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Exército libera até 5 fuzis para PM ter em casa e 3 mil munições. O que pretendem?

 O Exército liberou e policiais militares e bombeiros da ativa poderão ter até seis armas em casa, sendo cinco delas de uso restrito, se quiserem. 

Armas de uso restrito são aquelas que só podem ser utilizada pelas Forças Armadas, por alguns órgãos de segurança e por pessoas habilitadas, como atletas, sendo somente de calibres específicos. [Metrópoles]

PM ou bombeiro poderão adquirir cinco dessas, mas as automáticas continuam proibidas e apenas alguns tipos de fuzil estão liberados: 5,56 x 45 mm [imagem].

Uma das polícias mais violentas do mundo vai poder contar agora com até cinco fuzis em casa em sua coleção particular, com direito a 600 munições para cada um deles, o que dá um total de três mil balas de fuzil por PM ou bombeiro.

O Brasil tem hoje 406,3 mil policiais militares e 55 mil bombeiros militares na ativa. Se cada um deles adquirir os fuzis autorizados, terão um estoque de 2.305.500 (dois milhões, trezentos e seis mil e quinhentos) fuzis em suas casas, com 1.383.900.000 (um bilhão, trezentos e oitenta e três milhões e novecentas mil) balas de fuzil.

Qual o intuito? 

O que justificaria um PM ter cinco fuzis em casa, se só tem dois braços? Para dizer que foi assaltado e levaram seus fuzis? Para fazer um comodato com o crime? 

Ou para montar uma milícia e tomar conta do quarteirão, do bairro, da cidade, do estado, do país?

O total de munições reserva cinco balas de fuzil para acertar cada brasileiro.

Será isso?

O presidente Lula tomou conhecimento da medida?


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Exército brasileiro treina e doutrina contra os 'inimigos': Nós, da esquerda


Aquilo que a gente deduz do comportamento dos militares brasileiros, de que são absolutamente servis aos Estados Unidos, vivem ainda na época da guerra fria e enxergam por trás de tudo o "perigo comunista", fica exposto na reportagem de Rafael Moro Martins, no The Intercept Brasil, escrita a partir de um documento vazado sobre a Operação Mantiqueira — treinamento para uma tropa de elite do Exército, realizada em 2020. 
 
Na Operação, os inimigos somos nós da esquerda,os movimentos populares e até a mídia independente. Tudo com a sutileza desinteligente de um Pazuello, um Heleno, um Braga Netto, um Mourão, que nos mostram por suas performances a falta de qualidade na formação de nossos oficiais.

O Brasil vira Brasânia. MST vira MLT. Mídia Ninja vira Mídia Samurai. Um trabalho digno da tropa de recrutas Zero e sargentos Tainha comandada por um "mau soldado" (nas palavras de Geisel).

Lembrando que nós da esquerda representamos ao menos 30% dos brasileiros e com nossos impostos sustentamos esse treinamento que nos tem como adversários / inimigos / alvo.

A íntegra da reportagem pode ser lida aqui. A seguir, publico trechos:

O Exército realizou em 2020 uma simulação em que candidatos a integrar a sua tropa de elite tiveram de combater uma “organização armada clandestina”. No texto que apresenta o exercício, a força explica que o inimigo fictício surgiu “de uma dissidência do Partido dos Operários”, o “PO”, que “recruta e treina militantes do MLT”, o “Movimento de Luta pela Terra”.

Os documentos que descrevem o exercício foram entregues ao Intercept por uma fonte que pediu para não ser identificada por medo de retaliações. A Operação Mantiqueira foi realizada em novembro de 2020 em Piquete, cidade paulista de menos de 15 mil habitantes localizada no Vale do Paraíba e próxima à divisa com Minas Gerais e Rio de Janeiro. A locação não foi escolhida à toa: a cidade é sede de uma das mais antigas unidades da Imbel, a Indústria de Material Bélico do Brasil, uma estatal vinculada ao Exército.

O teor do exercício a que os oficiais do Exército submetem candidatos às suas Forças Especiais deixa claro que, passados quase 40 anos desde a redemocratização, a maior das três Forças Armadas não apenas segue a enxergar movimentos sociais e políticos de esquerda como inimigos – ela também está sendo treinada para combatê-los.

Participaram da Operação Mantiqueira sargentos de carreira e oficiais do Exército que eram alunos do Centro de Instrução de Operações Especiais, o CIOpEsp, localizado em Niterói, cidade da região metropolitana do estado do Rio. Ela foi a última atividade do curso que serve como vestibular para o ingresso nas Forças Especiais. Em 2020, segundo a fonte que entregou os documentos ao Intercept, de uma turma de quase 40 alunos, 17 foram aprovados para trabalhar no Batalhão de Forças Especiais, o BFEsp, sediado em Goiânia.

...

O texto que apresenta o exercício aos alunos do CIOpEsp começa apresentando o “Exército de Libertação do Povo Brasaniano”, o ELPB, “criado a partir de um projeto de partido político de caráter marxista e com uma organização armada clandestina, nascido de uma dissidência do Partido dos Operários e que recruta e treina militantes do MLT” num país fictício chamado Brasânia. As referências, óbvias, são ao Exército de Libertação Nacional da Colômbia, ao Partido dos Trabalhadores e ao MST. Existe, também, um movimento que luta pela reforma agrária chamado Movimento de Luta pela Terra, fundado na década de 1990 na Bahia.

...

“Cabe ressaltar que esses grupos têm utilizado canais da Deep Web e de mídias sociais para disseminar vídeos, imagens e outros produtos sobre as ações violentas executadas. Essa prática ficou conhecida como ‘Mídia Samurai'” – aqui a referência é à Mídia Ninja, que documentou os protestos contra reajustes nas tarifas do transporte público em São Paulo e outras capitais e depois se tornou um veículo de mídia popular na esquerda.

Mas não são apenas as mídias de esquerda as citadas no documento: a imprensa como um todo apanha. “Uma ala mais tendenciosa da imprensa vem acompanhando o ELPB de forma velada, com notícias que buscam divulgar o caráter ‘democrático e de liberdade’ que o ELPB ‘defende'”, critica o texto.

...

Chamou a atenção dos pesquisadores o descolamento do tema do treinamento com o momento político brasileiro. “Não há nenhuma ameaça à democracia partindo de organizações de esquerda, mas sim das de direita, que têm ameaçado instituições democráticas e sendo investigadas em inquéritos do Supremo Tribunal Federal”, argumentou o professor João Roberto Martins Filho da UFSCar. Ele se referia, por exemplo, aos protestos organizados em Brasília nos últimos dois anos por partidários de Jair Bolsonaro, como os 300 do Brasil, inclusive convocados pelo próprio presidente, como no último 7 de setembro.






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Enquanto nós, civis, ainda morremos em pencas na segunda onda da COVID, Exército já se antecipa a uma terceira para cuidar da tropa


São dois Brasis: num, vivemos uma administração caótica da pandemia, batendo recorde atrás de recorde de mortos, onde faltam leitos de UTI, insumos básicos, como oxigênio, e começam a faltar outros que são fundamentais para o processo de intubação. Nesse país, o nosso, dos civis, o presidente defende a aglomeração, que não sejamos maricas, não fiquemos de mimimi, a COVID é uma gripezinha. Morremos aos borbotões. Ontem, atingimos o recorde de 3668 mortos, 38% de todas as mortes do planeta.

Tudo diferente do outro Brasil, o do Exército brasileiro, cujo processo de combate à pandemia é comandado pelo general Paulo Sérgio, sobre quem já falei aqui. Nesse, há a preocupação com a pandemia, soldados ficam em quarentena, usam máscara, não faltam insumos, oxigênio, leitos de UTI nem material para intubação. Aqui, eles já se preparam para a terceira onda da COVID que se avizinha, enquanto nós, os civis, vamos tentado sobreviver à segunda.
Quando soubemos que França e Alemanha estão começando novo lockdown com esta terceira onda, imaginamos que, como ocorreu na segunda, que começa na Europa, dois meses depois se alastra por outros continentes. Temos de estar preparados no Brasil. Não podemos esmorecer. É trabalhar, melhorar a estrutura física dos nossos hospitais, ter mais leitos, recursos humanos para, se vier uma onda mais forte, a gente ter capacidade de reação.
É um planejamento contínuo. Tudo que a gente faz sempre tem a visão do futuro. Se temos a notícia de que, lá na frente, pode ter uma terceira onda, temos de estar preparado. Mas torcemos para não termos, que a gente avance, e a vacina está aí para isso.[general Paulo Sérgio, aqui]

Como visto, o Exército sabe como combater a COVID. Se Bolsonaro escolheu o general Pazuello e não o general Paulo Sérgio para comandar a Saúde do Brasil civil é porque para ele tanto faz que morramos ou não, desde que a economia funcione.

Não foi um erro de Bolsonaro. É projeto dele. De morte. A nossa.
 
Até quando vamos permitir que ele continue a nos matar?



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Não há golpe militar no Brasil sem o apoio dos EUA. E hoje eles não apoiam. Pelo contrário


Bolsonaro apostou suas fichas no cavalo errado - mais uma vez. Torceu e fez campanha escancarada para Trump, sob comando de seu filho Eduardo, que é quem faz a cabeça do pai, que não vai além do leite Moça no pão no café da manhã.
 
Pior ainda. Biden já eleito, Bolsonaro foi dos últimos a reconhecer sua vitória, endossou suspeita de roubo nas eleições, e só enviou fria nota de reconhecimento da vitória de Biden quando praticamente o mundo tudo já o havia feito.

Além disso, para se destacar sobre Trump, um dos fatores que mais atraiu apoiadores para Biden foi a questão ambiental. Em relação ao Brasil, especialmente a Amazônia.

A política de Bolsonaro bate de frente com a de Biden. Entre seus apoiadores, Bolsonaro conta com madeireiros e garimpeiros ilegais - sendo ele mesmo, Bolsonaro, um garimpeiro frustrado na época do Exército.

Numa comparação histórica, Biden está para Bolsonaro como Jimmy Carter, com sua política de direitos humanos,  esteve para a ditadura brasileira. Sem apoio direto dos EUA, a ditadura naquela época começou a ruir

E se os Estados Unidos não apoiam, nossos militares também não o farão, pois são absolutamente dependentes, para não dizer submissos, ao gigante do Norte. 




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PT emite nota em defesa da democracia e contra 'carta de intimidação do Comando Geral do Exército à revista Época'


A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e os líderes do Partido na Câmara e no Senado, respectivamente Ênio Verri e Rogerio Carvalho, emitiram uma nota do Partido dos Trabalhadores em resposta a uma outra emitida pelo Exército. 
Nota do Partido dos Trabalhadores

A carta de intimidação do Comando Geral do Exército à revista Época, que publicou um artigo crítico do jornalista Luiz Fernando Vianna, é mais uma evidência dos graves desvios a que estão sendo levadas as Forças Armadas do Brasil, pelo comprometimento político de comandantes das instituições militares com o governo de Jair Bolsonaro.

O artigo refere-se a episódios históricos, que não podem ser negados nem esquecidos, e os relaciona a uma trágica realidade dos tempos atuais: a criminosa conduta do governo federal na pandemia que já matou mais de 200 mil brasileiros e brasileiras, pela qual é corresponsável um general do Exército que conduz o Ministério da Saúde sem ter preparo, vocação nem qualificação para o cargo.

O general-ministro da Saúde tornou-se o símbolo mais visível de um processo de partidarização que contamina as Forças Armadas a partir do topo. Ao compactuar com as investidas autoritárias do presidente – ele mesmo um ex-capitão que desonrou o Exército Brasileiro – e emprestar suas patentes para sustentar um governo de destruição nacional, estão lançando as instituições militares num grave desvio histórico e de seus limites constitucionais.

O Partido dos Trabalhadores, que nasceu enfrentando a ditadura, governou o Brasil no exercício cotidiano da democracia, respeitando e fazendo ser respeitada a Constituição por civis e militares, comandantes e comandados. Hoje, na oposição, é nosso dever alertar a sociedade para os riscos e ameaças que este governo representa e cobrar dos comandantes militares o mais estrito respeito à missão e aos limites que a sociedade brasileira democraticamente conferiu às instituições militares.

A História registra e registrará sempre a atuação das Forças Armadas do Brasil na integração territorial, na defesa das fronteiras e do patrimônio nacionais, na guerra contra o nazifascismo, no apoio às populações isoladas, no desenvolvimento tecnológico do país; enfim, todos os momentos em que as Forças cumpriram sua missão constitucional e o relevante papel que lhes cabe numa sociedade democrática. É dessa forma que as instituições militares se fazem respeitar.

A História também registra os períodos em que as Forças Armadas ou parte de seus integrantes desviaram-se desta missão. É dessa forma, conhecendo a verdade, que tanto os militares quanto os civis poderão evitar a repetição de erros e crimes contra a democracia e os direitos humanos. A História não perdoará, como jamais perdoou, quem tenta se colocar acima das instituições e da Constituição que jurou defender e obedecer.

Brasília, 19 de janeiro de 2021





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'Bolsonaro está usando as Forças Armadas como refém enquanto foge da Justiça' - por Celso Rocha de Barros


Em sua coluna de hoje na Folha, Celso Rocha de Barros fala da relação entre os militares e Bolsonaro.

Sob o título "Bolsonaro finalmente realizou seu projeto de juventude: colocou uma bomba nos quartéis", ele mostra o que vê como uma armadilha posta por Bolsonaro ao atraí-los para o governo: agora, a imagem das Forças Armadas está atrelada a Bolsonaro.

Como escrevi aqui em janeiro de 2019, primeiro mês do governo Jair Bolsonaro, Bolsonaro deu um autogolpe e militares voltaram ao poder 55 anos depois de golpe de 64:
Bolsonaro sabe que chegou à presidência sem ter a menor condição de fazer frente às responsabilidades do cargo. Não tem preparo nem vontade de trabalhar.
Conseguiu se eleger graças ao golpe judicial que impediu Lula de concorrer, à facada que o livrou dos debates e aos milhões de fake news disparados ilegalmente via WhatsApp.

Mas, isso o levou ao poder. Como se manteria lá, se o general seu vice já estava todo oferecido ainda durante as eleições?

Foi aí que ele deu o autogolpe.

Para barrar Mourão e qualquer tentativa de golpe que viesse a retirá-lo do poder, Bolsonaro montou uma super estrutura militar, com generais comandando grande parte dos ministérios e outros militares em postos-chave de todos os demais. Inclusive nas empresas e bancos públicos.

Há um general até auxiliando (tutelando) o presidente do STF, Dias Toffoli.

Teve até cargo para o ex-comandante do Exército, Villas Boas.
Não há como desvincular as Forças Armadas do governo Bolsonaro porque elas são seu sustentáculo. Se o comandante do Exército criticá-lo, ele cai no outro dia.

Por isso, à firmação de Celso, coloco uma dúvida: quem é refém de quem? Ou mais refém? Porque Bolsonaro não existe sem o apoio das Forças Armadas. Elas podem abandonar o barco e deixá-lo navegando sozinho no mar de lama.

A coluna do Celso Rocha de Barros:
Bolsonaro finalmente realizou seu projeto de juventude: colocou uma bomba nos quartéis
Em 1986, o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), que atuava clandestino dentro do PT, tentou assaltar um banco em Salvador. Presos, os militantes disseram que seu objetivo era arrecadar fundos para a Revolução Nicaraguense.
Foi um enorme constrangimento para o PT, que imediatamente expulsou os radicais e passou os 15 anos seguintes tentando provar que havia moderado suas posições o suficiente para presidir a República. Moderaram, presidiram.
Agora imaginem o tamanho do erro que o PT teria cometido se, em 2002, depois de todos esses anos dando mostras de moderação, decidisse lançar para presidente não o Lulinha paz e amor, mas um dos assaltantes de Salvador que nunca tivesse dado qualquer sinal de arrependimento.
Imagine o desastre que seria o governo do maluco, os esforços diários que os dirigentes petistas teriam que fazer para tentar impedi-lo de distribuir as armas do Exército para os centros acadêmicos de ciências sociais. Imagine o problema para o PT se o fã dos sandinistas resolvesse adotar o mesmo descaso que Daniel Ortega vem demonstrando diante da pandemia na Nicarágua.
Mais ou menos na mesma época do assalto de Salvador, ocorreu mais um ato tardio de extremismo político no Brasil. O capitão do Exército Jair Messias Bolsonaro foi acusado de planejar explodir bombas em unidades militares no Rio de Janeiro.
E quem os militares, que haviam demonstrado moderação e respeito à democracia por quase 30 anos, resolveram lançar para presidente quando a oportunidade de eleger alguém surgiu?
Pensavam que poderiam controlá-lo, mas subestimaram Bolsonaro, e superestimaram a própria habilidade. O vice-presidente Hamilton Mourão tem razão quando diz que Bolsonaro não fez sua formação intelectual no Exército. Bolsonaro fez sua formação intelectual no baixo clero da política carioca, na escola Jorge Picciani, na escola Eduardo Cunha. Em termos de manobra de baixo clero, Bolsonaro tem um dos poucos PhDs do primeiro escalão que não é falso.
Gabriela Prioli notou o padrão em um vídeo de 16 de julho: ao colocar Pazuello na Saúde, Bolsonaro amarrou seu fracasso na pandemia ao Exército. É isso que Gilmar Mendes tentou avisar: Bolsonaro está usando as Forças Armadas como refém enquanto foge da Justiça. Ele quer criar uma situação em que, se for para o banco dos réus, vá na companhia de oficiais do Exército. E torce para que ninguém tenha coragem de mandar generais para a prisão.
Alguém pode reclamar, bom, mesmo assim, o Gilmar não podia ter usado o termo “genocídio”. Conrado Hübner Mendes mostrou que há argumentos para discutir genocídio no caso específico das tribos indígenas. Quem Bolsonaro colocou como responsável pela Amazônia, general Mourão?
Os militares parecem ter achado que desfrutariam das vantagens de ser governo sem assumirem as responsabilidades, sem virarem vidraça. Nem todo mundo sabe ser PMDB, senhores.
Ao que parece, Bolsonaro finalmente conseguiu realizar seu objetivo de juventude: colocou uma bomba nos quartéis. O exercício de desarmá-la exigirá responsabilidade, cuidado, e será mais um teste de estresse para a institucionalidade brasileira. Enquanto isso, a curva do número de mortos permanece estável em mais de mil brasileiros mortos por dia.




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Declaração de Gilmar Mendes de que Exército está se associando a genocídio é mentira?


Estão querendo criar uma crise institucional entre o Exército e o STF por uma declaração do ministro Gilmar Mendes:
"Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Não é aceitável que se tenha esse vazio. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa. Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso", criticou. [UOL]
Só o analfabetismo funcional ou a necessidade de criar crise em cima de crise para afastar o país da verdadeira questão: até quando Bolsonaro continuará à frente do país?

A declaração do ministro Gilmar Mendes não diz que o Exército é genocida, diz que se associa ao genocídio, já que militares ocupam quase que todos os principais cargos do ministério da Saúde, que é comandado, ainda que interinamente, por um general, portanto, responsáveis, com o presidente, pela péssima condução do país no grave problema da pandemia.

Aliás, o ministro deixa isso claro no Twitter [imagem acima].
Não me furto, porém, a criticar a opção de ocupar o Ministério da Saúde predominantemente com militares. A política pública de saúde deve ser pensada e planejada por especialistas, dentro dos marcos constitucionais. Que isso seja revisto, para o bem das FAs e da saúde do Brasil.

Estão ou não os militares no governo, ainda que a maioria seja da reserva, associados ao governo e a seu desempenho? Não há como desvincular uma coisa de outra.

Se não querem ter a imagem associada ao genocida, saiam do governo de um capitão que foi expulso das Forças Armadas.



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Bolsonaro manda Exército descarregar cloroquina nos Yanomami


Retirada do protocolo de tratamento da COVID-19 em todo o mundo por sua ineficácia, a cloroquina está sendo distribuída para tratamento dos Yanomami em Roraima, em mais uma intervenção genocida de Bolsonaro. O Exército descarregou 13,5 mil comprimidos de cloroquina esta semana.

Além de ineficaz, a cloroquina tem efeitos colaterais graves e só deve ser ministrada em ambiente hospitalar e autorização explícita do paciente.

Mas, como Bolsonaro fez a besteira de encomendar milhões de comprimidos aos laboratórios do Exército, agora o Brasil tem cloroquina em estoque para uso regular por 18 anos [leia sobre isso aqui]. Só que o prazo de validade do comprimido é de apenas dois anos.

Então, Bolsonaro está descarregando o estoque nos índios, nos nordestinos que não lhe deram votos, no povo pobre e atendido em rede pública.

Segundo o protocolo, a cloroquina só deveria ser ministrada com a anuência do paciente, que assinaria documento [confira aqui] sabendo que estava correndo risco de vida com uma substância sem eficácia para a COVID-19.

Agora, imagine se vão explicar isso ao índio ou ao analfabeto sem recursos do Nordeste e dos cada vez maiores bolsões de pobreza e miséria no Brasil.

Bolsonaro mandou levar também os testes rápidos, que não servem para nada. Se der positivo para COVID-19, você pode estar infectado ou não. Se der negativo também. A probabilidade é semelhante ao de jogar a moeda no cara e coroa. Confira aqui estudo do próprio ministério da Saúde sobre os testes.

Descarregando comprimidos de cloroquina e testes como milicianos desovam cadáveres, Bolsonaro age para se livrar das provas do crime de uso inadequado de dinheiro público.

Em cima dos nossos indígenas e do povo mais pobre.

Não é só a pandemia, é o pandemônio. O vírus e o verme.




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Ordem de Bolsonaro faz Exército ter estoque de cloroquina para 18 anos. Prazo de validade é de apenas dois


Prejuízo milionário. É isso o que vai trazer ao Brasil a ordem absurda de Jair Bolsonaro, sem qualquer base médica ou científica, de ordenar ao Exército a produção em massa de cloroquina para combater o coronavírus o que se verificou ineficaz.

Resultado: hoje, o Exército tem estoque do produto que daria para uso regular em 18 anos. Só que o prazo de validade da cloroquina, segundo a Farmanguinhos, do Instituto Oswaldo Cruz, é de apenas dois anos.

Quanto dinheiro vai parar no lixo, ou, então, como fez Trump (que mandou dois milhões de comprimidos para o Brasil), vai ser desovado em países subalternos.

Bolsonaro deve responder por improbidade administrativa, lei 8429, que diz, em seu Artigo 10º:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei.
Já há pedido de investigação de Bolsonaro sobre isso:
O subprocurador-geral, Lucas Furtado, pede que seja apurada a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro na determinação de que aumentasse a produção do medicamento, sem que houvesse evidências científicas comprovando sua eficácia no tratamento da Covid-19. [Extra]
Motivos não faltam para impeachment, interdição e afastamento de Bolsonaro do cargo para investigação. Falta apenas vontade política, pois o Centrão está faturando alto com o governante moribundo. E o Rodrigo "Botafogo" Maia talvez tenha medo do que pode vir no processo da Odebrecht.



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Sob Bolsonaro, orçamento do Exército é metade do que era em 2015 no governo Dilma

Bolsonaro

Exército que iria à 'guerra contra Venezuela' não tem dinheiro para rancho e dá meio expediente às segundas e sextas


Para você ver o grau de irresponsabilidade, mesmo de insanidade, da família Bolsonaro que chegou a levantar a hipótese de o Brasil pegar em armas para derrotar o governo do presidente da Venezuela Nicolás Maduro: o Exército Brasileiro está sem verbas até para funcionar diariamente.

Desde que o PT saiu do poder, com o golpe do impeachment na presidenta Dilma, as verbas do Exército foram sofrendo cortes sucessivos. Hoje, representa pouco mais da metade do que era na época de Dilma em 2015.

E o Exército brasileiro foi fundamental para o golpe, como reconheceu o próprio Bolsonaro quando homenageou o ex-comandante do Exército, general Villas Boas, hoje assalariado do governo Bolsonaro.

Para se ver o nível estratégico de nossas tropas...
Citando falta de recursos, o comandante do Exército, general Edson Pujol, autorizou que o expediente na Força às segundas-feiras do mês de setembro seja cortado para contribuir com a economia de despesas.
Em um e-mail enviado nesta quarta-feira (28) ao Alto Comando do Exército, Pujol diz que os comandantes, chefes e diretores da Força poderão "suprimir" a seu critério o dia de trabalho em suas respectivas áreas nos dias 2, 9, 16, 23 e 30 de setembro.
"O contingenciamento ora imposto impacta, de forma significativa, a capacidade de custeio do Exército, exigindo medidas severas para que seja possível honrar os contratos com concessionários e outras despesas inerentes à vida vegetativa da Força", diz o chefe militar. 
No mesmo comunicado, ao qual a Folha teve acesso, Pujol alega que o quadro orçamentário do Comando do Exército neste ano sofreu um contingenciamento de 28% do previsto no Orçamento para as despesas discricionárias, incluindo os programas estratégicos. 
Ele argumenta ainda que o orçamento do Exército autorizado para 2019 é pouco mais da metade (54%) da dotação recebida em 2015. [Folha]
Anteriormente, o Exército já determinara o meio expediente às sextas-feiras. Trabalho integral só de terça a quinta. Parece o Congresso...

Para os generais que estão no poder nada muda. Eles continuam a receber o soldo integral. No caso, as pensões, porque quase todos usam pijamas.


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Uribe mentiu: Clara e Consuelo afirmam que movimentação de tropas do exército da Colômbia foi o que não permitiu libertação no final do ano

Clara e Consuelo na entrevista coletiva

Você leu isso em algum lugar? Não. Nossa “grande imprensa” continua a dizer que Chávez se expôs ao ridículo no final do ano, quando não houve a libertação acordada com os guerrilheiros das FARC. Somam a isso o mico verdadeiro do caso Emanuel, para tentar diminuir a importância do presidente venezuelano na negociação que culminou com a libertação de Clara Rojas e Consuelo Gonzáles.

Mas essa é a verdade cristalina, confirmada pelas duas reféns libertadas, que desmentem o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. Elas afirmaram em entrevista coletiva que só não estão livres desde o final do ano passado porque tropas do exército colombiano realizaram operações na área onde estava acertada a libertação.

"Yo no sabia que estaban allí, pero asumo por la actitud de las FARC", dijo [Clara Rojas]. "Asumo que la presencia militar en el punto" era lo que impedía el operativo. "Nuestra vida corría peligro".

Leia também:

» Vídeo: Clara e Consuelo, o momento da libertação pelos guerrilheiros na selva

» Vídeo: Reféns liberadas e entrevista com Chávez

» Chávez, o rei e a direita feliz

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Teste. De quem é este artigo muito bom que critica reação do Exército ao livro ‘Direito à memória e à verdade’?

Mandem seus palpites.

O ministro Nelson Jobim disse que a questão militar foi superada. Foi mesmo, mas nos seguintes termos: os militares ficaram com a última palavra, o ministro teve que recolher sua ameaça, e o Brasil engoliu mais uma nota do Alto Comando do Exército. Para os militares, não houve o que todos sabem que houve dentro dos quartéis: tortura e assassinatos de dissidentes do regime militar.

As Forças Armadas hoje não ameaçam a democracia; não há clima, dentro ou fora dos quartéis, que faça o Brasil perder um minuto do seu sono com riscos de repetir o que houve nos anos 60. Duas coisas incomodam os militares: os soldos e o registro histórico dos crimes cometidos no passado pela corporação.

Há fatos, comprovações, testemunhas e vítimas a confirmar que as Forças Armadas, especialmente o Exército, permitiram que nas suas dependências fossem cometidos crimes contra os direitos humanos, contra a dignidade da pessoa humana e contra o estado de direito. Mas o comandante do Exército, Enzo Peri, reuniu o Alto Comando para afirmar que “fatos históricos têm diferentes interpretações, dependendo da ótica de seus protagonistas”. Ou seja, na visão dos generais, tudo é relativo. Democracia ou ditadura é uma questão de ponto de vista, de interpretação. A nota diz ainda que a instituição nunca mudou. “Não há Exércitos distintos.”

Não houve desvio de suas funções, não houve erro, nada a rever. No passado recente o Exército comandou um governo que, por 21 anos, desrespeitou as leis democráticas. Se o Exército é o mesmo de ontem, o quadro é assustador. Isso é ensinado aos jovens que entraram depois daqueles tempos nos quartéis. Os jovens oficiais e recrutas só podem concluir duas coisas: ou as Forças Armadas estavam absolutamente certas ao prender, torturar e matar os opositores, tomar o poder civil, impor atos institucionais, rasgar a Constituição, suspender direitos individuais, cassar políticos e os perseguir, aposentar ministros do Supremo, fechar o Congresso, censurar a imprensa e as artes; ou então o país está prisioneiro de um delírio coletivo imaginando fatos que nunca ocorreram.

O pior papel coube ao ministro da Defesa.

— Não haverá indivíduo que possa a isso reagir e, se houver, terá resposta — disse Nelson Jobim, referindo-se ao documento que oficialmente responsabiliza as Forças Armadas por crime durante a ditadura.

O Alto Comando se reuniu, redigiu a nota e reagiu ao ministro. Jobim, diante da resposta, fez uma rápida manobra de recuo. Se era para recolher-se assim tão instantaneamente, o ministro da Defesa não deveria ter dito o que disse.

A nota dos militares repete que a Lei da Anistia foi recíproca e que é parâmetro de conciliação. A Lei da Anistia é de 1979, plena ditadura. Isso foi anos antes de um sargento e um capitão terem ido ao Riocentro com o inequívoco propósito de jogar bomba em estudante. Quem poderia naquela época contestar os termos da “concórdia”?

O que se falou na semana passada, no Palácio do Planalto, na divulgação do livro “Direito à memória e à verdade” é que os parentes dos mortos e desaparecidos têm o direito a enterrar seus restos mortais. Não é possível que, 22 anos depois de o último militar presidente ter saído do Planalto, a memória e a verdade continuem prisioneiras e que certos assuntos sejam intocáveis, sob pena de os comandantes militares soltarem mais uma nota reafirmando que estavam certos.

Em 2004, no caso da divulgação das supostas fotos de Vladimir Herzog, o Centro de Comunicação do Exército divulgou uma nota justificando a tortura e o aparelho repressivo. Na visão expressa na nota, as Forças Armadas tinham feito um trabalho de pacificação nacional. “Dentro dessa medida, sentiu necessidade de criação de uma estrutura com vistas a apoiar, em operações e inteligência, as atividades necessárias para desestruturar os movimentos radicais e ilegais.” Ou seja, os doi-codis foram a “resposta legítima”, como disse a nota.

O coronel João Batista Fagundes, representante das Forças Armadas na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, disse que a divulgação do livro gerou “inconformismo nos setores militares”. Sugeriu que tudo seja tratado como nos livros de História: “Como se trata a Inconfidência Mineira e a escravatura.” Esse é um ponto interessante. De fato já é História. Não seria aceitável que nos livros de História houvesse a defesa da perspectiva de Maria, a Louca, em vez da dos inconfidentes; ou que a escravidão fosse tratada do ponto de vista dos senhores de escravos. Da mesma forma, não se pode registrar lá que a ditadura estava certa.

O pensamento dos militares é que eles reagiram à radicalização de grupos que agiam de maneira clandestina e ilegal. A verdade é que a radicalização foi precedida pelo fechamento de todos os canais de expressão normais na democracia. Mas, sobretudo, o erro institucional do Exército foi apossar-se do aparelho de Estado e cometer atos que são crime em qualquer país civilizado. A condenação é maior quando é o Estado que infringe a lei. Se os militares não entenderem o que fizeram de errado, duas décadas depois, o perigo continuará vivo. Não agora. Mas em algum momento no futuro. Os jovens militares estão agora sendo ensinados que aqueles crimes não foram crimes. Porque tudo é relativo e depende da ótica do protagonista.

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EUA acham gás cloro no Iraque. Isso não está cheirando bem

Acho que todo mundo conhece a história do pequeno pastor de ovelhas que gritava anunciando o lobo. Quando as pessoas iam socorrê-lo, ele morria de rir, porque não havia lobo algum. Até que um dia um lobo apareceu realmente, ele gritou e ninguém apareceu.

Pensei nessa história quando li reportagem em O Globo afirmando que os EUA encontraram cilindros de gás cloro no Iraque. E mais: que dois caminhões com o produto foram usados em atentado que matou 11 pessoas e internou mais de cem, intoxicadas.

Você, meu arguto leitor, recorda-se que essa guerra começou por causa disso, as tais armas químicas que estariam em poder do Iraque. Essas armas nunca apareceram. Agora, quando vários aliados dos EUA estão retirando seus exércitos, no todo ou em parte, do Iraque; agora que os americanos estão morrendo aos magotes; que helicópteros estão sendo derrubados como patos; que só se fala na disputa entre os candidatos democratas, Hillary e Obama, como se os republicanos (partido de Bush) estivessem fora do páreo da sucessão; agora que a popularidade de Bush está tão lá embaixo que ele se dispõe até a vir ao Brasil; bem agora surge o gás cloro...

O que é ainda mais estranho nisso tudo é que o New York Times afirmou que “os ataques foram pobremente executados: o gás foi explodido e não liberado no ar – o que poderia matar ou ferir milhares de pessoas e provocar pânico em massa”.

Será que isso não aconteceu exatamente porque os ataques não foram executados por iraquianos? O que é que vocês acham? Existe o lobo ou os americanos querem fazer o mundo de bobo?

Obesidade e Segurança Pública

Artigo originalmente publicado no Jornal do Brasil, dez. 2004.

Todos os dias lemos nos jornais cartas de leitores, artigos e entrevistas dos mais variados especialistas fazendo críticas e apresentando soluções para o problema da (in) segurança pública no Rio. No entanto, ela só aumenta.

Será que não estamos como certos obesos que querem emagrecer sem ter de fazer dieta ou exercícios físicos e vivem à espera de um remédio milagroso? Quando comentamos sobre a violência e defendemos uma polícia mais enérgica, Exército nas ruas, penas mais duras, uns ''bons cascudos'', ou até mesmo a pena de morte para os bandidos (esses ''outros'' que desrespeitam as leis e teimam em nos atingir com suas balas perdidas), não estamos agindo como esses obesos?

Queremos que a violência acabe, mas achamos que a solução não depende de nós. Porém, a verdade é que somos os principais financiadores dessa situação: 1) quando compramos drogas ilegais, softwares, relógios e outros objetos pirateados; quando jogamos no bicho; 2) quando subornamos policiais e pagamos a ''despachantes'' para ''abrir caminhos'' na burocracia, estimulando a corrupção; 3) quando com nossos votos e impostos sustentamos a política de (in) segurança que combate essa violência.

Usando mais uma vez o exemplo dos obesos, o que temos é que fazer dieta e exercícios físicos. A dieta implica em ''respeitar as leis vigentes''. Se não concordamos com elas, lutemos para modificá-las, mas, enquanto isso, devemos respeitá-las. Não comprar um baseadinho, não fazer uma fezinha no bicho, não estacionar em local proibido, ''é só um instantinho!'' - e todos os demais ''inhos'' a que nos habituamos no dia-a-dia. Se fizermos assim, vamos atacar dois lados do problema, cortando o financiamento dos criminosos e dos corruptos.

Vem então a outra parte, a dos exercícios físicos. Temos de sair de nossa acomodação, de acharmos que nossa participação na vida política deve se resumir a votar. Vamos cobrar: dos membros do Executivo (municipal, estadual e federal), que parem de brigar entre si e busquem os melhores meios para proporcionar segurança à população.

Dos policiais, que cumpram com seu dever. Se os salários estão baixos, os equipamentos defasados, a política atrapalha, tudo isso deve ser motivo para justas reivindicações. Porém, cumpram com suas obrigações enquanto as demandas não são resolvidas e não tenham medo de levar uma investigação ''às últimas conseqüências'', ainda que o ''chefão'' do caso investigado seja um político influente, um empresário de sucesso ou um juiz famoso.

Dos membros do poder Legislativo, que busquem adequar as leis vigentes às demandas da sociedade. Mas também dêem o exemplo, cortando na própria carne, evitando o corporativismo que os desmoraliza aos olhos da população.

Dos membros do Judiciário, que lutem para que a Justiça seja feita e não para adequar as leis às necessidades de seus clientes. Não é possível que criminosos conhecidos tenham para ''defendê-los'' mais de uma dezena de advogados, que buscam apenas brechas nas leis para colocar em liberdade indivíduos que eles sabem que deveriam estar atrás das grades.

Falando assim, parece que não vai dar certo. Desanimados, alguns chegam a pensar numa saída radical, que seria como a cirurgia do estômago: entregar a solução a um regime autoritário, que botaria a tropa nas ruas e faria com que a violência emagrecesse. Mas se o uso de uma força maior resolvesse, os Estados Unidos teriam vencido a guerra do Vietnã, Israel já teria resolvido a ''questão palestina''...

No entanto, se somos pessimistas no diagnóstico, temos de ser otimistas na ação. Portanto, dieta e exercícios já! Ou isso ou continuamos à espera de um remédio milagroso, um político que prometa que vai resolver tudo, sem que tenhamos de fazer nada, a não ser votar nele. Já tivemos essa experiência algumas vezes. Por isso estamos nessa situação.