Golpe de 1964. 'O Dia que durou 21 anos', documentário completo. Não perca, informe-se


Em 2011, foi exibido na TV Brasil o documentário "O Dia que durou 21 anos", em forma de série (depois virou um longa) de três episódios.

O saudei aqui como um dos mais importantes momentos da TV brasileira.
Ontem a TV Brasil exibiu a primeiro episódio do documentário "O Dia que Durou 21 anos", uma coprodução da TV Brasil com a Pequi Filmes, com direção de Camilo Tavares.

O mais interessante no episódio de ontem foi a confirmação, através de diálogos do presidente Kennedy com seu embaixador no Brasil Lincoln Gordon, que todo o discurso de nossos golpistas, civis e militares, em favor do "nacionalismo" e para "expurgar o perigo comunista" era "made in USA".

Com a exibição de material inédito, "documentos do arquivo norte-americano, classificados durante 46 anos como Top Secret", ficamos sabendo como nosso destino foi traçado no exterior e desenvolvido aqui, com agentes da CIA infiltrados e milhões de dólares distribuídos entre deputados, jornalistas e meios de comunicação. O próprio presidente Kennedy chega a reclamar com o embaixador que a verba era muito grande, mas Gordon o alerta que maior seria o prejuízo se o Brasil virasse uma nova Cuba.
Se ainda não o fez, não deixe de assisti-lo, porque mostra que o dedo dos EUA no golpe foi tão forte que até o primeiro presidente, Castelo Branco, foi escolhido por eles, como escrevi na ocasião.
No documentário, temos uma declaração do presidente Lyndon Johnson, que havia sucedido o presidente Kennedy, assassinado em Dallas, em 1963. Johnson afirma que os Estados Unidos não iriam permitir novo governo com tendências esquerdistas no hemisfério ocidental.

Para isso, o embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, já vinha trabalhando há tempos. A decisão era que fossem usados todos os meios para criar um clima contrário ao presidente Jango e favorável a um golpe militar pró Estados Unidos.

Através do Ibad foram realizadas ações, escritas colunas em jornais e revistas, produzidos filmes e comerciais para rádio, TV e salas de cinema, editoriais, tudo para atingir o objetivo dos EUA de confundir seus interesses com os nossos. Ao mesmo tempo, agentes da CIA atuavam na outra ponta, radicalizando movimentos sociais para que fugissem ao controle do governo.

Um depoimento de Laurita Mourão, filha do general Mourão, que deflagrou o golpe na noite de 31 de março de 1964, diz tudo em poucas palavras. Segundo ela, o pai, quando partiu de Juiz de Fora com suas tropas em direção ao Rio de Janeiro, esperava derramamento de sangue. No entanto, as tropas chegaram ao Rio sem qualquer resistência. Seu pai teria entregue o comando então ao general Costa e Silva, que, segundo Laurita, foi surpreendido dormindo e de cuecas, na madrugada do dia 1º de abril, o dia dos Tolos, segundo ela declara, irônica.

Mas não foi Costa e Silva quem se tornou presidente. Porque o escolhido pelos Estados Unidos eram outro, o chefe do Estado-Maior do Exército Castelo Branco. Documentos exibidos no documentário mostram que Castelo era o porta-voz preferido deles e teria solicitado o envio de frota dos EUA para apoiá-los no Brasil.

O coordenador do National Security Archives Peter Kornelur afirma que os Estados Unidos utilizaram contra o Brasil a mesma intimidação aplicada a pequenos países das Américas: a presença de sua frota.

Fico imaginando os militares que eram verdadeiramente idealistas e não apenas golpistas atuando em favor de empresários, multinacionais e do governo estadunidense. Ao verem os documentos e até onde estavam sendo manipulados pelo governo dos EUA, como se sentirão hoje? 
Pelo que vemos hoje, no governo infame de Bolsonaro, não aprenderam nada e continuam, como o Jair, batendo continência para a bandeira dos EUA em detrimento da nossa, embora encham a boca para afirmarem o contrário.
 
A seguir, assistam ao documentário na íntegra.
 



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Aviso aos golpistas: 'Traidor da Constituição é traidor da pátria' - Dr. Ulysses Guimarães

Na véspera do golpe de 1964, que implantou uma ditadura de 21 anos no Brasil, nada como relembrar o Sr. Diretas, Dr. Ulysses Guimarães, em seu histórico discurso abominando a ditadura, os ditadores e os projetos de ditador, como o infame Bolsonaro.
 
Ditadura nunca mais!




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Enquanto nós, civis, ainda morremos em pencas na segunda onda da COVID, Exército já se antecipa a uma terceira para cuidar da tropa


São dois Brasis: num, vivemos uma administração caótica da pandemia, batendo recorde atrás de recorde de mortos, onde faltam leitos de UTI, insumos básicos, como oxigênio, e começam a faltar outros que são fundamentais para o processo de intubação. Nesse país, o nosso, dos civis, o presidente defende a aglomeração, que não sejamos maricas, não fiquemos de mimimi, a COVID é uma gripezinha. Morremos aos borbotões. Ontem, atingimos o recorde de 3668 mortos, 38% de todas as mortes do planeta.

Tudo diferente do outro Brasil, o do Exército brasileiro, cujo processo de combate à pandemia é comandado pelo general Paulo Sérgio, sobre quem já falei aqui. Nesse, há a preocupação com a pandemia, soldados ficam em quarentena, usam máscara, não faltam insumos, oxigênio, leitos de UTI nem material para intubação. Aqui, eles já se preparam para a terceira onda da COVID que se avizinha, enquanto nós, os civis, vamos tentado sobreviver à segunda.
Quando soubemos que França e Alemanha estão começando novo lockdown com esta terceira onda, imaginamos que, como ocorreu na segunda, que começa na Europa, dois meses depois se alastra por outros continentes. Temos de estar preparados no Brasil. Não podemos esmorecer. É trabalhar, melhorar a estrutura física dos nossos hospitais, ter mais leitos, recursos humanos para, se vier uma onda mais forte, a gente ter capacidade de reação.
É um planejamento contínuo. Tudo que a gente faz sempre tem a visão do futuro. Se temos a notícia de que, lá na frente, pode ter uma terceira onda, temos de estar preparado. Mas torcemos para não termos, que a gente avance, e a vacina está aí para isso.[general Paulo Sérgio, aqui]

Como visto, o Exército sabe como combater a COVID. Se Bolsonaro escolheu o general Pazuello e não o general Paulo Sérgio para comandar a Saúde do Brasil civil é porque para ele tanto faz que morramos ou não, desde que a economia funcione.

Não foi um erro de Bolsonaro. É projeto dele. De morte. A nossa.
 
Até quando vamos permitir que ele continue a nos matar?



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Não há golpe militar no Brasil sem o apoio dos EUA. E hoje eles não apoiam. Pelo contrário


Bolsonaro apostou suas fichas no cavalo errado - mais uma vez. Torceu e fez campanha escancarada para Trump, sob comando de seu filho Eduardo, que é quem faz a cabeça do pai, que não vai além do leite Moça no pão no café da manhã.
 
Pior ainda. Biden já eleito, Bolsonaro foi dos últimos a reconhecer sua vitória, endossou suspeita de roubo nas eleições, e só enviou fria nota de reconhecimento da vitória de Biden quando praticamente o mundo tudo já o havia feito.

Além disso, para se destacar sobre Trump, um dos fatores que mais atraiu apoiadores para Biden foi a questão ambiental. Em relação ao Brasil, especialmente a Amazônia.

A política de Bolsonaro bate de frente com a de Biden. Entre seus apoiadores, Bolsonaro conta com madeireiros e garimpeiros ilegais - sendo ele mesmo, Bolsonaro, um garimpeiro frustrado na época do Exército.

Numa comparação histórica, Biden está para Bolsonaro como Jimmy Carter, com sua política de direitos humanos,  esteve para a ditadura brasileira. Sem apoio direto dos EUA, a ditadura naquela época começou a ruir

E se os Estados Unidos não apoiam, nossos militares também não o farão, pois são absolutamente dependentes, para não dizer submissos, ao gigante do Norte. 




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Bolsonaro segue os passos de Collor. O próximo é o impeachment


Além de trazê-lo para perto de si - havia a informação de que pretendia até colocá-lo como novo chanceler - Bolsonaro parece seguir os passos (ou a sina) de outro presidente, Fernando Collor de Mello. 
 
Collor foi eleito como o Caçador de Marajás, o homem que acabaria com  corrupção no Brasil, que tiraria as amarras trabalhistas que atrapalhavam nossos empresários, modernizaria o Brasil, privatizaria tudo. 
 
Sua imagem vendida (com duplo sentido) era a de um antipolítico. Exatamente como Bolsonaro. O povo - e o Centrão - apenas observavam.
 
Quando seu governo começou a vazar água, Collor passou a negociar cargos com o Centrão (o que prometera, como Bolsonaro, não fazer).
 
Só que o Centrão, como os tubarões, se excita com o cheiro de sangue, e quer mais. E cada vez mais.
 
Collor começou a entregar a cabeça de ministros. Como faz Bolsonaro.
 
Mas esse é um engano. Quanto mais cedem, mais fracos ficam e mais têm que ceder. Até que ao final, não lhes sobra nada a oferecer a não ser a própria cabeça, e vem o impeachment.
 
Basta um fato deflagrador. Com Collor foi o Fiat Elba.
 
Bolsonaro tem filhos investigados. Qual deles será seu Fiat Elba?




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Exército trata COVID da tropa de modo diferente do que Bolsonaro aplica no Brasil. A taxa de mortalidade é 20 vezes menor


Numa entrevista a Renato Souza, do Correio Braziliense, o general Paulo Sergio [imagem], responsável pelo setor de recursos humanos do Exército, inclusive da área de saúde, deu a receita de como o comando enfrentou a COVID e protegeu o contingente de 700 mil pessoas, entre os que estão na ativa e os da reserva e dependentes. Em tudo, de modo oposto ou diferente do aplicado por Bolsonaro e pelo general Pazuello ao restante do Brasil - os civis, nós.
Assim que o Brasil registrou as primeiras infecções pelo novo coronavírus, em fevereiro do ano passado, o Exército percebeu que o país enfrentaria um dos maiores desafios de saúde do século. Os números de mortes e casos que aumentavam rapidamente na Europa enviaram o alerta para a tropa terrestre mais poderosa da América Latina. Ao Departamento-Geral de Pessoal foi incumbida a missão de aplicar medidas sanitárias, realizar campanhas e proteger o contingente da covid-19.
Autoridade máxima de saúde no Exército, o general Paulo Sérgio conta que a Força entrou em uma espécie de lockdown, em que integrantes de grupos de risco foram enviados para home office e cerimônias militares acabaram suspensas em todos os quartéis. Além disso, estão sendo realizadas campanhas massivas de distanciamento social e outras ações, como uso de máscaras e higienização das mãos. [leia entrevista completa aqui]
Enquanto isso, o restante do Brasil sofria sob Bolsonaro, que continua zombando de medidas restritivas, é contra lockdown, uso de máscaras e defende que todos saiam às ruas com risco de se contagiar para fazer girar a economia. O resultado são mais de 320 mil mortos, 2,5% dos mais de 12 milhões de infectados pelo vírus.
 
No Exército, com as medidas adotadas pelo Comando, as mortes são apenas 0,13% do total dos infectados. 
 
Grossíssimo modo, já que o Brasil é muito mais complexo do que o contingente do Exército, aplicado o índice ao Brasil teríamos menos de 20 mil mortos.
 
Temos aí a dimensão do crime praticado por Bolsonaro. Não é que ele e o Exército não soubessem o que deveriam fazer. Simplesmente não quiseram fazê-lo.
 
Quantos poderiam estar vivos?



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Globo afunda junto com o país, que ajudou a destruir com o golpe


Se a Globo não é hoje sombra do que foi, ninguém tem dúvida de que o golpe contra Dilma, desde a exploração das manifestações de 2013, não teria acontecido se não fosse o apoio incondicional da Rede Globo, inclusive cedendo um de seus repórteres (Vladimir Netto, ainda hoje no JN) para fazer assessoria de imprensa da Lava Jato.
 
Cobertura diária e enviesada da Lava Jato, que sabiam falsa, incentivo às manifestações, com coberturas ao vivo, inclusive na TV aberta. Matéria imensas no Jornal Nacional, associando Lula e o PT a corrupção, e transformando um esquema contábil (as tais pedaladas), usado várias vezes antes de Dilma, a um crime que só poderia ser pago com o impeachment.
 
Dado o golpe, o país afunda desde lá, sendo hoje um pária no mundo, com o maior número de vítimas e mortes diárias pela pandemia, que no Brasil é comandada por um ignorante, irresponsável, criminoso, colocado no poder com ajuda da Globo e das fake news.
 
A imagem acima, reprodução de um tuíte do professor e pesquisador Roberto Moraes, mostra que a Globo afunda com Brasil, desde o golpe.
O tombo da Globo S.A. é espetacular. Sai de lucro líquido de R$ 1,8 bilhão (2017), para R$ 1,2 bi (2018), R$ 752 milhões em 2019 e cai a R$ 167 milhões 2020. Trajetória similar à economia do Brasil pós-golpe. Certamente, não é coincidência. Globo e golpe tudo a ver!

Os golpistas também pagam, apenas em parte, o golpe. Quem mais sofre com ele é o trabalhador, o povo em geral, que perdeu emprego, sonhos de futuro e, mais de 300 mil, a vida.



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Impunidade de Bolsonaro pode ser lida pela população como atestado de que ele não fez nada demais. Artigo de Celso Rocha de Barros


Publico a seguir artigo do doutor em Sociologia Celso Rocha de Barros, publicado originalmente na Folha. Embora discorde em alguns pontos, como, por exemplo, onde o autor destaca como motivos de Bolsonaro ainda não ter caído o medo dos militares e a gratidão por Bolsonaro ter matado a Lava Jato. 
 
Não penso que haja medo dos militares - eles já estão no poder. E o fim da Lava Jato foi cantada no início, naquele famoso diálogo do Jucá, que falava em com Supremo, com tudo. 
 
A Lava Jato sempre foi uma farsa usada para tirar o PT do poder, como antes havia ocorrido com seu balão de ensaio, o "mensalão do PT" - outra construção que não parou de pé. 
 
O que mantém Bolsonaro no poder são a resiliência de sua popularidade, alimentada por uma mídia declaratória, e o Mercado com suas exigências por reformas e privatizações. Os bancos continuam lucrando barbaridades, mesmo com pandemia. 
 
Agora que parte do Mercado resolveu escrever manifesto com críticas, Bolsonaro começa a se mover, empurrado também pelo Centrão.
 
É preciso não esquecer outro importante fator: o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, um deputado sem representatividade, que não se portou à altura do cargo e ficou sentado sobre mais de 60 pedidos de impeachment do presidente, obedecendo determinação do Mercado.
 
O novo presidente da Câmara, Arthur Lira, já acendeu uma luz amarela para Bolsonaro. É da tropa de choque do Eduardo Cunha e Bolsonaro sabe bem o que isso pode lhe custar.
 
Ao artigo:
Quem deve ser preso por Bolsonaro estar solto?

Se eu fosse Jair Bolsonaro, também teria cortado o financiamento do censo demográfico. No ritmo atual, chegaremos a meio milhão de mortos causados pela pandemia no meio de junho. Se contássemos a população esse ano, talvez Bolsonaro se tornasse o primeiro presidente brasileiro a ter seus crimes mensurados pelo IBGE.

E, até agora, não aconteceu nada, absolutamente nada, com o presidente da República.

Não é só que Bolsonaro sofreu menos do que Fernando Collor ou Dilma Rousseff, presidentes que sofreram impeachment. Sofreu muito menos do que qualquer presidente desde a redemocratização. Nos governos Lula e FHC, para ficar nos dois mais bem-sucedidos das últimas décadas, ministros caíam por qualquer denúncia. CPIs eram fatos normais da vida política nacional.

Mesmo antes de discutir impeachment, as instituições poderiam ter dado tiros de advertência para Bolsonaro antes que o desastre se consumasse. Fizeram isso em todos os outros governos. Não fizeram nesse.

Poderiam ter cassado o mandato dos elementos mais extremistas do bolsonarismo. Ao invés disso, a deputada extremista Bia Kicis preside a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Em 2020, o filho mais radical do presidente, Eduardo Bolsonaro, disse em uma transmissão online que um golpe de Estado não era questão de “se”, mas de “quando”. Se o Congresso achava demais derrubar Bolsonaro por seu golpismo, podia ter cassado o mandato de seu filho, contra quem as provas eram absolutamente indiscutíveis.

Não fizeram nada. Eduardo Bolsonaro não sofreu qualquer consequência e ainda tem poder de veto na escolha de ministros da Saúde.

O ex-ministro e deputado Osmar Terra alimenta o Planalto com projeções falsas desde o início da pandemia e as divulga impunemente para o público. Depois do próprio Bolsonaro, é o principal responsável pelo desastre. Poderia ter sido cassado no início da pandemia como advertência ao Planalto. Não foi. Continua mentindo nas redes sociais.

Enfim, mesmo se as instituições quisessem evitar o trauma do segundo impeachment em quatro anos –o que já seria covarde, o impeachment em excesso foi o de 2016–, toda essa gente poderia ter sido derrubada como advertência a Bolsonaro. Em todos os governos anteriores, gente muito melhor caiu por muito menos.

Ninguém fez nada, por medo dos militares e por gratidão por Bolsonaro ter matado a Lava Jato.

Há quem diga que Bolsonaro será preso depois de deixar a Presidência em 2023. Não há como ter certeza de que vai perder: a população, inclusive, pode ler a impunidade de Bolsonaro como atestado de que ele não fez nada demais.

O adiamento da prisão de Bolsonaro causou as mortes da segunda onda. Quantos ainda vão morrer por um novo adiamento? Além disso, adiar a prisão para depois da derrota de Bolsonaro torna uma nova ofensiva golpista praticamente inevitável: se Bolsonaro souber que a derrota significa cadeia, terá todo incentivo do mundo para melar o jogo.

É politicamente inviável, e talvez seja errado, tentar prender todos os que, em algum momento, evitaram que Bolsonaro fosse preso. Mas é preciso que haja um limite, um ponto a partir do qual quem não deixar prender tem que ser preso. Proponho que seja agora.



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Dr. Drauzio: Imaginar que Bolsonaro é capaz de nos tirar dessa situação 'é acreditar que mulher casada com padre vira mula sem cabeça'


Artigo irretocável do Dr.Drauzio Varella, que traça um retrato duro da pandemia no Brasil, sob o comando irracional de Bolsonaro, mas com a cumplicidade de empresários, políticos, que acompanham o Brasil indo para as sepulturas em direção aos 400 mil mortos. Não deixe de ler.
A epidemia fugiu do controle, e só podemos contar com nós mesmos

Os brasileiros decretaram o fim da epidemia, em novembro do ano passado. Os bares lotaram, multidões nas praias, famílias reunidas no Natal e no Ano Novo, festas clandestinas à luz da noite espalhadas pelas cidades, Carnaval.

A justificativa para esse comportamento estúpido era a de que ninguém aguentava mais ficar em casa.

Em janeiro, chegaram as férias. Os hotéis dos recantos turísticos voltaram a receber hóspedes, as ruas das metrópoles se encheram de gente aglomerada sem máscara e de ônibus e trens superlotados pelos que não tinham alternativa senão trabalhar.

Alheio a tudo, o presidente da República passeava de jet ski, cumprimentava admiradores e posava sem máscara para selfies, o Ministério da Saúde distribuía o kit Covid, deputados e senadores tentavam aprovar uma emenda à Constituição para livrá-los da prisão em flagrante e faltava coragem à maioria de governadores e prefeitos para decretar medidas rígidas de afastamento social.

Os médicos, os sanitaristas e os epidemiologistas que alertavam para as dimensões da tragédia em gestação eram considerados alarmistas e defensores de interesses políticos escusos.

Deu no que deu: 300 mil mortos, hospitais com UTIs sem leitos para oferecer aos doentes graves, milhares de pacientes morrendo à espera de uma vaga.

O que acontecerá nas próximas semanas? Chegaremos a 400 mil mortes?

Os hospitais brasileiros estão em colapso. Os infectados foram tantos que abrir mais leitos em UTI é enxugar gelo. Os gestores investem em equipamentos e profissionais para abrir vagas que serão ocupadas em menos de 24 horas.

O número de óbitos em casa e nas unidades básicas de saúde despreparadas para o atendimento é enorme. Os estoques de medicamentos para a sedação dos doentes entubados chegam ao fim. Começam a faltar até corticosteroides e anticoagulantes, medicações de baixo custo que o Ministério da Saúde não se preocupou em adquirir.

As vacinas perderam o "timing" para conter a escalada atual. Ainda que fosse possível vacinar todos os brasileiros neste fim de semana, as mortes continuariam a se suceder da mesma forma, pelo menos durante o mês de abril e uma parte de maio.

Vejam a situação de São Paulo, o estado que conta com o sistema de saúde mais organizado do país. No pico da primeira onda, dispúnhamos de cerca de 9.000 leitos de UTI, agora temos 14 mil, lotados. No dia 17 de março havia pelo menos 1.400 pessoas à espera de internação em UTI.

O maior complexo de saúde do Brasil, o Hospital das Clínicas, recebia, em fevereiro, a média de 56 pedidos de internação; nos últimos sete dias foram 364, dos quais 110 estavam em estado grave por outras doenças e 254 por Covid.

Se esse é o panorama no estado mais rico, caríssima leitora, dá para imaginar o caos no resto do país?

Parece que nossos dirigentes despertaram para as dimensões da tragédia que se abateu sobre nós. Empresários e economistas enviaram um recado duro ao presidente, pena que tardio. O ministro da Economia reconheceu que sem vacinação a economia não se recupera. Só agora percebeu? Por que não disse nada em julho, quando nos foram oferecidos os 70 milhões de doses da vacina da Pfizer que o Ministério da Saúde rejeitou? Receio de magoar o chefe?

O presidente da Câmara declarou que "tudo tem limite" e que apertava "o botão amarelo". Amarelo, excelência? Enquanto 300 mil famílias perdiam entes queridos, o sinal estava verde?

Deprimente ver os malabarismos circenses do novo ministro da Saúde, ao justificar que ficava a critério da liberdade milenar do médico prescrever o tratamento precoce com drogas inúteis. Como assim, ministro? Enquanto a medicina foi praticada como o senhor defende, os colegas que me antecederam receitavam sangrias e sanguessugas.

Finalmente, sob pressão, o presidente convocou os três Poderes para um convescote político, com o pretexto de criar um comitê para gerir a crise sanitária. Incrível, não? Imaginar que uma equipe comandada por ele será capaz de nos tirar dessa situação é acreditar que mulher casada com padre vira mula sem cabeça.

A consequência mais nefasta de tantos desmandos, caro leitor, foi a de que a epidemia fugiu do controle do sistema de saúde. Daqui em diante, só podemos contar com nós mesmos.



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Brasil de Bolsonaro 'parece o pior lugar do mundo', segundo imprensa internacional


A frase estava na chamada da NPR, rede pública de rádio dos Estados Unidos, enquanto enumerava trechos de reportagens de grandes veículos de imprensa relatando o que se passa no país sob o governo de destruição e morte de Bolsonaro. 
O Washington Post publicou mais uma extensa reportagem, agora com os médicos que vêm escolhendo os brasileiros que vão morrer e viver.

Na primeira cena, uma cama vagou num hospital de Florianópolis e a médica precisou escolher, junto à ambulância, um entre 15 doentes, para salvar. "Não sei como isso vai me afetar", disse ela.

Segundo o jornal, além de vagas e oxigênio, "agora o país está ficando também sem médicos". Eles que em muitos casos, nas últimas semanas, passaram a "bombear pulmões manualmente, com válvulas de silicone".

Noutra cena, em Fortaleza, um médico relatou a escolha que precisou fazer, entre um jovem na casa dos 20 anos e uma mulher com perto de 90. Só um deles poderia ser entubado e "o mais jovem tinha uma chance maior de sobreviver".

O médico agora tem pesadelos. "Vê pacientes pelos corredores. Vê um jovem chorando sobre o corpo de sua mãe, que havia infectado depois de ir a uma festa."

Noutra, um médico de Manaus mostrou as mensagens em seu telefone, como "Meu tio precisa de uma cama" ou "Conte sobre minha esposa. Nós temos dois filhos".

Mas ele já não sente empatia, só irritação. "Quem não precisa de alguma coisa?" [Folha, Nelson de Sá]

É o que já está acontecendo. Os médicos e toda a equipe multidisciplinar que atende aos pacientes de COVID estão exaustos e muitos realmente perdendo a paciência. Pois saem de plantões exaustivos e dolorosos, às vezes contando mortos, e chegam às ruas e encontram gente que, incentivada por Bolsonaro, parece viver num outro planeta, sem pandemia, sem necessidade de medidas restritivas, uso de máscara, vivendo como se não houvesse amanhã, sem perceber que aquele homem exausto do outro lado da rua, a quem ele não dirige a atenção no momento, pode estar diante dele amanhã enfiando goela abaixo um tubo para tentar salvá-lo da própria estupidez e irresponsabilidade. 
 
Não é para irritar qualquer um?
 
Escrevi aqui diversas vezes, mas não canso de repetir: enquanto Bolsonaro for presidente a pandemia não terá fim no Brasil, pois ele é seu principal agente contagiante.
 
[Charge da Laerte]




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'Mas não basta afastá-lo [Ernesto Araújo] do cargo. Ele precisa ser responsabilizado como um dos cúmplices da tragédia'. Idem Pazuello e Bolsonaro


O jornalista Bernardo Mello Franco publicou hoje em O Globo o texto a seguir. Só acrescentaria os dois nomes que pus no título ao fecho perfeito do artigo. Porque não basta afastar o chanceler Araújo. Ele deve ser punido, assim como o general Cloroquina, Eduardo Pazuello, e o Capo di tutti capi, Jair Bolsonaro, implícitos no texto de Bernardo Mello Franco.
Diplomacia do desatino

No dia em que assumiu o Ministério das Relações Exteriores, Ernesto Araújo citou a Bíblia em grego, rezou a Ave Maria em tupi e viajou na maionese em português. Num discurso delirante, o chanceler misturou Tarcísio Meira, Renato Russo, Dom Sebastião e Raul Seixas. A performance espantou a plateia e inaugurou uma era de vexames no Itamaraty.

Discípulo de Olavo de Carvalho, Araújo aplicou a cartilha da extrema direita na diplomacia. Prometeu uma “política externa do povo”, mas subordinou o interesse nacional às crenças de uma seita radical.

O chanceler hostilizou nações amigas, endossou teorias conspiratórias e isolou o Brasil em fóruns internacionais. Na ONU, o país passou a boicotar resoluções que defendiam os direitos humanos. Alinhou-se a teocracias que oprimem mulheres e perseguem minorias.

O fanatismo também pautou a relação do ministro com o chefe. Num discurso banhado em lágrimas, Araújo chegou a comparar Jair Bolsonaro a Jesus Cristo. Aos soluços, descreveu o capitão como a “pedra angular” de um “novo Brasil”.

A vassalagem não o salvou de humilhações públicas. Numa visita à Casa Branca, o chanceler foi barrado no encontro com Donald Trump. Enquanto ele esperava no corredor, o deputado Eduardo Bolsonaro acompanhava o pai no Salão Oval.

A submissão a Trump foi um capítulo à parte na gestão Araújo. Para bajular o republicano, o ministro traiu países vizinhos, aceitou taxas abusivas e abriu mão de espaço em organizações multilaterais. Quando Joe Biden venceu, ele endossou a falsa tese de fraude eleitoral. A birra aumentou a má vontade da nova administração americana com o Brasil.

Durante dois anos, o Congresso e a elite empresarial fecharam os olhos enquanto Araújo babava na gravata. Num governo cheio de lunáticos, os desatinos do chanceler foram tratados como um exotismo a mais. A omissão durou até o agravamento da pandemia.

Com mais de 300 mil mortos pela Covid, o Brasil sofre para conseguir vacinas e medicamentos. Parte do drama se deve à antidiplomacia de Araújo, que inviabilizou acordos com a China e a Índia. Agora Senado e Câmara exigem a demissão do ministro. Mas não basta afastá-lo do cargo. Ele precisa ser responsabilizado como um dos cúmplices da tragédia.




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Com medo de prisão, Dallagnol e outros procuradores da Lava Jato apelam a Rosa Weber para que cessem investigações sobre eles


O feitiço se voltou contra os feiticeiros. Habituados a soltar os cachorros em cima de suspeitos ou de suspeitos de serem suspeitos, os procuradores da República de Curitiba da Lava Jato passaram agora de estilingue a vidraça.
 
O presidente do STJ, ministro Humberto Martins, partiu para cima de procuradores da Lava Jato, entre eles o procurador de deus Deltan Dallagnol, por tentarem intimidar e investigar ilegalmente ministros do STJ.
 
Os procuradores querem acesso à investigação que tramita no Superior Tribunal de Justiça. Mas o ministro Martins negou o acesso. Eles impetraram dois HCs, ambos recusados pela ministra Weber.
 
Agora insistem.
 
Querem aquilo que negam aos que acusam e investigam, como agora recentemente negaram por várias vezes a entrega de documentos da Operação Spoofing à defesa do presidente Lula, mesmo sob ordem expressa do ministro Lewandowski.
 
O medo deles é de que haja uma ordem de busca e apreensão em suas casas e talvez até um pedido de prisão.
 
Já imaginaram a turma da Lava Jato, Moro à frente, todos em cana?
 
Como diz o meme: o mundo não gira, ele capota.




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'Bolsonaro comete crimes contra a humanidade durante a pandemia' e pode terminar como Pinochet em prisão internacional

Quando terminar seu governo, por impeachment, interdição, renúncia ou, se o Brasil existir até lá, pelo voto no ano que vem, Bolsonaro não deverá escapar da justiça comum no Brasil, onde pode ser condenado pelo menos por crimes continuados de corrupção, conhecidos como rachadinha, juntamente com os filhos.
 
Mas se tentar escapar para o exterior pode terminar como um de seus ídolos, o ditador chileno Augusto Pinochet, que ficou preso em Londres por uma ordem de prisão internacional, por crimes contra a humanidade. 
 
O ditador ficou mais de 500 dias preso em Londres e só foi permitida sua volta ao Chile por razões de saúde. No país, ele apresentou um atestado de debilidade mental para escapar da Justiça. O mesmo pode acontecer com Bolsonaro.

Consultora da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a jurista e especialista em ética Deisy Ventura afirma que a forma como o presidente Jair Bolsonaro conduz o enfrentamento da pandemia se enquadra em crime contra a humanidade, estabelecido no Estatuto de Roma, em 1998, que criou o Tribunal Penal Internacional.
"Mesmo no momento mais agudo da epidemia, o presidente não para de combater a saúde pública, não para de divulgar notícias falsas, não para de incitar a população para que desobedeça às autoridades sanitárias, não para de incitar a população a se expor ao vírus mesmo diante do colapso da saúde pública", afirmou a especialista, em entrevista ao Estadão. “É um comportamento ilegal que um governante exponha seu povo à doença e à morte intencionalmente.” 
"Nosso estudo mostra que há um plano sistemático de disseminação do novo coronavírus no Brasil promovida pelo governo federal por razões eleitoreiras e econômicas”, disse. “Trata-se de um crime contra a humanidade por se tratar de um ato desumano, um ataque sistemático contra a população civil. A maioria das mortes seria evitável se uma estratégia de contenção da doença tivesse sido adotada; isso constitui uma violação sem precedentes do direito à vida e do direito à saúde dos brasileiros.”

Se não fosse quem é, Bolsonaro poderia fazer como Trump, que quando percebeu que sua reeleição escorria pelo ralo virou o leme e passou a defender vacina, uso de máscaras e isolamento social. Aliás, como Bolsonaro está fazendo agora.
 
Mas não por muito tempo. Ontem mesmo Bolsonaro já voltou a criticar o lockdown e a defender "tratamento precoce" (que não existe) contra o coronavírus. Para voltar a sair sem máscara não vai demorar muito.
 
A cadeia no Brasil ou no exterior deve ser seu destino. Por Justiça.



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'Na moral', presidente da Câmara manda duro recado a Bolsonaro: Toma jeito ou vai para o paredão do impeachment


O presidente da Câmara, Arthur Lira, fez um duro e surpreendente discurso, após reunião que teve pela manhã com o presidente Bolsonaro, o presidente do Senado e outras autoridades sobre a pandemia e as mortes no Brasil, que ontem ultrapassaram a marca de 300 mil. 
 
O recado de Lira é claro: ou Bolsonaro combate a pandemia com as medidas preconizadas pela Ciência, calando ou trocando o chanceler Ernesto Araújo nos ataques à China, parando de defender privatizações, reformas tributárias e outras medidas, quando o foco tem que ser a pandemia, ou a Câmara vai usar de medidas amargas - e a principal medida amarga é o impeachment do presidente.
 
Leia a seguir na íntegra o discurso de Lira e perceba como ele pede a união de todos para combater a pandemia, mas direciona sua fala especialmente a Bolsonaro, sem citá-lo diretamente. (Como não reconhecer Bolsonaro neste trecho: "Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política"?).

Minhas senhoras e meus senhores,

Como todos sabem, participei hoje como representante desta Casa de encontro com o senhor Presidente da República e todos os Chefes de Poderes para tratar de uma abordagem eficaz, pragmática e holística da questão da pandemia.

Pandemia é vacinar, sim, acima de tudo. Mas para vacinar temos de ter boas relações diplomáticas, sobretudo com a China, nosso maior parceiro comercial e um dos maiores fabricantes de insumos e imunizantes do planeta. Para vacinar temos de ter uma percepção correta de nossos parceiros americanos e nossos esforços na área do meio ambiente precisam ser reconhecidos, assim como nossa interlocução.

Então, essa mudança de atitude em relação à pandemia, quero crer, é a semente de algo muito maior, muito mais necessário e, diria, urgente e inadiável: será preciso evoluir, dar um salto para a frente, libertamos as amarras que nos prendem a condicionamentos que não funcionam mais, que nos escravizam a condicionamentos que já se esgotaram.

Minhas senhoras e meus senhores,

Esta Presidência tem procurado se conduzir na trilha de um estrito equilíbrio entre o espírito de colaboração que, mais que nunca, é necessário manter e construir com os demais Poderes durante estes momentos dramáticos da pandemia e a observância fiel e disciplinada à vontade soberana desta Casa.

Vivemos nestes dias o pior do pior, as horas mais dolorosas da maior desgraça humanitária que se abateu sobre nosso povo. E quero dizer a todos que estou sensível ao desespero dos brasileiros e à angústia de Vossas Excelências, que nada mais fazem do que traduzir o terror que testemunham em suas bases, em suas comunidades.

Como presidente da Câmara dos Deputados, quero deixar claro que não ficaremos alienados aqui, votando matérias teóricas como se o mundo real fosse apenas algo que existisse no noticiário. Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados.

E eu aqui não estou fulanizando. Dirijo-me a todos que conduzem os órgãos diretamente envolvidos no combate à pandemia. O Executivo federal, os executivos estaduais e os milhares de executivos municipais também. Como sabemos, o sistema de saúde é tripartite. Mas, também sabemos, a política é cruel e a busca por culpados - sobretudo em momentos de desolação coletiva - é um terreno fértil para a produção de linchamentos. Por isso mesmo, todos têm de estar mais alertas do que nunca pois a dramaticidade do momento exige.

A razão não está de um lado só, com certeza. Os erros não estão de um lado só, sem dúvida. Mas, acima de tudo, os que têm mais responsabilidade têm maior obrigação de errar menos, de se corrigir mais rapidamente e de acertar cada vez mais. É isso ou o colapso.

Também não é justo descarregar toda a culpa de tudo no governo federal ou no presidente. Precisamos, primeiro, de forma bem intencionada e de alma leve, abrir nossos corações e buscar a união de todos, tentar que o coletivo se imponha sobre os indivíduos. Esgotar todas as possibilidades deste caminho antes de partir para as responsabilizações individuais. É nesse esforço solidário e genuíno que estarei engajado, junto com os demais poderes. Mas será preciso que essa capacidade de ouvir tenha como contrapartida a flexibilidade de ceder. Sem esse exercício, a ser praticado por todos, esse esforço não produzirá os resultados necessários.

Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável. Não é esta a intenção desta Presidência. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política.

Mas alerto que, dentre todas as mazelas brasileiras, nenhuma é mais importante do que a pandemia. Esta não é a casa da privatização, não é a casa das reformas, não é nem mesmo a casa das leis. É a casa do povo brasileiro. E quando o povo brasileiro está sob risco nenhum outro tema ou pauta é mais prioritário.

Então, faço um alerta amigo, leal e solidário: dentre todos os remédios políticos possíveis que está Casa pode aplicar num momento de enorme angústia do povo e de seus representantes, o de menor dano seria fazer um freio de arrumação até que todas as medidas necessárias e todas as posturas inadiáveis fossem imediatamente adotadas, até que qualquer outra pauta pudesse ser novamente colocada em tramitação. Falo de adotarmos uma espécie de "Esforço Concentrado para a Pandemia", durante duas semanas, em que os demais temas da pauta legislativa sofreriam uma pausa para dar lugar ao único que importa: como salvar vidas, como obter vacinas, quais os obstáculos políticos, legais e regulatórios precisam ser retirados para que nosso povo possa obter a maior quantidade de vacinas, no menor prazo de tempo possível.

Não é hora de tensionamentos. E CPIs ou lockdowns parlamentares - medidas com níveis decrescentes de danos políticos - devem ser evitados. Mas isso não depende apenas desta Casa. Depende também - e sobretudo - daqueles que fora daqui precisam ter a sensibilidade de que o momento é grave, a solidariedade é grande, mas tudo tem limite, tudo! E o limite do parlamento brasileiro, a Casa do Povo, é quando o mínimo de sensatez em relação ao povo não está sendo obedecido.

Sou um otimista. Acredito que a força do diálogo e do convencimento, a força da transformação através da sinceridade de propósitos e da colaboração fiel, mesmo que algumas vezes dissonante, é o caminho para a construção dos avanços.

Espero, do fundo do meu coração, que estas palavras ecoem e que nosso esforço de conciliação prevaleça sobre todos os outros perigos.

Muito obrigado a todos e Deus proteja o Povo Brasileiro.



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Dilma: 'Viúva inconsolável de Moro, Folha transforma pesquisa em imitação barata de paredão do BBB'

Artigo da presidenta Dilma publicado no site do PT:
A Folha tem medo de Lula
 
A maioria dos colunistas e parte do próprio noticiário da Folha de S. Paulo têm mostrado que Bolsonaro ficou assustado com a devolução dos direitos políticos do ex-presidente Lula, a ponto de defender a vacina e usar máscara, contrariando sua própria natureza de negacionista. Mas o que ficou claro nos dois últimos dias é que também a Folha está com medo de um Lula que, com suas condenações anuladas e diante da justa e provável declaração de suspeição de Moro pelo STF, retoma seu protagonismo natural na política brasileira e pode ser ele mesmo candidato à presidência e/ou liderar um processo de reconquista da democracia e reconstrução do país.

Na edição de domingo, a Folha fabricou um longo texto cujo único objetivo é tentar manter a perseguição jurídica movida contra o ex-presidente Lula, na contramão da decisão e da tendência do STF. O jornal produziu uma espécie de “cozido” em que mistura e repete todas as acusações forjadas, fabricadas e inventadas no contexto do lawfare promovido para me destituir do governo e, depois, impedir Lula de ser candidato a presidente em 2018, quando era favorito.

A Folha destaca processos que nunca tiveram andamento, inquéritos que não prosseguiram porque Lula sequer foi interrogado, acusações que prescreveram, ações que foram arquivadas por falta de provas a pedido do ministério público, denúncias rejeitadas, por ineptas, pela Justiça federal e até pelo TRF-3. A intenção óbvia é manter a narrativa midiática persecutória que a própria Folha construiu, junto com o resto da mídia comercial brasileira.

A fragilidade do texto publicado domingo só é superada pela grosseira manipulação de uma pesquisa que a Folha mandou seu instituto de opinião fabricar sob medida para ser manchete da edição desta segunda-feira. Nesta pesquisa, o Datafolha transforma os seus cerca de 2 dois mil entrevistados em juristas amadores, porque os induz, de maneira totalmente indevida e absurda, a se colocar no papel de juízes para decidir se Lula é culpado ou inocente num dos julgamentos a que foi submetido. Justamente o julgamento que o STF acaba de declarar nulo, sem valor jurídico.

Com esta inovação metodológica, a Folha transforma o julgamento de um cidadão pelo Poder Judiciário numa imitação barata de paredão do BBB. Obriga leigos a prolatar sentenças por telefone, como se fossem juízes, mesmo sem terem sequer tido condições de ler os processos. E fabrica sob medida uma pesquisa para ser replicada no Jornal Nacional e na Rede Globo.

Com a Lava Jato desmoralizada pelo vazamento legalmente autorizado de seus abusos e com a decisão do ministro Fachin, a Folha assume o papel de viúva inconsolável de Moro. Espera com isso influenciar no julgamento da suspeição do juiz, buscando absolver quem liderou crimes contra a imparcialidade da justiça e o sagrado direito de defesa. Assim, a Folha se volta para a manipulação mais descarada e culpa Lula. Pratica essa ignomínia porque tem medo. O medo ao ex-presidente Lula leva a Folha ao desespero. E o desespero faz a Folha querer, novamente, interditá-lo. Mais uma vez subestima a inteligência e a memória do povo deste País.




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Moro continua a falar em combate à corrupção. Mas existe corrupção maior do que usar o cargo de juiz para seus objetivos políticos?

Após ter sua parcialidade afirmada pelo STF e todas as suas ações e sentença anuladas no caso do tríplex do Guarujá, o ex-Sergio Moro emitiu uma nota, provavelmente escrita por algum jornalista da Rede Globo, que continua a apoiá-lo, onde afirma:
“O Brasil não pode retroceder e destruir o passado recente de combate à corrupção e à impunidade e pelo qual foi elogiado internacionalmente. A preocupação deve ser com o presente e com o futuro para aprimorar os mecanismos de prevenção e combate à corrupção e com isto construir um país melhor e mais justo para todos".
A nota foi lida quase na íntegra por William Bonner no finalzinho do Jornal Nacional, como forma de insistir no lançamento da candidatura de Moro à presidência do Brasil com o tema do combate à corrupção.
 
Quando afirma na nota que "a preocupação deve ser com o presente e com o futuro", Moro quer que joguemos fora o passado, esse mesmo passado que foi condenado ontem pelo STF, quando agiu como um juiz corrupto, parcial durante todo o processo contra Lula. 
 
Mas não apenas contra Lula. Ainda juiz, a seis dias do primeiro turno da eleição presidencial, Moro trouxe novamente a público as delações falsas e sem provas de Antonio Palocci, que sabia serem fracas e imprestáveis, para prejudicar a candidatura de Fernando Haddad e favorecer Jair Bolsonaro, com quem já estava comprometido politicamente e de quem virou ministro.
 
A ação de Moro foi destacada por Bolsonaro em discurso:
"Se essa missão dele não fosse bem cumprida, eu também não estaria aqui, então em parte o que acontece na política do Brasil, devemos a Sergio Moro", disse Bolsonaro. [UOL]
O que é a corrupção de alguém comparada a um juiz corrupto a julgá-la?
 
Chegou a hora de as ações de Moro irem a julgamento por todo o mal que causou ao Brasil com sua ação parcial e política, o que inclui, inclusive, a possibilidade de traição à pátria a serviço dos Estados Unidos, em desfavor de duas de nossas gigantes multinacionais, a Petrobras e a Odebrecht, condenando ao desemprego centenas de milhares de trabalhadores.



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