Repórteres nos aeroportos para provocar notícia

Vamos falar sério. Já está ridícula a cobertura da imprensa nos aeroportos. Chuva, nevoeiro, mau tempo sempre causaram atrasos em vôos – e não somente no Brasil, mas em qualquer lugar do mundo.

No entanto, para nossas emissoras de TV parece que não. Repórteres espalhados pelos principais aeroportos estão à procura de um fato espetacular, de preferência com vítimas. E ele certamente virá, mais dia, menos dia.

Há alguns meses, um covarde-valentão (ou valentão-covarde, se preferirem) agrediu a funcionária de uma companhia aérea. Na ocasião, pessoas intervieram e o tumulto parou por ali – ainda mais, porque o valentão ficou calminho quando confrontado por outro homem.

Mas as reportagens a todo momento, os Ao Vivo a toda hora funcionam como isca, parecem dizer “quem quer aparecer na TV?”, “quem quer ser notícia no Jornal Nacional?”. E há quem seja capaz de tudo para aparecer na telinha.

Mas o que a gente quer saber, ninguém responde: por que esses estranhos problemas sintomaticamente passaram a aparecer nos aeroportos brasileiros imediatamente após a colisão do Boeing da Gol com o jatinho pilotado por dois americanos e que causou a morte de 154 brasileiros?

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Empregada doméstica e motorista de táxi dão aula de cidadania

A empregada doméstica Sirlei Dias de Carvalho Pinto tem aplicado a seus agressores uma lição de moral, de que dificilmente irão se esquecer. Lúcida, magoada e ofendida, mas sem rancor, a superioridade moral de Sirlei esmaga ainda mais o quinteto sádico que a agrediu brutal e covardemente no final de semana passado, aqui no Rio.

Ela deu nova prova disso em suas declarações de ontem, quando retirou os holofotes de sua cabeça e os colocou no motorista de táxi que, com sua atitude, tornou possível a identificação e a prisão dos jovens. Sirlei fez o que a mídia (com a honrosa exceção deste blog) não havia feito até ali: manifestou seu reconhecimento e gratidão ao taxista:

"Queria agradecer o taxista, ele foi um herói, naquele momento. Eu não estou vendo ele, mas ele está me vendo e quero agradecer. Ele me tratou como se trata de uma filha. Ele já é como se fosse da minha família. ele foi um pai para mim, um herói. Se não fosse ele, eu não estaria aqui. Depois que isso tudo passar, quero conhecê-lo", disse Sirlei.

Como se não bastasse, Sirlei ainda lançou um olhar generoso sobre os pais de seus agressores:

"Ainda sinto medo, muito medo. Sei que eles estão presos, mas sinto como se eles ainda estivessem na rua. Quero que os jovens olhem isso, parem e pensem para que a gente tenha uma sociedade mais tranqüila para que os pais não sofram tanto quanto os pais desses jovens estão sofrendo."

A empregada doméstica e o motorista de táxi são duas pessoas que entraram em nossas vidas numa circunstância trágica para mostrar como pode ser melhor nosso estado, nosso país, se seguirmos as lições de cidadania que eles estão nos dando.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Um personagem fundamental no caso da empregada agredida por pitboys na Barra

A agressão covarde que os cinco jovens da Barra praticaram contra a empregada Sirley só chegou ao nosso conhecimento e à nossa indignação por causa de um homem, o motorista de táxi que presenciou a agressão, anotou a placa do carro dos jovens e os denunciou.

O motorista – que, para sua segurança, permanece anônimo – deu um show de solidariedade e um exemplo de cidadania. Poderia ter se omitido, seguido com seu táxi, evitado todo o aborrecimento por que está passando, mas não o fez, e é graças a ele que os jovens estão presos e à disposição da justiça.

Hoje pela manhã ele compareceu à delegacia para prestar depoimento, mesmo estando completamente abalado, segundo informou o delegado da Barra:

"Nunca vi ninguém tão chocado, tão transtornado, como o taxista. Ele realmente está abalado. Chorou muito durante o depoimento e mal conseguiu assinar o documento."

Assassinos, corruptos, ladrões, aparecem todo dia no noticiário. Atitudes como a do motorista, não.

Parabéns a ele. E que seu exemplo nos sirva de lição.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Os pitboys e os pitblogs

Os cinco pitboys que agrediram barbaramente a empregada doméstica Sirley Dias de Carvalho Pinto chocaram e indignaram o país. Da mesma maneira que chocaram e indignaram o país os jovens que há 10 anos incendiaram o índio Galdino, em Brasília.

São semelhantes até nas justificativas. Os de hoje, alegam que pensavam que Sirley fosse uma prostituta. Os de Brasília alegaram que pensavam que o índio fosse um mendigo. Como se agredir – ou mesmo matar – um mendigo ou uma prostituta não fosse igualmente crime.

Na internet Brasil também temos a contrapartida dos pitboys: são os pitblogs. Em comum, a violência gratuita dos ressentidos. Eles têm absoluto desprezo pelos que lhes são diferentes. Se uns socam e chutam, os outros agridem verbalmente.

É fácil identificar os pitblogs. Seus responsáveis se acham donos da verdade. Não abrem espaço para o contraditório, e cultivam nos comentários uma legião de seguidores (em geral, indignados úteis) que aplaudem e imploram por sua agressividade, numa relação sadomasoquista.

Os mendigos e prostitutas dos pitblogs são os petistas, os lulistas e agora também os chavistas.

O que os ataca é uma doença infantil, o sentimento de onipotência de uma criança de cinco anos. Quando acontece um crime como o de agora, contra a empregada Sirley, os pitboys se dão conta de que não podem tudo, e se apavoram.

Já os pitblogs se escandalizam com a violência dos pitboys (embora seus blogs preguem a violência e sejam tão violentos quanto) e acham que os pitboys só agiram assim, porque não levaram umas boas porradas dos pais...

Pitblogs e pitboys podem até não freqüentar os mesmos ambientes. Mas agem na mesma freqüência. São como a Inquisição e a fogueira.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

É crime facilitar a prostituição e faturar em cima?

Pela lei brasileira, a prostituição não é crime. Mas tirar proveito da prostituição é. O Código Penal trata do lenocínio, que consiste em favorecer, induzir ou tirar proveito da prostituição alheia. No capítulo V, do Título VI, quatro artigos 227 a 230 referem-se ao lenocínio. Vou destacar trechos de dois deles.

Art 228: Induzir ou atrair alguém para a prostituição, facilitá-la ou impedir que alguém a abandone...
Art 230: Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente dos seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça...

Aí leio o seguinte (reproduzo literalmente texto do jornal, omito apenas os contatos):

ADRIANA Quase mulher, estilo mulherão, loiraça bronzeadíssima 1,65 altura fantasias, cabelos naturais...
ALESSANDRA Tijuca mulher desejada loira 35 a (pele macia) cheirosa corpo escultural paciente. S/Decepções, momentos inesquecíveis. Realizando íntimas fantasias prive. Tel:...
LEILA 43 a Viúva ousada. Criatividades audaciosas, realizações qualificadas, emoções despertativas, c/momentos de loucuras irresistíveis. Experiente, carinhosa, discreta. 1,70 alt....

Esses são alguns dos classificados, selecionados entre algumas dezenas deles, publicados em O Globo de hoje (página 9 dos Classificados). Anúncios como esses são publicados diariamente no Globo.

Não sou advogado. Não sei nem se a lei e os artigos em que baseio esta postagem estão caducos. Por isso, gostaria de saber, caso ainda estejam em vigor:

. Os anúncios não estão facilitando a prostituição, infringindo, portanto, o Art 228?
. Os anúncios não estão tirando proveito da prostituição alheia (já que são pagos), infringindo o Art 230?
. O Globo, ao publicar os anúncios, não está “fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a [prostituição] exerça”, infringindo o mesmo Art 230?

Ainda que tudo isso seja legal, que o jornal alegue que não pode garantir que se trata de prostituição (embora todos saibamos que é disso que se trata), é moral, é ético faturar em cima da prostituição?

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Collor, Roberto Marinho, Brizola, CIAC, CIEP

O ex-governador Leonel Brizola morreu no dia 21 de junho de 2004. No dia 21 passado, amigos de Brizola se reuniram para relembrar o Velho, como era chamado. Dessa conversa me contaram uma parte muito interessante, que divido com vocês, envolvendo o ex-presidente e atual senador Fernando Collor e o ex-presidente das Organizações Globo Roberto Marinho.

O ainda presidente Collor estava sob intenso tiroteio, naquele período pré-impeachment. Resolveu vir ao Rio para uma conversa reservada com Roberto Marinho. Queria conseguir do “doutor Roberto” que a Globo não se engajasse na campanha pelo seu impeachment. Ou que pelo menos ficasse neutra. Ouviu do presidente das Organizações Globo que deveria abandonar a idéia dos CIACs, se quisesse seu apoio.

Para quem não se lembra, os CIACs eram a versão collorida dos CIEPs - projeto de escola popular em período integral, menina dos olhos de Brizola. Para quem não se lembra também, Brizola e Marinho eram inimigos declarados. Ainda mais depois do escândalo Proconsult (vou falar sobre ele numa outra postagem). E Brizola era o único governador de esquerda que defendia o mandato de Collor e acusava a direita, os “de sempre”, de conspirar contra o então presidente.

Collor teria respondido a Roberto Marinho que não poderia fazer aquilo. O projeto dos CIACs iria continuar. Depois, ao sair da sala, disse:

- Está tudo acabado. Vão me derrubar.

(Enviei e-mail para o atualmente senador Fernando Collor para que ele confirme ou não a história. Se ele responder, publico. E vou publicar também uma outra postagem, envolvendo Roberto Marinho, Brizola, CIEP e, dessa vez, o ex-prefeito do Rio, ainda no exercício do cargo, César Maia. Você vai ficar sabendo por que o "doutor Roberto" não gostava do projeto dos CIEPs e, depois, dos CIACs)

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Abertura de novela da Globo é plágio de comercial de empresa sueca?

Qual a sua opinião? O primeiro vídeo é o da empresa sueca. O segundo, o da abertura da novela 7 Pecados, da RGTV. Na minha opinião são como RGTV e RCTV: tudo a ver.

Ah, e se a sua conexão for banda larga clique nos dois ao mesmo tempo. A experiência é ainda mais interessante.





Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

O poder das Organizações Globo é um risco para a democracia no Brasil (II)

Aproveitando toda essa grita sobre liberdade de expressão e de imprensa, é bom lembrar e discutir: liberdade de quem?
As Organizações Globo têm um peso descomunal no Brasil. Esse peso descomunal deve ser discutido no Congresso. É necessário que se criem mecanismos regulatórios para garantir a liberdade de expressão. E a liberdade só pode existir se for plural, se não houver uma instância - como as Organizações Globo - com o poder de influenciar mais de 70% da população. Mecanismos que proibissem – como acontece em outros países, inclusive os EUA - a concentração de veículos de comunicação nas mãos de um só grupo, numa mesma cidade ou estado. Aqui no Rio, por exemplo, as Organizações Globo têm a TV Globo (RGTV), os jornais mais vendidos - O Globo e Extra -, estações de rádio - Globo, CBN... - além da revista Época, do portal de notícias etc., etc.
Comenta-se que o diretor de Jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, estaria estendendo seus tentáculos aos outros braços das Organizações. Mas o foco em Ali Kamel é uma bobagem. Ele é apenas um empregado. O foco é o grupo. Até quando se vai permitir a concentração de poder que as Organizações Globo têm no país? Isso não faz bem para a informação livre, muito menos para a democracia. Ao contrário: não permite uma e ameaça a outra.
Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Como Roberto Marinho autorizou Sarney a nomear Maílson da Nóbrega ministro da Fazenda

Na segunda-feira fiz uma postagem aqui chamada RGTV e RCTV: Tudo a ver. Nela, citava trecho de uma palestra de Paulo Henrique Amorim envolvendo os nomes de Roberto Marinho, José Sarney e Maílson da Nóbrega. Amorim afirmava que Maílson só assumiu após o OK de Roberto Marinho. Fui à fonte:

Eis o trecho da entrevista de Maílson da Nóbrega a Carlos Alberto Sandenberg, publicada na edição de março de 1999 da revista Playboy (assinantes podem ter acesso à íntegra da entrevista aqui), que confirma as palavras de PHA:

PLAYBOY: Mas, voltando na história, que traz tantas dicas para o presente, como o senhor se tornou ministro da Fazenda?

MAILSON: Em dezembro de 1987 eu era o secretário-geral do Ministério da Fazenda e o ministro era o Luiz Carlos Bresser Pereira. Um belo dia ele se demitiu e o presidente José Sarney me convidou para assumir interinamente. Ele me disse: "Vai tocando enquanto decido o que fazer". Como eu estava dentro da máquina, comecei atuando como se fosse o ministro. Tinha um grande problema com os exportadores, por exemplo. O governo queria acabar com a isenção do imposto de renda na exportação. Os exportadores reclamaram. Fiz uma bruta reunião em Brasília com todos os interessados e chegamos a uma solução. A negociação foi um grande sucesso e naquela noite fui convidado pelo [jornalista] Paulo Henrique Amorim para fazer um pingue-pongue ao vivo no Jornal da Globo. A entrevista repercutiu pra burro. No outro dia o presidente me ligou dizendo que tinha gostado muito. Daí começaram as especulações de que eu seria efetivado. Uns dias depois, o presidente me convidou para ir ao Curupu, uma ilha no Maranhão onde ele tem uma residência de praia. Fui num avião da FAB e, quando cheguei a São Luís, estava uma festa. Os jornais e as TVs tinham lá seus enviados especiais porque todo mundo especulava que ali ia surgir o convite. Conversei umas 6 horas com o presidente. Ele me convidou, mas disse que nada poderia ser anunciado ainda porque precisava aparar algumas arestas.

PLAYBOY: Disse quais eram?

MAILSON: Não, mas a aresta era o [presidente das Organizações Globo] Roberto Marinho, que tinha outro candidato para o cargo, o Camilo Calazans [um quadro da área econômica com a mesma origem de Mailson, o Banco do Brasil].

PLAYBOY: Quem lhe contou?

MAILSON: Eu deduzi. Naquele dia, de volta a Brasília, fui ver os noticiários e não tinha saído nada no Jornal Nacional. Nada. E eu tinha visto a equipe da Globo em São Luís. Falei com o repórter. Aí fiquei com a pulga atrás da orelha. Conversei com algumas pessoas e todas me disseram que só podia ser porque Roberto Marinho estava trabalhando por outro nome.

PLAYBOY: O senhor reagiu, se articulou?

MAILSON: Sinceramente, não. O presidente tinha dito que o problema era dele. Continuei tocando. No dia 5 de janeiro [de 1988], o presidente me ligou perguntando: "O senhor teria algum problema em trocar umas idéias com o Roberto Marinho?" Respondi: "De jeito nenhum, sou um admirador dele, até gostaria de ter essa oportunidade".

PLAYBOY: Nunca tinha conversado com ele até essa data?

MAILSON: Não. A Globo tinha um escritório, em Brasília, no Setor Comercial Sul. Fui lá e fiquei mais de 2 horas com o doutor Roberto Marinho. Ele me perguntou sobre tudo, parecia que eu estava sendo sabatinado. Terminada a conversa, falou: "Gostei muito, estou impressionado". De volta ao Ministério, entro no gabinete e aparece a secretária: "Parabéns, o senhor é o ministro da Fazenda". Perguntei: "Como assim?" E ela: "Deu no plantão da Globo" [o Plantão do Jornal Nacional].

PLAYBOY: Quanto tempo o senhor levou da sede da Globo para o Ministério?

MAILSON: Uns dez minutos. Ou seja, em dez minutos o Roberto Marinho ligou para o presidente, estou supondo, porque o presidente nunca me contou nada. Imagino que conversaram e o presidente deve ter dito que então eu seria o ministro. E aí valeu o instinto jornalístico do Roberto Marinho e ele tocou no plantão.

PLAYBOY: O senhor ainda não tinha a confirmação do próprio presidente?

MAILSON: Logo tocou o telefone e era o presidente me chamando ao Planalto. Cheguei lá e ele já estava com o ato de nomeação pronto. Assinou na minha frente. Daí foi tudo divulgado. Naquele dia fui dormir com aquela sensação: "Meu Deus do céu, como?" Pode soar um pouco piegas, mas parecia um negócio de conto de fadas, considerando minha origem, a trajetória, tudo. Fui dormir entre tenso e alegre.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Polícia do ex-presidente da UNE José Serra invade a Unesp e retira alunos à força

A notícia os jornalões deram. Falam que a invasão foi às duas da madrugada, de terça para quarta. 92 estudantes foram detidos, interrogados e libertados. Entrevistas, apenas com o reitor, o secretário de segurança e o comandante da tropa. Todos dizem que ocorreu tudo bem. Divergência apenas quanto ao número de policiais empregados: 250, 180 ou 130, sendo que 30 da tropa de Choque.

Mas quem lê somente os jornalões fica sabendo apenas o que eles querem que se saiba. Por exemplo, uma olhada na Tribuna Impressa, de Araraquara, mostra um outro lado da questão. São depoimentos de professores, inconformados com a invasão da polícia.

A intervenção judicial e policial para frear o movimento dos estudantes que ocupavam a sala da diretoria e vice diretoria da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp de Araraquara foi condenada por docentes e representantes de categorias de classe, ouvidos ontem pela Tribuna.
A atitude foi considerada lamentável por muitos deles, que também acreditam que a postura adotada pela Reitoria da Universidade e seguida à risca pela diretoria da unidade não foi a melhor solução para o impasse envolvendo estudantes e a Faculdade, por se tratar de um movimento político e com reivindicações voltadas à melhoria da educação.
(...)Na avaliação, da docente Maria Orlanda Penassi, do departamento de educação, não houve violência física contra os alunos, mas houve violência moral, simbólica, política e de liberdade de expressão. “Não havia necessidade de todo o aparato policial. Foi um ato violento em si. Não ter a presença da polícia na universidade foi algo que conquistamos ao longo dos anos”.
O professor Milton Lahuerta, docente do curso de Ciências Sociais, acredita que este tipo de decisão fere a democracia. “Não concordo com a atitude de entrada da polícia no Campus”, diz, ao considerar o ato como uma medida truculenta. Para o professor, a solução para ocupação deveria ser encontrada por meio do diálogo.
João Bosco Faria, presidente da Associação de Docentes da Unesp (Adunesp), considerou o desencadeamento da desocupação como “lamentável”. De acordo com ele, a diretoria poderia ter pensado outras formas para resolver o impasse entre os estudantes, que na avaliação de Faria, tem um pauta de reivindicação justa. “Poderia ter sido negociado de outra forma”, diz.
(...)A ação policial no Campus ativou a memória da repressão da ditadura. Muitos universitários se manifestavam com dizeres como ‘abaixo a ditadura’ e ‘abaixo a repressão’, entoados quando os estudantes aguardavam o procedimento policial dentro dos ônibus.
A educadora Maria Orlanda concorda com a alusão. “A ditadura chega pelos fundos e precisamos reagir contra manifestações de força. Se não reagirmos, deixaremos as portas abertas para que tudo seja resolvido à base da força. Temo pela comunidade acadêmica como um todo”, alerta. “Não vivenciei essa época, mas militei quando era estudante na década de 80”, conta Lahuerta.
A professora de Filosofia aposentada, Regina Célia Bicalho Prates e Silva, diz que a invasão “me deixou horrorizada, escandalizada”. Segundo ela, “não poderia imaginar que isso pudesse acontecer, não aconteceu em momentos muito piores de nossa história, por isso, fico chocada”

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

RGTV e RCTV: Uma manipula aqui, a outra manipulava lá

Assistindo outro dia a um programa Sem fronteiras sobre Chávez, na Globonews tive certeza de que a Globo, quando divulga notícias falsas sobre a Venezuela, não o faz por desinformação, mas por manipulação mesmo.

O programa tem três repórteres – Ari Peixoto, Jorge Pontual e Silio Boccanera. Peixoto fez sua reportagem na Venezuela. Pontual, nos EUA. E Boccanera, na Inglaterra.

Mesmo com uma tendência geral antichavista, o programa apresentou em alguns momentos dados e informações sobre a Venezuela atual que jamais são divulgados pela RGTV (Rede Globo de Televisão).

Da reportagem de Ari Peixoto:

. A pobreza geral da população caiu de 44% em 99 para 32% hoje
. Os gastos públicos com educação são 35% maiores com Chávez
. As missões (programas de educação), com a ajuda de técnicas cubanas, alfabetizaram 1,5 milhão de crianças, permitiram que 760 mil estudantes concluíssem o segundo grau e levaram 240 mil jovens à Universidade
. Chávez trouxe 13 mil médicos de Cuba, que moram em favelas, em cômodos cedidos pelos moradores, e realizam um atendimento preventivo e gratuito
. Chávez construiu 150 mil casas e deu direitos de propriedade a mais de 5 milhões de habitantes em bairros populares
. No campo, entregou 1,5 milhão de hectares de terra para 130 mil famílias de trabalhadores rurais

Na reportagem de Jorge Pontual há a informação (jamais transmitida pela RGTV de Kamel e William Homer) de que “em 2002 houve uma greve geral convocada pela maior rede de TV da Venezuela [sobre imagens de noticiário da RCTV], seguida de um golpe militar”.

Pontual entrevista uma editorialista do Wall Street Journal, Mary Anastasia, que ele apresenta como "uma das mais ferrenhas adversárias de Chávez". Ela desanca o presidente venezuelano, conforme a encomenda, mas deixa escapar no início da entrevista a informação de que a oposição a Chávez esteve no poder antes dele, e “a Venezuela viveu durante 40 anos numa democracia corrupta”.

Na reportagem de Silio Boccanera, há uma entrevista com Francis Dominguez (este um defensor de Chávez), que afirma que “foram [realizadas] 11 eleições na Venezuela num período de 8 anos. Os chavistas ganharam todas. Cada vez com vantagens mais significativas. Eleições reconhecidas e fiscalizadas por organizações independentes como o Centro Carter (do ex-presidente americano Jimmy Carter), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e observadores da União Européia”.

Por que nada disso passa na nossa RGTV?

A explicação talvez esteja neste fragmento de um poema de Affonso Romano de Sant’Anna, chamado A Implosão da mentira:

Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.


Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

O Globo, Folha, Estadão: O que eles mostram e o que escondem

Hoje, na primeira página dos jornalões, você leu:

Estadão: Um dia após reajuste, Planalto cria 626 cargos
Folha: Governo Lula cria mais de 600 cargos de confiança
Globo: Lula cria mais 626 cargos de confiança

Hoje, na primeira página ou em qualquer outra dos jornalões, você não leu:

Emprego cresce mais no Brasil do que em países ricos, diz OCDE

Brasil, Rússia, Índia e China, os chamados BRIC, geraram mais de 22 milhões de novos empregos por ano, em média, entre 2000 e 2005, segundo dados divulgados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o grupo das 30 economias mais industrializadas do mundo.

O número é cinco vezes maior do que a geração de empregos de todos os países da OCDE juntos, segundo números da própria organização.

Só no Brasil, foi gerada uma média de 2,7 milhões de novos postos de trabalho por ano neste período, enquanto o grupo de países integrantes da organização criou apenas 3,7 milhões de empregos por ano.

O surgimento de tantas novas vagas se refletiu nas taxas de emprego brasileiras, que subiram entre 2000 e 2005, chegando a 70%, um número mais alto que a média da OCDE.

Para ler isto foi preciso ir ao site da BBC Brasil, onde está a matéria completa.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Michael Moore, SiCKO (trailer oficial)



Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Aniversário de Chico Buarque



Futuros Amantes (Chico Buarque)

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Relaxe: Gozação com Marta Suplicy

Enviada por RR:

“Para quem acha que viajar a trabalho é um passeio.”

Painel de aeroporto com Relaxa e Goza

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

O que a chamada 'mídia golpista' quer de Lula

Do ex-deputado José Dirceu, em seu blog:

A imprensa assumiu que é oposição ao governo

Hoje [ontem, dia 18] no "Bom dia Brasil," Alexandre Garcia, para criticar a ministra Marta Suplicy pela sua frase sobre os atrasos nos aeroportos, deu como exemplo e comparou a frase da Ministra com a citação inscrita pelos nazistas nos portões dos centros de extermínio do Terceiro Reich: "o trabalho liberta". Uma prova cabal da irresponsabilidade do jornalista, que ficará impune, e da aberta campanha de oposição das organizações Globo ao governo e ao Presidente Lula.

Tanto o jornal "O Globo", que não revela mais nenhum respeito pelo Presidente ou pela instituição da Presidência, como a rede Globo em seus noticiários, estão abertamente na oposição ao governo. Como se fossem um partido, com um Comitê Central, que, diariamente, pauta o pais contra o governo e o presidente. Só não vê quem não quer, ou quem ainda tem ilusões.

Fica uma pergunta: já que o governo não moveu um dedo contra a mídia e que tem dado todo apoio às empresas de comunicação, a quem interessa essa linha editorial das Organizações Globo? E o que pretendem seus idealizadores e executores? Transformar o Brasil numa Venezuela? Desestabilizar o governo? Destruir a imagem popular do presidente? Organizar o discurso da oposição?

Quaisquer que sejam as respostas, fica a minha indignação e a minha firme decisão de resistir e combater essa ação antidemocrática e violadora da liberdade de imprensa que impera como nunca no Brasil.

Não só nos veículos das Organizações Globo, diga-se de passagem, mas em praticamente todos os grandes jornais da imprensa brasileira.

O que eles querem? Vou dar minha opinião. Eles não querem derrubar o Lula, querem sequestrar o presidente para conseguir:

1. Manter as concessões, inclusive as bandas da TV digital. O assunto da TV digital só saiu da mídia, mas não da cabeça deles. Há a questão das empresas de telefonia, que os ameaça.

2. Querem manter a “liberdade de imprensa” a qualquer custo. Mas “liberdade de imprensa” para eles significa poder descer o pau no governo, destilar seu preconceito, caluniar, mentir, agredir, difamar, sem punições (nem pensar em recorrer à Justiça, pois seria um cerceamento a essa “liberdade de expressão”...), mas, fundamentalmente, e muito pelo contrário, que o governo continue mantendo os patrocínios – Petrobras, BB, Caixa etc. -, as verbas publicitárias divididas como sempre.

3. Encurralar Lula para que ele se veja obrigado a fazer as reformas previdenciária e trabalhista, nos moldes em que eles defendem.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

RGTV e RCTV: Tudo a ver

Logo Rede GloboLogo Radio Caracas de Televisión

Dois fatos explicam a grita e mostram a relação umbilical da RGTV (Rede Globo de Televisão) com a RCTV (Radio Caracas de Televisión).

Um, a perda de poder da Rede brasileira, que já mandou no Brasil, mas há duas eleições vê seu candidato ser derrotado por Lula.

Trecho de uma palestra de Paulo Henrique Amorim, transcrita em seu site Conversa Afiada, mostra o poder de que já desfrutou a Globo:

Eu era editor de economia da Rede Globo e não podia dizer o nome do ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, porque havia uma divergência sobre um negocio empresarial do doutor Roberto Marinho com o Maílson da Nóbrega. O doutor Roberto queria fazer uma exportação de casas pré-fabricadas em condições lesivas ao patrimônio público. O Maílson da Nóbrega não concordou e era proibido falar o nome do Maílson da Nóbrega. Então tinha que falar “governo”, “autoridades fazendárias”. Não se podia falar “Maílson da Nóbrega”.

Aliás, a nomeação do Maílson da Nóbrega é muito interessante e merece ser registrada. O Maílson da Nóbrega era vice-ministro da fazenda do Bresser Pereira. O Bresser Pereira caiu e, aí, o Maílson da Nóbrega ficou lá interino. Eu era editor de economia, tinha uma coluna de economia no “Jornal da Globo” e fazia entrevistas no “Jornal da Globo”. Fui a Brasília para entrevistar o Maílson da Nóbrega. Naquele tempo a gente podia fazer na televisão uma entrevista de dez minutos com um ministro da Fazenda. Hoje, nem pensar. E aí o Maílson se saiu muito bem, ele é meu amigo e é uma pessoa muito articulada. Deu respostas boas, e o presidente José Sarney viu a entrevista. Ele não conhecia muito bem o Maílson e resolveu nomeá-lo naquela noite.

Ele chamou o Maílson ao Palácio no dia seguinte, no Planalto. Entrevistou o Maílson de novo e, aí, disse: “Você aguarde. Vá ali para aquela sala ao lado”. Aí, naquela sala ao lado, ele foi conduzido pelo Antonio Carlos Magalhães, ministro das Comunicações, por um corredor e entrou numa outra sala e estava lá o doutor Roberto Marinho. E aí o doutor Roberto sabatinou Maílson da Nóbrega. E concordou com a nomeação do Maílson da Nóbrega. E o Maílson da Nóbrega achou aquilo tudo muito esquisito, saiu, foi embora para o Ministério. Quando ele chegou ao Ministério, a secretária disse: “Ministro! Ministro, parabéns !”. Ela tinha acabado de assistir a uma edição extra do “Jornal Nacional” dizendo que ele era o Ministro da Fazenda escolhido pelo presidente José Sarney. Quem conta essa história numa entrevista à revista “Playboy” chama-se Maílson da Nóbrega.

O outro fato a que me referi é que a grita da Globo é preventiva. Eles querem criar na mente dos brasileiros a ligação: “não renovação de concessão” é igual a “antidemocracia”, “autoritarismo”, “censura”.

Será que é por que este ano vence a concessão da afiliada da Globo de Brasília?

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

O Rio é uma maravilha

O Rio e o Cristo vistos de Niterói

É uma piada, uma brincadeira. Dizem que a melhor vista de Niterói é a do Rio. E a foto acima parece concordar. Clique nela para vê-la ampliada. E, depois, clique aqui para votar no Cristo como uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Elio Gaspari: 'Vavá está sendo linchado'

Do jornalista Elio Gaspari:

Vavá está sendo linchado

O homem do "arruma dois pau pra eu" é o biombo. Querem a jugular de Lula, o dos 60 milhões de votos

Genival Inácio da Silva, o Vavá, está sendo covardemente linchado porque é irmão do presidente da República. Ele é acusado de tráfico de influência sem que até hoje tenha aparecido um só nome de servidor público junto ao qual tenha traficado qualquer pleito que envolvesse dinheiro do erário. Um fazendeiro paulista metido numa querela de terras queria reverter uma decisão unânime do Superior Tribunal de Justiça. Vavá recomendou-lhe um advogado. Isso não é tráfico de coisa alguma. Um empreiteiro queria obras e encontrou-se com ele num restaurante. Ninguém responde se Vavá conseguiu favorecer esse ou qualquer outro empreiteiro.
A divulgação cavilosa e homeopática de trechos de gravações telefônicas envolvendo parentes de Nosso Guia tornou-se um processo intimidatório e difamador capaz de fazer corar generais do Serviço Nacional de Informações, o SNI da ditadura. No caso de Vavá, as suspeitas jogadas até agora no ventilador não guardam nexo com os fatos. Não há proporção entre as acusações que lhe fazem e o grau de exposição a que foi deliberadamente submetido.
A Polícia Federal vasculhou sua casa (um imóvel de classe média em São Bernardo do Campo). A diligência foi apresentada como parte de uma Operação Xeque-Mate, destinada a desbaratar uma quadrilha envolvida em contrabando, tráfico de drogas e máquinas caça-níqueis. Não era pouca coisa. Pelo que se sabe até agora, coletaram cinco papéis. Entre eles, duas cartas que não foram entregues. Vavá tentou alavancar dois casos com empresas privadas (Vale e CSN). Nenhum dos pleitos chegou à direção das companhias.
Os grampos policiais estabeleceram um vínculo entre Vavá e dois mercadores de casas de jogo e atravessadores de negócios. Um deles, Nilton Servo, ameaçou "trucidar" a família de um desafeto. O outro, Dario Morelli, compadre de Lula, julgava-se protegido pelas suas amizades e disse que a polícia pensaria "duas vezes em fazer qualquer coisa". Foi preso. Os dois planejavam maracutaias e contavam com a ajuda do irmão do presidente, a quem dizem ter dado algo como R$ 15 mil nos últimos meses. Nas palavras de Servo, "o Vavá é para ser usado".
Numa conversa, Vavá fez-lhe um pedido: "Ô, arruma dois pau pra eu?"
Lula tem 15 irmãos e algo como cem parentes. Desde que Tomé de Souza chegou a Salvador, nenhuma família de governante teve tão poucas relações com o Estado como a dos Silva. Mais: nenhuma veio de origem tão modesta e continuou a viver em padrões tão modestos. (Noves fora o Lulinha da Gamecorp.)
Vavá meteu-se por sua conta e risco com os negócios de Servo e do compadre Morelli. Desqualificá-lo por lambari, deseducado ou pé-de-chinelo é parte do linchamento. Ele é um cidadão, ponto. Seus atos vêm sendo investigados e serão levados à apreciação da Justiça. Podia ser membro da Academia Brasileira de Letras, dava na mesma. Antes da conclusão do inquérito policial, Vavá foi irremediavelmente satanizado a partir de indícios, suspeitas e manipulações. Seu linchamento não busca o cidadão metido com vigaristas. Busca a jugular do irmão.
Durante a última campanha eleitoral, quando o comissariado petista chafurdou na compra de um dossiê contra os tucanos, demonizou-se a figura de Freud Godoy, um assessor de Lula, conviva de sua panelinha. Durante três dias ele pareceu encarnar toda a corrupção nacional. Freud foi arrolado em dois processos, um criminal e outro eleitoral. Dizer que foi inocentado é pouco. Ele nem sequer foi indiciado.
O pessoal do século 21 sabe que Jimmy Carter é um ex-presidente dos Estados Unidos (1977-1981), Prêmio Nobel da Paz de 2002. Passará para a história como um exemplo de retidão. Isso agora. Quando estava na Casa Branca, Carter foi atazanado pela exposição de seu irmão Billy, caipira alcoólatra que se tornou lobista (registrado) do governo líbio. Criou-se o neologismo Billygate. Morreu em 1988, aos 51 anos, falido. Virou poeira da História.
Ninguém quer a jugular de Vavá, como não se queria a de Billy Carter. O negócio é outro.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Ariano Suassuna, 80

Ariano Suassuna

Salve os 80 anos do iluminado Ariano Suassuna.

A foto é de José Cruz/Agência Brasil.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

O tico tico no fubá da mídia golpista

Não perca, ainda hoje (se possível) uma versão do clássico "Tico Tico no Fubá", de Zequinha de Abreu, com uma letra minha sobre a mídia golpista. Fiquem, por enquanto, só com a letra:

O Tico tico no fubá da mídia golpista (Zequinha de Abreu / Antonio Mello)

Eu manipulo cá, eu manipulo lá
Eu manipulo pro governo derrubar
O Lula cai aqui, o Hugo Chávez lá
E a minha grana corrigida vai voltar

Aí omito aqui, aí aumento lá
Distorço tudo pra melhor manipular
O Lula cai aqui, o Hugo Chávez lá
E essa raça vai voltar pro seu lugar

Deus me defenda dos governos compañeros
Estão querendo dividir o meu dinheiro
Bolsa Família virou tudo de pernas pro ar
O pobre já não reconhece o seu lugar
Filho de pobre agora vive na escola
E a Polícia Federal da minha cola não descola
Sei que esse operário de gravata
Acabou me transformando num burguês de passeata

Eu manipulo cá, eu manipulo lá...

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Sarkozy (bêbado?) depois de encontro com Putin, no G8



Como o presidente francês afirma que não bebe, o que será que ele comeu?

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Cortázar e o 'Jornalismo de resultados'

Achei o conto de Cortázar a que me referi na postagem anterior. Chama-se Geografias e faz parte das Histórias de Cronópios e de Famas.

Os repórteres da matéria - e todos os que praticam o jornalismo de resultados - comportam-se como Gaston Loeb do conto. Reparem:

Geografias

Demonstrando que as formigas são as verdadeiras rainhas da criação (o leitor pode tomá-lo como uma hipótese ou uma fantasia: de qualquer maneira lhe fará bem um pouco de antropofuguismo), eis uma página de sua geografia:

(P. 84 do livro; assinalam-se entre parênteses os possíveis equivalentes de determinadas expressões, segundo a clássica interpretação de Gaston Loeb.)

"...mares paralelos (rios?). A água infinita (um mar?) cresce em certos momentos como uma hera-hera-hera (idéia de uma parede muito alta, que expressaria a maré?). Se a gente vai-vai-vai-vai (noção análoga aplicada à distância) chega à Grande Sombra Verde (um campo semeado, um mato, um bosque?) onde o Grande Deus eleva o celeiro contínuo para suas Melhores Operárias. Nesta região abundam os Imensos Seres Horríveis (homens?) que destroem nossos caminhos. Do outro lado da Grande Sombra Verde começa o Céu Duro (uma montanha?). E tudo isso é nosso, mas com ameaças."

Essa geografia foi objeto de uma outra interpretação (Dick Fry e Niels Peterson Jr.). O trecho corresponderia topograficamente a um pequeno jardim da Rua Laprida, 628, Buenos Aires. Os mares paralelos são dois pequenos canais de esgoto; a água infinita, um banho para patos; a Grande Sombra Verde, um canteiro de alface. Os Imensos Seres Horríveis insinuariam patos ou galinhas, embora não se deva descartar a possibilidade de que realmente se trate de homens. A respeito do Céu Duro desenvolve-se uma polêmica que não acabará tão cedo.

A opinião de Fry e Peterson, que vêem nele uma parede de tijolos, opõe-a de Guillermo Sofovich, que presume um bidê abandonado entre as alfaces.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Escolas de samba do Rio: Manipulação de reportagem e manipulação de resultados

Reportagem publicada no jornal O Globo de domingo, assinada por Chico Otavio e Aloy Jupiara, é um exemplo típico do jornalismo de resultados a que me referi aqui. Eles partem de uma premissa e forçam os fatos para que se encaixem nela, ainda que para isso joguem na lama, como suspeitos de corrupção, os nomes de 40 pessoas que atuaram como juradas no desfile das escolas de samba do carnaval do Rio.

Vou reproduzir aqui trechos da “reportagem”, que pode ser lida na íntegra na edição digital do jornal, que aceita consulta de até uma semana e pede apenas um registro para permitir o acesso. (os grifos e os comentários são meus)

Júlio César [Guimarães Sobreira, sobrinho do capitão Guimarães], em ligação telefônica interceptada pela PF no dia 8 de fevereiro deste ano, orienta Jacqueline da Conceição Silva, integrante do esquema, a fornecer um “kit” para determinado jurado do desfile — não há referência a nome no relatório. Como Jacqueline foi identificada como responsável pela organização e pela contabilidade da propina paga a policiais, sem ter ligação com o carnaval, a polícia desconfia que o “kit” possa ser propina [como a polícia “desconfia” e não há o nome do jurado no relatório, todos os 40 são jogados como possíveis corruptos].

Na ligação, Jacqueline diz que está mandando “o negócio para a pretinha” (imóvel usado pela organização criminosa para o pagamento de propinas [aqui a reportagem afirma que pretinha significa isso e não outra coisa]). Depois de ouvir de Júlio Cesar o pedido para que providencie os trâmites necessários a alguém que havia aceitado o convite para ser jurado, Jacqueline informa ao chefe que “o rapaz faz a posição” e “mandou dizer que hoje é pouco, mas que Júlio sabe por quê”. O sobrinho de Capitão Guimarães responde que sim, mas quer que mande um fax “com a posição”. [Acho que esse é um dos momentos culminantes do jornalismo de resultados. As frases jogadas assim não querem dizer absolutamente nada, mas nesse tipo de jornalismo elas dizem tudo, e o tudo é a tese que os jornalistas querem demonstrar]

Na “pretinha” ou “casa preta”, um apartamento na Rua Conde de Bonfim, na Tijuca, de onde Júlio geria o corpo de jurados, a PF descobriu uma parede falsa, na qual estavam ocultos R$4 milhões. Para os investigadores, o dinheiro (supostamente arrecadado em jogos de azar) comprova que o sobrinho de Capitão Guimarães evitava usar o sistema bancário. [Finalmente um fato...].

A PF relata também que, após a deflagração da Operação Hurricane, recebeu denúncias de que uma pessoa conhecida como Paulinho Crespo atuaria como matador a serviço de Anísio. Recebeu ainda informações de que “alguns indivíduos (não identificados), que trabalharam como jurados no carnaval e que se recusaram a receber benefícios de Anísio, foram ameaçados ou tiveram seus familiares ameaçados de morte, caso a escola de samba Beija-Flor não ganhasse o carnaval de 2007”. Não há detalhes sobre como os policiais chegaram a essas informações e quem é Paulinho Crespo. A Beijar-Flor foi a campeã do desfile. [O encaixe desta última frase serve para os jornalistas comprovarem a tese de que os jurados que não foram corrompidos, foram ameaçados, e o fato de a Beija-Flor ter sido campeã é a prova...].

(...) O relatório aponta ainda que, no notebook de Júlio Cesar, foi encontrada uma planilha com nomes dos 40 jurados do carnaval deste ano [estranho seria se encontrassem a planilha no meu computador. Júlio César, segundo afirma em outro trecho a mesma reportagem, “era o responsável pela escolha do corpo de jurados”, logo, não é de se estranhar que ele tenha a planilha com os nomes em seu notebook]. Entre eles, 11 estavam destacados. Os agentes federais afirmam, no entanto, que neste momento não é possível dizer por que os nomes estavam destacados.

Não duvido de que tenha havido tentativa de corrupção, ou mesmo corrupção, entre os jurados. O time a quem a prefeitura do Rio entregou o comando do carnaval tem um histórico muito pouco recomendável. Mas a matéria é um primor de desinformação e acaba lançando lama sobre os 40 jurados.

Pela tese dos jornalistas, minha filha de cinco anos pode ter escrito uma obra-prima. Pela quantidade de macarrão de letrinhas que ela ingeriu até hoje, juntando uma letra aqui, outra ali...

(A reportagem me fez recordar um conto de Cortázar. Vou procurá-lo)

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Web em guerra na Venezuela

Venezuela está sob intenso ataque. A guerra midiática chegou com a corda toda à internet, e o site Akamai, especializado em estatística web, aponta o país como aquele em que ocorre o maior número de ataques em todo o mundo.

Na Venezuela ocorreram 697 ataques em 24 horas. É muito grande a diferença para o segundo lugar, a Tailândia, com 260. Depois vem a China, com 137. Na América Latina, o Brasil tem 57, a Colômbia, 52, e o México, 29.

O blog de Luigino Bracci Roa, um dos mais populares da internet na Venezuela, foi crackeado e teve todas as suas postagens apagadas. Todos os mais de 450 vídeos postados por Lubrio – como é conhecido – também foram deletados do Youtube.

Sobre o ataque, vale ler uma postagem de Okrim Al Qasal, ¡Respalden sus blogs! ¡Respaldemos los de todos! , de onde retiro este trecho(os destaques são do próprio Okrim):

La acción de atacar la página donde un individuo se expresa de manera libre es un atentado contra toda la comunidad bloguera: sea un blog revolucionario o no, tanto si habla de carros como si lo hace de literatura, de viajes o de cocina, atacar un blog y borrar todo su contenido es algo que no defenderé NUNCA sea el atacante o el atacado de la ideología que sea. Si yo tuviera acceso y la posibilidad de eliminar blogs cuyas posiciones no comparto, como los de, por ejemplo, Kareta o Luis, jamás se me pasaría por la mente llevar a cabo ese acto tan mezquino, cobarde y despreciable, que deja bien en claro la catadura moral de quien lo perpetró. Como bloguero, sé lo que cuesta mantener estas bitácoras, y el esfuerzo que le dedican todos y cada uno de los miembros de la comunidad de blogs venezolana y mundial a sus "criaturas".
Junto con el blog de Lubrio, también fueron borradas todas las entradas de
Blogueros Socialistas de Venezuela, blog al que pertenecíamos ambos (junto con otra casi veintena de colaboradores). Su impulsor, Carlchucho, ya ha empezado a reconstruirlo, "a pesar de la canalla", como él mismo expone.
Quienes vomitaron este ataque de odio no se dan cuenta (o no les importa) lo que significa la dinámica bloguera, puesto que, al borrar las entradas de Luigino, también borraron los comentarios de otros usuarios de la comunidad bloguera y de Internet. Muchos de esos comentarios, además, contrarios a lo expresado por Luigino, rebatiendo algunas veces de manera razonada, otras más con corazón que con cabeza, y finalmente otras insultando y amenazando. Los promotores del acto troglodita, en su afán por ocultar las opiniones vertidas por Luigino en su blog, también eliminaron los argumentos que combatían esas mismas opiniones.
Un acto de intolerancia que afecta a toda la comunidad bloguera, ya que quienes participamos en la misma, tenemos todos las mismas oportunidades, y desde nuestras diferencias compartimos un mismo espacio; un ataque de esta índole debiera ser condenado por cada bloguero y bloguera que tenga noticia del mismo, puesto que como comunidad que somos nos afecta a todos por igual.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Apple lança seu browser Safari 3 também para plataforma Windows

Esta você sabe em primeira mão aqui no Blog. A Apple lançou ontem, 11 de junho, a versão beta de seu navegador Web, Safari 3, para Mac e agora também para Windows.

Segundo a Apple, testes com padrão iBench mostraram que o Safari é até duas vezes mais rápido que o Internet Explorer 7, três que o Opera 9 e 1,6 que o Firefox 2.

Se quiser fazer o download gratuito do Safari 3, clique aqui. Ou então, clique aqui para ver o Safari 3 em ação. Para mais informações e também para ver os comentários de alguns webmaníacos que já testaram o Safari 3 e falaram de suas primeiras impressões, clique aqui. Adianto que há muitas críticas.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Ray Charles: Georgia (e outras coisas também) on My Mind

A Wikipedia em português diz que ele morreu no dia 11 de junho de 2004. A inglesa afirma que foi no dia 10. Pouco importa. Ao recordar a morte de Ray Charles, a Wikipedia me remeteu à lembrança de meu irmão mais velho, Walter, que morreu há quase 18 anos. Ele era louco por Ray Charles, e uma das mais gostosas lembranças de minha infância é a de meu irmão colocando o disco na vitrola e a voz de Ray Charles cantando Georgia on My Mind invandindo a sala de nosso apartamento na Gávea.

Divido esse prazer com vocês agora. A gravação é daquela época.


Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

A do português e a do brasileiro

Um ministro português recebeu, em Lisboa, um ministro brasileiro. Simpático, o português convidou o brasileiro a ir à sua residência.

O ministro brasileiro foi e ficou espantado com a bela vivenda. Em um bairro chiquérrimo e com piscina. Com informalidade, o brasileiro pôs-se a fazer perguntas.

- Com um ordenado que não chega a mil contos limpos, como é que o meu amigo conseguiu tudo isto? Não me diga que era rico antes de ir para o Governo?

O ministro português sorriu, disse que não, antes não era rico. E, como quem quer dar explicações, convidou o outro a ir até a janela.

- Estás a ver aquela auto-estrada?
- Sim - respondeu o brasileiro.
- Pois ela foi feita por 100 milhões. Mas, na verdade, só custou 90... - disse o português, piscando o olho.

Semanas depois, o ministro português veio ao Brasil.

O brasileiro quis retribuir a simpatia e convidou-o a ir até sua casa. Era um palácio, com varandas viradas para o pôr-do-sol, jardins japoneses e piscinas em cascata.

O português nem queria acreditar, gaguejou perguntas sobre como era possível um homem público ter uma mansão daquelas.

O brasileiro levou-o à janela:

- Está vendo aquela auto-estrada?
- Não.
- Pois então...

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Este é o maior salário mínimo desde 1953

A notícia está no G1, portal das Organizações Globo. Não merecia a capa de todos os jornais? Mas, você viu – não digo nem a capa - a reportagem por aí?

É que não está na cartilha do jornalismo de resultados. Agora, o Vavá você viu, não? É a cartilha.

Clique aqui para ver um gráfico da reportagem do G1 com a evolução do mínimo desde 1953.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Algemas nos Malufs

A grita é geral. OAB, políticos, empresários, todos contestam o “uso abusivo” de algemas pela Polícia Federal. “Abusivo”, claro, porque agora, pela primeira vez, estão sendo usadas neles.

Em setembro de 2005, publiquei esta postagem sobre o assunto, que repito agora.

Algemas no Maluf

Em artigo publicado na Folha, Marco Petrelluzzi, procurador da Justiça e ex-secretário da Segurança de SP, defendeu que houve arbitrariedade e abuso de poder na prisão de Paulo e Flávio Maluf.

Petrelluzzi começou dizendo que sempre foi contra Paulo Maluf, a quem chega a chamar de “um dos políticos mais nocivos da história deste país”. Foi tecendo seus comentários, rodou, rodou, e acabou caindo na prisão dos dois, mais especificamente nas algemas.

Para o procurador e ex-secretário, as algemas foram um abuso, e só foram colocadas no Maluf filho para serem gravadas e exibidas por uma emissora de TV. Segundo suas palavras, “as algemas não podem ser convertidas em instrumento de humilhação de ninguém”.

Realmente, as algemas não precisariam ser colocadas. Assim como Flávio não precisaria ir de camburão para a PF. Também não precisaria ficar em cana, atrás das grades, gerando mais despesas e aumentando a taxa de ocupação de nossas cadeias, já tão superpovoadas. Pai e filho também não precisariam comer da gororoba que todo dia lhes é servida, nem usar a luz, o gás e a água e o telefone da PF, que são pagos por nós. Bastaria para isso que eles não tivessem praticado tudo aquilo de que são acusados - ao que parece com provas e mais provas. E mais ainda: bastaria que eles não estivessem coagindo testemunhas e atrapalhando o andamento dos processos – afinal, estes são os motivos que os levaram ao local onde se encontram agora.

O caso dos Maluf, como antes o da Daslu, parece deixar certos setores de SP numa estranha irritação. Qualquer dia desses vão querer defender o sigilo da prisão. O sujeito comete o crime, é julgado, vai preso, mas ninguém pode saber disso para não “humilhar” o coitado.

As algemas foram colocadas para que os corruptos saibam disso: quando forem pegos, algemas, camburão, cadeia, gororoba, grades – tudo isso, como diz o povão, “faz parte”.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Caderno infantil de O Globo mente para as crianças

Homem fantasiado de capeta

O Globinho é um suplemento do jornal O Globo, que vem encartado nas edições de sábado. Nesta última, o caderno infantil seguiu os passos do jornalão adulto e mentiu e distorceu à vontade, não levando em conta que as crianças têm acesso muito mais restrito a outras fontes de informação.

Reparem só no nível da desinformação:

A rede de televisão mais popular da Venezuela, a RCTV, foi fechada pelo presidente daquele país, Hugo Chávez. O motivo? Chávez vinha sendo criticado pela emissora.
(...) Milhares de descontentes com a censura do presidente à mais antiga e popular emissora de TV da Venezuela marcharam em protesto.

Como se não bastasse, para ilustrar a matéria usaram a foto aí de cima, afirmando que “os que apoiaram a decisão de Chávez também foram às ruas, como este homem que aparece fantasiado de diabo”. Ou seja, além de afirmar que Chávez fechou a RCTV (o que não é verdade), que o que ele fez foi censura (idem) ainda o associam ao capeta.

Na versão do jornalinho, Chávez é o Lobo Mau investindo contra a pobre da RCTV (Rede Chapeuzinho de Televisão?). Nem uma palavrinha sobre a participação decisiva da RCTV no golpe de Estado de 2002. A emissora usou da concessão pública que lhe foi concedida para pregar contra a Constituição da Venezuela e contra um governo legitimamente constituído. Ou, como eles gostam de fazer, repito: A emissora usou da concessão pública que lhe foi concedida para pregar contra a Constituição da Venezuela e contra um governo legitimamente constituído.

Os jornalões se justificam e afirmam que atacam Chávez porque são a favor da liberdade de imprensa. Seria como criticar o Caçador por privar o Lobo Mau de sua liberdade de opção alimentar...

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Vale a pena ver de novo: Cid Moreira lê direito de resposta de Brizola no Jornal Nacional


Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Guerra da mídia contra Chávez: A bomba da RCTV é um traque

A guerra contra Chávez continua. E na ponta de lança dessa guerra está a mídia golpista, especialmente a venezuelana. Sei que, para muitos, isso se parece com palavras de ordem, chavões (com trocadilho). Mas reparem nessa matéria que reproduzo a seguir e vejam se não tenho razão.

Ela é parte do telejornal diário "El Observador", uma produção da RCTV, que ainda vai ao ar, agora apenas no canal a cabo, na internet e também – segundo informações – pela emissora aberta Globovision (sobre esse assunto vou comentar em outra postagem).

O telejornal do dia 6 de junho tinha quase 10 minutos de duração. De cabo a rabo, críticas ao governo Chávez. Quando não diretamente, através de manipulações e deformações, como nesta matéria. Tem menos de minuto e meio, mas mostra de forma escancarada, como se fabricam as notícias naquele país (será que apenas lá?).

Retirei-a do telejornal e não fiz qualquer outro trabalho de edição. Ela está exatamente da forma como foi ao ar. Fala sobre um “atentado” com um “artefato explosivo” que causou “destroços” ao Departamento de Comunicação da Universidade Central da Venezuela. Ao final, a apresentadora conclui – embora nada na matéria possa levar a isso – que foi um atentado praticado por simpatizantes do governo.

Ah, reparem também na voz do locutor que anuncia o telejornal. Parece a de Deus nos antigos filmes de Cecil B. DeMille: grossa e grandiloqüente, como a de um El Obervador Supremo. E, apostem, isso não é à toa.

Vejam a matéria. É tão tendenciosa, que chega a ser ridícula, quando retirada do contexto. Mas, atenção, podemos rir deles, mas devemos levá-los a sério.

(Outro fato pode ser observado na matéria. Embora digam que há um verdadeiro tumulto nas Universidades, podemos ver que ali onde foi feita a gravação tudo está na mais perfeita tranqüilidade, mesmo que tenha havido um "atentado" com um "artefato explosivo" no local...)



Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Na OEA, combate e fuga: Condoleezza Rice X Ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro


A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, é mulher e negra. Para chegar onde chegou, certamente tem os nervos bem controlados e sabe muito bem o que faz. Por isso sua retirada intempestiva (veja o vídeo) de uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA) não pode ser interpretada como uma simples irritação, mas como um sinal de que, para o governo americano, já não importa mais ouvir o que tem a dizer o ministro das Relações Exteriores da Venezuela.

A mídia golpista entendeu o sinal. O golpe contra Chávez está em marcha.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Assista na íntegra ao vídeo proibido pela Rede Globo 'Além do Cidadão Kane'



Além do Cidadão Kane é um documentário produzido pela BBC de Londres - proibido no Brasil desde a estréia, em 1993, por decisão judicial - que trata das relações sombrias entre a Rede Globo de Televisão, na pessoa de Roberto Marinho, com o cenário político brasileiro.

- Os cortes e manipulações efetuados na edição do último debate entre Luiz Inácio da Silva e Fernando Collor de Mello, que influenciaram a eleição de 1989.

- Apoio a ditadura militar e censura a artistas, como Chico Buarque, que por anos foi proibido de ter seu nome divulgado na emissora.

- Depoimentos de Leonel Brizola, Chico Buarque, Washington Olivetto, entre outros jornalistas, historiadores e estudiosos da sociedade brasileira.

(texto da apresentação no Google)

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Moreira da Silva: 'Falei em Deus, mas sem má intenção"

No dia 6 de junho de 2000, morria, aos 98 anos, o cantor, compositor e grande figura Moreira da Silva. É dele o verso mais curioso da MPB, na minha opinião: "falei em Deus, mas sem má intenção".

No vídeo, Paulinho da Viola canta o samba Jogando com o Capeta, onde está o tal verso, uma composição de Moreira da Silva e Ribeiro Cunha. Eis a letra:

Jogando baralho, no terreiro grande
No meio de homens fortes - eu estava jogando com a sorte
Um desconhecido chegou, bem vestido
E me pediu um corte - eu disse-lhe “jogo até com a morte.
Mas se acaso ganhar, não vá sorrir e nem zombar,
E outra, meu companheiro, não vá levar o meu dinheiro
Não sou brigador, mas se perder e não pagar,
Eu vou bater no senhor” - ele me disse ‘és um terror’

Fiz um macete de valete e dama - o vargo perde e não reclama
E diz ‘que lama’
Puxou de uma bolada e me desacatou - depois a sorte me deixou.
Ele tomou do lesco, e desfolhou
Fiquei sozinho, sem um companheiro - porque perderam o seu dinheiro
Então ele me disse sorrindo: ‘desista porque eu sou trigueiro.
Eu sou o chico tintureiro, o zé carneiro’.
Fiz umas paradas mas eu tinha um peso - eu já estava quase pronto,
Acabei teso. Puxei minha sola e fiz o “pelo-sinal”

Ele me disse: ‘isto é que é mal’
“deus me defenda do senhor”, falei em deus mas sem má intenção.
Mas para mim foi muito bom, porque deu um estouro e sumiu,
Era o capeta, mestre capelão - mas que cheirinho de alcatrão.


Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

A revolução, a anti-revolução e outros lados da questão

De um Correspondente do Blog do Mello na guerra da mídia:

Mello:
Desculpe se não consigo acompanhar e concordar com seu desejo de alcançar a isenção ao passar vídeos "dos dois lados", no caso da Venezuela.

Mas acho que o lado dos golpistas, dos patrocinados por Washington e dos ditadores sanguinários que atrasaram a América Latina em muito mais do que "Cem anos de solidão" já tem canais demais para venderem suas mentiras dia e noite, sete dias por semana.

Eles não precisam portanto do Blog do Mello, pois "eles" já têm a GLOBO e toda a mídia de rádio, tv, cinema, jornais e revistas do mundo a favor deles.

Acho que, para ser isento, o blog poderia dar mais espaço ( ainda mais espaço ) ao lado que não tem espaço quase nenhum, a não ser a internet, e assim mesmo, menos de 1 por cento do que tem o outro lado.

Dar espaços iguais a desiguais é apenas aumentar a desigualdade.

Ao contrário, porque nesse espaço V. não publica a lista de jornalistas venezuelanos que receberam grana preta ( US$ 50 milhões ) do departamento de estado entre 1998 a 2004, sob a forma de "bolsas de estudos", que eu enviei para V., descoberta pela Advogada Eva Golinger, dentre documentos desclassificados como secretos pelo Congresso dos Estados Unidos?

Porque V. não faz o mesmo junto ao Congresso Americano e descobre se essas "bolsas de mestrado relâmpago" não são concedidas também a jornalistas de outros países?

Do Brasil, por exemplo?

Eis o vídeo a que se refere o Correspondente:



Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Venezuela: midiacracia e liberdade de expressão

Artigo de Luis Hernández Navarro, publicado originalmente no jornal mexicano La Jornada. (A tradução é minha)

Se uma parte confessa, não há necessidade de provas. Em 11 de abril de 2002, dias depois do frustrado golpe de Estado contra Hugo Chávez, o vice-almirante Víctor Ramírez Pérez, um dos organizadores da conspiração, declarou à cadeia Venevisión: "nós contávamos com um arma mortal: a mídia". Não mentiu. Os meios de comunicação desempenharam um papel fundamental na aventura golpista. E o seguiram tendo depois, ao incitar a greve petroleira de 2002-2003 e o referendo revogatório para tratar de destituir o presidente eleito em 2004.

Ante uma oposição partidária pulverizada, com lutas internas e péssima reputação, os meios de comunicação, principalmente os eletrônicos, assumiram o papel de organização ideológica dirigente da coligação antichavista, isto é, de suprapartido político. Os donos dos consórcios informativos e de entretenimento, seus criadores e publicitários elaboram plataformas políticas e campanhas, constroem o discurso para opor-se ao presidente, mobilizam a população contra Chávez e escolhem os líderes opositores.

São eles que decidem quais personagens aparecem ante a opinião pública como os representantes opositores. Basta apenas que seus noticiários e mesas de análise política os apresentem como tais, bloqueando o acesso à televisão e ao rádio dos que lhes são inconvenientes, ainda se pertençam a suas fileiras.

As grandes cadeias de televisão e suas audiências substituíram assim a clássica relação entre partidos, filiados e votantes, criando um novo modelo de representação política, não só à margem das instituições, mas em oposição a elas. Converteram-se numa verdadeira midiacracia, que ultrapassa, e muito, o papel tradicionalmente atribuído ao quarto poder.

Parte de sua estratégia consiste em fabricar uma Venezuela midiática existente nas telas de televisão e nos programas de rádio, sem conexão com a Venezuela real. Inventam um país virtual ao gosto dos medos e fantasias de seu auditório, cobrindo mentiras com a roupagem do discurso da verdade.

Qualquer um que tenha visto a televisão opositora na Venezuela pode constatar a enorme distância que há entre a realidade que se vive todos os dias nas ruas e os conteúdos que esses meios divulgam.

Não é exagero. Durante minha última viagem a esse país vi num desses programas uma mulher indignada, dizendo que sua nação era uma ditadura, que ali não havia democracia nem liberdade de expressão. A entrevistada acusou a Hugo Chávez de ser um agente do castro-comunismo, pior do que Adolfo Hitler, um gorila que deveria ser retirado de qualquer maneira do Palácio de Miraflores para libertar a pátria. No entanto, nem essa pessoa nem o canal de televisão sofreram represália pelo que ela disse.

Este confronto entre a midiacracia e a revolução bolivariana não existiu sempre. O triunfo eleitoral de Hugo Chávez em 1998 esteve estreitamente ligado à profunda decomposição e ao descrédito em que viviam tanto a classe política como as instituições governamentais. No processo de demolição das mediações políticas tradicionais e de crítica às administrações ineficientes desempenhou um papel nada desprezível Marcel Granier, diretor geral de RCTV (Rádio Caracas Televisão).

Quando em 1995, depois de sair da prisão, Hugo Chávez começou a fazer política aberta, a relação entre vários dos barões da mídia e o tenente-coronel era cordial e amistosa. O diretor do El Nacional o hospedou em sua casa, ao mesmo tempo em que imprensa, rádio e televisão não regatearam em abrir-lhe espaços. Esta lua de mel terminou, no entanto, no início do processo de transformação impulsionado pelo presidente. A abolição de poderes acordada pela Assembléia Constituinte, a instauração da quinta república, a reforma agrária e a redistribuição da renda do petróleo para a população mais necessitada provocaram o rompimento.

Com amargura e desespero, a midiacracia descobriu que o presidente não era um títere que pudesse manejar. E começou a disparar contra ele cargas de artilharia, construindo a caricatura de Hugo Chávez que se difunde por todo o mundo. Em lugar de recuar, o presidente dobrou a aposta. Dotado de uma eficaz capacidade para comunicar-se diretamente com os setores populares, denunciou a parcialidade da mídia. Simultaneamente empreendeu reformas legais para democratizar o acesso à informação e fomentou a criação de meios de comunicação alternativos.

A confrontação subiu de tom. Convictos de que a Venezuela é deles, os consórcios informativos tomaram como bandeira para proteger seus interesses particulares a liberdade de expressão e o direito à informação. Sua vocação oligárquica se encobriu com a roupagem das reivindicações universais.

A última batalha desta guerra - não a final - foi a decisão governamental de não renovar a concessão da RCTV. Trata-se de uma medida soberana que nada tem a ver com a liberdade de expressão. A emissora pode seguir transmitindo através de cabo e satélite. Seus integrantes podem seguir dizendo o que queiram, dentro do marco legal existente. O consórcio claramente não cumpriu com as normas básicas do interesse público. A radiodifusão é um bem gerido pelo Estado. Compete ao governo renovar ou não a concessão que regula seu uso. A concessão chegou a seu termo. A RCTV ficou sem ela. Ponto.

Não há porque criar tumulto. Confundir os interesses particulares da midiacracia com a liberdade de expressão e o direito à informação é uma empulhação. A informação é um bem público, não uma mercadoria. Os donos das estações de rádio e TV não são a liberdade de expressão; são, tão só, proprietários dos meios.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

The Revolution will not be televised e o anti-The Revolution will not be televised

Eu já havia postado aqui, na íntegra, o documentário The Revolution will not be televised, mostrando detalhes do golpe de Estado que ocorreu na Venezuela em abril de 2002. Vale a pena vê-lo.

Agora, posto também o anti-The Revolution will not be televised. É o vídeo feito pelos adversários de Chávez, que são atacados no documentário. Eles se defendem e apontam manipulações e distorções do documentário. Também está na íntegra (são 81 minutos). Vale a pena assisti-lo.

Aqui no Blog há espaço para os dois lados. Porque, ao final de contas, ambos os lados são golpistas e manipuladores. Nem Chávez é o socialista que diz ser, nem seus adversários os democratas que apregoam.

O que há na Venezuela é um embate, muita informação e contra-informação, e a melhor maneira de acompanhar os acontecimentos é buscando informações dos dois lados, pelos mais diferentes meios, e deixar que as sinapses se façam livremente.

Os dois vídeos estão a seguir. O primeiro é o original. O segundo, a resposta.







Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Não existe democracia nos Estados Unidos, nem na Inglaterra, Canadá, México, Peru e Espanha

Do jornalista Janio de Freitas, na Folha, hoje:

O jornalismo brasileiro faz ao mundo uma revelação fenomenal: se ainda sobrevive em aparência, há muito a democracia está extinta em países como Inglaterra, Canadá, México, Peru, Espanha e, mais ainda, EUA, para citar só alguns.
Já que, segundo informa e ensina o jornalismo brasileiro, tevês e rádios livres para o que queiram são a medida da democracia e da legalidade, é forçoso concluir que aqueles países preferiram outros regimes. Uma pesquisa do jornalista chileno Ernesto Carmona verificou que em todos tem havido não renovação e cassações de canais. Só nos Estados Unidos ele encontrou 102 não renovações, em 141 extinções de tevês e rádios.
Ernesto Carmona é presidente do Colegio de Periodistas de Chile, associação dos jornalistas chilenos.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Notícias Desaparecidas: Os padres pedófilos acobertados pela Igreja Católica

Foto do padre com uma de suas vítimas

Uma reportagem de Alan Rodrigues, publicada na revista Isto É em 16 de novembro de 2005 denunciava o acobertamento que a Igreja Católica Apostólica Romana faz dos crimes de pedofilia praticados por sacerdotes.

A reportagem não só dava nome aos bois, como publicou até fotos de alguns deles (como a reproduzida ao lado). Aliás, segundo a reportagem, o padre da foto aprontava atrás da sacristia:

Depois de cinco meses como auxiliar do padre Édson Alves dos Santos, 64 anos, V.R.D. revelou à sua avó, dona Iraci Teixeira, professora de catequese há 20 anos, tudo o que acontecia atrás da sacristia. “O padre faz comigo igual o homem faz com a mulher”, relatou. “Ele tira minha roupa, levanta a batina, me coloca no colo, fala para eu ficar tranqüilo e diz que aquilo é a prática da penetração”, contou o garoto. A avó, estarrecida com o que ouvira, comunicou o relato a Patrícia [mãe do menino], que imediatamente o levou ao médico e à polícia. Todos os exames confirmaram: V.R.D. foi vítima de abusos sexuais.

Segundo um documento a que a reportagem teve acesso, a situação é grave:

(...)...cerca de 1,7 mil padres – 10% do total – no País estão envolvidos em casos de má conduta sexual, o que inclui abuso sexual contra crianças e também contra mulheres. A pesquisa revela ainda que cerca de 50% dos padres não mantêm o voto de castidade. Nos últimos três anos, a pedofilia no interior da Igreja Católica no Brasil já remeteu mais de 200 padres para clínicas psicológicas da própria instituição. O problema é que a hierarquia eclesiástica brasileira, ao contrário do que aconteceu nos EUA – que abriu seus arquivos secretos à população para identificar, auxiliar e reparar as vítimas –, prefere manter a política do silêncio. Com isso, abafam as denúncias e protegem os agressores, tudo em nome de uma lei que não é a dos homens de bem.

Na reportagem também é citado o padre Tarcísio Tadeu Sprícigo. Tão certo da impunidade, o padre Tarcísio chegou a escrever um manual do pedófilo, apreendido pela polícia, e que você pode ver clicando aqui. A Igreja tratou de afastá-lo da paróquia onde estava, em Agudos, SP, e o enviou para Goiás. Lá, o padre voltou a praticar a pedofilia, acabou preso e virou personagem do documentário “Sex crimes and the Vatican”. No Brasil, o caso caiu no esquecimento.

Por isso esta postagem. Por isso, também, repito a seguir a que fiz há nove dias sobre o vídeo.

Sexo, crimes e Vaticano (Sex crimes and the Vatican): um documentário da BBC

Não deixe de ver este documentário de quase 40 minutos exibido pela BBC em 1° de outubro de 2006. É devastador. Conta histórias de padres pedófilos (inclusive um brasileiro) e do acobertamento dos crimes feito pela Igreja Católica Apostólica Romana, com um documento – chamado Crimen Sollicitationis - assinado pelo então cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, ameaçando com excomunhão quem denunciasse os padres criminosos.

A BBC já retirou o vídeo do Youtube. A qualquer momento pode fazer o mesmo com este link do Google postado aqui. Na página da BBC que comenta o vídeo, há um link para ele, mas não estava funcionando, nas vezes em que tentei assisti-lo.

Portanto, se este link do Google cair também, por favor, avise-me pelo e-mail aí ao lado, para que eu possa providenciar um caminho alternativo – que, preventivamente, deixei de stand by.



Clique aqui para ir ao Player de Vídeos do Blog do Mello

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Os verdadeiros donos da Gautama

Um grupo de velhas raposas – atualmente raposas velhas – se une para roubar o Estado. Como fazê-lo sem deixar rabo?

É simples: utilizando-se do mesmo método que aplicam em seus negócios particulares. Criam laranjas. Todos têm bens em seus nomes, mas nada comparado aos que têm em nomes de outros, os laranjas. Terras, jornais, contas bancárias, fazendas, carros, edifícios...

Quando essas raposas se unem para atacar o Estado de uma forma mais eficiente, lançam mão do mesmo expediente. Portanto, é erro procurar a quem Zuleido deu comissão. Ocorre exatamente o oposto. Quem recebe comissão é Zuleido, que é o laranja que encobre as raposas.

A coisa funciona assim: como, para poderem participar de concorrências públicas, as raposas não podem ser donas de empreiteiras, alguém se chega até elas e se oferece para criar uma - ou é convidado pelas raposas a fazê-lo. O ofertante será um laranja, as raposas ditarão os negócios em que ele se meterá e a forma como será remunerado.

Assim surgem as Gautamas, com seus Zuleidos. As raposas espalham seus protegidos por ministérios, governos estaduais, prefeituras e pelos mais variados tribunais. E fazem a festa.

Quando dá M, a culpa é do Zuleido da vez. As velhas raposas fazem os discursos moralistas de sempre, na Câmara e – especialmente – no Senado, enquanto procuram – ou são procuradas – por um novo laranja.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

Chávez e Venezuela. 'The revolution will not be televised' (A revolução não será televisionada): Assista ao documentário na íntegra



"O documentário "The revolution will not be televised" (A revolução não será televisionada), filmado e dirigido pelos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O'Briain, apresenta os acontecimentos do golpe contra o governo do presidente Hugo Chávez, em abril de 2002, na Venezuela.
Os dois cineastas estavam no país, desde setembro de 2001, realizando um documentário sobre Chávez e o governo bolivariano quando, surpreendidos pelos momentos de preparação e desencadeamento do golpe, puderam registrar, inclusive no interior do Palácio Miraflores, seus instantes decisivos, respondido e esmagado pela espetacular reação do povo. Vídeo com legendas em português". (texto da página do Google vídeo)

Comentário do Mello: Não deixem de assistir. É a versão completa, com 75 minutos, contando os bastidores do golpe que derrubou Chávez por dois dias, e sua volta. Por que foi derrubado? Por quem? Por que voltou? Como? Assista e forme sua opinião.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail