Previsões de Mãe Kitola (final)

Hoje, último dia do ano, também é o dia da previsão de Mãe Kitola para o presidente Lula e o PT em 2006. Vamos a ela:
- Após a “Grande Lambança”, Lula e o PT agem de modo semelhante: o PT fingindo um ato de contrição e Lula fingindo que não teve nada a ver com aquilo.
Mas a Mãe Kitola ninguém engana. Lula não só sabia de tudo, como foi o principal mentor do esquema de compra de deputados. Desde que foi um deles, Lula acha – como a maior parte dos brasileiros – que só pensam em grana. Combinado com Dirceu – comandante do esquema – ofereceu-lhes o que queriam.
Só se esqueceram de outro ditado popular que diz que em rio onde tem piranha jacaré nada de costas. De peito aberto, eles agiram pensando que tinham descoberto a pólvora. Tarde demais, descobriram que ela explode.
Mas Lula tem duas qualidades, que ninguém pode negar: é um sortudo e um oportunista – no sentido positivo da palavra, de alguém que sabe aproveitar as oportunidades que a vida oferece.
E a sorte mais uma vez se manifestará na briga fratricida do PSDB, que vai fazer com que a presidência da República caia em seu colo. Dessa vez ajudado pelos números da economia - que fazem a alegria dos bancos e das pessoas físicas dos empresários do país –, pelos bolsistas do Bolsa Família, pelos pequenos comerciantes que lucram com a grana desses bolsistas, e pelo saco de bondades que vai executar.
Mesma sorte não terá o PT, que verá sua bancada encolher, o que vai dificultar e muito a vida de Lula a partir de 2007. Só aí veremos se as tais lições da crise terão ensinado algo ao presidente.
Como ele não gosta de aprender e, pelo contrário, se jacta de suas deficiências, o resultado provável é que...
Bom, sobre isso só falo no final do ano que vem, porque é de ano em ano que Mãe Kitola defende seus panos.
Axé, e Feliz 2006 para todos!

Feliz 2006

Esta postagem é para desejar um Feliz 2006 a todos os leitores, comentadores e visitantes do blog. Para os que querem um pouco mais que isso, ofereço para download o texto integral de meu livro A Fome e o Medo.
É um romance satírico, escrito a partir de uma frase antológica de Josué de Castro: “chegará o dia em que os pobres morrerão de fome e os ricos de medo”. Em A Fome e o Medo esse dia chegou.
O texto está em .pdf e mede aproximadamente 250 kb. Para baixar A Fome e o Medo é só clicar aqui.

Previsões de Mãe Kitola IV

Embora esteja terminando 2005 com a corda toda e cheio de expectativas agradáveis a respeito do que lhe reserva o próximo ano, 2006 não será nada bom para o PSDB.
Com a subida de Alckmin nas pesquisas, o Partido passará da posição de estilingue para a de vidraça, e o pau vai comer de todos os lados – a começar pelo chamado fogo amigo, com partidários de Serra e Alckmin lançando petardos entre si.
Como sofre dos mesmos males que seu irmão siamês, o PT, com acusações do uso de caixa dois em campanhas, compra de deputados para votações do interesse do presidente, briga fratricida entre candidatos em São Paulo, o PSDB dividirá com o partido de Lula o prato frio da vingança popular.
O candidato do Partido será Alckmin, e este erro lhe custará a cadeira presidencial.

Previsões de Mãe Kitola III

Hoje vamos conhecer as prometidas previsões de Mãe Kitola, a desconhecida evidente, sobre o PMDB. Amanhã será a vez do PSDB. E no último dia do ano, do PT.
Com a palavra, Mãe Kitola:
- O grande nome da história do PMDB foi indiscutivelmente o deputado Ulisses Guimarães.
No entanto, o PMDB de hoje não tem nenhuma das qualidades do doutor Ulisses. A única coisa que herdou dele foi o transtorno bipolar. Só que não em fases alternadas, mas concomitantes.
E é desse atordoamento provocado por esses comportamentos conflitantes que se aproveita o ex-governador do Rio Anthony Garotinho para lançar sua candidatura a presidente pelo Partido.
Enquanto a cúpula discute, Garotinho faz um trabalho de formiguinha, na esperança de conseguir comer o mingau do PMDB pela beirada, como já fez anteriormente no PDT de Leonel Brizola e no PSB de Miguel Arraes.
Usando o método da corrente, que se propaga em elos, mostra aos convencionais o poder de distribuição dos evangélicos e outras po$$ibilidade$ nada desprezíveis de campanha.
Será o candidato do Partido. Não se elegerá presidente, mas terá uma participação bem mais importante na campanha do ano que vem, preparando caminho para uma nova investida mais adiante, quando Garotinho espera tornar-se finalmente adulto.

Criminoso o incêndio no prédio da Previdência

Após o incêndio que consumiu ontem o prédio do INSS, em Brasília, o ministro da Previdência, Nelson Machado, tratou de correr aos meios de comunicação para garantir o pagamento dos pensionistas e funcionários da Previdência. Fez bem. Tranqüilizou-os, e, de quebra, fez com que eles não corressem à mídia para protestar (não terá sido este o objetivo mais concreto?).
Pena que o ministro não agiu do mesmo modo em relação ao restante da população, garantindo que os processos dos sonegadores estavam também protegidos e o país receberia os R$ 98 bilhões que eles devem à Previdência.
A pergunta que fica no ar é: por quê? Não um por que apenas, mas uma coleção deles.
Por que não foram feitos backups desses documentos? Fax, scanner, microfilmagem, cada documento desses deveria ter cópias espalhadas por outros prédios.
Por que esses documentos eram guardados num prédio antigo, caduco,que não tem sistema contra incêndio?
Por que o prédio não tinha nem ao menos extintores de incêndio?
Por causa dessas omissões o incêndio é criminoso, mesmo que nada venha a ser provado quanto à sua origem.

Previsões de Mãe Kitola II

Hoje vamos às previsões de Mãe Kitola para o Partido da Frente Liberal (PFL):
- O PFL tem em seus quadros personalidades autoritárias, como os senadores Jorge "Essa Raça" Bornhausen (PFL-SC) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-ACM). Mas quem melhor representa o perfil do partido é um homem que mesmo de frente parece estar de perfil, o senador por Pernambuco Marco Maciel. Como o PFL, ele prefere atuar no segundo plano, trabalhar à sombra - como os parasitas das árvores, que às vezes se tornam maiores e mais poderosos que as árvores que os hospedam.
Em 2006 não será diferente. Continuará o PFL à sombra, porque embora no nome seja da frente liberal, preferem fundos liberados.

Previsões de Mãe Kitola I

Nesta época do ano, todos fazem previsões e nosso blog não vai ficar atrás. A partir de hoje, e até o dia 31, a desconhecida evidente Mãe Kitola estará dando sua avaliação sobre o que reserva o ano de 2006 para os principais partidos que se propõem a governar nosso país.
Ela critica a análise que é feita por analistas políticos, que julga capengas.
- Disso eu entendo - ela diz, dúbia.
Hoje, ela analisa o PSol. Amanhã, é dia do PFL. Depois, seguem-se, pela ordem, PMDB, PSDB e PT.
Sobre o PSol, mãe Kitola afirma o seguinte:
- O PSol é um partido de traumatizados. Seus fundadores foram expulsos do PT, e a mágoa que guardam do partido parece ser maior que a vontade de governar o país. Apesar de se dizerem de esquerda, atacam exclusivamente o governo do presidente Lula, e com tal veemência, que neste final de ano os partidos de oposição mais à direita deixaram o PSol criticando o governo e foram barganhar umas verbazinhas, que ninguém é de ferro.
Sua candidata natural, a senadora Heloísa Helena (PSol-AL), corre o risco de se transformar no Enéas da esquerda, a ponto de as pessoas pensarem, como no Tostines, se a senadora é o Enéas que puxou a barba para trás e fez um rabo-de-cavalo, ou se foi Enéas quem puxou o rabo-de-cavalo da senadora para frente e fez a barba.

Aviso aos Navegantes

Muita gente, até bem intencionada, está pregando o voto nulo nas próximas eleições.
O tiro pode sair pela culatra. O povão - imensa maioria dos eleitores - não tem tradição de votar ideologicamente.
Resultado: serão eleitos apenas os políticos mais reacionários, donos de feudos, que foram muito bem representados pelo ex-deputado Severino Cavalcanti, que renunciou para não perder os direitos políticos, e vem com tudo na próxima eleição.
Elegermos um bando de Severinos Cavalcantis é um risco que corremos com essa pregação do voto nulo.

Feliz Natal

Esta postagem é para desejar um Feliz Natal a todos os leitores, comentadores e visitantes do blog. Para os que querem um pouco mais que isso, ofereço para download o texto integral de meu livro A Fome e o Medo.
É um romance satírico, escrito a partir de uma frase antológica de Josué de Castro: “chegará o dia em que os pobres morrerão de fome e os ricos de medo”. Em A Fome e o Medo esse dia chegou.
O texto está em .pdf e mede aproximadamente 250 kb. Para baixar A Fome e o Medo é só clicar aqui.

Chico Mendes

Há 17 anos, num 22 de dezembro, foi assassinado Chico Mendes. Ao silêncio quase geral da mídia, proponho a você uma visita ao blog do jornalista Altino Machado, lá do Acre. Vale a pena.

Chupando sangue dos brasileiros

Estranhíssima e suspeitíssima, além de muitíssimo mal contada, a superlativamente criminosa pesquisa que sugou o sangue de brasileiros pobres no Amapá.
Ontem, Mércia Arruda, cientista da Fiocruz encarregada da análise de dados da pesquisa, reconheceu o problema, mas tirou da reta e empurrou o problema para o holandês Jaco Voorham, que está sumidão.
É bom lembrar que estavam envolvidas na pesquisa, além da Fiocruz, a Universidade da Flórida, a Universidade de São Paulo (USP), a Fundação Nacional de Saúde e a Secretaria de Saúde do Amapá. Só peixe grande.
A alegação de Mércia Arruda é que a “picada em voluntários” não constava do contrato original. O holandês teria acrescentado essa parte adiante, no contrato que os voluntários assinavam.
E ninguém viu isso? Assina-se um contrato e deixam os brasileiros (pobres e ignorantes) nas mãos dos pesquisadores? Se o problema foi descoberto em novembro de 2004, por que somente agora chegou à mídia?
Essa história ainda está para ser contada. E abre caminho para que se pesquisem e investiguem as licenças para grupos estrangeiros - e brasileiros também, é claro - utilizarem brasileiros como cobaias em suas pesquisas.

A oposição quer o poder?

- Acorda, homem, tá na hora de tomar o poder.
- Peraí, mulher. Deixa eu dormir mais um pouquinho...
É assim que se comporta a oposição: eles querem o poder, mas precisam descansar mais um pouquinho. Para isso suspenderam as atividades das CPIs até 9 de janeiro.
O presidente Lula agradece. Até lá, ele vai reinar sozinho. Participa de inaugurações, comparece até a batizado de boneca. Depois dá sua mensagem de Natal ao povo. E a mensagem de final de ano, onde diz que “Nunca na história desse país”, e mostra os números: inflação lá embaixo, número de novos empregos, superávit, recorde na balança comercial, nas exportações, fim da dívida com o FMI...
E o Papai Noel Lula apresenta o saco de bondades para 2006, agradando os eleitores na parte mais sensível de seus corpos, o bolso:
Para industriais e homens do agronegócio, que reclamam do governo como pessoa jurídica mas deitam e rolam como pessoa física, uma nova renegociaçãozinha das dívidas a perder de vista.
Para a classe média, um imposto de renda mais camarada, que tal?
Para os pobres, um belo aumento no salário-mínimo e o Bolsa Família chegando a quase 12 milhões delas.
Depois é só aproveitar o mandato de cinco anos que a briga Serra X Alckmin deitou no colo dele, e exclamar:
- Que delícia de oposição!

O Maranhão de Sarney

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio de Mello concedeu liminar ontem suspendendo a devolução do convento das Mercês para o Estado do Maranhão. Com isso, a Fundação José Sarney poderá continuar a usar o prédio.
Uma lei estadual havia pedido a devolução do prédio ao estado. O mesmo pretende o Ministério Público Federal, que defende que um prédio tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional não pode ser doado.
Dizem que o pedido de retirada da Fundação José Sarney do convento foi uma provocação do atual governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares (PSB), da Assembléia local e do Ministério Público, que já não estariam reconhecendo a voz do dono do Maranhão.
Afinal, como documenta o Jornal Pequeno, que tem como slogan "O órgão das multidões", é fácil ver quem manda no Maranhão:
"Para nascer, é na Maternidade Marly Sarney. Para morar, você tem as vilas: Sarney, Sarney Filho, Kiola (mãe de Sarney) ou Roseana Sarney. Para estudar, suas opções são as escolas Roseana Sarney, Sarney Neto, Fernanda Sarney, Roseana Sarney, Marly Sarney ou o próprio Sarney. Para pesquisar, pegue um táxi no posto Marly Sarney e vá à biblioteca José Sarney (que fica na maior faculdade particular, que, dizem as más línguas, também é do Sarney). Para ler notícias, tem o jornal Estado do Maranhão, que também é do Sarney, ou a televisão do Sarney. Para saber sobre contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Sarney Murad. Para sair da cidade, atravesse a ponte José Sarney, pegue a Avenida José Sarney, vá para a rodoviária Kiola Sarney e então, depois de algumas horas nas estradas e rodoviárias "maravilhosas" do Maranhão, você chegará ao município José Sarney. Não gostou? Quer reclamar? Pode me processar que eu vou responder no fórum desembargador Sarney!"
Portanto, nada mais justo que o convento das Mercês fique a mercê de José Sarney.

Manual do governante

Obs: Este manual é válido por quatro anos.
No primeiro ano não se paga a ninguém. “Estamos promovendo uma rigorosa investigação dos gastos da administração anterior”, é o que se declara.
No segundo ano, diz-se que o primeiro foi para tomar conhecimento da “máquina”, e que agora já se vai dar uma “cara nova” à administração. Mas não se faz nada, a não ser empurrar com a barriga o que já vinha sendo feito.
No terceiro ano, começam os preparativos para o próximo e decisivo ano, o da reeleição.
No quarto ano, é aquela festa: tudo o que foi economizado se gasta. Todas as obras iniciadas são inauguradas. As que não o foram, iniciam-se. E anuncia-se um espetáculo de desenvolvimento para o próximo mandato.
Essa é a regra, eleição após eleição. Em todos os municípios, estados e no governo federal.
O presidente Lula declarou daquela vez em Paris, que o PT não fez nada de diferente. Ele também não. Por isso, o quarto ano dele vai seguir a receita.
O negócio é ver se cola.

Barata-voa no governo Lula

Mais uma vez voltam as especulações sobre as saídas de Antonio Palocci, do ministério da Fazenda, e de Henrique Meirelles, da presidência do Banco Central.
Segundo o blog do Josias de Souza, Palocci concorreria à Câmara Federal e Henrique Meirelles pensa no governo de Goiás.
Se forem verdadeiras, dão continuidade ao tremendo barata-voa que as últimas pesquisas instalaram no coração do governo. Quem apostava na reeleição de Lula, pensa agora em como sobreviver à possibilidade de que isso não ocorra.
Começou pelo diretório nacional do PT, que divulgou nota criticando a política econômica do governo. Depois, veio a declaração de independência do presidente do Senado, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que antes andava louco para ser o vice na chapa de Lula e agora critica abertamente o governo.
Mas é um engano achar que o governo está morto e que Lula não tem chances de se reeleger. Ainda vai rolar muita água debaixo da ponte. E os políticos sabem disso. O que eles estão procurando é o melhor posicionamento. Cada um faz seu jogo, tenta aumentar seu cacife para conseguir aproveitar a crise do governo da melhor maneira possível.
É bom não esquecermos aquele chavão - que eu nem sei se é verdadeiro, pois não conheço ninguém que fale mandarim - que diz que na China são utilizados dois ideogramas para representar a palavra crise. Um deles significa risco; o outro, oportunidade.
E é atrás dessa oportunidade que os políticos se movimentam.

Fim do voto secreto nas votações do Congresso

Muito se reclamou da absolvição do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), mas nada se falou sobre uma das maiores causas dessa absolvição: a votação secreta.
Será que deputado Romeu seria absolvido se as "Julietas" que o livraram tivessem que declarar seus nomes?
É um absurdo que não saibamos como votaram nossos representantes. E isso tem que acabar. O voto deve ser às claras. Não é possível aceitar a argumentação de que o voto necessita ser secreto para preservar os deputados dos poderosos da vez. Se Sua Excelência é pusilânime e teme mais o poderoso que o povo que o elege, deveria ficar em casa ou arrumar outra ocupação.

Lições da eleição de Collor

Num 17 de dezembro como hoje, há 16 anos, o brasileiro foi às urnas para votar no segundo turno das primeiras eleições presidenciais diretas para presidente da República, depois da ditadura.
Lula e Collor se enfrentavam, naquela que foi certamente a nossa primeira campanha moderna, com a utilização de armas que hoje são tradicionais em qualquer campanha: uso massivo de pesquisas quantitativas e qualitativas, jingles, filmes, malas diretas, showmícios. Mas também baixarias, boatos, armações.
Quem não se lembra das acusações de Míriam Cordeiro a Lula?
Quem não se lembra do boato que correu São Paulo de que quartos de casas e de apartamentos de classe média seriam expropriados para abrigar “companheiros” petistas?
Quem não se lembra também da acusação de que Lula iria confiscar a poupança (o que veio a ser feito posteriormente pelo vencedor, Collor)?
Também não se pode esquecer o comportamento da mídia à época, que não investigou profundamente Fernando Collor, deixando de fazer seu trabalho, que é o de esclarecer a opinião pública. Elegeu-se um farsante, com a omissão de grande parte da mídia.
Não se pode deixar de falar na edição distorcida que o Jornal Nacional da TV Globo mostrou do debate que houvera entre os dois candidatos.
Também nesse 17 de dezembro de 1989 chegou ao fim o seqüestro de Abílio Diniz, do grupo Pão de Açúcar. A cobertura do desfecho do seqüestro também foi, no mínimo, tendenciosa, mostrando os seqüestradores como petistas ou simpatizantes.
Que a lembrança daquela campanha sirva ao menos para que a mídia não cometa novamente os mesmos erros nesta próxima, que promete ser tão disputada e apaixonante quanto aquela. Que não peque por omissão (como o fez naquela ao não esmiuçar o personagem Collor) nem por ação (como na edição do debate pelo JN e na repercussão do seqüestro de Diniz).
O resto é conosco, eleitores. Que também nos preparemos para não sermos enganados.

Olha a lei de Murphy aí

Parece que a postagem do Oráculo de Murphy vai se confirmar.

É a política, idiota!

Segundo matéria de Carlos Marchi em O Estado de S. Paulo, a reeleição de Lula é praticamente inviável. Ele cita o índice de rejeição ao presidente na última pesquisa CNT/Sensus, que foi de 46,7%. Depois mistura no mesmo pirão o índice dos que declaram não confiar em Lula, que foi de 53%, revelado pela pesquisa CNI/Ibope.
Para corroborar seu raciocínio, vale-se do cientista político Antônio Lavareda, que trabalha para os tucanos, e usa do seguinte argumento (cito a matéria):
Uma indagação sobre o nível de confiança do eleitor num homem público não pode, no sentido clássico, ser tomado como uma decisão de votar ou não votar nele, explica o cientista político Antônio Lavareda, da MCI Estratégia. Assim, seria tecnicamente incorreto dizer que Lula tem uma rejeição de voto de 53%. Mas Lavareda entende que, como a confiança é o pressuposto maior do voto, pode-se dizer que esses 53% recusam o voto em Lula.
Traduzindo: isso não se poderia dizer, pois seria tecnicamente incorreto, mas se pode dizer... porque interessa a ele (Lavareda) dizê-lo.

Julgamento dos bancos em fevereiro

Mais uma vez é adiado no Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento que define se os bancos devem ou não obediência ao Código de Defesa do Consumidor.
O julgamento que estava marcado para setembro, ficou para o início de dezembro, foi empurrado para anteontem, depois para ontem e agora para fevereiro do ano que vem.
Segundo a página do Supremo, o presidente do STF, ministro Nelson Jobim, “informou, na abertura da sessão desta tarde, que o adiamento se deve à extensão da matéria e pela necessidade de se dar preferência a mais ações de relatoria do ministro Carlos Velloso, ou com pedido de vista, em razão de seu afastamento da Corte, por aposentadoria compulsória”.
Os bancos ganham tempo no STF. Os clientes perdem tempo (e dinheiro) nas filas.

Tudo faremos pela... derrota

Enquanto tucanos e pefelistas comemoram a desgraça de Lula, que despenca nas pesquisas, e o presidente lamenta que mais uma vez sua estratégia de comunicação tenha errado o timing, anunciando a quitação com o FMI antes – e não depois – das pesquisas, o Botafogo segue surpreendendo: contratou dois novos craques. Um, argentino naturalizado uruguaio, que vem de jogar na segunda divisão... mexicana; outro, um zagueiro que disputou pelo Paysandu o último Nacional. Detalhe: o Paysandu, rebaixado, teve a defesa mais vazada do campeonato, com 92 gols sofridos.
Como se vê, o Botafogo está adquirindo know-how para a segunda divisão. Isso é que é estratégia!

Nota sobre a postagem anterior

Minha postagem anterior foi uma fêmea de cágado. Não vou retirá-la, pois não seria honesto, mas vou tentar corrigir-me, explicando melhor o que quis dizer.
Inicialmente, agradeço ao Ricardo, pois foi a partir de seu comentário que percebi como a nota estava ambígua – para dizer o mínimo.
Como disse um antigo presidente, “esqueçam o que eu disse”, e coloquem no lugar o que quis dizer: o objetivo das investigações, a meu ver, é atingir o governo, que estava com alta taxa de aprovação, quando começaram as denúncias. A reeleição de Lula era considerada certa.
A partir daí, distribuição de mensalões e mensalinhos, caixa dois etc., tudo foi – e vem sendo – usado, não para moralizar a Casa nem para punir os corruptos e corruptores, mas para atingir o governo.
E a prova maior disso é que não se mexeu em nenhuma das estruturas que tornaram e tornam possível toda a sujeira que está vindo à tona com as investigações. Nas próximas eleições, e no próximo governo, pode acontecer tudo exatamente igual.
Expliquei-me?

Pra que tanto escândalo?

Com a absolvição de mais um dos envolvidos no escândalo do mensalão, fica cada vez mais evidente que o objetivo das investigações é apenas atingir o governo Lula.
O resto é história para boi dormir ou – os com aftosa – babar...

Daslu, Daspru e Daspre

Pelo andar da carruagem, depois da Daslu e da Daspu, vem aí a Daspre, que pode ser fundada pela mesma empresária dona da Daslu, Eliana Tranchesi, caso venha a ser condenada e presa. É que a juíza Maria Isabel do Prado, da 2ª Vara de Justiça Federal de Guarulhos, aceitou a denúncia do Ministério Público contra Eliana e o irmão. Condenados, podem pegar 21 anos de cadeia cada.

ACM joga pedra na Geni

O PT e o governo Lula são a Geni da vez mesmo. Hoje, em artigo publicado na Folha de São Paulo, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) desce o pau nos dois, no estilo que o tornou conhecido como Toninho Malvadeza.
Entre outras coisas, o senador saiu-se com esta:
- ...É necessário que o governo tenha sempre presente, nos atos do cotidiano, como um mandamento sagrado, a norma de que política e ética devem caminhar ombreadas e que nada deve separá-las.
Mas, cá entre nós, não foi este mesmo senhor que renunciou ao mandato para não ser cassado, acusado de violação do painel do Senado?
Quando um parlamentar com o passado do senador se acha no direito de dar lição de moral e ética ao PT e ao governo Lula é sinal de que eles são mesmo a Geni da vez.

Os bancos e o Código de Defesa do Consumidor

Se não sofrer novo adiamento, é hoje o dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) decide se os bancos devem ou não obediência ao Código de Defesa do Consumidor.
Os bancos não querem, é claro. E o motivo está na cara: basta ir a qualquer agência, de qualquer banco, para verificar as filas e o desrespeito com os clientes. É isso que eles querem perpetuar.
É isso que uma decisão do STF hoje pode mudar.

Recordar é viver: O Sapo Barbudo e o Escorpião Mercado

Postagem de setembro:
Sem alternativa, o Escorpião Mercado viu-se obrigado a atravessar o rio nas costas do Sapo Barbudo.
Em determinado trecho da travessia, ao perceber que não precisaria mais dele, o Escorpião dá-lhe a ferroada mortal.
O Sapo sente a ferroada nas costas, e reclama:
- Mas, Escorpião Mercado, fiz tudo como você pediu, dei-lhe todas as garantias...É assim que você me trata?
- Sinto muito, é da minha natureza...
- Mas com isso você vai morrer também...
- Quem disse? Olha só à nossa volta...
O Sapo Barbudo olha e vê inúmeros outros sapos oferecendo as costas para o Escorpião Mercado.

AI-5: Para nunca mais se repetir

Há 37 anos, numa sexta-feira, 13, foi editado o Ato Institucional n° 5, que instalou na prática a ditadura no Brasil. Durante sua existência, foram cassados 94 deputados federais e 4 senadores. Também houve cassações em Assembléias e prefeituras. Sob o AI-5, pessoas eram presas e “desapareciam”...foi instaurada a censura, que atingiu a imprensa e as artes.
Quem quiser saber mais sobre o AI-5 e o que ele significou, clique aqui para ler uma série de reportagens do Estadão, quando dos 30 anos do Ato.
É bom relembrar que o AI-5 foi deflagrado em resposta a uma ação corajosa do Congresso Nacional, hoje tão achincalhado. Na véspera, dia 12, a Câmara dos Deputados não deu licença para que o deputado Marcio Moreira Alves fosse julgado por supostas “injúrias às Forças Armadas”, como era desejo dos ministros militares. Foram 216 votos contra a licença, 141 a favor e 15 abstenções.
Hoje, quando deputados e senadores estão com péssima reputação, graças aos mensalões, mensalinhos etc., é bom lembrar que nem sempre foi assim. Ou melhor, é bom lembrar que nem todos são assim. Mais ainda: não podemos nos esquecer que fomos nós que os colocamos lá e que, portanto, podemos consertar tudo isso nas próximas eleições. Que serão livres e democráticas, graças, inclusive, a não haver mais o AI-5.

Lula reconstruindo Lula

Após aquilo que poderíamos chamar de “A Grande Lambança”, Lula e o PT agem de modo semelhante: o PT fingindo um ato de contrição e Lula fingindo que não teve nada a ver com o que aconteceu.
Como Lula de bobo não tem nada, é difícil aceitar isso. Provavelmente, o presidente sabia de todo o esquema de compra de deputados. Desde que foi um deles, Lula acha – como a maior parte dos brasileiros – que só pensam em “verbas”. Combinado com Dirceu ofereceu-lhes o que queriam.
Logo que assumiram o governo, viram alguns deputados a preço de ocasião e os compraram para reforçar a base aliada. Outros começaram a fazer fila no balcão, e então eles imaginaram que era só liberar as “verbas” com “nosso Delúbio” que o futuro estaria garantido. Até que Roberto Jefferson, que confessadamente enfiou quatro milhões num buraco escuro, deu com a língua nos dentes e tudo ruiu.
Esqueceram-se de um ditado popular que diz que em rio onde tem piranha jacaré nada de costas. De peito aberto, eles agiram pensando que tinham descoberto a pólvora. Tarde demais, perceberam que ela explode.
Mas Lula tem duas qualidades, que ninguém pode negar: é um sortudo e um oportunista – no sentido positivo da palavra, de alguém que sabe aproveitar as oportunidades.
E a sorte dessa vez pode se manifestar numa briga fratricida dentro do PSDB, que logo, logo vai lançar os partidários de Alckmin contra os de Serra. E vice-versa. Há também a guerrinha particular entre Serra e o ex-presidente FHC, que se acirrou ainda mais na última campanha presidencial. Sem esquecer o “amor” que parte do PFL e a família Sarney nutrem pelo atual prefeito de São Paulo, acusado de ser o mentor da excursão da Polícia Federal que descobriu dinheiro no cofre e matou a candidatura de Roseana Sarney na subida.
Enquanto isso, Lula participa de inaugurações, comparece até a batizado de boneca e dá sua mensagem. “Nunca na história desse país”, e mostra os números: inflação lá embaixo, tantos novos empregos, superávit, recorde na balança comercial, nas exportações, fim da dívida com o FMI...
Depois, apresenta o saco de bondades para 2006, agradando os eleitores na parte mais sensível de seus corpos, o bolso:
Para industriais e homens do agronegócio, que reclamam do governo como pessoa jurídica mas deitam e rolam como pessoa física, uma nova renegociaçãozinha das dívidas a perder de vista.
Para a classe média, um imposto de renda mais camarada, que tal?
Para os pobres, um aumento no salário-mínimo e o Bolsa Família chegando a quase 12 milhões delas.
Este último ano - o presidente já afirmou - é o da colheita. Tome inauguração. Tome ufanismo. É também o ano de plantar mais alguns projetos, para ver se consegue fazer brotar novamente no coração dos brasileiros aquela esperança, que foi o mote de sua campanha e que “A Grande Lambança” apagou. Se conseguir, recupera a chance de se reeleger.
Mesma sorte não terá o PT. O partido foi o mais atingido pela crise e verá sua bancada encolher, o que vai dificultar e muito a vida de Lula, caso este se reeleja. Como compor uma maioria sem comprá-la? – será seu desafio.
Só aí veremos se as tais lições da crise ensinaram algo ao presidente, que costuma, ao contrário, jactar-se de suas deficiências.

(Leia amanhã: Como mais de 100 milhões de pessoas suportam uma frustração)

Para que continue a lesma lerda

O fim da reeleição está próximo.
Como os quatro anos atuais com direito à reeleição não estão interessando a ninguém no momento, um projeto aprovando o mandato presidencial de cinco anos sem direito à reeleição vai ser aprovado mais dia, menos dia.
Assim é a política no Brasil.
Em vez de encararmos os desafios de frente, trocamos o sofá a cada problema. Novamente o fim da reeleição surge no horizonte como a salvação da lavoura. Cinco anos para o próximo presidente e tchau, a partir daí eleições de cinco em cinco, sem direito à reeleição.
Até que um presidente, no auge da popularidade, resolva - não diretamente, é claro, mas através de prepostos - colocar a reeleição na pauta...
Os mesmos deputados e senadores que já foram contra, depois ficaram a favor, agora novamente estão contra, poderão mais uma vez ficar a favor da medida - dependendo de para onde sopra o vento - e, em muitos casos, com ele os dólares...
E novamente trocaremos o sofá - ou a mosca.

Bloco dos valérios

Hoje, na coluna Gente Boa:

Os carecas Tavinho Paes, Mário Lago Filho e Ricardo Ruiz fundaram o Bloco dos Valérios, que sairá no Carnaval da Praça dos Poetas, em frente ao Bar Getúlio, no Catete, na Quarta-feira de Cinzas. A camisa do bloco será a do Valério Doce FC, um time de Itabira (MG), e o samba, uma variação do clássico “É dos carecas que elas gostam mais”:
“Nós, nós os valérios/ Na CPI nós somos maiorais/ Compramos a direita para a esquerda/ Mas a direita sempre pede mais.”

Caixa dois de uns e de outros

Fico imaginando o sorriso de escárnio de alguns empresários, quando vêem certos deputados e senadores deitando críticas ao caixa dois eleitoral. Esses impolutos senhores receberam dinheiro desses empresários no caixa dois, mas não foram pegos. Esta - e apenas esta - é a diferença entre uns e outros.
Aliás, isso não é nenhuma novidade: o ex-deputado Roberto Jefferson disse o mesmo, na cara de todos eles, sob silêncio constrangedor de Suas Excelências.

O acesso à informação é um direito do Homem

Extraído da Folha Online:
A juíza federal substituta Margarete Morales Simão Martinez Sacristan, da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, determinou à Folha Online que não divulgue reportagens da Folha sobre o processo criminal que apura a contratação da empresa Kroll, pela Brasil Telecom, para investigar a concorrente Telecom Italia.
Sacristan determinou que "cesse imediatamente qualquer forma de divulgação de dados pertinentes aos fatos e às pessoas envolvidas no processo em questão, seja por intermédio de notícia jornalística, televisiva, rádio ou qualquer outro veículo de divulgação, inclusive por meio de página da rede mundial internet, mantida por essa empresa, sob pena de infração ao artigo 10 da lei nº 9.296/ 96 e art. 153 do Código Penal, pois trata-se de processo no qual foi decretada a tramitação sigilosa".
A Folha, que vai recorrer da decisão, retirou da internet 165 páginas -57 da Folha Online e 108 da edição eletrônica do jornal.

(Hoje, no Dia Mundial dos Direitos Humanos, lembramos um artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos que trata do tema:
Artigo 19º: Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.)

Licença para morrer

O prefeito de Biritiba-Mirim, Roberto Pereira da Silva, enviou projeto de Lei à Câmara Municipal.
Até aí, diriam os antigos, morreu o Neves. Quer dizer, morreria o Neves, pois o projeto do prefeito proíbe que se morra na cidade. O prefeito exorta os cidadãos a tratarem da saúde, pois, aprovado o projeto, será proibido morrer em Biritiba-Mirim.
Parece piada. Mas não é. É, sim, a forma criativa que o prefeito encontrou para protestar contra norma do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que proíbe a construção de um novo cemitério na cidade, já que o que existe está completamente lotado.
Provavelmente agora que o prefeito conseguiu transformar Biritiba-Mirim em tema nacional a construção do cemitério venha a ser liberada e as pessoas voltem a ter direito a morrer e descansar em paz.

Houve festa?

Ontem foi o Dia Internacional contra a Corrupção.
Houve festa em Brasília?

Dinheiro para encher lingüiça

Mais um deputado deve se livrar da cassação. Agora é o Professor Luizinho (PT-SP), que foi inocentado por um seu ex-assessor, José Nilson dos Santos.
Em depoimento à Comissão de Ética ontem, José Nilson disse que foi ele que sacou os R$ 20 mil, que o dinheiro era para ajudar na pré-campanha de três vereadores de Santo André (SP) e que o Professor Luizinho não sabia de nada.
Embora em declaração anterior o Professor Luizinho tenha dito que intercedera junto a Delúbio para liberar a verba, José Nilson garantiu que nem isso o deputado fez.
Ele sozinho foi a Delúbio, sem o conhecimento do Professor Luizinho, e solicitou a verba:
- Apresentei-me como Zé Lingüiça, da CUT, amigo dele.
Agora, cá entre nós, negócio com Zé Lingüiça, onde se põe CUT no meio, é muito duplo sentido, só podia mesmo dar m...

Daslu, Daspu e DasMiPu

A Daslu deveria deixar de se preocupar com a Daspu e tratar de cuidar da DasMiPu - das ações do Ministério Público Federal. Segundo reportagem da Folha Online, o Ministério acabou de oferecer denúncia à Justiça contra Eliana Tranchesi, dona da butique de luxo, e mais seis pessoas.
Tranchesi e o irmão, Antonio Carlos Piva Albuquerque, diretor-financeiro da Daslu, podem ser condenados a até 21 anos de cadeia cada, pelos crimes de formação de quadrilha, descaminho aéreo consumado e descaminho aéreo tentado (fraude em importações) e falsidade ideológica.
Clique aqui e leia a reportagem completa.

Harold Pinter e os políticos

O dramaturgo britânico Harold Pinter, prêmio Nobel de Literatura 2005, disse o seguinte, em seu discurso na cerimônia de entrega do prêmio:
- ...a maioria dos políticos, pelos indícios de que dispomos, não estão interessados na verdade, e sim no poder, e na manutenção desse poder. Para manter o poder é essencial que as pessoas sejam mantidas na ignorância, que vivam ignorando a verdade, até mesmo a verdade de suas vidas. O que nos cerca, portanto, é uma vasta tapeçaria de mentiras, das quais nos alimentamos.

Do oráculo de Murphy

Sempre é bom ouvir as palavras de um homem que é ateu, graças a Deus. O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-AL), que também é presidente da Câmara, é um deles.
Aldo Rebelo é contra uma convocação extraordinária dos deputados por apenas 15 dias, para votarem a cassação ou não dos processados pelo Conselho de Ética. E explica o porquê:
- Você convoca por 15 dias, paga o extra pelo recesso todo e no final a maioria não aparece para votar. Sem quórum, ninguém é cassado. Você paga para absolver os acusados.
Como no Brasil a lei de Murphy é a única que se cumpre, provavelmente é isso o que acontecerá.

Tango do ministro com o governador

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e o governador do Paraná, Roberto Requião, vivem às turras.
Não convidem os dois para um mesmo elevador, porque o poço pode ser pouco fundo para o que um diz do outro.
Desde outubro, o ministro anuncia casos de aftosa no Paraná, e o governador o desmente.
Até o momento, a razão está ao lado do governador.
Mas agora parece que não mais. Exames comprovaram a presença da aftosa naquele estado.
Mas Requião contesta. Alega que Rodrigues quer ser mais realista que o rei, anunciando um suposto foco apenas para garantir aos chamados organismos internacionais que o Brasil está cuidando seriamente do assunto.
Já o ministro não diz nada. Ou melhor, numa hora diz que foi identificado foco da aftosa. Noutra hora diz que não. Depois volta a afirmar. E...
Enquanto isso, o boi ouve a Kelly Key e “baba, baby, baby, baba”...

Que delícia de oposição!

As oposições aos presidentes do Brasil e da Venezuela, Lula e Chavez, estão irmanadas em pelo menos uma grande mancada: a omissão.
No Brasil, quando Palocci foi falar à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, a estratégia da oposição foi não tocar nos assuntos de Ribeirão Preto. Achavam que seria mais proveitoso fazê-lo mais adiante. Quebraram a cara. Palocci agora escorrega como sabonete, enquanto tentam pegá-lo, deixando o traseiro à mostra.
As oposições a Chavez resolveram boicotar as eleições do último domingo, achando que assim poderiam chegar até a um golpe de estado. Mas quebraram a cara. Chavez conseguiu o aval de observadores isentos da União Européia, e agora vai governar sem oposição - por opção desta.
Os dois presidentes devem estar rindo ao telefone:
- Oh, que delícia de oposição!

Os antichavistas e o golpismo

Os partidos antichavistas comprometeram-se com a Organização dos Estados Americanos (OEA) e com a União Européia a participar das eleições. Mas não cumpriram. E pregaram o boicote.
Agora, como já disse na nota abaixo, querem melar as eleições, alegando que o Parlamento venezuelano não terá representantes da oposição. (E como poderia ter, se não participaram das eleições?)
Criticam também a alta abstenção - que eles incentivaram - e que teria chegado a 75%. Só que a abstenção na Venezuela é tradicionalmente alta. Nas eleições de 2000 foi de 56%. Nas municipais do ano passado, 69%.
Como estão percebendo que o tiro saiu pela culatra, a única esperança que lhes resta é um golpe de estado via EUA. Golpe que fica mais difícil ainda de ser executado, após a divulgação do relatório dos 160 observadores enviados pela União Européia que concluiu que o pleito foi limpo.
- Para nós, houve transparência no processo eleitoral - disse José Silva, chefe do grupo de observadores.

Venezuela: Seria cômico se não fosse trágico

Após as eleições de ontem na Venezuela, o secretário-geral do Copei (partido que já governou aquele país por três vezes), César Pérez Vivas, que é oposição ao presidente Chavez, deu a seguinte declaração:
- Teremos um Parlamento totalmente entregue à esquerda radical venezuelana. Os setores democráticos de centro-esquerda, centro-direita, centro-centro, que fazem a vida da sociedade venezuelana, não terão representação nesta Assembléia Nacional.
Em seguida disse que iria protestar na justiça venezuelana e em tribunais internacionais.
Só que, como se sabe, a oposição a Chavez boicotou as eleições, retirando todos os seus candidatos. Como poderia então ter representantes no Parlamento?...
E, no Brasil, o "golpista" é Chavez.

As razões de Cesar

Por mais louca que seja uma pessoa, ela sempre age movida por uma razão - ainda que oculta. A essa regra nem o ex-prefeito do Rio ainda em exercício, César Maia, escapa. Ou, mais precisamente, é em respeito a ela que ele age com obediência cega.
E essa regra pode explicar as raízes de duas atitudes de Cesar que ganharam as manchetes: numa, ele anunciou apoio ao prefeito de SP, José Serra, nas eleições presidenciais do ano que vem - embora ele, Cesar, seja o candidato do PFL na mesma disputa. Noutra, aprovou, sem ouvir ninguém, a construção de um shopping na Gávea, pelo Flamengo.
Três foram suas motivações.
A primeira, e mais evidente, voltar às manchetes.
A segunda, no caso do apoio a Serra, reclamar do duplo abandono a que foi relegada sua candidatura: pelo PFL e pelo eleitor.
No caso do shopping para o C. R. Flamengo, o objetivo é atingir o governo do Estado - a quem pertence a área do clube, e que já negara anteriormente permissão nesse sentido. O que Cesar quer ver é o governo dos Garotinho dizer não às pretensões rubro-negras em ano de eleição.
O resto é factóide.

Presidente quer acabar com caixa dois

Em declaração reproduzida nos principais jornais do país, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do STF, Carlos Velloso, afirmou que "temos de acabar com esse banditismo de caixa dois".
Certamente, Sua Excelência, tão veemente na condenação ao caixa dois, deve achar mais inadmissível ainda o desvio sistemático de dinheiro dos cofres públicos, o que é uma especialidade de alguns políticos - segundo o Ministério Público paulista, o ex-prefeito Paulo Maluf, por exemplo, é um desses.
No entanto, o ministro Velloso mandou para casa Maluf pai e Maluf filho, penalizado com a cena dos dois na cadeia.
Fico imaginando o que terá pensado depois disso o ministro, quando viu as fotos de Maluf tomando cerveja e comendo pastel em Campos do Jordão.
Ministro, estamos a seu lado: temos de acabar com esse banditismo.

Lula ou FHC, quem gastou mais em publicidade? (2)

Comparando agora os anos de busca pela reeleição.
Em 1998, Fernando Henrique gastou R$ 315,5 milhões em publicidade.
Para tentar a sua, Lula, segundo Ilmar Franco, pretende gastar R$ 326,3 milhões.
Só que em 98, um dólar valia R$ 1,1. Hoje vale R$ 2,2. Portanto, os gastos de Fernando Henrique foram simplesmente o dobro do que Lula pretende gastar - sempre segundo a informação do jornalista Ilmar Franco.

Garotinho, Rosinha, Benedita

Dizem que o que os une é água - mas não é benta - e não é reza nem oração - é Prece.

Lula ou FHC, quem gastou mais em publicidade?

Reportagem de Ilmar Franco em O Globo afirma que governo do presidente Lula vai gastar mais no ano que vem em publicidade. Declara até o percentual: 46,5% a mais em relação aos valores de 2004.
O que a reportagem não afirma, mas gráficos nela contidos dizem, é que pela primeira vez o governo Lula fará gastos publicitários semelhantes aos de seu antecessor, FHC.
De 1999 a 2002, os gastos de FHC em milhões de reais foram, respectivamente: 241,8; 301,5; 310,4; 256,6.
Com Lula, esses valores caíram drasticamente: em 2003, 158,2; em 2004, 222,7; em 2005, 117,4 (até setembro).
Portanto, se acrescentarmos 40 (proporcional a um trimestre) a este ano de 2005 e mais os tais 326,3 do ano que vem, o governo Lula gastará R$ 864,6 milhões em quatro anos. FHC gastou R$ 1,11 bilhão no mesmo período. Quase 30% a mais.
Ainda: a diferença entre o valor gasto a mais por FHC em relação a Lula ( R$ 245,7 milhões) é superior a qualquer dos índices anteriores de Lula.
Em outras palavras, Lula precisaria de cinco anos para gastar o que FHC gastou em quatro.

Cesar Maia erra mais uma vez

O ex-prefeito do Rio ainda em exercício, Cesar Maia, declarou que abre mão de sua candidatura em favor do prefeito de São Paulo, José Serra, na disputa presidencial do ano que vem.
Errado. Quem abriu mão da candidatura de Cesar Maia foi o eleitor.

Quem é quem no STF

Em sua coluna de hoje no Jornal do Brasil, o jornalista Augusto Nunes faz um "quem é quem" dos onze membros que compõem o Supremo Tribunal Federal (STF).
"Dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, só dois foram juízes de Direito. Os nove restantes chegaram ao olimpo do Poder Judiciário sem ter aprendido a julgar" - escreve Augusto.
Os dois que foram juízes antes são:
. Carlos Velloso (aquele que se comoveu com os Maluf presos juntinhos...), que foi nomeado por Fernando Collor.
. Antonio Cezar Peluso, nomeado por Lula.
Os demais - com o nome do presidente que os nomeou ao lado - são:
. Sepúlvede Pertence - Sarney;
. José Celso de Mello Filho - Sarney;
. Marco Aurelio de Mello - Collor;
. Nelson Jobim - FHC;
. Ellen Gracie Northfleet - FHC;
. Gilmar Ferreira Mendes - FHC;
. Carlos Ayres Britto - Lula;
. Joaquim Barbosa - Lula;
. Eros Roberto Grau - Lula.

Entrevista com o autor de O Monge e o Executivo

Autor do best-seller O Monge e o Executivo, o americano James C. Hunter, numa entrevista à revista Época, saiu-se com esta:
- O bom líder consegue engajar as pessoas "do pescoço pra cima". Conquista seus corações e mentes e obtém o melhor que elas podem dar.
Ok, mas antes ele precisa achar pessoas que tenham o coração "do pescoço pra cima"...será que consegue?

Daslu versus Daspu

Prostitutas criaram, por intermédio de uma ONG, uma grife chamada Daspu - uma brincadeira evidente com a megaloja de SP -, onde profissionais de sexo e simpatizantes produzem roupas de "batalha" (como chamam a labuta da "difícil vida fácil"), de festa e básicas. O objetivo é oferecer uma alternativa de vida às moças.
Só que a irreverência das putas magoou a megaloja, que as ameaçou com medidas judiciais, caso não mudem o nome da grife em dez dias. Advogados da Daslu alegam que a marca é "um deboche que visou denegrir a imagem da Daslu".
Mas, peralá. A Daslu não recebeu há pouco uma visita da Polícia Federal, onde foram apreendidos documentos que comprovaram evasão fiscal, notas frias, importação fraudulenta?... Roupas compradas por mil dólares, e vendidas por até R$ 10 mil, eram declaradas como se houvessem custado R$ 150...
Não sei não, mas com esta ação a Daslu pode estar preparando a cama para a Daspu deitar-se nela. E uma cama Daslu deve ser o sonho de consumo Daspu.

Política para os políticos

Após a cassação de José Dirceu começou uma discussão em Brasília para terminar com o julgamento de deputados e senadores por seus pares. Se houver acusação contra alguém, caberá à Justiça o julgamento. Se condenado, o deputado ou senador perde o mandato.
Mas o bom do julgamento pelos pares é que ele é político, exatamente como eles! A conjunção de forças daqueles senhores e senhoras (eleitos por nós, é bom lembrar) é que define o destino do julgado. E esses senhores e senhoras muitas vezes votam pressionados pela base (nós).
Imaginemos, por exemplo, um presidente na mira da Justiça (convém não esquecer, que ele nomeia membros do STF). O caso, com suas idas e vindas jurídicas, pode se arrastar por todo um mandato. Que país resistiria a isso?
Só para lembrar: se o julgamento no Congresso fosse jurídico e não político, Collor não teria sido cassado (ele foi absolvido pelo STF).

As contribuições do PP ao Brasil

Via o Jornal Nacional, quando fui surpreendido pela entrada no ar do programa do PP. Depois de um jinglezinho sem-vergonha sobre umas imagens surradas, surge uma apresentadora em estúdio, que fala umas coisas sobre o PP e em seguida chama uma matéria, dizendo que nós iríamos conhecer como os políticos do PP têm contribuído para o Brasil.
Aproveitei para ir ao banheiro. Já sentado no vaso, fiquei imaginando as contribuições pepistas.
O mais célebre deles todos é o ex-prefeito de SP Paulo Maluf (PP-SP). A contribuição dele, segundo o Ministério Público paulista, foi desviar meio bilhão de dólares dos cofres públicos.
Outro pepista famoso é o ex-deputado e ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti. Renunciou ao mandato para não ser cassado, por cobrar um mensalinho do restaurante da Câmara. Sua contribuição ao país foi empregar o filho numa estatal em Pernambuco - cargo que, aliás, o filho ainda não devolveu, embora Severino garantisse à época que ele o faria.
Temos também o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PP-PE), acusado de ter autorizado seu ex-assessor João Cláudio Genu a sacar R$ 4,1 milhões das contas do publicitário Marcos Valério.
O líder José Janene (PP-PR), que é acusado de ser o gestor do mensalão dentro do PP. Além disso, também é acusado pelo Ministério Público do Paraná de improbidade administrativa, enriquecimento ilícito e desvio de verbas da Prefeitura de Londrina.
A lista não ficaria completa sem o inacreditável deputado Ronivon Santiago (PP-AC). Este já havia renunciado ao mandato uma vez (para não ser cassado), quando confessou que recebera R$ 200 mil para votar a favor da reeleição de FHC. Voltou à Câmara, "absolvido pelas urnas" - segundo suas palavras. Não foi o que entendeu o TSE, e Ronivon foi cassado por compra de votos.
Enquanto dava a descarga, percebi que não me lembrava de mais ninguém. Cheguei na sala e o programa do PP já havia terminado. Será que eles mostraram realmente as grandes contribuições pepistas?

César Maia confessa fracassos

O ex-prefeito do Rio ainda em exercício, César Maia, confessa em entrevista que tem apenas dois fracassos na administração municipal: as áreas de saúde e de transportes.
Quanta modéstia!

Caiado e Skaf querem mais

Ruralistas e industriais estão unidos na crítica à política econômica do governo. Mas, nas entrelinhas, é possível descobrir o que no fundo, no fundo eles querem: fundos. Nisso estão irmanados o deputado Ronaldo Caiado (líder dos ruralistas) e Paulo Skaf, presidente da poderosa Fiesp.
Caiado, segundo nos informa a coluna de Tereza Cruvinel de hoje em O Globo, conseguiu aprovar na Comissão de Finanças da Câmara projeto nesse sentido. Paulo Skaf quer um novo refinanciamento das dívidas dos industriais, e fez lobby para isso quando da votação (que acabou não acontecendo) da medida da implantação da Super-Receita. Mas vai voltar ao ataque assim que o projeto de Lei com o mesmo objetivo for à votação.
Se forem atendidos, a política econômica de “feia” passa a “fofa” rapidamente.

A decisão do STF

Se alguém conseguir explicar, explique. O placar no Supremo estava empatado em cinco. Todos aguardávamos o voto do ministro Sepúlveda Pertence para desempatar o jogo. Ele votou a favor de Dirceu... mas Dirceu perdeu e foi julgado e cassado. O resultado lógico que seria seis a cinco a favor de Dirceu, foi seis a cinco contra.
Se independentemente do voto do ministro o resultado já estava decidido, por que esperamos pelo voto de Pertence, então?
Algo a ver com luzes, câmeras e microfones?

Há 50 anos a História começava a mudar nos EUA

Rosa Parks, aos 42 anos, em 1955, quando tudo começouEm 1º de dezembro de 1955 - portanto há exatos 50 anos - a costureira negra Rosa Parks recusou-se a ceder seu banco em um ônibus a um homem branco, como determinava a lei.

Isso aconteceu em Montgomery, Alabama, EUA, e por causa disso Rosa foi presa e condenada a pagar uma multa. O fato gerou um boicote em massa dos negros ao transporte público do Estado, marcando o início da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos.

O boicote foi organizado por um à época desconhecido pastor da Igreja Batista, Martin Luther King Jr, que anos mais tarde ganharia o Prêmio Nobel da Paz.

A desobediência de Parks à lei de segregação no Alabama levou ao fim a segregação nos transportes públicos e culminou, em 1964, com a Lei dos Direitos Civis, que transformou a segregação racial em um ato fora da lei nos Estados Unidos.

Apenas um “não”, pronunciado na hora certa, mudou o rumo da História americana.
Para sua atitude Rosa Parks tinha uma explicação simples: 

- A verdadeira razão de eu não ter cedido meu banco no ônibus foi porque senti que tinha o direito de ser tratada como qualquer outro passageiro. Aguentamos aquele tipo de tratamento por muito tempo.
 

Rosa Parks morreu no último dia 24 de outubro na cidade de Detroit. Tinha 92 anos, e, segundo seu advogado, morreu dormindo.