CIA planejou sequestrar e assassinar Assange. Extradição é o caminho jurídico para os mesmos fins

Reportagem de Zach Dorfman, Sean D. Naylor and Michael Isikoff no Yahoo News revela que a CIA tinha planos e estudos para sequestrar e até assassinar o líder do WikiLeaks Julian Assange.
 
O ano foi 2017, quando Assange já estava há cinco anos asilado na embaixada do Equador e ilegalmente era espionado por câmeras e captadores de áudio infiltrados pelo governo dos Estados Unidos.
 
A ideia do sequestro e até do assassinato surgiu em função de novos pacotes de dados revelados pelo WikiLeaks, que atingiam o coração de operações de hackers da CIA, conhecidas coletivamente como "Vault 7".
 
A reportagem publicada no Yahoo é extensa e vale a conferida [em inglês]. Mas, de prático, o que se vê é que os Estados Unidos acabaram por optar usar contra Assange o mesmo que fizeram com Lula e o PT no Brasil: ação judicial. Sequestro e assassinato jurídico.
 
Na prática, com o pedido de extradição Assange está sequestrado pelo governo dos EUA na prisão do Reino Unido em que se encontra, numa solitária e quase incomunicável.
 
Seu assassinato acontecerá caso a extradição venha a ser concedida agora em outubro, quando o pedido vier a julgamento. Laudos médicos são categóricos em afirmar que Assange tem altíssima possibilidade de se suicidar. Ou, caso não consiga, ser um zumbi na solitária, apagado das páginas dos jornais e da história.
 
O crime de Assange? Divulgar os crimes de guerra dos Estados Unidos e aliados. Assassinatos de civis, tortura, espionagem de governos até de pretensos "aliados", como o Brasil.
 
Só que divulgar crimes não é crime, é jornalismo. Crime é cometer crimes de guerra, como o fazem Estados Unidos e aliados, impunemente. Basta ver o genocídio do povo palestino por Israel, que o mundo acompanha com exclamações ("que absurdo!", "crueldade!", "são crianças!") de braços cruzados.
 
Por isso é tão fundamental que todos lutemos pela liberdade de Assange e sua não extradição aos Estados Unidos.





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Ray Charles, Eu não consigo deixar de te amar


Hoje é aniversário do grande Ray Charles, de muitas músicas inesquecíveis. Mas é esta canção que reproduzo aqui que me apresentou a ele.
 
Eu era criança. Meu irmão Walter tinha 15 anos a mais que eu. Ele chegou em casa com um disco de Ray Charles, que deixava rolando o tempo inteiro, especialmente esta canção.
 
E escutando-a hoje, no aniversário de Ray, me transportei para aqueles meus dias de menino, e veio a saudade de meu irmão já morto (como Ray), junto da beleza da canção e da interpretação inesquecível de Ray Charles, da lembrança de meu irmão, da criança que fui e a certeza de que algumas coisas e pessoas realmente é impossível deixar de amar.






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'Governo fez de pacientes e da sociedade em geral cobaias de um experimento humano de morte em massa'


Do professor de direito constitucional da USP Conrado Hübner Mendes, na Folha:
Doutores do inferno fazem sociedade brasileira de cobaia

"Que tipo de médico pode estar envolvido nisso? Que motivos têm os 'doutores do inferno'? Alguns médicos alemães buscaram glória contribuindo para o bem-estar da humanidade —humanidade apenas como abstração. Estavam comprometidos com uma ciência que lhes permitisse a experimentação humana. Outros alegaram apenas continuar com a prática da cura. Para sua ideologia, a doença era do corpo do Estado. A doença era uma invasão de pessoas de sangue inferior que enfraqueceria a 'pureza' do Estado. (...) A maldade deles é evidente?"

Vivien Spitz relatou no livro "Doctors from Hell" (médicos do inferno) o julgamento de médicos nazistas em Nuremberg. Além de detalhar a exploração de vidas e corpos humanos no período, discutiu como a profissão médica pode perpetrar crimes em nome da ciência.

Daquele episódio histórico surgiu o Código de Nuremberg, declaração de princípios de bioética que condicionam experimentos médicos (ver "The Nazi Doctors and the Nuremberg Code", os médicos nazistas e o Código de Nuremberg, de Annas e Grodin). Visto de início como um "bom código para os bárbaros", uma aberração alemã que não afetava a profissão médica ocidental, foi sucedido pela Declaração de Helsinki, de 1975, como referência mais universal (ver "Justice at Nuremberg", justiça em Nuremberg, de Ulf Schmidt).

O dever de consentimento voluntário e informado de seres humanos para se submeterem a testes ou tratamentos é o ponto de partida dessas declarações.

Usurpação médica da dignidade não começa nem se encerra com o nazismo. Exemplo mais recente foi a prática do governo norte-americano na "guerra ao terror". A técnica do "waterboarding" teve eficácia e intensidade "aperfeiçoadas" por médicos para escapar do limiar técnico-jurídico da tortura (ver relatório "Experiments in Torture", experimentos em tortura). Calibraram dor e sofrimento para garantir mãos limpas.

O Brasil marcou seu lugar em mais esse capítulo da história universal da infâmia.

Na pandemia, Bolsonaro optou pelo acirramento. O negacionismo não se traduziu em simples inação, mas em gestão sanitária diversionista. Combateu soluções construídas pela comunidade científica global e as substituiu por política paralela. Seu carro-chefe foi o "tratamento precoce".

Estimulou "vida normal", sem máscara e isolamento. Qualquer coisa, cura e prevenção estavam na mão. Não eram placebo, pois nada inofensivos. Eram ansiolíticos sociais ao custo de milhares de mortes individuais.

Governo fez de pacientes e da sociedade em geral cobaias de um experimento humano de morte em massa. A estratégia foi propagar o vírus (ver boletim "Direitos na Pandemia n. 10", Cepedisa-USP e Conectas). Enquanto isso, fomos distraídos por comprimidos e nebulizações. Tinham ciência da multiplicação exponencial da letalidade, mas vai que a imunidade coletiva brotasse mais rápido?

Nossos "doutores do inferno" apareceram. O respaldo jurídico-corporativo veio do Conselho Federal de Medicina, cujo parecer liberou erro médico sob o invólucro de "autonomia médica". Como se autonomia protegesse erro crasso. Na ONU, Bolsonaro fez menção honrosa ao CFM. Representação ao Ministério Público do médico e cientista Bruno Caramelli, oriunda de abaixo-assinado de 60 mil médicos, esclarece as ilegalidades do parecer ainda vigente.

O respaldo científico tabajara, ao que parece, veio também da empresa Prevent Senior, suspeita de ter ministrado kit Covid sem consentimento, omitido mortes por Covid e feito recomendações com base em estudos espúrios. Consentimento desinformado e induzido por autoridade médica não é consentimento.

Ainda menos quando corroborado por agressiva pressão governamental e pessoal de presidente. Muito menos quando já demonstrada ineficácia do tratamento.

A liberdade para exercer a medicina não inclui a liberdade para charlatanear e deixar morrer. O contrato com a morte apareceu nessa variante da liberdade bolsonarista. Outra vez.

Reconstruir a teia de responsabilidades civis e criminais por 600 mil mortes e por colapso socioeconômico exige apontar cúmplices e partícipes, públicos e privados, individuais e corporativos. Do relatório da CPI do Senado se espera o começo desse processo de reparação.

Robert Jackson, juiz em Nuremberg, alertou: "Os erros que buscamos punir foram tão calculados, tão malignos e tão devastadores que a civilização não pode ignorá-los, porque não pode sobreviver à sua repetição".




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Dr. Drauzio: 'Bolsonaro é um ativista empenhado de corpo e alma em disseminar o novo coronavírus'


Do doutor Drauzio Varella, na Folha:
O que faz um ministro da Saúde se prestar ao papel desprezível de mentir?
 
É injusto considerarmos o presidente apenas um negacionista. Não vamos minimizar seu papel nesta pandemia: ele é um ativista empenhado de corpo e alma em disseminar o novo coronavírus.

Desde o início da epidemia, justiça seja feita, ele faz tudo o que está a seu alcance para que o vírus infecte o maior número possível de brasileiros: condena o uso de máscara, promove aglomerações, recomenda medicamentos sem atividade antiviral e retardou o quanto pôde a aquisição de vacinas.

Finalmente, quando entendeu que o peso da opinião pública ameaçava seu futuro político, autorizou a compra, mas não se vacinou, para servir de exemplo aos seguidores. A pressão para que seus colaboradores fizessem o mesmo deve ter sido tão persuasiva que um de seus ministros, general da reserva, admitiu ter se vacinado às escondidas, “para não criar problemas”.

Havemos de reconhecer o esforço do nosso dirigente máximo para realizar o sonho de atingir a inatingível imunidade coletiva, não importa que ao preço de tantas mortes. Envolveu tirar máscara de criancinha em público, recrutar médicos para defender remédios inúteis, estimular redes sociais para espalhar falsidades, arregimentar parlamentares para repeti-las, desacreditar os profissionais que ousaram defender evidências científicas e, entre outras medidas, nomear e demitir três ministros da Saúde, até chegar ao atual.

Imagino que não tenha sido fácil para sua excelência encontrar um substituto tão dócil quanto o general que chefiava o ministério anterior, homem que não se envergonhava de dizer que aceitara o cargo “sem conhecer o funcionamento do SUS” e que seu relacionamento com o chefe “era simples assim: um manda, o outro obedece”.

No entanto, a julgar pela confusão armada pelo ministro atual a respeito da vacinação dos adolescentes, na semana passada, a persistência presidencial foi muito bem sucedida. Levou a vantagem de que o escolhido trouxe para o ministério a credibilidade que nós, médicos, costumamos desfrutar na sociedade.

Numa entrevista coletiva, o ministro levantou suspeitas sobre possíveis efeitos colaterais da vacina da Pfizer em adolescentes, que estariam a exigir avaliações “cuidadosas” do Ministério da Saúde.

Queixou-se de que alguns estados aplicavam vacinas não autorizadas pela Anvisa para uso nessa faixa etária, sem dizer quais. Não contente, deixou no ar que a morte de uma adolescente em São Paulo talvez guardasse relação com a vacina recebida uma semana antes.

Para completar, acrescentou que a vacinação dos adolescentes, programada para ter início dia 15 de setembro, seria suspensa, porque fora abandonada no Reino Unido e contraindicada pela Organização Mundial da Saúde. Duas mentiras deslavadas.

O que teria levado um ministro da Saúde a mentir e a levantar suspeitas infundadas sobre uma vacina testada e aprovada em estudos internacionais, administrada com segurança em adolescentes nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia e na América Latina?

A resposta é simples: um manda, o outro obedece, como ficou claro na live do cordato ministro sentado ao lado do presidente, apresentada no mesmo dia. A justificativa foi a de atender a um “sentimento” do chefe, muito “preocupado com os jovens que são o futuro deste país”.

Na verdade, o senhor ministro se prestou ao papel desprezível de desacreditar uma vacina importante, apenas para esconder a falta dela em quantidade suficiente para imunizar os adolescentes e, ao mesmo tempo, administrar a terceira dose para os mais velhos, vacinados há mais de seis meses com a Coronavac ou a AstraZeneca.

Suas excelências devem ter concluído que pegava mal junto ao eleitorado reconhecer a falta de uma vacina negligenciada pelo governo, quando foi insistentemente oferecida pela Pfizer, no ano passado.

O que faria um ministro honesto diante da situação atual? Viria a público para dizer que a falta de disponibilidade da vacina da Pfizer, para administrá-la aos adolescentes e oferecê-la como reforço aos mais velhos, só nos deixava uma saída: dar preferência aos que correm mais risco de morrer. Todos estaríamos de acordo.

Preferiu, no entanto, lançar dúvidas sobre a segurança de uma vacina aprovada pela Anvisa, apenas para atender a um apelo político de seu chefe. Assim agindo, assegurou fidelidade irrestrita e se perfilou ao lado dele na luta pela disseminação da epidemia.





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Documentário de Joaquim de Carvalho irritou Folha e Globo porque ele fez o que eles não fizeram: jornalismo

O documentário "Bolsonaro e Adélio: uma fakeada no coração do Brasil", produzido pelo jornalista Joaquim de Carvalho, do site Brasil 247, no momento em que escrevo esta postagem já teve mais de 1,24 milhão de visualizações no Youtube. 
 
Trata da famosa facada que teria sido dada por Adélio no à época candidato Bolsonaro, na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, em 2018.
 
Sucesso de público, o documentário caiu em desgraça na mídia corporativa. Especialmente a Folha, mas também O Globo, caíram de pau em cima acusando-o de ser ele, sim, uma fakeada.
 
Mas, por que tanta agressividade?
 
Que o documentário merece críticas é fato. A começar pelo título, que promete algo que ele não entrega. Não fica provado (nem é esse o objetivo do documentário, daí o erro do título) que a facada foi fake. Mas a crítica da mídia corporativa tenta desqualificar o documentário como um todo brandindo como principal argumento as investigações da Polícia Federal. 
 
A mesma PF, por exemplo, que fez o porteiro do Condomínio Vivendas das Pedras, na Barra da Tijuca (RJ), mudar dois depoimentos que fizera antes à Policia Civil do Rio de Janeiro afirmando que o motorista do carro do assassinato de Marielle teria entrado no condomínio com a anuência de Jair Bolsonaro, que teria autorizado sua entrada por telefone.
 
Curiosamente, no depoimento à PF de Bolsonaro, o porteiro, que trabalhava no condomínio havia muito tempo, disse que errou na notificação que anotou na portaria e que se sentiu confuso nos dois depoimentos à Polícia do Rio.
 
Então, por que a ira da mídia corporativa? Porque Joaquim de Carvalho fez o que eles não fizeram: jornalismo.
 
A facada tem vários pontos soltos que nunca foram devidamente esclarecidos a não ser no relatório oficial da PF. E o documentário levanta esses pontos, que vão ao encontro da curiosidade popular, mas que, no entanto, não despertaram o interesse da mídia corporativa, coincidentemente muito interessada na eleição de Bolsonaro, quando percebeu que ele era o único com chances de tirar o PT do governo.
 
Joaquim de Carvalho reconhece no próprio documentário que não tem resposta a muitas das perguntas que levanta e que elas deveriam ser objeto de uma investigação mais aprofundada, explorando a série de coincidências que acabam alimentando a teoria da fakeada.
 
Apenas por ter levantado o tema e a coragem de investigá-lo, sem o aporte financeiro que têm os grandes grupos de mídia, já é grande mérito para o trabalho de Joaquim de Carvalho.
 
Assista e tira você suas conclusões. Ou, o que é mais provável, suas interrogações.






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Bolsonaro manda parar vacinação de adolescentes. Prefeito do Rio mantém: 'Bora vacinar! Os cães ladram e a caravana passa!!!'

Na live semanal de Bolsonaro às quintas, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga confirmou que foi Bolsonaro quem lhe deu o comando para suspender a vacinação de adolescentes.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quinta-feira, 16, que partiu do presidente Jair Bolsonaro a orientação para rever a vacinação de adolescentes no País. Mais cedo, a Pasta orientou a interrupção da aplicação de doses em pessoas de 12 a 17 anos sem comorbidades, apesar da Anvisa autorizar o imunizante da Pfizer para a faixa etária.

“O que o ministério da Saúde fez? Na nota técnica 40 da Secovid, retirou os adolescentes sem comorbidades. O senhor [referindo-se a Bolsonaro na live] tem conversado comigo sobre esse tema e nós fizemos uma revisão detalhada no banco de dados do DataSUS”, afirmou Queiroga ao lado do presidente, na transmissão. “A minha conversa com o Queiroga não é uma imposição. Eu levo para ele o meu sentimento, o que eu leio, o que eu vejo, o que chega ao meu conhecimento”, acrescentou Bolsonaro. [IstoÉ]
Quem conhece o estilo Bolsonaro sabe bem o sentido de suas "recomendações"...
 
Criminosa, a decisão do governo Bolsonaro está sendo contestada por alguns estados e municípios.
 
No Rio, o prefeito Eduardo Paes manteve a vacinação e publicou em seu perfil no Twitter:
Bora vacinar!  Os cães ladram e a caravana passa!!!





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Prevent Senior, a digital nazista do governo Bolsonaro?

Um dos maiores monstros do monstruoso período nazista da Alemanha de Hitler foi o médico Joseph Mengele, que no campo de concentração de Auschwitz realizava experimentos com seres humanos. Mengele, que conseguiu fugir de Nuremberg, viveu e morreu no Brasil durante 19 anos.
 
É em Mengele que se pensa quando se lê relatos de médicos que trabalharam para o Prevent Senior, plano de saúde e rede hospitalar direcionado a idosos. Foi no hospital Sancta Maggiore, da rede, que morreu a primeira vítima de COVID no Brasil, em 8 de março do ano passado. Foi lá também que poucos dias depois se verificou um grande número de casos não notificados de COVID. 
 
O que parecia apenas incompetência, por relatos de médicos hoje, descobre-se que era um experimento com uso do Kit Covid em cobaias humanas, incentivado por Jair Bolsonaro, que chegou a fazer propaganda do grupo em rede nacional. 
 
Pelo relato de médicos, a rede Prevent Senior fez um acordo com o governo Bolsonaro para realizar experimentos com tratamentos médicos, sem eficácia comprovada contra o vírus causador da doença, sem avisar aos pacientes que estava utilizando os procedimentos; em resumo, como Mengele, usando seres humanos como cobaias para seus experimentos.
 
Ontem, quando teve oportunidade de ir à CPI da COVID se defender das acusações, o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior, representante do grupo, faltou à audiência.
 
Comprovadas as acusações, a última ponte que faltava para ligar Bolsonaro ao nazismo vai estar feita e deve se juntar aos mais de 130 pedidos de impeachment do genocida, que adormecem sob a cumplicidade fartamente remunerada do presidente da Câmara Arthur Lira.
 
[Na imagem que ilustra a postagem, o sorridente Bolsonaro ao lado da deputada Beatrix von Storch, vice-presidente do partido neonazista Alternativa para a Alemanha (AfD) e seu marido. Ela é neta do ministro das Finanças de Hitler, Lutz Graf Schwerin von Krosigk]





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No Brasil de hoje, 'constitucionalidade se negocia, legalidade se permuta e interesse público de qualquer tipo se transaciona'


Precisa (até o sarcasmo) coluna de Conrado Hubner Mendes, professor de direito constitucional da USP, doutor em direito e ciência política. Na Folha.
Constitucionalismo 'new age' e seu 'coach'

Elegemos um delinquente político na esperança de que sua delinquência fosse mal menor e na confiança de que teríamos aptidão para moderá-lo. Bastaria lhe aplicar um choque de freios e contrapesos.

Apostamos em moderadores diversos: militares comprometidos com a democracia; ministro cheerleader da Faria Lima; ministro cruzado anticorrupção; notas de repúdio de Maia; centrão, Lira, Pacheco, fracasso do voto impresso na Câmara etc.

Moderadores foram tão exitosos que no 7 de Setembro, depois de tantas interferências e acossos presidenciais, depois de todo o negacionismo mortífero, depois de rotinizar agressão a mulheres jornalistas, depois de chamar ministro do STF de "pedófilo", "idiota" e "filho da puta", Bolsonaro disse basta e prometeu desobedecer ao tribunal. Respostas verbais vieram de presidente do STF, do TSE, da Câmara, do Senado. Os tons variaram entre o protocolar e o quase protocolar.

Horas mais tarde, Bolsonaro revelou em carta que nunca teve "intenção de agredir quaisquer dos Poderes" e "harmonia" é determinação constitucional; reiterou "respeito pelas instituições" e declarou estar disposto a manter "diálogo". Muitos observadores notaram "recuo estratégico". Se estratégico, o recuo é fake. Melhor ignorar o recuo e investigar a estratégia.

Soube-se que o texto saiu das penas tristes de Michel Temer, coach maior do constitucionalismo new age, também conhecido como constitucionalismo do arreglo e do arrego, da negociação e do acordo, das notas de repúdio e das cartas de recuo. Abraçar slogans, desprezar ideias e entregar o seu contrário compõem nossa tradição ilusionista.

O constitucionalismo oferece anteparo à democracia. Impõe limites ao poder e aos desejos das maiorias por meio da separação de Poderes e da proteção de direitos. O constitucionalismo new age vira a mesa e vende três iscas sedutoras: harmonia, pacificação e diálogo. E substitui separação de Poderes por ciranda dos Poderes.

O coach formou discípulos que ocuparam a presidência do STF. Cármen Lúcia sempre entoava ambição pacificadora. Toffoli pedia diálogo, "clássica" separação de Poderes, pacto por reformas e recebia visitas surpresa do presidente. Fux submeteu legalidade do auxílio-moradia de juízes à mediação e tem opinado contra a judicialização da política, sem definir o que entende por isso. "Temos de acreditar na boa-fé de Bolsonaro", sugeriu Gilmar Mendes.

O espetáculo cirandeiro é incompatível com o exercício da jurisdição. Jurisdição não tem responsabilidade de pacificar. Juízes sabem que não é essa sua tarefa primária nem métrica de sucesso. Entre aplicar a lei e promover a paz há uma distinção categórica. A relação entre uma e outra é acidental e contingente, não necessária. Tarefas diferentes, por instituições diversas.

O princípio da "divisão e harmonia dos Poderes" estava nas constituições ditatoriais de 1967 e 1969. A Constituição de 1988 prevê Poderes "independentes e harmônicos". Não é da harmonia cirandeira que estão falando.

No constitucionalismo new age, constitucionalidade se negocia, legalidade se permuta e interesse público de qualquer tipo se transaciona. Indigência judicial disfarça violência. Urgência constitucional se posterga com pedido de vista. Quem roda na ciranda podem ser indígenas, mulheres, negros, os mortos por Covid-19 ou pela polícia. Rodam também a civilidade e a própria democracia. Quem se dá bem é o centrão magistocrático e o autoritarismo.

Nessa nova era, juiz constitucional janta e canta para empresários, palestra para banqueiros e oferece acesso à justiça por WhatsApp. Também barganha precatórios com ministro da Economia, pois a reeleição do autocrata que prometeu fechar a corte precisa renovar auxílio aos pobres. Podia-se pagar essa conta reduzindo orçamento paralelo do centrão ou vetando anistia a devedores do Estado (como igrejas e criminosos ambientais). Mas melhor evitar esse "conflito".

Diante de um criminoso serial, o constitucionalismo responde com sanção jurídica (como cassação e prisão). O constitucionalismo new age suprime a jurisdição e reage com rodas de conversa, constelação milico-familiar, mantras meditativos e cânticos infantis. Não é corrupção funcional, é pacificação. Repita.

"Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, à colônia retornar". Namastê.





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Temer e 'elite', que golpearam Dilma e elegeram Bolsonaro, riem muito. De que riem? De mim, de você, do Brasil

Uns dias após ter um jatinho da FAB à disposição para apanhá-lo em São Paulo, levá-lo a Brasília para livrar a cara de Bolsonaro e depois voltar a São Paulo, Temer marcou um "convescote" com a nata da "elite" que golpeou Dilma e o colocou na presidência, para confraternizar e comemorar a volta do traíra ao cenário político.
 
Porque agora Temer já se alvoroça para ser a Terceira Via, um governante que chegou a ter 82% de ruim e péssimo como avaliação, ameaça voltar, como nos filmes de vampiro.
 
Temer está em campanha, com filme nas redes e plaquinhas nas mãos de populares na fracassada manifestação branquinha e cheirosa do MBL e Vem pra Rua do dia 12, a R$50 por cabeça.
 
O prato principal do jantar foi zombar de Jair Bolsonaro, a quem Temer socorreu na hora em que poderia vir a ser impichado ou ter algum dos filhos preso. 
 
O filho do empresário Paulo Marinho, que imitava Bolsonaro na campanha, a ponto de fazer promessas eleitorais por ele, brindou os presentes com imitações ridicularizando Bolsonaro.
 
Mas o destaque no vídeo é que todos riem fartamente, mesmo sabendo que estão sendo gravados e as imagens acabariam na internet.
 
Segundo o Poder 360, estavam presentes:
    Paulo Marinho, empresário, 1º suplente do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e hoje em SP engajado na pré-campanha a Presidência de João Doria (PSDB-SP);
    Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD;
    Johnny Saad, presidente do Grupo Bandeirantes;
    Roberto D’Ávila, o jornalista, apresentador e diretor da GloboNews;
    Antonio Carlos Pereira, o Tonico Pereira, ex-editorialista do jornal O Estado de S.Paulo, está à esquerda de Temer;
    Naji Nahas, empresário e investidor, está à direita de Temer;
    Raul Cutait, cirurgião do hospital Sírio-Libanês;
    José Yunes; advogado e amigo pessoal de Temer.
A cena me trouxe à memória uma outra, a da farra dos guardanapos, quando o ex-governador do Rio Sergio Cabral, atualmente preso e condenado por enquanto a 300 anos de cadeia, e vários membros de seu governo, dançaram com guardanapos na cabeça no principado de Mônaco, às gargalhadas.
 
A pergunta que me fiz na época refiz agora: De que riem?
 
A resposta é uma só e mesma: de você, de mim, de nós, do Brasil. 
 
Veja o vídeo.





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Fracasso dos atos 'Nem Lula nem Bolsonaro' mostra que no Brasil hoje é 'Ou Lula ou Bolsonaro'. Você está com quem?

Os atos convocados por dois movimentos de direita, MBL e Vem pra Rua, que tinham como tema "Nem Lula nem Bolsonaro" fracassaram por todo o Brasil.
 
Mesmo na avenida Paulista, com a presença do governador de São Paulo João Dória, a manifestação flopou [imagem], ainda mais se comparada com as recentes, em favor e contra Bolsonaro.
 
O recado das ruas foi claro: não há terceira via. O Brasil está polarizado entre Lula e Bolsonaro. 

E as pesquisas mostram que a grande maioria quer Lula.
 
E Fora Bolsonaro.






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'Bolsonaro se desfaz como pessoa, pelas mentiras desavergonhadas, pela covardia, rasteja em fuga como um inseto repugnante'


Do gigante jornalista Janio de Freitas, em sua coluna na Folha deste domingo:
Uma verdade nos põe ao lado de Bolsonaro: estamos todos na beira do abismo
 
Uma intervenção insuspeitada levou Bolsonaro a modificar, quase de última hora, o pronunciamento destinado a incitar a multidão da av. Paulista, no 7 de Setembro, com insinuações para insurgência.

A exibição na manhã de Brasília, com cerimonial de posse em novo poder presidencial, e, já à tarde, a visão da massa que se aglomerava na avenida agravaram preocupações militares com o ato paulistano.

Se a exaltação degenerasse, a PM não bastaria para conter a multidão desatinada e as Forças Armadas seriam chamadas a agir, com decorrências muito graves para todos os lados.

Um exemplo de situação dramática, se a manifestação degenerasse, poderia ser a insurgência violenta com a condição, para desmobilizar-se, da renúncia de Alexandre de Moraes no Supremo. Como desejado por Bolsonaro.

Na fala em São Paulo, evaporaram as ameaças do "creio que chegou a hora, no dia 7, de nós nos tornarmos independentes pra valer", "nunca outra oportunidade para o povo brasileiro foi tão importante quanto esse nosso 7 de setembro", "agora o povo vai ter liberdade pra valer".

O povo foi devolvido à exclusão histórica. E Bolsonaro mal conseguiu repetir frases esparsas, com acréscimo só de citações pessoais. Ao que se seguiu o encerramento abrupto, com a fisionomia aflita por não encontrar outras frases. Houve até certa demora para a percepção geral do encerramento.

O recuo primordial de Bolsonaro não foram as negações do que disse, tantas vezes, contra o Supremo, contra o Tribunal Superior Eleitoral, contra os ministros Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, com a sobra de um ultimato para Luiz Fux. O recuo surgiu na fala em São Paulo.

O que está considerado como o (segundo) recuo é, na verdade, uma saída traiçoeira do desastre, sob a forma de carta ao país. Michel Temer e o marqueteiro Elsinho Mouco, seus autores, ou foram perversos ou se comprovaram no limite intelectual de Bolsonaro.

Antes que se questionasse a validade da moderação escrita, já no início a carta ofereceu a resposta: "nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha (...)". A mentira é enriquecida pelo mau texto que confessa a repulsa à harmonia entre os Poderes.

No mais, a carta não é de moderação, vista na sempre precipitada interpretação midiática. É de humilhação.

Bolsonaro se desfaz como pessoa, pelas mentiras desavergonhadas, pela covardia, rasteja em fuga como um inseto repugnante. Michel Temer levou Bolsonaro para a beira do abismo, chamado agora de traidor e frustrante por apoiadores de todos os momentos até então.

E, com a ideia do telefonema ao ministro Alexandre de Moraes, Temer não atenuou a indignação no Supremo com os ataques de Bolsonaro. Tornou ainda mais insultuosa a agressão ao tribunal e seus integrantes. O telefonema foi de pedido de desculpas a um ministro, mas os ataques, como disse a ministra Cármen Lúcia, foram a todos. Até por isso, além do protocolo, o telefonema providenciado por Temer deveria ser a Luiz Fux, presidente do tribunal.

Mas, traidor por traidor, Bolsonaro-Temer fazem boa dupla. Tal como Rodrigo Pacheco-Arthur Lira, que usam as cadeiras de presidentes do Senado e da Câmara. Não viram nem ouviram nenhuma transgressão de Bolsonaro, limitando-se a notas perfumadas, com corações pressentíveis nas entrelinhas. Faltam mulheres no Congresso. E faltam homens também.

Mas nenhuma pusilanimidade excederá a de Augusto Aras. Viu, e o disse ao lado de Luiz Fux no plenário do Supremo, uma "festa cívica" nos pedidos de fechamento dos tribunais superiores e do Congresso, de intervenção militar, de prisão de magistrados e impulsionadores da CPI da Covid, de volta ao sistema eleitoral fraudulento. Augusto Aras, procurador dos piores meios de alcançar objetivos pessoais. Como um lugar no Supremo a que também agride com sua festa cínica.

É preciso registrar que Luiz Fux fez um pronunciamento enfim firme, em defesa da Constituição e do Judiciário. Mas Luis Roberto Barroso, que brinda as ideias com um estilo valioso, deu ainda mais do que o devido.

Na loucura trágica do país, uma verdade nos põe ao lado de Bolsonaro. Falta de governo, golpismo, aumento da pobreza, corrupção, pandemia, violência: estamos todos na beira do abismo.





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'Essa gente deve estar achando que 600 mil brasileiros nos cemitérios são um preço pequeno demais'

Hoje, até o ministro Gilmar Mendes, parece ter se curvado ao novo acordo "com Supremo, com tudo", para manter a situação como está para ver como é que fica.
 
Após a Carta à Nação de Bolsonaro, escarradamente ditada por Temer (como o próprio golpista vaidoso confirmou), o Brasil deve fazer a egípcia e acreditar no Bolsonaro redimido, o novo homem que teria se rendido ao jogo democrático e abandonado a carreira de golpista, de defensor da ditadura, da tortura e do assassinato de adversários.
 
A jornalista Cristina Serra escreve sobre esse acordo na Folha:
Temer e a proteção a Bolsonaro
 
O país parou com medo de um golpe no 7 de Setembro. Sob o comando do líder ensandecido da seita e com patrocínio do agronegócio, caminhões e tratores reluzentes substituiriam tanques. Caminhoneiros estariam no lugar de "um soldado e um cabo". Eis que no fim do feriado um cheiro de impeachment exalou de redutos até então considerados seguros e o alarme tocou.

Foi a deixa para Michel Temer voltar aos holofotes com seus trejeitos de ilusionista e artifícios de golpista. Como já escrevi aqui, o golpe foi em 2016, contra Dilma Rousseff. Desdobrou-se em 2018 e agora assistimos a uma nova reacomodação de tensões entre as mesmas forças que disputam o butim desde a ruptura travestida de legalidade cinco anos atrás.

Não é a primeira vez que Temer vem em socorro de Bolsonaro. O jornalista Octávio Guedes, do G1, bem lembrou episódio que desonra a Câmara dos Deputados. Em 1999, Bolsonaro pregou o fechamento do Congresso e o fuzilamento do então presidente, Fernando Henrique Cardoso. Deveria ter tido o mandato cassado. Mas pediu desculpas pelos "excessos" e ficou por isso mesmo. Quem era o presidente da Câmara na ocasião? Ele mesmo, o missivista das mesóclises.

A carta de agora garante proteção a Bolsonaro, que vai continuar latindo aqui e ali porque é o que sabe fazer. O importante a registrar de toda a confusão dos últimos dias é que a fervura baixou e as pequenas frestas abertas, para o que já era uma remota possibilidade de impeachment, foram vedadas. Os articuladores do golpe de 2016 mostram que ainda têm as rédeas do processo.

A Faria Lima respira aliviada. Lira e Pacheco tocam o jogo, em cumplicidade que aprofunda o abismo. O comando do Congresso tornou-se parte do problema, tanto quanto o chefe do Executivo. Essa gente deve estar achando que 600 mil brasileiros nos cemitérios são um preço pequeno demais. O custo que Bolsonaro impõe ao país é desmesurado, e teremos que lidar com ele por muitas gerações.





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Bolsonaro chama Temer a Brasília para aprender o que fazer para não ser preso e publica carta mentirosa à nação em seguida


Acuado, vendo o cerco se fechar à sua volta, e a ameaça de prisão rondando não apenas ele mesmo como a família, especialmente o filho Carlos, Bolsonaro chamou a Brasília o golpista mór, Michel Temer, para aprender como ele como se livrar da cadeia, mesmo com um caminhão de provas contra ele. 
 
Além de expert no tema, Temer tem outra coisa em seu favor para ser chamado por Bolsonaro: é o responsável pelo lançamento do ministro Alexandre de Moraes na vida pública. O mesmo Alexandre que Bolsonaro chamou de canalha e mandou que saísse do STF para não ser tirado por ele.
 
A reunião entre os dois foi das 11h às 17h e ao final Bolsonaro publicou no Diário Oficial uma carta à nação, totalmente mentirosa, onde tenta passar o dito pelo não dito.
 
Segundo informações, ainda durante o encontro Bolsonaro falou mais de uma vez com o ministro Alexandre de Moraes por telefone.
 
Leia a carta de Bolsonaro na íntegra e veja se ela foi escrita por ele ou por Temer, que parece que vai assumir a presidência de forma oculta, porque o governo Bolsonaro acabou.






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7 de setembro não acabou. Bolsonaro chamou apoiadores às ruas e agora eles não querem voltar pra casa sem golpe


Bolsonaro está numa sinuca de bico. E quem o colocou nessa posição foi ele mesmo, quando convocou seus apoiadores a irem a Brasília enquadrar o STF.
 
O cantor Sergio Reis e um suposto líder caminhoneiro (não reconhecido pela classe) deram declarações de que chegariam a Brasília e de lá só sairiam quando depusessem os 11 ministros do STF.
 
Só que o 7 de setembro chegou e não aconteceu nada. O STF continua lá com seus ministros. Pior: com o sempre melífluo Fux engrossando a voz e ameaçando Bolsonaro com crime de responsabilidade, caso insista na bravata.
 
No entanto, para a multidão fanatizada por Bolsonaro o 7 de setembro não acabou. Muitos deles saíram de suas casas, vindo de lugares distantes, abandonaram suas famílias, na expectativa de que seu líder varresse o STF e os "comunistas" que o "impedem de governar". [veja um vídeo ao final sobre isso].
 
Além de permanecerem na Esplanada dos ministérios em confronto com a polícia que os quer desalojar, caminhoneiros resolveram bloquear estradas pelo país. Segundo boletim do ministério da Infraestrutura, há barreiras em estradas federais de 15 estados.
 
Covarde, Bolsonaro não deu as caras. Mandou um áudio em que pedia por favor para que desbloqueassem as estradas para não prejudicar o abastecimento do Brasil.
 
Mas seus apoiadores não aceitam recuar. Não aceitam, inclusive, que o áudio seja de Bolsonaro. 
 
O presidente está nessa sinuca: se vier a público e pedir para os caminhoneiros e manifestantes da Esplanada que voltem a suas casas, será visto como traidor e frouxo como aliás já está sendo tratado em grupos bolsonaristas no Telegram. Confira:

Se, ao contrário, endossar os movimentos, estará configurado o crime de responsabilidade que levará a seu impeachment.
 
Preso à própria teia, Bolsonaro vai ter que tomar uma decisão. No jogo do perde-perde, ele irá radicalizar e ser destituído como mito para seus apoiadores? Ou vai se acovardar e os mandar para casa sem nada, desfazendo assim o mito e traindo seus apoiadores radicais?
 
Veja o depoimento deste bolsonarista totalmente desnorteado.







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'Quem conhece a história do fascismo italiano sabe a quantidade inumerável de vezes que Mussolini foi dado como politicamente morto'


Artigo de Vladimir Safatle, no El País.
O golpe começou
 
Quem conhece a história do fascismo italiano sabe a quantidade inumerável de vezes que Mussolini, em sua ascensão ao poder, foi dado como politicamente morto, isolado, acuado, fragilizado. No entanto, apesar das finas análises de comentaristas da vida política italiana, apesar das sutis leituras que pareciam ser capazes de pegar as mais inusitadas nuances, Mussolini, o bronco Mussolini chegou onde queria chegar. Isso ao menos deveria servir para lembrarmos da existência de três erros que levam qualquer um a perder uma guerra, a saber, subestimar a dedicação de seu oponente, subestimar sua força e, por fim, sua capacidade de pensar estrategicamente.

O mínimo que se pode dizer é que a oposição brasileira é exímia em praticar os três erros contra Bolsonaro e seus adeptos. Ela parece animada pela capacidade de tomar seus desejos por realidade, de justificar sua paralisia como se fosse a mais madura de todas as astúcias. Agora, a isso ela acrescentou uma patologia que, nos antigos manuais de psiquiatria, chamava-se “escotomização”, ou seja, a capacidade de simplesmente não ver um fenômeno que ocorre na sua frente. Mesmo tendo 600.000 mortes nas costas por negligencia de seu governo em relação à pandemia, Bolsonaro conseguiu um 7 de setembro para chamar de seu, com mais de 100.000 pessoas na Paulista e quantidade semelhante na Esplanada dos Ministérios.

Ele se colocou como o líder inconteste de uma singular sublevação do governo contra o estado, afirmando que não reconhece mais a autoridade do STF. Ou seja, ele assumiu para o mundo que está em rota de colisão com o que restou da institucionalidade da vida política brasileira. Seus apoiadores saíram desse dia com sua identificação reforçada e compreendendo-se como protagonistas de uma insurreição popular que de fato está a ocorrer, mesmo que com sinais trocados. Uma insurreição que mostra a força do fascismo brasileiro.

De nada adianta falar que essa manifestação “flopou”, que estavam presentes apenas 6% do esperado. Uma insurreição nunca precisou da maioria da população para impor sua vontade. Ela precisa de uma minoria substantiva, aguerrida, unificada e intimidadora, pois potencialmente armada. Bolsonaro tem as quatro condições, além do apoio inconteste das Polícias Militares e das Forças Armadas, que por nada nesse mundo, mas absolutamente nada irá deixar um governo que lhe promete salários de até 126.000 reais.

Aqueles que se comprazem acreditando que o verdadeiro apoio de Bolsonaro é 12% são os que normalmente fazem de tudo para que nós não façamos nada. Mas para quem quiser de fato encarar o que está a ocorrer no Brasil, não há nada mais a dizer do que “o golpe começou”. A manifestação do 7 de setembro marcou uma clara ruptura no interior do governo Bolsonaro. De fato, acerta quem diz que o governo acabou. Mas isso significa apenas que Bolsonaro pode agora abandonar a máscara de governo e assumir a céu aberto o que esse “governo” sempre foi, desde seu primeiro dia, a saber, um movimento, uma dinâmica de ruptura que se serve da estrutura do governo para ampliar-se e ganhar força.

Assim, ele pode fortalecer seu núcleo duro, transformar eleitores em fieis seguidores sem precisar ter entregue nada que um governo normalmente entregaria, sequer a proteção contra a morte violenta produzida por uma pandemia descontrolada. Nunca um presidente falou ao povo, em seu momento de maior tensão, que partilhava abertamente o desejo de romper e ignorar uma institucionalidade que é simplesmente a representação dos clássicos interesses oligárquicos das elites brasileiras.

Infelizmente, que o “povo” em questão era a massa dos que sonham com intervenções militares, que amam torturadores, que abraçam a bandeira nacional para esconder sua história infame de racismos e genocídios, isso era algo que poucos poderiam imaginar. Por outro lado, por mais que certos setores do empresariado nacional simulem desconforto com sua presença, o que realmente conta é que Bolsonaro entrega a eles tudo o que promete, sabe preservar seus ganhos como ninguém, luta por aprofundar a espoliação da classe trabalhadora sem temer o que quer que seja.

Não por outra razão, seu 7 de setembro foi precedido por manifestos de empresários defendendo a “liberdade”: nova senha para o “direito” de intimidação e de ameaça. Enquanto isso, a oposição brasileira acha que ainda estamos no terreno dos embates políticos. Ela prepara-se para eleições, finge sonhar com frentes amplas esquecendo que, desde o fim da ditadura, sempre fomos governados por frentes amplas e vejam onde chegamos. Todos os governos eram alianças “da esquerda à direita”. Não foi por falta de frente ampla que estamos nessa situação. O cálculo simplesmente não é este. A esquerda precisa entender de uma vez por todas a natureza do embate, ouvir aqueles mais dispostos ao confronto, esses que não tiveram medo de ir para a rua hoje, e assumir uma lógica de polarização. Isso implica que ela precisa mobilizar a partir da sua própria noção de ruptura, em alto e bom som. Uma ruptura contra outra. Não há mais nada a salvar ou a preservar nesse país. Ele acabou. Um país cuja data de sua independência é comemorada dessa forma simplesmente acabou. Se for para lutar, que não seja para salvá-lo, mas para criar outro.





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