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Padre Julio dá resposta certeira à convocação da CPI com um ato falho melhor ainda

Todo ano eleitoral é assim: candidatos tentam lacrar com temas políticos para gerarem visibilidade e contato com seus possíveis eleitores. Este ano é ano de eleição para prefeitos e vereadores nos 5568 municípios brasileiros, e não está sendo diferente.

Em busca de falar a seus eleitores, um vereador da extrema-direita começou o ano propondo nada menos que uma CPI sem objeto definido — o que é ilegal — e tentou lacrar dizendo que a CPI iria "investigar as atividades" d o padre Júlio Lancelloti.

Não vamos citar o nome do vereador, porque é isto o que ele quer: falar ao eleitor que vê na ação fraterna e cristã do padre Júlio motivo de crítica.

Melhor citar o padre, que emitiu uma nota certeira sobre a CPI e a absurda investigação sobre ele, criticando-a, mostrando o porquê, e coroando tudo com um ato falho mais certeiro ainda: em vez de escrever a palavra "objeto', para dizer que a CPI não tem um, escreveu "abjeto" acertando na mosca a qualificação de alguém que quer mal a um padre que só faz o bem.

Eis a nota do padre Júlio na íntegra e sua transcrição abaixo, com o ato falho destacado: 


A instalação de CPIs é uma prerrogativa do poder legislativo, sendo legítimas em suas atribuições. As CPIs devem ter um objetivo delimitado em sua criação, sendo que neste caso, pelo que se tem notícias, o abjeto que trouxe base para criação desta CPI seria a investigação/fiscalização das "Organizações Não Governamentais (ONGS) que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a Cracolândia", ou seja, seria a fiscalização do cumprimento de convênios estabelecidos entre o Poder Público e as organizações conveniadas. 

Esclareço que não pertenço a nenhuma Organização da Sociedade Civil ou Organização Não Governamental que utilize de convênio com o Poder Público Municipal. A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que por sua vez, não se encontra vinculada de nenhuma forma, as atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão. 

Fraternalmente,
Padre Júlio Lancellotti

Para Lacan, "todo ato falho é um discurso bem sucedido". Neste caso, acertou em cheio.

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Ou o comandante do Exército pune Pazuello ou cai na desmoralização


Da jornalista Helena Chagas, no Jornalistas pela Democracia:
Constrangimento é pouco, e insatisfação também é uma palavra leve para descrever o sentimento entre oficiais da ativa do Exército neste momento. Afinal, o comandante da Força, general Paulo Sérgio Nogueira, e generais do Alto Comando acabam de ser ostensivamente peitados pelo três estrelas Eduardo Pazuello. O ex-ministro da Saúde respondeu com  um redondo “não” aos pedidos para que ele passasse já à reserva para contornar a crise criada por sua presença — proibida pelo regimento disciplinar do Exército — em manifestação ao lado de Jair Bolsonaro no último domingo.

Obviamente, Pazuello peitou o Alto Comando de sua Força porque tem as costas quentes, ou seja, o apoio integral do presidente da República e comandante em chefe das Forças Armadas. Bolsonaro comunicou ao ministro da Defesa, Braga Netto e a Nogueira, que revogará qualquer punição que venha a ser dada a Pazuello, e ainda proibiu-os de se manifestar a respeito do episódio. Ou seja, não deixou saída possível aos militares da ativa.

Mais dia, menos dia, essa panela de pressão vai estourar. Fica claro que o presidente da República não está apenas protegendo um ex-ministro leal, que na CPI negou tudo que todo mundo sabe que é verdade sobre ele. Bolsonaro está usando o episódio para enquadrar os militares, de quem se queixava de darem pouco apoio a seu governo quando se recusavam a ser envolver nas disputas políticas.

Ao praticamente proibi-los de punir o general desobediente que subiu em seu palanque, Bolsonaro está tentando passar à população a ideia – totalmente equivocada, sabe-se  – de que os militares estão a seu lado para o que der e vier, e entenda-se aí suas ameaças de atos autoritários e contra a democracia.

O que todo mundo se pergunta hoje é o que vão fazer as Forças Armadas encurraladas pelo presidente. O ministro bolsonarista da Defesa, ao que tudo indica, ficará lá em seu cantinho. Mas o comandante do Exército está diante de um claro dilema: ou pune Pazuello, confrontando Bolsonaro, ou cai na desmoralização institucional perante o país e suas tropas.



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'Está comprovada a ação de (outra) quadrilha no governo e no círculo de Bolsonaro', por Janio de Freitas

Do jornalista Janio de Freitas, na Folha, hoje.
Por ora, algemas morais

A primeira função da CPI está realizada, embora ainda em andamento: já ficou bem demonstrado a que classe de gente o Brasil está entregue. Entre (ex) ministro das Relações Exteriores, (ex) dirigente da comunicação governamental com as altas verbas, e (ex) ministro-general da Saúde, o governo só teve para apresentar, e representá-lo, impostores. Falsários das atribuições dos respectivos cargos, falsários no cinismo mentiroso com que tentam evadir-se dos próprios atos e palavras no entanto gravados, impressos, criminosos.

A função subsequente da CPI não contará com a contribuição da corja proveniente do governo. Dependerá de como e quanto o relator Renan Calheiros (MDB-AL), até aqui com desempenho competente, e o preciso presidente Omar Aziz (PSD-AM) conduzam a formação das conclusões submetidas à comissão. De conhecimento público antes mesmo da CPI, os fatos em questão não suscitam dúvida, mas a altivez e a coragem política para relacioná-los com o Código Penal e gravíssimas consequências será de ordem pessoal.

O problema não acaba aí. Renan Calheiros faz supor a disposição de uma atitude à altura do episódio, com um relatório rigoroso. Mas aprová-lo, alterá-lo ou recusá-lo caberá ao corpo da comissão. E, em qualquer dos casos, essa etapa será de luta sem freio e sem compostura, a exigir muito de Omar Aziz. Posta tal perspectiva, pode-se ouvir que Bolsonaro, à vista de derrota na comissão de maioria opositora, tentaria algo para impedir a CPI de consumá-la. Algo?

Será, então, a hora do inestimável Ministério Público. Para dividi-lo mais, não falta muito à percepção de ações e omissões do governo articuladas no gênero próprio de quadrilha. Amazonense e conhecedor indignado do que se passou na crise do oxigênio em Manaus, o senador Omar Aziz está convicto de que o povo ali foi “feito de cobaia”, para indução da cloroquina, como para a imunização coletiva pelo vírus mesmo.

Em paralelo ao que houve, e não terminou, na Saúde e morte de quase 450 mil pessoas, está comprovada a ação de (outra) quadrilha no governo e no círculo de Bolsonaro. Da derrubada à entrega da madeira amazônica no exterior ou aqui mesmo, o número de operações combinadas é bem grande. Todas criminosas. Não pode ser coisa de poucos e amadores. A maior apreensão de madeira ilegal, que custou ao delegado Alexandre Saraiva sua transferência na Polícia Federal, e a denúncia americana de madeira contrabandeada e apreendida nos Estados Unidos puseram, enfim, algemas por ora morais nos pulsos do ministro (sic) Ricardo Salles.

Já na campanha Bolsonaro anunciava a desmontagem do Ibama, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (acompanhamento ambiental por satélite), Funai, das reservas indígenas e de toda a defesa ambiental. O já precário sistema de fiscalização florestal foi, de fato, destruído na Amazônia e no Pantanal. Por Salles e seus prepostos. Por ordem de Bolsonaro.

A proibição, sem sequer hipótese de justificativa, de destruição do maquinário de garimpo ilegal e de tratores e serrarias do desmatamento clandestino foi óbvia proteção de Bolsonaro aos criminosos e seu enriquecimento compartilhado. A dispensa ilegal, mas acobertada, de licenciamento para exploração da terra amazônica é objeto de iniciativa do governo para legalizá-lo. E por aí segue a sequência de ações contra a riqueza do solo e do povo amazonense.

Ou a ação de cima e a operação direta são coordenadas, ou a madeira, o ouro e minerais valiosos nem sairiam do chão, quanto mais chegar a portos dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia. E essa coordenação numerosa, profissional, de cima a baixo, tem nome no Código Penal: quadrilha. No caso, como disseram os americanos, quadrilha internacional.

Nada surpreendente. Relações várias, próximas e financeiras com milícias. Apropriação de dinheiro público por extorsão dos vencimentos de funcionários reais e fantasmas. Controle da Abin e da Polícia Federal com direções subservientes. Entrega do Meio Ambiente a um condenado por improbidade quando secretário do Meio Ambiente de Geraldo Alckmin. O desmantelamento anunciado e realizado. Ah, sim, e milhares de militares da ativa e da reserva do Exército compondo um exército de guarda-costas políticos e judiciais, em proteção ao grande assalto. O que poderia sair desse conjunto não é mais nem menos do que saiu.





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Gambito de Lewandowski sobre Pazuello pode levar a xeque-mate em Bolsonaro na CPI


Quando os advogados de Pazuello, aconselhados pela AGU, solicitaram ao STF que o ex-ministro tivesse direito ao silêncio na CPI, não imaginavam a armadilha que prepararam para seu cliente e, por extensão, a seu antigo chefe, Bolsonaro.
 
O ministro Lewandowski deu um verdadeiro gambito em Pazuello em sua decisão.
 
A palavra gambito, usada no jogo de xadrez, ficou popularizada pela série Gambito da Rainha, de grande sucesso na Netflix. Acontece quando um jogado sacrifica uma peça para conseguir uma vantagem adiante.
 
Foi o que aconteceu com a decisão de Lewandowski. O ministro do STF deu a Pazuello:
"o direito ao silêncio, isto é, de não responder a perguntas que possam, por qualquer forma, incriminá-lo, sendo-lhe, contudo, vedado faltar com a verdade relativamente a todos os demais questionamentos não abrigados nesta cláusula. Por outro lado, no que concerne a indagações que não estejam diretamente relacionadas à sua pessoa, mas que envolvam fatos e condutas relativas a terceiros, não abrangidos pela proteção ora assentada, permanece a sua obrigação revelar, quanto a eles, tudo o que souber ou tiver ciência, podendo, no concernente a estes, ser instado a assumir o compromisso de dizer a verdade." 
Pazuello só tem direito ao silêncio naquilo que possa incriminá-lo - o que é praticamente uma confissão de culpa. Mas é obrigado ("tem a obrigação de revelar", na sentença) a responder sobre fatos imputados a outros "com o compromisso de dizer a verdade".
 
Traduzindo por outra expressão - esta muito mais antiga que a série: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
 
Ao calar se incrimina. Ao dizer obrigatoriamente a verdade incrimina outros, especialmente Bolsonaro, o senhor da morte que fez de Pazuello seu general Cloroquina.
 
Como lá atrás, Pazuello deu declaração de que seguia ordens de Bolsonaro em suas decisões no ministério ("É simples assim: um manda e o outro obedece"), a decisão de Lewandowski pode gerar um xeque-mate na CPI: o impeachment de Bolsonaro por crimes de responsabilidade na condução da pandemia da COVID.



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Daniel Dantas depõe hoje na CPI dos amigos de Dantas

Será que o Itagiba produziu um PowerPoint com contradições de Dantas?

Será que o deputado Raul Jungman vai perguntar sobre o dossiê falso que Dantas montou e entregou à Veja, com a informação de que o presidente Lula e outros membros do governo teriam contas no exterior?

Será que Nelson Peregrino vai perguntar a Daniel Dantas sobre o conteúdo das 250 caixas que a Kroll entregou à justiça americana, produto de espionagem que a empresa realizou a mando de Daniel Dantas?

Quem puder, não deve deixar de ver (espero que seja transmitido ao vivo) a cara dos comandados diante do Poderoso Chefão.

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Itagiba sai humilhado de confronto com Protógenes

O deputado federal Marcelo Itagiba pensava ter seu dia de glória, mas foi atropelado pela ironia cética do delegado Protógenes e por alguns outros deputados da CPI, que perceberam que Itagiba queria seguir seu script incriminatório contra o delegado, a despeito dos demais.

Logo no início, Itagiba quis apresentar um power-point em que apontaria contradições entre o depoimento anterior de Protógenes com outros feitos à CPI. O programa simplesmente não abriu.

Começava mal o show que Itagiba desenhara. Teve então que fazer as perguntas, sem o power-point. Recebeu como resposta a cada uma delas, a mesma ladainha, que lembrava ao deputado o objetivo da CPI:

“Deputado federal Marcelo Itagiba, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito cujo objeto jurídico é a interceptação clandestina de telefones, eu me abstenho de responder a vossa excelência.”

Antes, durante os cinco minutos livres que teve para dirigir-se à Comissão, Protógenes deu outra informação que caiu como uma bomba: a PF, naquele momento, realizava nova operação na sede do Opportunity.

A seguir, Itagiba tentou passar o power-point mais uma vez, mas foi impedido por deputados. Começou um bate-boca. O deputado federal Chico Alencar acusou Itagiba de ter recebido dinheiro de sócio de Dantas para a campanha, o que ele não tinha como negar, pois foi declarado ao TRE. Era o fim.

Itagiba ainda ficou ali comandando os trabalhos, mas não os rumos do depoimento. Ele estava apenas marcando o tempo a que cada deputado tinha direito. Apenas um cronometrista. O depoimento de Protógenes escapara completamente ao roteiro que Itagiba havia concebido.

Em dado momento, ele simplesmente saiu. Foi ao banheiro? Quase. Abandonou a CPI para dar um depoimento ao Jornal Nacional, encomenda de Kamel para fechar a nota sobre Protógenes. E Itagiba repetiu o que vem dizendo há muito, mas que já não batia com a realidade:

“Ele (Protógenes Queiroz) está incorrendo no crime de falso testemunho, porque não retificou as informações que ele deu no início dessa CPI, que foram contestadas por todos aqueles que compareceram e depuseram na CPI”, afirmou Itagiba.

Fim melancólico para quem esperava viver seu dia de glória, talvez até com a prisão de Protógenes.

Agora teremos, na semana que vem, o depoimento de Daniel Dantas à CPI. Alguém acredita nisso? Duvi-d-o-dó. Dantas não abre nem geladeira, pois quando uma luz acende à sua frente, ele já imagina uma nova operação da PF para prendê-lo.

Vamos ver qual a desculpa que Itagiba irá usar para dispensar o banqueiro condenado.

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Ministro Jorge Hage defende cartões corporativos e CPI a partir de 1998

Transparência total: este poderia ser o lema da esclarecedora entrevista que o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, deu ao repórter Cláudio Leal, de Terra Magazine.

O ministro explica o que são os cartões corporativos, quem pode usá-los e como. Explica também o que são as famosas contas B.

A seguir, alguns trechos:

Terra Magazine - Com a criação da CPI dos Cartões Corporativos, como vai ser o trabalho da CGU (Controladoria-Geral da União) junto a deputados e senadores?
Jorge Hage - Como sempre fizemos, estamos à disposição da CPI, assim como estivemos na CPI dos Correios, dos Sanguessugas, da crise Aérea e das ONGs. Em todas elas, recebemos a visita do presidente e do relator. Todas as informações que eles pediram foram dadas e, além disso, sempre colocamos servidores nossos pra apoiar a CPI, a assessoria da CPI. Então, não temos nenhum problema com a CPI. Vamos fazer com ela o que fizemos com as demais. Eu acho particularmente que essa CPI, com a dimensão que lhe foi dada, de recuar até 1998, assume uma importância ainda maior. Porque se ela fosse apenas investigar cartão de pagamento, o cartão já está todo no Portal (da Transparência), a sociedade brasileira está esquadrinhando tudo, praticamente. Agora, as velhas contas tipo B, contas com talão de cheque, que tinham transparência zero - era o que vigorava até 2002 -, é aí que é importante a CPI entrar. Aquela história de a oposição limitar a investigação até 2001, 2002, é o maior indicativo do que está daí pra trás.

A CPI poderá retroagir, com a investigação dessas contas tipo B. Mas o que existe de registro desses gastos? Como é que eles podem ser levantados?
Tudo. As prestações de conta. Deixa eu explicar: suprimento de fundo é o gênero do qual a conta tipo B e o cartão são espécie. Cada suprimento de fundo é a concessão de um adiantamento de dinheiro para um servidor, pra que ele realize determinados pagamentos, que se entende que não podem ficar submetidos à sistemática normal - licitação, contrato, compras através do órgão. O suprimento de fundos é adiantar o dinheiro para o servidor. Antigamente, o servidor pegava esse dinheiro e abria uma conta no banco, chamada conta tipo B. Ele ia fazendo os saques em cheque e ficava com o dinheiro na mão. Às vezes sacava tudo e ficava com o dinheiro na gaveta da repartição. Portanto, não tinha nem segurança.

Não havia o registro direto?
Não havia o registro de nada. Aí, o que é que acontecia? No final, quando ele acabava de gastar o dinheiro, ele prestava contas. Esse processinho de prestar contas, onde estão as notas fiscais, os recibos, etc., etc., sabe lá Deus o que tem dentro de cada um. (risos) Porque essas prestações de contas eram examinadas e são examinadas pelo ordenador de despesas do próprio órgão. Cada unidade executora - são cerca de 1.200 no governo federal, espalhadas pelo Brasil -, cada uma tem um ordenador de despesas, que é o diretor administrativo, alguém assim. Esse cidadão é quem concede o suprimento de fundo ao servidor fulano ou beltrano.

Quando esse servidor acaba de aplicar esse suprimento, ele presta contas a esse ordenador. Então, isso tem um processinho que deve estar arquivado em cada órgão. As informações devem existir, devem estar nos órgãos. A Controladoria e o TCU, por sua vez, faziam uma auditoria desses processos apenas por amostragem, como qualquer órgão central de auditoria no mundo. Não pode verificar os 20 e tantos mil suprimentos de fundo que tem no governo. Por amostragem, quando a CGU faz a auditoria anual de cada órgão desses - digamos, a unidade da Funasa no Ceará -, aí vai lá, verifica os suprimentos por amostragem, e aqui e ali se encontravam irregularidades, sim, sem dúvida. Mas inúmeras outras ficavam sem nunca ser vistas. No cartão, isso passando para o cartão, vai tudo para a internet.

(...)... O cartão de pagamento é um meio de pagamento moderno pra substituir o antigo adiantamento de fundo, que ficava na gaveta do funcionário. O fundamental é que isso fique claro, porque senão você acaba demonizando um instrumento moderno, eficiente, transparente, que representa um grande avanço do governo brasileiro. Aliás, o governo federal, diga-se de passagem, o copiou do governo do Estado de São Paulo. É o Estado mais desenvolvido do País e que usa cartão há mais tempo e tem o dobro de cartões que tem o governo federal pro País inteiro.

Mas não registra na internet.
E que além de tudo não registra na internet... (risos) Mas disse que agora vai ter, a partir de maio. [a íntegra da entrevista você lê aqui]

É importante destacar que qualquer pessoa pode acessar o Portal Transparência, no endereço www.portaldatransparencia.gov.br. Não é preciso senha nem cadastramento.

Qualquer pessoa, de qualquer computador tem, hoje, acesso a todas as contas públicas do governo federal.

Leia também:

» Por que a mídia ataca o uso dos cartões corporativos

» Lá como cá: Na Venezuela, TV não deixa povo defender o governo

» Humor: Flagrante de reunião de pauta do JN

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Temendo CPI, Abril cede e Anatel aprova compra da TVA pela Telefônica

Segundo o conselheiro da Anatel Antonio Bedran o Grupo Abril fez as mudanças contratuais exigidas e, por isso, a Anatel aprovou ontem o processo de compra da TVA, do Grupo Abril, pela espanhola Telefônica.

No Estado de S.Paulo:

O negócio já havia sido aprovado parcialmente em julho, mas a Anatel exigiu que as empresas refizessem o acordo de acionistas referente à operadora de TV a cabo do grupo que opera em São Paulo. O temor da agência era que o acordo original permitisse à Telefônica o controle da empresa de TV a cabo, o que é proibido pela legislação.

“Entendemos que o novo acordo de acionistas satisfaz as exigências da Anatel, e que está eliminado qualquer outro tipo de controle, tanto acionário quanto societário”, disse o conselheiro Antonio Bedran. Agora, o processo segue para análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade).

Segundo Bedran, pelo novo acordo de acionistas, está eliminada a possibilidade de a Telefônica realizar reuniões prévias sobre decisões estratégicas da operadora de TV a cabo da TVA em São Paulo. A decisão da Anatel também impede que dirigentes da Telefônica participem das reuniões do conselho de administração e de assembléias gerais da operadora de TV paga.

Ainda assim a votação foi apertada: 3 a 2, a favor da transação. O que mostra que o quadro era bem diferente do pintado pela Veja.

Mas com isso o grupo Abril conseguiu seu objetivo imediato: jogar por terra a convocação da CPI da TVA, que, esta sim, poderia levantar o rabo desse gato, onde se esconde, por exemplo, a Curundeia, empresa com pouco menos de R$ 900 mil de capital social, mas que, no entanto, teria comprado parte do Grupo Abril por quase US$ 200 milhões.

Atendendo agora às exigências da Anatel, o Grupo Abril cede o anel para ficar com os dedos, porque, como já afirmei aqui, a CPI poderia levantar muitas histórias mal contadas, daquelas de fazer corar até o senador Renan. Histórias que não seriam apenas do Grupo Abril (clique aqui para ler a postagem).

Veja a seguir a reportagem da Band que mostra como é confusa a transação da venda de parte do grupo Abril e como a história da Curundeia parece história da carochinha.

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‘Se o relatório for aprovado, nós estamos fodidos’

Oba! Fomos escolhidos para sediar a Copa do Mundo de 2014. É ótimo para o país que é hospitaleiro, festeiro e, principalmente, adora futebol.

Mas as exigências da FIFA são muitas, o Brasil vai ter que fazer o dever de casa. Ou então, nada de Copa. Portanto, mãos à obra.

Deveríamos começar limpando a sujeira escondida sob o tapete, desde a CPI de 2001.

A frase aí de cima, que dá título a esta postagem, é do ainda presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Foi pronunciada numa reunião em que ele pedia a dirigentes que pressionassem seus congressistas para que acabassem com a CPI (exatamente como a Veja está pressionando agora contra a CPI da TVA). Só que Teixeira deu um azar: a reunião estava sendo gravada e vazou para a imprensa.

As investigações da CPI estavam descobrindo tanta falcatrua, que a expectativa criada em torno do relatório deu origem à frase de Ricardo Teixeira:

"Se o relatório for aprovado, nós estamos fodidos"

Há tempos recebi por e-mail uma série de links de reportagens de O Globo, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo com acusações contra vários cartolas, Teixeira à frente. São todas daquela época, com uma enxurrada de revelações. Ei-las. Divirtam-se. Inclusive com uma briga entre Teixeira e a Globo.

» Os coronéis do futebol
» CPI quer acabar com "dinastia" na cartolagem
» Teixeira acusado de desviar dinheiro
» CBF ameaça a Globo com seleção às 20h30
» Teixeira se aproxima de federações, mas se afasta de clubes
» CPI reconvoca Ricardo Teixeira
» CBF não pode mudar horário de jogos
» Nem advogado defende a integridade de Teixeira
» Cartola que lançou Teixeira até 2008 é hoje rival declarado
» Ricardo Teixeira vislumbra a reeleição
» CPI contra-ataca e aprova mais devassa na CBF
» Jogo da Seleção derruba JN e novela
» Globo discute se vai transmitir jogo do Brasil na Argentina às 20h
» CBF usa os Estaduais como moeda de troca
» CPI investiga o Mundial de Clubes
» Melles quer renúncia de Teixeira
» Fita revela: CBF trama ataque à CPI
» Teixeira fala demais e se complica na CPI
» A nobreza de Irina
» Contrastes e diferenças
» Poder de Teixeira sofre baque com fita
» Teixeira diz que fita não o levará a pedir renúncia do cargo
» Surge autor da gravação
» Clubes querem Koff no comando da CBF
» Senador pedirá perícia de fita de rádio
» CBF vai a Justiça contra CPI
» CPI quer agência reguladora do futebol
» CPI quer obrigar a criação de ligas
» Ricardo Teixeira é operado do coração
» Federações adulam Teixeira
» CBF doou R$ 12,5 milhões às filiadas, afirma relatório
» Balanço do Fla aberto ao MP
» CPI decobre uma teia de corrupção no Vasco
» Cupello aprovava depósitos na conta de Aremithas
» Ferj sob ameaça da lei
» Vasco é condenado por fraude na venda de Bebeto, em 1992
» Eurico admite uso de conta de 'laranja' do Vasco
» Oposição se move para cassar Eurico
» Melles envia projeto de decreto da Liga
» Um estranho e polêmico negócio no São Paulo
» Jogo sujo
» Conta no exterior ainda é um mistério
» Insatisfeita, CPI pede um novo decreto para ligas
» Aremithas confírma à CPI que Eurico utílizava a sua conta
» Cirurgia e goleada adiam depoimento de Edmundo
» Torcedor rejeita cartolas, mas apóia aliado da CBF
» Deputada quer renda divulgada
» Futebol completa um século no Estado do Rio


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O Globo: Chinaglia engaveta CPI da TVA

No dia 26 de setembro, o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia, afirmava que iria aguardar o desfecho do caso Renan para tocar a CPI da TVA, como mostra o vídeo acima. Disse que agia assim para que não parecesse uma interferência da Câmara no processo do Senado, já que Renan e a Veja estavam trocando acusações – ao que parece, ambos com razão.

A declaração de Chinaglia, reproduzida no vídeo, corresponde a uma notícia anteriormente divulgada pelo Estadão, que começava assim:

Apesar de o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ter comunicado que viu fato determinado para a criação da CPI da venda da TVA, do Grupo Abril, para a Telefônica...

No entanto, hoje, quando o tal caso Renan já saiu das primeiras páginas, sou surpreendido com a seguinte nota, perdida na coluna Panorama Político de O Globo:

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, engavetou o requerimento pela criação da CPI TVA/Telefônica.

A nota está assim, a seco, sem outra informação. E não encontrei vestígio dela em nenhuma outra publicação. Será um furo da coluna de O Globo? Ou uma barriga? Ou uma premonição? Ou um desejo?

Se for verdadeira, o deputado Chinaglia vai ter que explicar por que mudou de idéia, se antes via fato determinado para a criação da CPI.

A CPI da TVA é fundamental para explicar não apenas a nebulosa transação entre o Grupo Abril e a Telefônica mas também uma outra que envolve a venda de parte da Abril para a Curundeia, e que necessita de mais de um Renan de explicações, como mostra reportagem da Band reproduzida a seguir. É um tal de empresa desconhecida, número inexistente, CNPJ truncado, que parece mesmo acusação da Veja contra Renan, só que com sinais trocados. Confira:


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CPI da TVA: - Abril, mostra a tua cara, quero ver quem paga


Mais uma semana, e nada da CPI da TVA. E ela é fundamental para que o Grupo Abril possa explicar ao Brasil (com s) quem é a MIH Brazil (com z) Participações.

Segundo reportagem da Band, que reproduzimos aqui, a MIH Brazil (com z) teria participado da venda da Abril, que fica no Brasil (ainda com s). Mas, no endereço que consta no contrato, não há MIH Brazil (com z) alguma.

A reportagem tentou descobrir alguma informação sobre ela, por intermédio do CNPJ declarado no contrato, mas descobriu que o número não pertence à MIH Brazil (com z), mas a uma empresa chamada Curundeia, o que, por si só, já me parece uma violação da lei do Brasil (com s).

No endereço, onde funcionaria a tal Curundeia, o porteiro nunca ouviu falar dela.

E mais. Pelos dados da Receita Federal, o capital social registrado da Curundeia é de R$ 878 mil. Como é que ela pagou US$ 178,5 milhões por parte da Editora Abril?

Essas e outras respostas só a CPI da TVA pode trazer. Por isso ela é necessária. Fundamental. E está demorando. O que é ótimo para os lobistas da Abril, para a Curundeia, a MIH Brazil (com z), mas péssimo para o Brasil (com s).

Para saber mais e assinar o abaixo-assinado da CPI da TVA clique aqui.

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Parodiando Cazuza: - Abril, qual é o teu negócio? O nome do teu sócio?

Não posso cometer contra a Veja e o Grupo Abril - que a produz - aquilo que critico neles. Acho apenas que quem não tem Nada a esconder - que é o título de um mini-editorial da Veja desta semana - não deveria estrilar tanto contra a criação da CPI da TVA. Ainda mais em seu tratando da Veja, que sempre defendeu CPIs contra o governo Lula, sob qualquer pretexto.

Também não vou dizer aqui que a Veja mente quando afirma no editorial que tudo foi aprovado, quando não, dona Veja, não foi aprovado não. A Anatel solicitou à Telefônica que a companhia refizesse o acordo de acionistas para eliminar a possibilidade de poder de veto da empresa nas decisões da operadora em São Paulo.

E por que a Anatel fez essa solicitação? Por que há suspeitas da utilização de laranjas no negócio. Semelhantes àquela em que o senador Renan Calheiros apareceu sentado, em capa recente da Veja.

A preocupação do Grupo Abril com a criação da CPI é tão grande que ele está jogando pesado, não apenas em cima dos parlamentares, mas dos outros grandes grupos de comunicação. No mini-editorial, a Abril gasta 25% do texto para mostrar negócios semelhantes dos outros:

Em 2005, a Portugal Telecom adquiriu participação no Grupo Folha, dono do jornal Folha de S.Paulo e do provedor de acesso à internet UOL. Em 2004, a Globopar – controladora da Net – associou-se à mexicana Telmex (proprietária da Embratel e da Claro), passando a ela parte do controle da Net. A associação da TVA com a Telefônica é análoga àquela entre NET e Telmex. Ambas foram autorizadas pela Anatel.

Será essa a versão do grupo Abril para a famosa frase de Sérgio Porto (ou é do barão de Itararé?) “Ou se restaura a moralidade, ou locupletemo-nos todos”?

Como curiosidade, vale ressaltar que o Estadão – único dos grandes que não se meteu nesse tipo de negócios – é também, entre eles, o que faz a cobertura mais imparcial do caso.

Simples coincidência?

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Acidente com Airbus A320 da TAM: Da explosão à revelação do conteúdo da caixa-preta
O dia-a-dia da tragédia no Blog do Mello

Na noite do acidente:

. Pilotos de outros aviões comentam via rádio nomes dos possíveis comandante e co-piloto do Airbus da TAM (na noite do acidente, o Blog do Mello revela nomes do piloto e do co-piloto, que só foram anunciados na manhã do dia seguinte. Ouça o diálogo)
. Imagens exclusivas do acidente da TAM, segundos após a explosão do avião (as primeiras imagens do acidente, ainda antes da chegada dos bombeiros)

No dia seguinte:

. Blog do Mello fura grandes grupos da mídia na cobertura do acidente do Airbus da TAM em Congonhas

Dois dias depois:

. Credibilidade de O Globo explode junto com Airbus da TAM

Na manhã do terceiro dia:

. Briga de pilotos e computadores pode ter causado acidente com Airbus da TAM

Quatro dias depois:

. Tragédia com o Airbus da TAM: o top-top de um e o dos outros

Quinto dia:

. Tragédia com o Airbus da TAM: O que as seguradoras são capazes de fazer para não pagar o seguro (com imagens exclusivas de Sicko, último filme de Michael Moore)

Uma semana depois:

. Para TAM, o lucro está em primeiro lugar

Oito dias depois:

. Outros acidentes com Airbus mostram conflito homem-máquina
. Acidente com vôo JJ 3054 da TAM: Briga dos pilotos com sistema FBW (Fly-by-wire) do Airbus? (com imagens)

Dez dias depois:

. História do acidente com Airbus da TAM começa a ser recontada

11 dias depois:

. Acidente com Airbus da TAM: A culpa é do mordomo - quer dizer, do piloto

12 dias depois:

. Aeronáutica confirma que manete de Airbus da TAM estava na posição errada

13° dia:

. El Pais: Acidente com Airbus A320 da TAM (animação em flash do jornal espanhol recria o acidente)

Duas semanas depois:

. Acidente da TAM em Congonhas: Continua exploração da dor de parentes das vítimas

15 dias:

. Avião da TAM da tragédia de Congonhas voava com toneladas de combustível a mais

1° de agosto:

. O conteúdo da caixa-preta de voz do Airbus A320 da TAM
. Briga de pilotos com sistema Fly-By-Wire do Airbus da TAM pode ter causado o acidente
. Companhias de seguro podem ter que pagar US$ 5 bi a vítimas do acidente com Airbus da TAM
. Fabricante do Airbus A320 sabia da possibilidade de problemas na aterrissagem com reverso pinado

2 de agosto:

. Todo dia um Airbus A320 da TAM apresenta problemas

5 de agosto:

. Transcrição em português do diálogo dos pilotos na caixa-preta do Airbus da TAM pode desvendar mistério sobre a causa do acidente

10 de agosto:

. Furo de reportagem da Folha revela cruzamento de dados das caixas-pretas do Airbus da TAM

. Dados das caixas-pretas mostram informações conflitantes da Airbus

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Fabricante do Airbus A320 sabia da possibilidade de problemas na aterrissagem com reverso pinado

Está no Blog do Fernando Rodrigues uma informação muito importante. Segundo ele, a fabricante do Airbus já reconheceu anteriormente o problema na interface homem-máquina, quando há problema num dos reversos, que comentei aqui. Para alertar os pilotos, ela criou um dispositivo, já instalado em muitos dos Airbus A320, “que emite um apito contínuo e faz acender uma luz vermelha na cabine quando há conflito de posicionamento dos manetes no pouso”.

Segundo Fernando Rodrigues, uma repórter da Folha tentou contato com a TAM para que a empresa informasse se o Airbus acidentado tinha o equipamento instalado. Não conseguiu resposta, o que deve querer dizer que não.

As perguntas que ficam são: Por quê? Culpa de quem, da Airbus ou da TAM?(leia a postagem completa do Fernando Rodrigues clicando aqui)

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Companhias de seguro podem ter que pagar US$ 5 bi a vítimas do acidente com Airbus da TAM

Agora vai começar a guerra de versões espalhadas pelas companhias de seguro de um lado e pelos advogados das vítimas do outro.

Como sempre rápidos no gatilho, advogados americanos do peruano naturalizado norte-americano Ricardo Tazoe, que morreu no acidente, ajuizaram uma ação na Justiça Federal da Flórida (EUA) contra a TAM, Airbus, e outras duas empresas responsáveis pelas partes mecânicas da aeronave, turbinas e freios, segundo a Folha Online.

A ação não estabelece um valor. Segundo [o advogado] Martinez-Cid, um juiz federal estabeleceu recentemente o valor de US$ 25 milhões de indenização a familiares de uma vítima de um acidente aéreo ocorrido em Boca Raton, na Flórida.

Como são 199 (até o momento) as vítimas, dá quase US$ 5 bi. Portanto, mais do que nunca é hora de estar atento para não se deixar manipular.

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Briga de pilotos com sistema Fly-By-Wire do Airbus da TAM pode ter causado o acidente

Como afirmei logo após o acidente, o conteúdo da caixa-preta de voz dá margem a que se interprete que uma briga de pilotos e computador pode ter causado acidente com Airbus da TAM. O sistema Fly-By-Wire do Aiburs A320 nasceu polêmico e continua assim.

O A320 tornou-se referência em tecnologia, com avanços inéditos: é o primeiro avião comercial totalmente FBW (Fly-by-wire) do mundo, e uma novidade que provocou polêmica: dispensando os manches de controle, substituídos por side-sticks, mais parecidos com joysticks usados em vídeo games. Além disso, os computadores do avião "assumiriam o comando" da aeronave caso alguns parâmetros de controle fossem desrespeitados. Essa filosofia de controle foi duramente criticada pelos concorrentes.

Tanto assim que, no princípio de operações, esse radical avanço tecnológico provocou pelo menos 3 acidentes fatais, em que as tripulações "brigaram" com a máquina pelo comando da própria.

O detalhe em negrito dessa citação da Wikipedia sobre o Airbus A320 mostra o que pode perfeitamente ter acontecido. O avião, ao tocar o solo, ainda desenvolvia grande velocidade e, por algum motivo (talvez o manete na posição errada), o computador "leu" que o Airbus iria decolar e não pousar. Por isso, não permitiu a abertura dos spoillers (que se abrem sobre as asas e ajudam a parar o avião) e deu ordens para aceleração, mesmo com o reverso esquerdo funcionando, o que acabou fazendo com que o avião desse uma guinada à esquerda. Isso explicaria por que o piloto não conseguiu desacelerar [Hot 2: Desacelera!Desacelera!...Hot 1: Eu não consigo, eu não consigo!] o avião: o computador não deixou.

O computador, sabemos, é capaz de zilhões de operações, mas, "mentalmente", é como o português de anedota, entende tudo ao pé da letra. A partir do momento em que "leu" que o Airbus iria decolar, preparou-se para isso e não permitiu nenhum comportamento em contrário. Deu-se a tragédia.

Culpar o piloto pelo ocorrido é o procedimento usual dos fabricantes do Airbus nesses casos, mesmo que a repetição de acidentes com o mesmo perfil aponte para uma falha na interface homem-máquina. O culpado não pode ser apenas o piloto, todo o processo tem que ser repensado, antes que se repitam novos acidentes.

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O conteúdo da caixa-preta de voz do Airbus A320 da TAM

Da Folha Online:

Hot 1 e Hot 2 são os comandantes. Eles eram Henrique Stephanini Di Sacco, 53, e Kleyber Lima, 54.

Hot 1: Está ok? Tudo certo?
Hot 2 diz que está tudo OK na cabine e pergunta onde irão pousar.
Hot 1: Eu acabei de informar.
Hot 2: Eu não ouvi, desculpe, ela falando.
Hot 1: Mas ela ouviu. Congonhas.
Hot 2: É Congonhas? Que bom. Ela deve ter ouvido, obrigado.
Hot 1: Lembre-se que temos apenas um reverso.
Hot 2: Sim, nós só temos o esquerdo.

TAM 3054 reduz velocidade para aproximação e chama a torre.
Hot 1: Boa tarde.
Hot 2: Boa tarde
Hot 1: Torre de São Paulo, aqui é TAM 3054.
Torre: TAM 3054 reduza a velocidade mínima para aproximação. O vento é norte 106.
Hot 1: Eu vou reportar quando estiver ok.
Torre: Autorizado.

[Ele voava a 6.000 pés. Os trens de pouso descem.]
[Check list final. Uma verificação indica que a aeronave passa por Diadema.]

Piloto avisa cabine de comando de que estava pronto para pousar.
Hot 1: Aterrissando sem azul. Pista de chegada à vista, pousando.
Um dos comandantes pergunta à torre sobre a condição da chuva, da pista, se ela está escorregadia.
Hot 1: TAM em aproximação final a duas milhas de distância. Poderia confirmar condições?
Torre: Está molhada e ainda escorregadia
Torre: Eu reportarei quando a 35 estiver liberada. 3054 na final.
Torre responde que outra aeronave está começando a decolar.

Torre: TAM 3054. 35 à esquerda. Autorizado para pousar. A pista está molhada e escorregadia. O vento é 330 a 8 nós.
Hot 1: 330 a 8, é o vento.
Torre: Checado, 3054, 3054 Roger. O pouso está liberado. O pouso está liberado.

[Piloto automático desconectando. Som de três cliques indica a reversão do CAT 2 ou 3 para CAT 1, ou seja, para aproximação visual.]

Torre: Inibido a descida para mim. Tira o sinal.
Hot 2: Um ponto agora. Ok?
Hot 1: Ok.
Torre: Ok. Retardar, retardar.

[Som do movimento do acelerador. Barulho do motor aumenta. Som de toque na pista.]

Hot 1: Reverso 1 apenas. Spoilers nada.
Hot 2: Olhe isso! Desacelera! Desacelera!
Hot 1: Eu não consigo, eu não consigo. Oh, meu Deus! Oh, meu Deus!
Hot 2: Vai! Vai! Vira! Vira! Vira!

[Som de batida. Pára som de batida.]

Torre: Ah, não.

[Som de gritos. Voz feminina. Som de batida.]

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Notícias Desaparecidas: Por que não se investiga o que foi levantado na CPI do Banestado?

Eu já havia feito uma postagem aqui cobrando isso. Repito-a agora. Quem sabe dessa vez...

Falta uma CPI

(...) tudo isso aconteceu e continua acontecendo por conta da “abortada” CPI do Banestado.

Para quem não está ligando o nome à coisa, esclareço: a CPI do Banestado estava investigando mutretas com as CC-5, contas assim chamadas porque foram criadas por uma carta circular n° 5 do Banco Central.

As CC-5 não permitiam fazer movimentação em dinheiro do Brasil para o exterior, e vice-versa, acima de R$ 10 mil. Até que no governo FHC o Banco Central estabeleceu uma autorização especial para movimentação acima desses valores, alegando que a finalidade era facilitar o repatriamento dos dólares movimentados na fronteira Brasil-Paraguai.

Apenas cinco bancos foram autorizados a fazer essa movimentação: Banco do Brasil, Banco Real, Banestado (que era o banco do estado do Paraná), o Bemge (banco do estado de Minas Gerais) e o Araucária.

Se os outros eram ou megabancos ou banco médios, o Araucária...bem, o Araucária tinha duas agências, uma em Curitiba e outra em Foz do Iguaçu, e num andar alto. Por que ele entrou na autorização, em meio a bancos graúdos, não sabemos, já que a CPI ficou pelo meio do caminho. Mas dizem que é um banco relacionado à família de um famoso senador por Santa Catarina...

Acontece que, a partir dessa autorização, o uso das CC-5 explodiu. Dinheiro vinha do Brasil todo, “passava” por Foz, ia e voltava, numa lavagem fenomenal que atingiu a cifra espantosa de 75 bilhões de reais. O que, ao câmbio de hoje, dá mais de 30 bilhões de dólares.

Em entrevista à revista Caros Amigos de setembro, o procurador da República Vladimir Aras declarou que a desfaçatez chegou a tal ponto que carros-fortes saíam de uma agência de banco em Foz do Iguaçu, davam uma volta na praça e retornavam, fingindo que haviam ido até o Paraguai. Levavam o dinheiro para passear e ele voltava limpinho, incrível, não?

No entanto, apesar – ou por causa – desse vasto material colhido pelo Ministério Público, a CPI deu em nada. Muitas acusações foram feitas – inclusive ao relator e ao presidente dela –, mas o resultado foi nenhum.(...)


Por que não se investiga a fundo? Por que o assunto desapareceu do noticiário? Se alguém tiver alguma informação sobre mais essa Notícia Desaparecida, envie-a aqui para o blog.

Algo no ar, além da CPI dos aviões de carreira

Todo mundo sabe que quem entende de apagão é o ex-presidente FHC. Foi sob sua presidência que os brasileiros tiveram que desenterrar fogareiro jacaré, pacotes de velas, lamparinas. Houve racionamento de energia, bônus para os que diminuíram consumo, o diabo.

Agora a oposição quer dar o troco. Chamam de apagão a tal crise no setor aéreo – misteriosamente iniciada logo após o acidente da Gol, provocado por um jatinho pilotado por dois norte-americanos –, e acham que a medida capaz de resolver o problema é a criação de uma CPI.

Contratar mais controladores, treiná-los melhor. Nada disso, CPI. Mais e melhores equipamentos, também não serve: CPI. Agilidade para pagar as indenizações às famílias das vítimas no acidente, isso pode esperar. O negócio deles é CPI.

Criaram até um endereço eletrônico para que as pessoas assinem um manifesto a favor da tal CPI do Apagão. Nele, afirmam que não querem “fazer desse drama um palanque político, mas resolver rápida e honestamente o problema”.

Bobagem. Isso é tudo o que eles querem: fazer do problema nos aeroportos um palanque político e empurrar a solução do problema com a barriga da CPI. Isso foi anunciado por um de seus teóricos, o ex-prefeito do Rio ainda no exercício do cargo, César Maia, conforme publiquei aqui:

César Maia confessa: o objetivo da oposição é derrubar o governo

Em seu ex-blog de ontem o ex-prefeito do Rio, ainda no exercício do cargo, César Maia, confessa com todas as letras que o objetivo da oposição não é ajudar o país nem melhorar a vida da população, é derrubar o governo Lula. Inclusive dá a receita:

A oposição deveria assistir o premiado documentário da luta de Cassius Clay na África anos atrás. Ou qualquer luta equilibrada entre pesos pesados. Se tentar nocautear o governo de saída pode ser nocauteado. Deve ir tirando a resistência do governo através de golpes sistemáticos no fígado e no baço. Girando em torno do governo e desgastando-o sempre e continuadamente.
Com isso acelera o necessário desgaste do governo e o inevitável conflito interno um quadro inorgânico como o brasileiro.
O tempo da oposição começa no segundo ano de governo. Aí já poderá levar o governo a lona por alguns segundos. Mas para isso deve tê-lo desgastado nos primeiros rounds. A CPI do Apagão deve ter este foco. Não é a batalha final. E não pode ser tratada assim. A ela vão se somando outras e sucessivas: a emenda número 3, o leque de gastos sem licitação do governo e o TCU está cheio deles auditados, as prorrogações da DRU e da CPMF, etc... e tal... progressivamente.