".

Nesse episódio, a persona saiu de controle e deixou antever sua personalidade real. 

A repórter comenta o episódio assim:

Em conversas reservadas, contudo, Tarcísio faz um mea-culpa. Admite que errou ao afirmar que não estava “nem aí”. Pressionado, também tem tentado mostrar que não é omisso aos abusos cometidos pela polícia, que ele costuma classificar como “erros de procedimento” que tiram a razão da corporação. Neste mês, condenou publicamente a ação do PM que agrediu uma mulher no metrô, em São Paulo, e o afastou. Também determinou o afastamento de policiais que agrediram um cadeirante em uma operação no início de abril, em Piracicaba (SP). O governador não verbalizou em público sua irritação, mas, nos bastidores, descreveu a ação policial como “horrorosa”.

A repórter não conseguiu uma mísera declaração dele sobre o tema. O que acha das mortes? Preferiu off, conversas reservadas com amigos falando sobre a "persona". O homem que não estava "nem aí" para a violência, de repente vira um legalista.  Mas na real, o que ele disse à repórter:

O governador avalia que há uma “romantização” por parte da imprensa e da população sobre o enfrentamento ao crime organizado. Chega a dizer que bandidos, muitas vezes, ganham o rótulo de “preto, pobre e trabalhador” apenas depois de serem mortos.

Ou seja... quando se defende tratamento humanitário estamos "romantizando"...

Mais adiante, chegam ao ponto central, que motivou a entrevista: as eleições de 2026.

Fala-se sobre a pesquisa feita entre bolsonaristas que mostra que Tarcísio tem a preferência deles disparado: 61%. 

Mas, como todo pré-candidato, ele diz que não o é, e apela à modéstia: "Um cavalo selado não passa duas vezes". A repórter vai aos amigos: 

Aliados e integrantes do governo descrevem o “cavalo selado” possível em três cenários: um pedido explícito de Bolsonaro para que o pupilo concorra, Lula fora da disputa ou com grande reprovação nas pesquisas, fruto de uma economia indo de mal a pior e sem perspectiva de melhora.

Aqui, a "persona" deixa vir à tona a personalidade:

Hoje, Tarcísio avalia que a economia perderá fôlego até 2025, sem chances de recuperação. Considera o Lula 3 mais parecido com a era Dilma do que com os governos anteriores do petista.
Em outras palavras: é candidatíssimo. Com bolsonaristas e a mídia em peso a seu lado, porque ele é um Bolsonaro de sapatênis — o que significa que pode ser bem pior do que Bolsonaro, se é que isso é possível.

Mas é a aposta da mídia, que é absolutamente contrária a um governo popular, que priorize especialmente o mais pobre e não o mercado financeiro.





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Ricardo Coimbra e o niilista de sofá pós Fantástico




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Hoje é Dia da Sogra. Ouvi comemoração por aí? Essa é inacreditável

Dia das mães, Dia dos pais, Dia das crianças, Dia dos namorados, todas essas datas são de festa para o comércio. Há promoções específicas, de acordo com a data, e as lojas de chocolate, perfume, brinquedos, lenços, meias e gravatas, atendem a todos, de acordo com o homenageado ou a homenageada da vez.

Mas ninguém liga para o Dia da Sogra, 28 de abril. Muitos nem sabem que ele existe. Não há uma mísera campanha tipo "Traga sua sogra ao cinema e ganhe ( ) um ingresso, ( ) uma pipoca, ( ) um diploma"...  Nem uma meia ou lenço... As sogras são comemoradas a seco. Ou nem isso.

Nem as floriculturas, que colorem até as mortes, promovem o Dia da Sogra com buquês especiais das flores preferidas por elas.

Até a criação da data é controversa. Aliás, até a existência do Dia da Sogra é controversa. Tanto é assim que já ouvia falar dele há anos, mas somente no ano passado ele foi oficializado aqui na cidade do Rio de Janeiro, onde moro.

 

LEI Nº 8.012, DE 24 DE JULHO DE 2023.

Inclui o Dia da Sogra no Calendário Oficial da Cidade consolidado pela Lei nº 5.146/2010.

Autor: Vereador Zico.

O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica incluída no § 4º do art. 6º da Lei nº 5.146, de 7 de janeiro de 2010, a seguinte data comemorativa:

Dia da Sogra, a ser celebrado anualmente no dia 28 de abril.

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

EDUARDO PAES

 

Ou seja, hoje, dia 28 de abril de 2024, é o primeiro Dia da Sogra oficial da cidade do Rio de Janeiro.

Sei que o folclore diz que os homens odeiam suas sogras. Não é minha experiência pessoal nem entre meus amigos. Não me lembro de ter ouvido de algum deles um "odeio a minha sogra". Tem gente que não gosta. Tem gente que nem fala no assunto. Tem gente que suporta. Mas, odiar...

Mas existe a lenda e, pela falta de comemoração da data no comércio, ela é uma realidade escondida, como aqueles segredos de família que ninguém comenta. Ou o comércio está perdendo dinheiro ao não explorar o Dia da Sogra.

Eu comemoro o Dia da Sogra há anos e sempre escrevo sobre ele. Prova disso é que vou me repetir aqui:

Há todo um folclore de que as sogras são umas bruxas, que elas enchem o saco etc. Não é a minha experiência. Muito pelo contrário. Embora eu deva frisar que três horas de viagem me separam da mãe de minha mulher. E que ela não gosta muito de viajar. Nem eu.

Minha sogra faz de tudo para me agradar, quando a visito. Se meu sogro prefere Antarctica e eu, Brahma [essa homenagem é antiga...], quando vou lá a cerveja é Brahma. Ela faz um doce de banana com creme e merengue simplesmente delicioso. E, por saber dessa minha opinião sobre ele, sempre prepara um antes da minha chegada. Sem contar o leitão pururucando no Natal e uma farofa de miúdos genial.

Se não bastasse toda essa mordomia, ela me chama de fi-inho — assim com essa prosódia do interior de São Paulo (ela mora em Lorena)... Só quem já perdeu a mãe sabe como é gostoso ouvir de vez em quando alguém chamá-lo assim.

Mas, quem me lê falando desse modo de minha sogra pode imaginá-la uma velhinha sem muito o que fazer, cerzindo meias ou bordando toalhas em ponto de cruz. Nada mais distante da realidade.

Minha sogra é comerciante, daquelas que acordam o galo e põem a galinha para dormir. Acorda cedo, dorme cedo, e passa o dia todo agitada, para lá e para cá, trabalhando sem parar, dando ordens, comandando, como um sargento durão. Ela tem uma musculatura compacta — que sinto quando a abraço — para proteger seu frágil interior. Foi assim que ela aprendeu a sentir e a se defender da vida.

Começou a trabalhar muito cedo, ajudando os pais — também eles pequenos comerciantes e criadores — no mercado municipal. Gente da roça, ignorante (no sentido da falta de escolaridade), com padrões rígidos de comportamento. Quem viu o filme Pai Patrão, dos irmãos Tavianni, sabe do que estou falando, tem ideia de como é dura a vida dessas pessoas.

Pois a de minha sogra sempre foi assim: uma vida para o trabalho, em função da família. Primeiramente, os pais dela. Depois, seu marido, filhos e netos. Envolve-se com a vida de todos mais do que deveria, não porque ela assim o queira, mas porque sempre é solicitada.

Passou por uma das maiores provações pelas quais um ser humano pode passar — a perda de um filho —, que lhe deixou marcas que ainda hoje não conseguiu superar. Eu me recordo do sofrimento dela naquela época.

Seu único filho homem (ela tem mais três filhas), Francisco entrou em coma, após uma cirurgia. Executivo em início de carreira numa grande multinacional, ele era seu orgulho.

Todo dia, após trabalhar a manhã toda — sabe-se lá com que forças — ela, assim que acabava o almoço, pegava um ônibus na Rodoviária de Lorena e ia até São Paulo visitar o filho em coma, cheia de esperança de conseguir enxergar pelo menos uma melhora. Uma viagem de mais de duas horas, sem contar o tempo gasto da Rodoviária de São Paulo até o hospital.

Depois da visita, o longo caminho de volta, agora sem a esperança da ida, já que o filho não melhorou jamais. Depois, vinha a noite de sono inconstante, para nascer um novo dia e com ele a esperança de ver o filho bom de novo, que não se concretizou.

Pensei que ela fosse morrer no dia do enterro do Francisco. Mas — é como eu dizia — ela é desse tipo de gente da roça, com uma forte ética do trabalho de sol a sol, da galinha que hoje é brinquedo e amanhã, alimento. A vida segue, Deus quis assim, os fregueses estão na porta.

Então, ela vai de novo para a loja (hoje de artesanato), fala pelos cotovelos, conta sua vida toda para qualquer um — principalmente para falar com orgulho das filhas, dos netos, da bisneta e até dos genros... E logo pede uma licencinha para ir lá dentro, “porque vem meu genro lá do Rio, e ele adora um doce de banana que eu tô preparando pra ele”. E termina dizendo ao freguês:

- Você não liga não, não é, fi-inho?

Ela diz isso pra todos, traidora. Como não amar uma mulher assim?





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Pastor Alerta: querem transformar brasileiros em 200 milhões de Malafaias

O pastor e deputado federal Henrique Vieira (PSOL/RJ) faz um alerta na Câmara Federal: a extrema direita evangélica do tipo Malafaia tem o objetivo de transformar o Brasil em 200 milhões de pessoas iguais a eles. Não admitem a diversidade de pensamentos, religiões. 

Para isso, segundo o deputado, que também é pastor evangélico, não hesitarão em atacar pessoas que não pensem e ajam exatamente como eles, ainda que sejam evangélicas. 

Adeus, liberdade de pensamento, liberdade religiosa, liberdade de criação, liberdade de relacionamento. Adeus, diversidade. Adeus, liberdade.
 
O que disse o pastor Henrique Vieira:


O que se pensa? Que todo cristão no Brasil é tipo Malafaia? O que se pensa sobre a sociedade brasileira? Que o Brasil é composto por 200 milhões de Malafaias? 
Eu reconheço que a extrema direita de conteúdo fascista tem força política no Brasil, mas tem uma estratégia de se fazer maioria absoluta e apagar a diversidade que existe em nossa sociedade. 
Então, um alerta para a sociedade brasileira que eu deixo aqui:
 
  • Vocês que são cristãos e evangélicos, que não concordam com eles, eles vão atacar vocês. 
  • Vocês que são católicos, da diversidade que há no campo católico, eles vão atacar vocês. 
  • Vocês que são judeus, muçulmanos, de outras religiões, eles vão atacar vocês. 
  • Vocês que são das religiões de matriz africana e das espiritualidades indígenas, eles atacaram, atacam e vão atacar vocês. 
  • Vocês que não têm religião, eles vão atacar vocês. 
  • Aliás, vocês que gostam do Parintins no Amazonas, 
  • vocês que gostam dos festejos de São João no Nordeste, 
  • vocês que gostam do samba e do carnaval, Rio, Recife e Bahia, vocês que gostam das rodas de rima do Hip-Hop, 
 
eles vão atacar vocês por um motivo simples: Eles vão atacar tudo e todos que não sejam iguais a eles. E vão fazer isso "em nome de Deus". 
 
Funciona basicamente assim. "Bolsonaro é ungido, messias, escolhido por Deus, para governar o Brasil. O Brasil, então, é do Senhor Jesus. Quem não concorda com Bolsonaro não concorda com Jesus"...
É absolutamente perverso! 
E eles são capazes de tentar dar golpe em nome disso. São capazes de depredar, vandalizar a sede dos Três Poderes em nome disso. 
E não vai ser surpreendente, se daqui a pouquinho aparecer um atirador ou um homem bomba, "cheio de testosterona", disposto a matar em nome disso. Porque eles querem exatamente isso.








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Por que Elon Musk bloqueou perfil do neto de Mandela na rede X?

Como todo extremista de direita, Elon Musk é um hipócrita que só defende a liberdade de expressão deles. Ontem, o bilionário nascido na África do Sul bloqueou em sua plataforma X o perfil do neto do libertador da África do Sul Nelson Mandela, Zwelivelile Mandla Mandela.

No dia anterior, Musk havia republicado uma mensagem do primeiro-ministro genocida Benjamim Netanyahu com ataques aos estudantes universitários dos Estados Unidos que fazem manifestações em apoio à causa palestina.

Fato é que a rede X de Musk baniu Zwelivelile Mandla Mandela, que é membro da Assembleia Nacional da África do Sul. A empresa não se pronunciou sobre a sua decisão de restringir o discurso do político sul-africano, mas a razão é evidente:

Honrando a memória de seu avô, Mandela passou a última semana fazendo várias aparições públicas em apoio à libertação palestina, citando seu avô antes de sua viagem a bordo da Flotilha da Liberdade, partindo da Turquia para Gaza, com a intenção de fornecer mais de 5.000 toneladas de ajuda ao enclave devastado pela guerra.

“Meu avô considerava a luta palestina como a maior questão moral do nosso tempo”, disse Mandela num discurso publicado nas redes sociais na sexta-feira. “Ele assumiu um compromisso com o povo palestino ao dizer que a nossa liberdade está incompleta sem a liberdade do povo palestino.”

 

Ajuda e denúncia do genocídio



Numa declaração separada emitida na quinta-feira, Mandela explicou que a “Flotilha da Liberdade para Gaza visa chamar a atenção do público internacional para as atrocidades, genocídio e crimes de guerra cometidos contra o povo de Gaza”.

Até agora, a partida da flotilha de navios foi adiada devido a um conjunto de inspeções de navios desencadeada por uma campanha de pressão israelense, informou a Al Jazeera , embora um coronel aposentado do Exército dos EUA e funcionário do Departamento de Estado que organizou a flotilha tenha dito que os navios já haviam passado em todas as inspeções e estavam prontos para zarpar.

Para chegar a Gaza, a flotilha terá de romper um bloqueio israelense originalmente estabelecido em 2007. Esforços anteriores para quebrar o bloqueio por parte de missões humanitárias terminaram em morte. Em 2010, a Freedom Flotilla I, de seis navios, foi interceptada pelas forças israelenses, que abordaram os navios através de helicópteros e lanchas em águas internacionais, disparando e matando nove ativistas.

Estar de olho nas flotilhas é fundamental para a sua segurança, segundo um dos organizadores do envio de ajuda.

“Estamos tentando chamar a atenção de todos para a Flotilha para garantir que o mundo saiba e Israel saiba que estamos vindo, para que eles não possam disparar um míssil contra nós e dizer que não foi intencional”, disse Huwaida Arraf, uma palestina-americana. advogado e cofundador do Movimento de Solidariedade Internacional, disse à Al Jazeera.

Calando o perfil do neto de Mandela na sua rede social X, Musk quer silenciar a denúncia do genocídio e impedir que ajuda humanitária chegue aos palestinos em Gaza.

E é significativo que um bilionário branco da África do Sul bloqueie o neto de Mandela.

Assim como a África do Sul se livrou do apartheid, a Palestina um dia será enfim livre e dos palestinos.







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