A bomba de Veja!

A Revista Veja se supera semana a semana. Na edição que está nas bancas, promete na capa uma bomba contra o PT. Mas a reportagem é que é uma bomba. Nela, duas pessoas acusam a campanha do presidente Lula de ter recebido dinheiro da Cuba de Fidel Castro.
O incrível é que as pessoas não sabem se foram três milhões de dólares ou um milhão e quatrocentos mil. Nem como esse dinheiro chegou ao país. Mas sabem exatamente como os tais dólares cubanos foram acondicionados: em duas caixas de uísque e uma de rum. Chegam ao requinte de descrever as caixas: as de uísque eram da marca Johnnie Walker – uma red label e outra black label – e a de rum era do cubano Havana Club – não informaram se o mais envelhecido ou o mais novo. Não informaram também por que as caixas estavam com dólares e não com as bebidas, quem teria ficado com as garrafas (se uma das caixas fosse de cachaça, é certo que a Veja insinuaria que as garrafas foram para... vocês sabem quem...).
Mas até aí, como diriam os antigos, morreu o Neves. O que causa estranheza na matéria é que os dois entrevistados de Veja, embora tenham conhecimento de onde as notas foram levadas, nunca viram o dinheiro. Só ouviram falar nele...
Mas aí, pergunta você, leitor astuto, quem contou a história dos dólares para eles? Ralf Barquete. A revista entrevistou Barquete para confirmar a história? Só se fosse a um centro espírita, porque Ralf Barquete está morto.
Com essas provas abundantes (com duplo sentido, por favor) a oposição pretende ir para cima de Lula e tentar seu impeachment.
E Veja já deve estar preparando a capa de semana que vem: “PT pode estar envolvido na morte de Ralf Barquete”. O fato de ele ter morrido de câncer em 2004 é só um detalhe. Afinal, muitos dizem que o câncer é ódio ou ressentimento acumulado: e a quem odiaria tanto Ralf Barquete para desenvolver esse câncer? De quem ele guardaria tal ressentimento? A Veja vai encontrar um irmão, um tio, um parente ou um amigo para dizer que Barquete andava magoado com a Geni da vez, que é o PT.
Que bomba!

Urucubaca de Lula

A tal urucubaca de que o presidente andou se queixando fez nova vítima entre seus amigos. No início da crise política, Lula afirmou que daria um cheque em branco a Roberto Jefferson. Ao final do processo, Jefferson foi cassado.
Agora foi a vez de um dos líderes do MST, José Rainha Júnior. Há um mês, o presidente, segundo o jornal O Globo, declarou o seguinte sobre Rainha:
— “Eu já vi gente com medo de ficar perto do Zé Rainha porque ele é perseguido, de vez em quando vai preso. Mas eu, como presidente da República, digo que você não é um companheiro de primeira hora, é um companheiro que conheço há muitos anos, e sei que quando eu deixar de ser presidente, muitos que hoje são meus companheiros não serão mais, mas você certamente vai continuar sendo meu companheiro”.
Pois bem, ontem, o juiz Maurício Ferreira Fontes condenou Rainha e mais três coordenadores do MST a dez anos de prisão em regime fechado, sem direito a recorrer em liberdade, por incêndio criminoso e furto qualificado durante a invasão, em 2000, da Fazenda Santana da Alcídia, em Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo.
A condenação foi em primeira instância. Ainda cabem recursos. Mas Rainha deu no pé e é considerado foragido.
Sai, urucubaca!

A cabeça de Lula pela de Azeredo?

A bancada do PT no Senado pode dar um tiro no pé, se decidir acatar resolução da executiva nacional do Partido e pedir que o Conselho de Ética do senado investigue o senador tucano Eduardo Azeredo. O motivo da investigação seria a utilização de dinheiro do esquema Marcos Valério pela campanha do senador em 1998. O senador, que já renunciou à presidência do PSDB por conta disso, alega que desconhecia o esquema, que teria sido gerado e gerido pelo tesoureiro de sua campanha. Acontece é que, pela legislação, o candidato é o responsável final pela campanha.
Mas acontece também que pau que dá em Francisco, dá em Chico. A mesmíssima alegação e a mesmíssima desculpa de não saber de nada valem para o presidente da República. O ex-presidente do PL e ex-deputado Valdemar Costa Neto declarou durante a reunião de acareação desta semana que pagou compromissos da campanha de 2002 da chapa Lula-José Alencar com recursos do esquema Delúbio-Marcos Valério.
Como se vê, a bancada do PT, se acatar a resolução, vai dar ao PSDB e ao PFL o motivo que falta para que eles partam definitivamente para o ataque ao presidente.
Em troca de uma peça menor (sem demérito ao senador, apenas uma comparação entre os cargos de senador e o de presidente), o PT poderá levar o Rei ao cheque-mate. Ao representar contra Eduardo Azevedo, o PT pode estar colocando a cabeça de Lula na guilhotina.
Vale a troca?

Por quê?

O Brasil todo sabe que o deputado José Dirceu vai ser cassado. Ele também.
Não há provas concretas contra ele, mas os deputados - talvez não em sua totalidade, mas em sua grande maioria - sabem que o esquema aconteceu, e, diga-se de passagem, envolveu um número muito maior de deputados que esses que estão indo para a degola.
Então, por que insiste José Dirceu, se sabe que será cassado? Por que insiste em arrastar o processo, trazendo consigo deputados do PT que iriam renunciar e que foram convencidos por ele a não fazê-lo? Por que insiste, agora colocando em risco o mandato do próprio filho - e, talvez, mais adiante, até o mandato do presidente Lula?
Por quê?

A fúria de "Essa Raça" Bornhausen

Tudo bem que o senador Bornhausen esteja indignado com os cartazes espalhados por Brasília, onde ele aparece travestido de Hitler. Faz parte. Mas o senador poderia aproveitar a oportunidade, que a mídia escrita, falada, televisada e internetada está lhe dando de destilar sua indignação, para explicar ao distinto público o que quis dizer exatamente com a frase:
- Vamos ficar livres dessa raça pelos próximos 30 anos!

Rodrigues Versus Palocci

Na coluna Panorama Econômico, em O Globo, a jornalista Míriam Leitão publicou uma declaração do ministro Palocci, que o coloca em confronto direto com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
Por conta da febre aftosa, o ministro Rodrigues tem colocado a boca no trombone, reclamando de verbas que não estariam sendo liberadas pelo ministério da Fazenda.
Palocci foi curto e grosso (ou melhor, fino, porque o ministro é um homem educado):
- Foram liberados R$ 90 milhões para a defesa vegetal e animal, e só foram gastos R$ 50 milhões. Não foi falta de verba, foi falta de projeto.
Seria bom os autores da novela Bang-Bang, que não anda lá muito bem das pernas, convocarem os dois ministros para um duelo. Quem sabe assim a audiência melhora?

Queimou dois milhões de árvores e está solto

A Justiça mandou soltar o fazendeiro José Dias Pereira, apontado pelo procurador da República em Santarém, Renato Rezende, como um dos maiores desmatadores da Amazônia.
Reportagem de Ismael Machado, em O Globo, informa que Pereira é acusado pelo Ibama de derrubar e queimar dois milhões de árvores, na região da Terra do Meio, em Altamira (PA).
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, se declarou incompetente para julgar o crime ambiental de Pereira e transferiu o caso para a Justiça estadual do Pará.
Ou, encurtando a frase: O TRF se declarou incompetente.

Partido do bispo Macedo vai cobrar dízimo

Assim como faz em suas igrejas, o partido do bispo vai cobrar dízimo dos filiados. A informação foi prestada ontem, em Brasília, pelo vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, em discurso na convenção do ex-PMR, atual PRB, Partido Republicano Brasileiro.
Alencar criticou a demagogia e o uso do Caixa 2, e afirmou que o PRB vai se sustentar da contribuição dos filiados, equivalente a 10% do salário.
Especialista na cobrança de dízimo, o bispo Macedo deverá dar uma consultoria ao partido, explicando como se deve pedir “contribuição espontânea”.
Clique aqui e conheça o vídeo, onde o bispo Macedo ensina como se faz isso.

O presidente está p*#*&*!!!

Segundo o Blog do Moreno, o presidente Lula estaria muito irritado (traduzindo: p*#&*!! da vida) com denúncias envolvendo sua família, e teria declarado a amigos:
- “Uma coisa boa na política brasileira era que os adversários respeitavam os parentes dos outros, principalmente filhos. A briga era entre nós, até porque nossa família não tinha nada a ver com as nossas atividades, a não ser em casos extremos de interferências que prejudicassem nossa atividade pública. Nossos filhos não ficavam expostos às denúncias infundadas, sem provas, a um disse-me-disse. (...) Acabou esse respeito na política brasileira.”
Presidente, desde a Roma antiga, “não basta à mulher de César ser honesta, ela tem que parecer honesta”.
O caso da empresa de seu filho, Gamecorp, que recebeu o incrível aporte de R$ 5 milhões da Telemar, teria morrido no nascedouro, caso ele agisse como o ministro Palocci, que convocou uma coletiva, respondeu a todas as perguntas e, praticamente, pôs um ponto final no assunto – embora não tenha esclarecido as dúvidas mais cabeludas.
O resto, presidente, é história para boi dormir. Ou, com a aftosa (que segundo vossas presidenciais declarações estava controlada, mas continua se propagando), história para boi babar...

Só Caixa 2

Segundo o Informe JB, um supermercado de uma área nobre de Brasília tem uma clientela muito especial. Mesmo para contas altíssimas - de mais de cinco mil reais -, nada de cartão ou cheque: os pagamentos são feitos com dinheiro vivo.
Aliás, dinheiro muuuiiito vivo.
Nesse supermercado, todas as caixas são Caixa 2.

Falta uma CPI

Reportagem no Jornal do Brasil desta segunda denuncia que companhias brasileiras criaram pelo menos 300 empresas em paraísos fiscais para lavar dinheiro, ocultar patrimônio ou enganar o Fisco.
Procurados pela Polícia Federal, alguns dos empresários confessaram o crime e estão dispostos a pagar pelo prejuízo.
Até aí, como diziam os antigos, morreu o Neves. Mas o fato é que tudo isso aconteceu e continua acontecendo por conta da “abortada” CPI do Banestado.
Para quem não está ligando o nome à coisa, esclareço: a CPI do Banestado estava investigando mutretas com as CC-5, contas assim chamadas porque foram criadas por uma carta circular n° 5 do Banco Central.
As CC-5 não permitiam fazer movimentação em dinheiro do Brasil para o exterior, e vice-versa, acima de R$ 10 mil. Até que no governo FHC o Banco Central estabeleceu uma autorização especial para movimentação acima desses valores, alegando que a finalidade era facilitar o repatriamento dos dólares movimentados na fronteira Brasil-Paraguai.
Apenas cinco bancos foram autorizados a fazer essa movimentação: Banco do Brasil, Banco Real, Banestado (que era o banco do estado do Paraná), o Bemge (banco do estado de Minas Gerais) e o Araucária.
Se os outros eram ou megabancos ou banco médios, o Araucária...bem, tinha duas agências, uma em Curitiba e outra em Foz do Iguaçu, num andar alto. Por que ele entrou na autorização, em meio a bancos graúdos, não sabemos, já que a CPI ficou pelo meio do caminho. Mas dizem que é um banco relacionado à família de um famoso senador por Santa Catarina...
Acontece que, a partir dessa autorização, o uso das CC-5 explodiu. Dinheiro vinha do Brasil todo, “passava” por Foz, ia e voltava, numa lavagem fenomenal que atingiu a cifra espantosa de 75 bilhões de reais. O que, ao câmbio de hoje, dá mais de 30 bilhões de dólares.
Em entrevista à revista Caros Amigos de setembro, o procurador da República Vladimir Aras declarou que a desfaçatez chegou a tal ponto que carros-fortes saíam de uma agência de banco em Foz do Iguaçu, davam uma volta na praça e retornavam, fingindo que haviam ido até o Paraguai. Levavam o dinheiro para passear e ele voltava limpinho, incrível, não?
No entanto, apesar – ou por causa – desse vasto material colhido pelo Ministério Público, a CPI deu em nada. Muitas acusações foram feitas – inclusive ao relator e ao presidente dela –, mas o resultado foi nenhum.
Por que o PT, que vive se dizendo perseguido pelas CPIs dos Correios e dos Bingos, não reabre a do Banestado? Será que ela está funcionando como moeda de troca? Ou o PT também tem rabo preso aí?
O final inconcluso da CPI do Banestado dá a impressão de que “neste país” (para usar a expressão favorita do “nosso presidente”) não têm nada a ver “lé” com “cré” nem “u” com “alças”, quem nos governa é a lei do “andar de cima”, que diz que “uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto” – ou seria o resto, ou o rasto?...

Os Blogs e os Comentaristas

(Repito esta postagem - e vou repeti-la de tempos em tempos - porque ela serve como minha "regra para comentários neste blog")
Para muitos dos que ainda não criaram seus blogs, os que o fizeram são apenas, ou bastante, narcisistas.
Não há como negar o narcisismo, mas levanto um outro ponto de vista: mais narcisistas são os que alugam a mulher (ou o marido), os vizinhos, o dono do bar, os colegas de trabalho e a família com suas opiniões sobre tudo e todos, mas não se arriscam a postá-las num blog.
Porque num blog – e aí está o grande barato dele – há a possibilidade dos comentários... E você não sabe nunca quem vai ler aquilo que postou. Muito menos como suas palavras serão interpretadas. Mais ainda: os que o criticarem não o estarão fazendo em particular, mas também para toda a rede...
Você fica nu em público – e sem photoshop...
É um pouco de exibicionismo sim, mas é também dar a cara à tapa, ousar opinar num mundo cada vez mais pasteurizado.
Postar num blog tem um sentido mais amplo que apenas exibir-se: é expor-se ao contraditório. Falamos para ouvir também. Opinamos para ouvir as opiniões dos outros.
Por isso é tão chato quando as pessoas não discutem a postagem que comentam e ficam falando de assuntos que nada têm a ver com ela. Você fala de borboletas, e eles vêm falar que você é Lula ou FHC. Não apreciam nada do vôo...
Fazer o quê?Há os petistas e os antipetistas. Os governistas e os antigovernistas. Ou melhor: a mim me parece que são os antipetistas contra os antiantipetistas. E os antigovernistas contra os antiantigovernistas. Porque essas pessoas são apenas do contra, do “anti”, não querem o diálogo, a opinião diferente.
É uma pena. Porque com os grupos de comunicação cada vez mais nas mãos dos grandes conglomerados, a notícia independente vai estar cada vez mais na rede.
Sorte sua, leitor, que sabe aproveitá-la. Azar de quem ainda não o faz – mas que, espero, com o tempo aprenderá.

Maluf já está melhorando

O gastroenterologista Sérgio Nahas, médico particular do ex-prefeito Paulo Maluf, declarou que seu paciente não está bem.
- Ele está intranqüilo, insatisfeito, muito magoado. Conversa, chora e fala coisas, às vezes, sem nexo.
Bom, doutor, tranqüilo Maluf não poderia estar mesmo, depois de 41 dias na cadeia, passando por provações pelas quais certamente nunca passou na vida. Insatisfeito também não, e pelo mesmo motivo. Muito magoado, certamente. Porque, pelo raciocínio transverso do ex-prefeito, ele, que se acha inocente de tudo, só foi preso para desviar os olhos da nação do escândalo de Brasília. Quanto a conversar, todos conversam. Chorar também, mas ele tem um motivo a mais: não deve ter sido mole ficar cadeia tendo diante de si o próprio filho, como um retrato de Dorian Gray incorporado. Não deve ter sido nada fácil olhar nos olhos do filho e ver que ele só estava ali porque seguiu o exemplo do pai .
Quanto a falar coisas, às vezes, sem nexo, significa que ele já está melhorando, doutor, pois este é o "doutor" Paulo que boa parte do eleitorado paulista adora.

Negociando com a Volkswagen

O ex-gerente de RH da Volkswagen no Brasil Klaus-Joachim Gebauer declarou ao alemão "Die Welt" que o sindicalista e atual ministro do Trabalho, Luiz Marinho, teria participado de uma negociação pra lá de animada numa boate na Alemanha.
Sobre a mesa de negociação foram colocadas cinco mulheres dançando, "excitando os convidados, do jeitinho que os homens gostam"- disse o ex-gerente da VW.
Só não contou se Luiz Marinho buzinou, pisou no freio, deu ré em direção a ele ou acelerou e partiu para o abraço.

Sim ou Não?

Vou votar no SIM.
E acho estranho que muitos dos que vão votar diferente, aleguem que estão insatisfeitos com a (in)segurança pública em que vivemos. No entanto, contraditoriamente votam no "não", que é o voto do status quo, o voto que prolonga essa situação. Porque se vencer o "não", nada muda, tudo fica exatamente como está.
Isso mesmo. Se vencer o "não", na segunda-feira prossegue a lesma lerda. O voto no NÃO é o voto no NÃO acontecimento.
O voto no SIM começa a mostrar que um novo paradigma pode ser criado. Porque o SIM é apenas o primeiro passo. E um primeiro passo tem que ser sempre afirmativo.
Você está satisfeito com a situação?
- Não!
Então vamos começar a mudá-la votando SIM.
(Para os indecisos, sugiro um pulo à locadora para pegar o filme "Dr. Fantástico ou Como Aprendi a Parar de Me Preocupar e Amar a Bomba - Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb", de Stanley Kubrick, com Peter Sellers, absolutamente genial, fazendo vários papéis. Veja-o hoje à noite. Se não convencê-lo do absurdo que é a corrida às armas, pelo menos você terá assistido a um grande filme.)

Algo de novo sobre o PSol

O PSol mal raiou e já tem gente acusada de corrupção. O ilustre é Sua Excelência senador pelo Acre Geraldo Mesquita.
Denúncias publicadas hoje no Jornal do Brasil dão conta de que o senador recolhe 40% dos salários de servidores lotados em seu gabinete. O jornal transcreveu conversas telefônicas de funcionários do senador que comprovariam a denúncia.
A senadora Heloísa Helena, principal nome do recém-fundado PSol, protocolou, no Conselho de Ética do Senado, representação contra ele.
Em entrevista, o senador Geraldo Mesquita nega tudo e acusa a Geni da vez:
- É tudo culpa da gangue do PT - teria dito o senador.

Planos de Maluf ao sair da cadeia

Deputados de Brasília repudiam Cicarelli

Em entrevista ao programa do Jô, a modelo e apresentadora da MTV Daniela Cicarelli declarou que gosta de roubar no jogo de cartas:
- " Roubo profissionalmente. Até parece que nasci em Brasília."
Ontem, deputados distritais de Brasília aprovaram uma moção de repúdio à declaração de Daniela.
Francamente, Daniela, que boca, heim!

Daniela Cicarelli

Siderúrgicas multadas em R$ 500 milhões

Oito siderúrgicas do Pará e do Maranhão foram multadas ontem pelo Ibama em mais de R$ 500 milhões. Elas vinham usando - para usar a linguagem do Delúbio - "carvão não contabilizado", um caixa 2, fruto de desmatamento ilegal.
Além de não comprovarem a origem do combustível, as empresas não repuseram a floresta derrubada. Segundo o Ibama, nos últimos cinco anos a exploração ilegal chegou a 7,7 milhões de metros cúbicos de carvão. O que dá - se minha matemática não está caduca - para abastecer até a boca uma churrasqueira do tamanho de mil piscinas olímpicas.
Certamente as siderúrgicas vão entrar na Justiça. E empurrar o julgamento para o dia de São Nunca. Vamos ver agora quanto tempo os advogados da União vão levar para fazer com que a ação seja julgada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Em dúvida, peçam aconselhamento aos advogados dos Maluf: o caso dos Maluf chegou lá em cima em 40 dias.
Carvoaria na floresta. Foto de Evelson de Freitas/AE
Foto de Evelson de Freitas/AE

Paulo e Flávio Maluf soltos ainda hoje

Como era de se prever, Paulo Maluf também vai ser solto, junto com o filho, Flávio.
Agora, cá entre nós:
Primeiro: como erra a Justiça! O advogado de Flávio Maluf conseguiu a vitória no STF explorando erros do processo. Ele entrou com uma liminar alegando que a) o hábeas corpus que impetrara antes foi distribuído erradamente; b) o motivo da prisão - que seria o aliciamento de testemunha - não se sustenta, porque o doleiro Birigüi é réu e não testemunha; c) idem com a acusação de formação de quadrilha, porque o Código Penal pressupõe o envolvimento de pelo menos três pessoas para tipificar o crime, enquanto somente Flávio e seu pai estão presos - e, digo eu, se a matemática não me falha, eles são apenas dois, porque os laranjas não contam...Por isso os Maluf estão soltos.
Segundo: como é rápida a Justiça para os poderosos! Dizem que o STF - que é a última instância do Judiciário - está atolado de processos, mas, por exemplo, o ex-ministro José Dirceu e os Maluf chegaram lá em cima rapidinho! Incrível, não?
Terceiro: como é estranho o português do Judiciário! Matéria de Rosanne D'Agostino na Revista Jurídica Última Instância, explica assim a liberação da dupla:
" Segundo o STF, no pedido de hábeas para Flávio, o advogado José Roberto Batocchio sustentou violação ao princípio constitucional do juiz natural posto que o HC foi distribuído erroneamente ao ministro Gilson Dipp, em decorrência de prevenção inexistente e aduz que o caso seria, inquestionavelmente, de livre distribuição, o que tornaria nula a decisão questionada."
Aaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhh!...

Maluf solto!

Por 5 X 3 o STF acaba de mandar soltar Flávio Maluf, filho do ex-prefeito de SP Paulo Idem.
Como aonde a vaca vai o boi vai atrás, a qualquer momento Paulo Maluf também deve ser mandado para casa.
A partir daí, os dois empurram o processo com a barriga até as eleições do ano que vem. Saem candidatos a deputado e se elegem, com o apoio do PT ou do PSDB - dependendo de quem venha a necessitar dos votos malufistas. Então, ganham imunidade parlamentar e o processo é jogado para escanteio.
Dois anos depois, nas eleições para a prefeitura de SP, Maluf concorre novamente. Se bobear, é eleito de novo. Por essas mesmas pessoas - especialmente uma certa elite paulista - que vivem descendo o cacete no PT, em Lula, chamando-os de corruptos...
Mas é uma pena que os Maluf saiam tão cedo da cadeia. Como disse no post anterior, ela estava fazendo bem aos dois. A penitenciária então, seria o complemento perfeito...
Agora tudo está "nas mãos de Deus"... E da justiça, que, dizem, estupra mas não mata (ou tarda mas não falha? - esqueci-me...).

Alguém lá em cima ama Maluf

Mais um doleiro diz que Maluf tem dinheiro no exterior. Depois do Birigui, agora é Alberto Youssef, que afirmou ontem à sub-relatoria de Fontes Financeiras da CPI dos Correios que fez uma operação no exterior em favor de Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo... O prefeito, mais de uma vez, declarou que não tem um centavo no exterior.
É incrível como é "sortudo" o ex-prefeito de São Paulo. Depositam dinheiro na conta dele aos borbotões. Na minha, por exemplo, isso nunca aconteceu. Pelo contrário, muitas vezes tenho que fazer o terrível papel de pé-no-saco para que me paguem o que me devem. E olha que ainda tem gente devendo...
Com o Maluf não! A troco de nada, ou por uma estranha "perseguição política" - como ele alega - pessoas depositam meio bilhão de dólares no exterior e dizem que é dele.
Além disso, ainda há a justiça a "persegui-lo"... Maluf, como seus advogados vêm tentando provar, sofre de problemas digestivos crônicos. Querem que ele seja tratado em casa. Mas a justiça teima em mantê-lo na cadeia da Polícia Federal.
É azar dele? Não, é sorte. Explico-me.
Logo que Maluf pai e Maluf filho entraram em cana, o ex-prefeito reclamou da gororoba da PF, dizendo que não daria aquilo nem a um cachorro - caso tivesse um. Advogados de Maluf filho solicitaram que seu cliente pudesse receber comida de fora, ou fosse transferido para outro local, sob a alegação de que Flávio teria problemas estomacais.
Pois bem, passado pouco mais de um mês da dupla em cana, não se ouve mais reclamação de Flávio. Isso porque especialistas garantem que a gororoba da PF é tiro e queda. Funciona como aquela propaganda de uma lâmina de barbear: a primeira faz tchan, a segunda faz tchun, e aí tchanananam, o estômago do freguês fica blindado. Não há úlcera ou gastrite que resista.
Por isso digo que continuar na cadeia não é azar, é sorte de Paulo Maluf. Mais uma temporada ali e os problemas estomacais dele acabarão.
E isso não é toda a sorte dele. Há mais: se as acusações que lhe são imputadas forem verdadeiras - como parecem ser - o ex-prefeito pode comemorar, porque depois da PF irá para a penitenciária por um bom tempo, e aí...
Aí o prefeito, que criou a famosa frase "estupra, mas não mata", vai conhecer, entre outras coisas, um tratamento revolucionário para a gripe, provando "o que é bom pra tosse"...
É ou não é um sortudo?

Desculpe o atraso...

O deputado baiano Josias Gomes, do PT, só não conseguiu renunciar ao mandato ontem porque...chegou atrasado. O pedido poderia ser entregue até as 18h, mas o deputado chegou 25 minutos depois.
O fato reforça o estereótipo que diz que todo baiano é "descansado" e está sempre atrasado.
Por isso, atenção, baianos: guardem bem o nome do deputado. Da próxima vez que ele vier a concorrer (provavelmente só daqui a oito anos), não se esqueçam que ele ajudou a denegrir (ou, para ser politicamente correto, a debrancar, delourar, demorenar, dessarará...) a imagem do baiano perante o Brasil, a Terra, quiçá outros planetas e galáxias...
"Ou não" - como, baianamente, diria Caetano Veloso.

O Ibama acordou...tarde...

O Ibama descobriu a maior devastação dos últimos anos da floresta amazônica para criação de pasto para o gado.
O crime ambiental aconteceu no sudoeste e no sul do Pará.
A área devastada é equivalente 100 mil campos de futebol. Calcula-se em 20 milhões o número de árvores derrubadas.
Além de pasto para a criação de gado, a derrubada das árvores, porteriormente transformadas em carvão, serve para abastecer as siderúrgicas que produzem ferro-gusa no Pará e no Maranhão.
Segundo fiscais do Ibama, os fazendeiros já foram identificados e devem receber R$ 100 milhões em multas. O que dá R$5,00 por árvore abatida. Muito pouco - o pior é que certamente nem isso os criminosos pagarão.
Mas, será que é preciso que uma devastação alcance a incrível e assustadora marca de 100 mil campos de futebol para que a fiscalização a alcance?
Se perguntados, os fiscais do Ibama certamente dirão que falta pessoal, faltam equipamentos, em suma, faltam verbas...Que nossa política econômica usa para remunerar com os juros reais mais altos do mundo o capital especulativo.
Queimam nosso dinheiro e deixam queimar nossas árvores. Dois crimes em um. Esta é a "liquidação" Brasil.

Na Folha online

Folha online








A montagem não é minha. Estava assim na Folha online.
A disposição das duas notícias vale por um editorial, não?

Os blogs e os comentaristas

Para muitos dos que ainda não criaram seus blogs, os que o fizeram são apenas, ou bastante, narcisistas.
Não há como negar o narcisismo, mas levanto um outro ponto de vista: mais narcisistas são os que alugam a mulher (ou o marido), os vizinhos, o dono do bar, os colegas de trabalho e a família com suas opiniões sobre tudo e todos, mas não se arriscam a postá-las num blog.
Porque num blog – e aí está o grande barato dele – há a possibilidade dos comentários... E você não sabe nunca quem vai ler aquilo que postou. Muito menos como suas palavras serão interpretadas.
Mais ainda: os que o criticarem não o estarão fazendo em particular, mas também para toda a rede...
Você fica nu em público – e sem photoshop...
É um pouco de exibicionismo sim, mas é também dar a cara à tapa, ousar opinar num mundo cada vez mais pasteurizado.
Postar num blog tem um sentido mais amplo que apenas exibir-se: é expor-se ao contraditório. Falamos para ouvir também. Opinamos para ouvir as opiniões dos outros.
Por isso é tão chato quando as pessoas não discutem a postagem que comentam e ficam falando de assuntos que nada têm a ver com ela. Você fala de borboletas, e eles vêm falar que você é Lula ou FHC. Não apreciam nada do vôo... Fazer o quê?
Há os petistas e os antipetistas. Os governistas e os antigovernistas. Ou melhor: a mim me parece que são os antipetistas contra os antiantipetistas. E os antigovernistas contra os antiantigovernistas. Porque essas pessoas são apenas do contra, do “anti”, não querem o diálogo, a opinião diferente.
É uma pena. Porque com os grupos de comunicação cada vez mais nas mãos dos grandes conglomerados, a notícia independente vai estar cada vez mais na rede.
Sorte sua, leitor, que sabe aproveitá-la. Azar de quem ainda não o faz – mas que, espero, com o tempo aprenderá.

Rio das Mil e Uma Noites



Esta imagem é da Lagoa Rodrigo de Freitas, onde moro, na cidade do Rio de Janeiro, onde nasci e vivo.
A foto é de Cora Rónai, que também mora na Lagoa.

Aos que postaram comentários neste blog

Caríssimos,
fiz uma fêmea do cágado e deletei-os todos, desculpem-me.
Como diz o capeta num samba-de-breque (- samba de quê???!) do Moreira da Silva (- quem?, - quem?). Ele estava jogando cartas, quando, de repente, surpreendeu-se falando em Deus, e se desculpa:
- Falei em Deus, mas sem má intenção.
Deleteio-os, mas sem má intenção. Agora começa tudo de novo, é zero a zero.

Z-z-z-z-z-zzzzzzzzzzzzzz!....

O correspondente do "The New York Times" no Brasil, Larry Rother, arrisca-se a comprar nova briga com o presidente Lula. Larry, que quase foi expulso do país por escrever matéria sobre o gosto do presidente pela marvada, mostra agora que o contrabando de madeiras brasileiras continua.
Em matéria que ocupou meia página daquele que é considerado o mais importante jornal do mundo (apesar das últimas mancadas), o correspondente denuncia o crescimento da derrubada de árvores, embora as permissões de corte estejam suspensas desde julho de 2004.
Num trecho da reportagem, intitulada "Madeireiros, desprezando a lei, devastam a floresta Amazônica", o presidente de uma associação de fazendeiros declarou que o tráfego de caminhões pela Transamazônica durante a noite para transportar madeiras ilegalmente é tão grande que ninguém consegue dormir.
Quer dizer, ninguém não - porque o Ibama dorme em berço esplêndido:
- Z-z-z-z-z-z-z-zzzzzzzzzzzzzzzzz................

13 Bis?

Os adversários do presidente Lula têm trabalho duro pela frente. Mantida a tendência atual, apontada pela última pesquisa do Ibope, e sendo vitoriosa a estratégia adotada pelo presidente de atrair o mercado com a garantia de que nada muda, só resta à oposição descobrir um fato novo e relevante que torne inevitável o impeachment de Lula. Ou então assistir de camarote a sua reeleição.
E derrubá-lo não é tarefa fácil. O presidente tem os dois pés bem firmes no chão. O pé esquerdo é o Bolsa Família. O direito, a política econômica.
Quanto ao pé esquerdo não há muito o que falar. É inconteste o sucesso do programa Bolsa Família. Mês passado ele foi objeto de matéria elogiosa do The Economist. Agora é o Bird que o reconhece como o mais importante programa de distribuição de renda para os mais pobres.
Após início claudicante, o programa vai de vento em popa, atingindo atualmente oito milhões de famílias, em 100% dos municípios brasileiros. Até o meio do ano que vem ("coincidentemente" ano da eleição), serão 11,2 milhões de famílias.
Por isso o presidente se esforça tanto para fortalecer o pé direito, que é a política econômica, mais especificamente sua relação com o mercado. O objetivo é trazer de volta aquelas ovelhas lanudas e poderosas que chegaram a pensar em uma alternativa a ele.
Para tanto, tratou de convencer o presidente do Banco Central, Henrique Meireles, a não sair candidato ao governo de Goiás (que era o desejo de Meireles), mas a continuar à frente do BC. Provavelmente acenando com a independência do Banco Central no próximo governo.
Se a oposição não criar um fato novo, a dupla Palocci-Meireles e o Bolsa Família levam o presidente ao bis.
O difícil é a criação desse "fato". Não podem atacar o Bolsa Família, que, além do reconhecimento local, agora é um sucesso mundial, e está bem gerenciado. Nem atacar a política econômica, por ser a mesma que defendem - com pouquíssimas, e até o momento inexpressivas eleitoralmente, exceções.
Enquanto isso, não importa o assunto, nem a hora ou o lugar, o presidente Lula reafirma que a política econômica não muda, como um mantra para o mercado: "por que mudar, mudar para quê?".

Sim ou não?

Ontem na avenida Vieira Souto, em frente à praia de Ipanema, uma faixa carregada por um casal chamava a atenção. Num lado da faixa havia a foto do ex-governador Garotinho. No outro, a foto de sua esposa e atual governadora, Rosinha Garotinho. No meio, a frase: "Eles votam SIM. E você?"
Curioso é que a passeata era pelo NÃO.

Sol, praia, lagoa e referendo

No Rio, com sol forte, praias lotadas e mar violento, o último fim-de-semana antes do referendo foi um fiasco para as duas campanhas, segundo a versão online do Estadão.
Mas a campanha do "sim" pelo menos foi mais "divertida":
Alguém teve a "genial" idéia de levar para a lagoa Rodrigo de Freitas - um dos mais famosos cartões postais da cidade - 36.091 cruzes de isopor, cada uma representando uma vítima de arma de fogo no Brasil no ano passado. Só que o vento espalhou as cruzes pelo espelho d'água, e muitas ficaram presas na vegetação, poluindo a lagoa e irritando moradores.
A governadora Rosinha Garotinho resolveu soltar 27 pombas brancas, cada uma representando um estado. Mas as pombas, confinadas em duas caixas de papelão, saíram tão zonzas que mal conseguiram voar.
Para coroar a comédia pastelão, as pombas também se assustaram com o helicóptero do governo do estado.
Ainda segundo o Estadão, uma moradora teria batido boca com a governadora:
- Quero saber quem vai limpar a sujeira.
- O Corpo de Bombeiros.
- E quem é que vai pagar por isso?
- Você - teria dito a governadora.
Mas não passou disso.
Imagine o que poderia ocorrer se elas estivessem armadas...
Taí, este foi o melhor ato a favor do "sim".

Ah é, é?

Em entrevista ao jornal O Globo, o analista venezuelano Oscar Schémel disse o seguinte sobre o presidente Chávez:
- "Chávez continuará contando com o respaldo popular enquanto a insatisfação pela falta de resultados for menor do que a satisfação que provoca a identificação cultural entre os pobres e o presidente".
Estranho seria se fosse o contrário, não?

O boi baba

Da Europa, o presidente Lula disse que a culpa da febre aftosa era dos pecuaristas.
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, discordou e disse que a responsabilidade também é do governo.
Para alguns pecuaristas, a culpa do foco de aftosa é de um assentamento do MST na região. De lá teria vindo a doença.
O MST nega, em nota, e diz que "os responsáveis pela febre aftosa e demais mazelas que assolam o campo são as políticas econômicas e o modelo agroexportador adotado pelo governo".
O governo do Mato Grosso do Sul acredita que o vírus veio de animais transportados ilegalmente do Paraguai...
Enquanto eles discutem, o boi ouve a Kelly Key e "baba, baby, baby, baba"...

O que vem por aí...

O Ibope divulgou hoje nova pesquisa mostrando o índice de confiança da população no presidente.
Os que confiavam em Lula eram 43% em agosto, 44% em setembro e agora são 46%.
Os que não confiavam eram 52% agosto, 51% em setembro e agora são 49%.
A variação dos números não é grande, mas mostra uma tendência de recuperação da imagem do presidente junto à população.
Como o que é bom para Lula é péssimo para seus opositores, deve vir chumbo grosso por aí.

Você finge que me ama e eu finjo que acredito

Durante as eleições presidenciais de 2002, quando a candidatura de Lula começava a dar pinta de vitoriosa, o dólar disparou, chegando a R$4,00. O risco Brasil bateu recorde: 2440 pontos. Hoje, o dólar está em torno de R$2,20 e o risco-país, de 400 pontos.
Naquela época, a posição do mercado ameaçava de tal forma a candidatura de Lula que, para acalmá-lo, o então candidato se viu obrigado a lançar uma Carta aos Brasileiros, na qual se comprometia a respeitar todos os contratos estabelecidos anteriormente. Ou, objetivamente: a não mexer na "política econômica" de FHC.
A partir daí, o Lula, que seria um leão, transformou-se num gatinho dócil. Usando as palavras do próprio presidente, ele, que nunca se adaptou ao macacão de metalúrgico, não necessitou de duas provas para sentir-se à vontade num terno.
Não será o mesmo que está acontecendo agora, só que com as mãos trocadas?
Antes do jabá dos Correios, onde um funcionário foi flagrado cobrando uma propina de três mil reais, Lula estava com a aprovação lá em cima. Sua reeleição era dada como certa. Mas o presidente respondeu mal ao problema, e este se transformou em um "escândalo".
Primeiramente, Lula disse que daria um cheque em branco a Roberto Jefferson. Depois, em Paris, declarou que o que o PT fazia era o mesmo que era feito pelos demais partidos.
A mídia não questionou nada disso, mas caiu de pau no presidente, dizendo que ele se elegeu - e o PT também - para "fazer diferente"... Portanto, em geral, caixa dois, "cooptação" de políticos, tudo isso foi aceito como "normal"...Mas não quando praticado pelo PT!...
Quando o presidente viu a crise bater à sua porta, tratou de dar inúmeras declarações, que funcionaram como uma Carta aos Brasileiros II, onde reafirmava que a política econômica era "imexível" (ah, como os governos diferentes são tão semelhantes em suas desculpas...).
O resultado disso tudo é que a crise arrefeceu. Afinal, já não se fala mais em impeachment do presidente, nem na Gamecorp, nas roupas doadas à primeira-dama, nos ternos doados ao presidente, nos cartões de crédito corporativos da equipe presidencial - com saques em dinheiro -, nos 29 mil reais que o Okamoto pagou ao PT pelo presidente, no fundo partidário usado para despesas com a família Lula...
A imensa pizza que parece estar sendo preparada para ser servida e a aparente vitória política do governo podem na verdade ser apenas isso: aparência. Porque o jogo político que está sendo jogado não é entre governo e oposição, ou entre PT e oposição ao PT, mas entre mercado e política.
A ingerência do mercado está tornando a política apenas um jogo de faz-de-conta. Na verdade, não interessa muito quem está ou estará na presidência, mas a prevalência da ótica do mercado sobre a ótica pública. Ou, quase o mesmo: da ética (ou falta dela) do mercado sobre a ética pública.
Prova disso é que na conferência Brasil Econômico 2005, em Washington, no final mês passado, nosso ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Furlan, eufórico com palavras elogiosas do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, disse:
- Independentemente de quem ganhar a eleição presidencial do ano que vem, não haverá mudanças radicais na economia.
Como o ministro pode afirmar isso?
A resposta parece estar nas palavras de Murillo de Aragão, da Arko Advice. No mesmo evento, comentando a crise política atual, ele tranqüilizou os americanos:
- Não há tensão social, os mercados não foram afetados pela crise e não vão permitir que o Brasil se comporte como uma Argentina.
Taí a resposta. Agora a frase do ministro Furlan fica completa:
- Independentemente de quem ganhar a eleição, não haverá mudanças radicais na economia, porque os mercados não vão permitir.
Exatamente como aconteceu com Lula. Ele foi eleito presidente para efetuar mudanças. Mas o mercado não permitiu. E continua a não permitir. Com a crise política na porta do Palácio do Planalto, o presidente é refém da economia.
Refém do mercado.

Economia burra

A descoberta de um foco de febre aftosa em Mato Grosso do Sul levou todos os membros da União Européia, mais Rússia, Israel, África do Sul, num total de 28 países, a embargar total ou parcialmente a compra de carne brasileira.
A febre aftosa é fruto direto do "sucesso" da política econômica brasileira, que privilegia o pagamento de juros, a amortização da dívida e remunera o capital especulativo com a maior taxa de juros do mundo. Para a prevenção das doenças bovinas, no entanto, foram liberados este ano apenas 0,24% dos recursos destinados no orçamento.
Está acontecendo agora com a criação de gado o mesmo que vem acontecendo com os hospitais públicos, sem remédios, sem médicos, caindo aos pedaços; o mesmo que vem acontecendo com a educação pública, com os professores mal remunerados, as escolas e universidades também caindo aos pedaços, com laboratórios fechados; na segurança pública, com os índices de violência aumentando em todos os estados; nas estradas esburacadas e semidestruídas...
Para usar uma imagem popular, tão ao gosto de nosso presidente, a política econômica brasileira é como um pai de família que deixa a casa cair, as crianças sem escola,a família sem remédios, sem comida, mas mostra, orgulhoso, que está em dia com o pagamento do carnê do Baú da Felicidade.
Todos os dias lemos analistas econômicos daqui e do exterior dizendo que a economia vai bem.
Bem para quem, cara pálida?

Maluf: aí, filhinho, já fui

Como antecipado por este blog, é verdade que os advogados de Paulo Maluf querem que ele fique em "prisão domiciliar", e este pedido "não é extensivo ao filho". Ou seja, Maluf quer voltar para o bem bom e deixar o filho na podre.
Para que o leitor não tenha que procurar pelo post no blog, repito-o aqui. É de dois de outubro. O título: "Farinha pouca, meu kibão primeiro"
O que você pensaria de um pai que influenciou o filho a adotar o mesmo estilo reprovável de vida que o seu e, na hora do sufoco, na hora de dividir com o filho os sofrimentos da cadeia, conseguisse, através de artifícios legais, ser transferido e deixar o filho preso?
Pois é o que está tentando desesperadamente o apresado Paulo Salim Maluf, ex-prefeito de São Paulo, denunciado pelo Ministério Público por haver desviado meio bilhão de dólares dos cofres públicos paulistanos.
Diariamente, através de sua assessoria de imprensa e advogados, Maluf tenta uma transferência para um quarto de luxo num hospital particular ou, de preferência, para casa, onde ficaria em "prisão domiciliar". A alegação é que o ex-prefeito, que é muito vivo, corre risco de morte.
Segundo a assessoria, ele está com gravíssimos problemas de saúde, embora o Incor e seu médico particular, que o acompanha há anos, neguem o fato.

Quixote ou Sancho?

Em artigo publicado hoje na Folha de São Paulo Mangabeira Unger traça mais uma de suas bem delineadas críticas à política brasileira. Ao final, completa:
"Tratemos, portanto, de alcançar o necessário por meio do improvável, reunindo as forças que resistem às opções inaceitáveis da política atual, persistindo, contra a maré, na proposta indispensável e livrando-nos do preconceito e do medo. Não basta dar uma de Quixote. É preciso fazer algo mais interessante: enfrentar a realidade como ela é. Melhor para o país. E melhor para a alma também."
Será que o improvável, por meio do qual ele pretende alcançar o necessário é o PMR do bispo Macedo, ao qual Mangabeira se filiou? E, por conseqüência, filiar-se ao partido do bispo será "melhor para a alma também"?
Nunca é demais ouvir a pregação do bispo, ensinando os pastores a "captar recursos" dos fiéis. Clique aqui, ouça e veja o bispo em ação. Será ele o improvável melhor para a alma?

Para quem acha que o pior já passou

Em entrevista ao site "Congresso em Foco", o jurista Miguel Reale Junior, ex-ministro da Justiça no governo FHC, disse que ainda há muita coisa para vir à tona, e que essas coisas estão sendo escarafunchadas em meio às milhares de informações sobre movimentação financeira, telefonemas, agenda presidencial...
Em certo trecho da entrevista, o ex-ministro diz o seguinte:
- Acho um pouco prematuro afirmar, mas, tecnicamente, em tese, há indícios de crimes de improbidade, cometido pelo presidente da República, de corrupção passiva, por parte de deputados, obtenção de vantagens para adesão, crime de prevaricação, sonegação fiscal e crime de falsidade em relação à apresentação de contas ao TSE. Quer dizer, há uma série de fatos que podem ser enquadrados nas leis penais.
Clique aqui e leia a entrevista completa.

Os Maluf há um mês em cana

Na cadeia da Polícia Federal não acredito que haja comemoração, pelo menos dos dois.
Mas em alguns lugares de São Paulo, e também de outras partes do país, muitos brasileiros estão comemorando - talvez ainda não com bolos e velas, mas certamente com chopes e até uns kibes - o primeiro mês redondo de cana dos Maluf, pai e filho.
Ambos estão detidos na carceragem da Polícia Federal de São Paulo desde o dia 10 de setembro. Eles são réus em processo sob acusação de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha e corrupção.
A juíza da 2ª Vara Criminal paulista, Silvia Maria Rocha, foi quem aceitou o argumento do Ministério Público de que, em liberdade, os dois poderiam atrapalhar o andamento do processo, ocultando provas e coagindo testemunhas.
Nunca é demais repetir que os dois são acusados de desviar algo em torno de meio bilhão de dólares dos cofres públicos de São Paulo.
Se for condenado nos processos, o ex-prefeito deve pegar uns oito anos de cadeia. Portanto, agora faltam apenas mais 95 meses.

Maluf quer troca-troca

O advogado de Flávio Maluf, José Roberto Batocchio, quer porque quer que o pedido de liminar de habeas corpus a Flávio seja distribuído a outro ministro do Supremo, e não a Carlos Velloso.
Caso o advogado seja atendido em sua pretensão, o novo ministro vai se encontrar numa verdadeira sinuca de bico. Ou mantém a posição de Velloso até o momento, indeferindo o pedido, ou não. Aí vai ficar mal para ele. Ou para o ministro Velloso.
Mas, em qualquer das hispóteses, péssimo para o Judiciário.

Bispo Macedo: Ou dá ou desce

É imperdível o "vídeo perdido" do bispo. Numa reunião com pastores da Universal ele ensina como eles têm que fazer para conseguir o dinheiro dos fiéis. Clique aqui e veja.

Maluf abalado com a morte de preso

Havia um humorista, de quem a maioria dos jovens de hoje nunca ouviu falar, chamado Zé Trindade, que era divertidíssimo. Baixinho, ele fazia um tipo conquistador, mulherengo, que quando via alguma coisa estranha exclamava, num delicioso sotaque baiano:
- O que é a natureza!...
Pensei em Zé Trindade quando li uma notícia a respeito do comportamento do ex-prefeito de SP Paulo Maluf na cadeia da Polícia Federal. Segundo um colega de xadrez de Maluf, o ex-prefeito teria ficado muito abalado com a morte de um outro preso, ocorrida lá mesmo na prisão da PF.
Curioso é que o preso que faleceu não era conhecido de Maluf, nem morreu de nenhuma morte violenta, mas apenas dessa morte comum, morrida cotidianamente por milhões de pessoas no mundo.
Isso é que me despertou a atenção: o prefeito ficou abalado com a morte - destino de todos nós. No entanto, não há notícia de que tenha se abalado com o desvio de meio bilhão de dólares dos cofres públicos, fato que lhe é imputado e causa de sua temporada na cadeia.
Foi aí que me lembrei do Zé Trindade:
- O que é a natureza!...

Maluf volta para a cadeia

Após fazer exames no Hospital das Clínicas, o ex-prefeito Paulo Maluf já está de volta à prisão da Polícia Federal.
Segundo o gastroenterologista Sérgio Nahas, os exames indicaram que Maluf necessita de medicamentos, mas pode muito bem tomá-los na cadeia, onde trata de um outro problema - este com a Justiça. O ex-prefeito é acusado de obstruir o trabalho da polícia e de coagir testemunhas, no processo movido contra ele pelo Ministério Público por causa do desvio de meio bilhão de dólares dos cofres públicos.

Bispo Macedo ensina a "Captar Recursos"

O Blog do Mello conseguiu recuperar o vídeo perdido do bispo Macedo, onde ele ensina o que se deve fazer para "captar recursos".

Os filiados ao recém-fundado partido do bispo, PMR, incluindo neófitos, como o professor Mangabeira Unger e o vice-presidente da república, José Alencar, podem aproveitar assim a "aula de marketing" do bispo.


O Bagaço

Os alagoanos estão mesmo na moda. Os presidentes da Câmara e do Senado são alagoanos. Domício Diniz também é. Ou melhor, era.
Domício foi o décimo bóia-fria a morrer na região de Ribeirão Preto, desde o ano passado. Era cortador de cana.
Suspeita-se que a morte dele tenha sido causada por excesso de trabalho. Ele cortava, em média, 12 toneladas de cana por dia. O que dá, segundo estudos da USP, aproximadamente 12 mil golpes com o podão, utilizado para derrubar a cana.
Essa é a média dos trabalhadores rurais hoje em dia, 50% a mais que a média da década de 1980, que era de oito toneladas diárias.
Para quem procura um exemplo prático de "mais-valia absoluta", taí a prova de que se extrai trabalho do empregado até o bagaço.

Atenção: Deputados trabalhando

Depois ainda dizem que nossos nobres deputados não trabalham nem se ocupam dos graves problemas nacionais.
Ontem, eles levaram horas discutindo sobre a criação de um dia em homenagem à Ioga - ou ao Yôga, como preferem outros.
Como não chegaram a conclusão alguma, os nobilíssimos criaram dois dias, um homenageando a Ioga e outro, o Yôga.
Como colaboração, sugerimos aos nobres deputados que homenageiem o dia de ontem com a criação do Dia do Idioga e também do Idyôga, para que todos fiquem felizes.

O bispo no meio do caminho

O bispo no meio do caminho

Macumba, bruxaria ou Mangabeira?

E o Mangabeira Unger, heim? Após ficar à sombra de Brizola e de Ciro Gomes, saiu anunciando aos quatro ventos que agora havia assumido sua candidatura à presidência da República. Sentia que essa era a única forma de ver suas idéias colocadas em prática. Conseguiu até o apoio de Caetano Veloso, o que lhe rendeu um belo espaço na mídia, quando...
Quando caiu no conto-do-vigário, ou melhor, no conto-do-bispo. Entrou para o recém-fundado partido da igreja Universal, incentivado pelo senador Crivella. Acontece que o vice-presidente da República, José Alencar, também recebeu o mesmo convite. E agora Crivella e o próprio Unger (!!!???) lançam José Alencar como o candidato do partido à disputa presidencial do ano que vem.
Professor em Harvard, considerado um economista brilhante, o Mangabeira anda precisando arrumar sua vida. Ou vai acabar virando apenas uma figura tão folclórica quanto seu sotaque - o que seria uma pena.
Nosso blog tem uma sugestão: veja na foto abaixo o cartaz colado em frente à igreja Universal, do bispo Macedo, na Segunda Avenida, em Manhattan. Escolha o tipo de problema que o aflige e quem sabe o professor não encontre aí a solução.
original no site do jornalista L.C.Azenha:http://viomundo.globo.com/
"Se você tem vícios, insônia, pensamentos suicidas, dores-de-cabeça constantes, se foi vítima de macumba ou bruxaria, venha e receba liberdade completa".

Jogo Mortal

Faz sucesso na Polônia um jogo pela internet em que você pode matar o político que mais odeia. Só está há três dias no ar e já foi visitado por 200 mil pessoas.
Segundo a rádio pública local, entre os jogadores há até políticos, que se divertem assassinando adversários.
Se a moda pega...

"Farinha pouca, meu kibão primeiro"

O que você pensaria de um pai que influenciou o filho a adotar o mesmo estilo reprovável de vida que o seu e, na hora do sufoco, na hora de dividir com o filho os sofrimentos da cadeia, conseguisse, através de artifícios legais, ser transferido e deixar o filho preso?
Pois é o que está tentando desesperadamente o apresado Paulo Salim Maluf, ex-prefeito de São Paulo, denunciado pelo Ministério Público por haver desviado meio bilhão de dólares dos cofres públicos paulistanos.
Diariamente, através de sua assessoria de imprensa e advogados, Maluf tenta uma transferência para um quarto de luxo num hospital particular ou, de preferência, para casa, onde ficaria em "prisão domiciliar". A alegação é que o ex-prefeito, que é muito vivo, corre risco de morte.
Segundo a assessoria, ele está com gravíssimos problemas de saúde, embora o Incor e seu médico particular, que o acompanha há anos, neguem o fato.